A Nota da CNBB e a resposta das seitas

A despeito de não se encontrar na parte de “Notas e Declarações” do site da CNBB (!), na semana passada a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil publicou uma relevante nota “sobre algumas questões relativas ao uso indevido dos termos: católico, igreja católica, clero e outros”. Vou publicar o texto na íntegra, abaixo, conforme se encontra na seção de notícias do site da Conferência. [P.S.: Hoje, 09/12, a nota está disponível na seção correspondente do site da Conferência. Aparentemente, eles demoram a atualizar.]

A coisa deu resultado. Vi hoje que a “Igreja Católica Carismática” publicou uma nota de repúdio em seu site (reproduzo-a também ao final deste texto) em nome – pasmem – da “ICAR – Igreja Católica Apostólica da Redenção”, cujo órgão de comunicação oficial é aparentemente este blog. Na referida nota, os responsáveis pela seita esbravejam contra Dom Damasceno e, num português de fazer inveja ao Seu Crêisson (os caras conseguiram escrever «pois dessa forma Vossa Eminência esta agindo como um ante Cristo»!), querem dizer à Igreja Católica como Ela pode ou não pode instruir os Seus fiéis.

Ora, isto só mostra como os esclarecimentos da CNBB são necessários. Enquanto houver usurpadores de ofícios eclesiásticos apresentando-se como ministros de Nosso Senhor sem que estejam contudo unidos ao Vigário de Cristo na Terra, os bispos têm mais é que nomear os lobos mesmo. O que têm a ver com os fiéis católicos estes “pastores” que não fazem parte da Igreja? Com que autoridade uma seita recém-fundada (segundo o blog, a tal ICAR foi “Fundada em 24 de Outubro de 1988”, é mais nova do que este que vos escreve!) pretende dizer à Igreja Católica como Ela deve guiar os Seus fiéis? Que se ponham no seu devido lugar. E todo o nosso apoio a Dom Damasceno e à CNBB que teve a coragem de publicar um documento importante como este.

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O convite e a recusa

“Cantora gospel é impedida de se apresentar em Igreja Católica”, diz uma notícia que recebi hoje. O corpo da manchete, no entanto, dá margens a dúvidas sobre o quê, exatamente, aconteceu.

A primeira frase da reportagem diz o seguinte: “A cantora gospel Nery  Nascimento, foi impedida  pelo ministério de sua Igreja, de aceitar o convite para participar do culto de louvor e adoração na Igreja Católica Carismática de sua cidade”. O grifo é meu. Daí fica a pergunta: “Igreja Católica Carismática” refere-se a um grupo da Renovação Carismática que faz parte de uma paróquia católica apostólica romana, ou refere-se a este cisma de Belém? A manchete induz o leitor a pensar na primeira possibilidade; a primeira frase, na segunda.

De qualquer modo, todo o texto [seguido dos comentários] à exceção da frase supracitada parece considerar que são católicos apostólicos romanos, mesmo. Questiono considerando esta possibilidade:

1. O que vem a ser um “culto de louvor e adoração”?

2. Qual era o propósito de semelhante convite? Aproximar a cantora herege [e/ou a sua “comunidade eclesial”] da verdadeira Igreja de Jesus Cristo, ou alguma outra coisa?

3. A exposição ao “show-pregação” de uma cantora gospel não é colocar a própria Fé em risco sem justificativa proporcionada? Todas as pessoas que iriam participar do tal “culto de louvor e adoração” tinham uma Fé madura o suficiente para não se deixar seduzir pelos enganos da cantora?

4. Qual a prudência de se convidar um herege protestante para um evento ecumênico (ainda concedendo, para ser benedicente, que o intuito dos responsáveis pelo convite fosse verdadeira e propriamente ecumênico) sem saber antes se ele é dócil ou hostil ao convite? Nunca leram nos Evangelhos que não se deve jogar pérolas aos porcos?

As perguntas são pertinentes. Entre os comentários feitos à notícia, um deles fala de um padre que, certa vez, convidou um diácono para fazer a homilia dominical e, após a fala do herege, este “converteu o padre e quase metade dos que ouviam a pregação”. O que significa que arrastou os católicos para longe da Igreja de Nosso Senhor.

Não sei se a história é verdadeira e, aliás, acredito que não seja; mas é óbvio que existe sempre a possibilidade de que um fiel católico seja seduzido pelas falácias protestantes, de modo que não convém expô-lo desnecessariamente ao risco de perder a própria Fé.

Costumo ver com apreensão a aproximação de católicos – e agora não falo mais deste caso da sra. Nery  Nascimento, e sim de coisas que vejo no meu quotidiano – a cantores protestantes, sob a justificativa de que as músicas são religiosas e não contém heresias. Ainda sendo verdade que a maioria das músicas protestantes não contenha expressamente heresias, o problema não é só esse. Músicas protestantes são omissas em temas centrais da Fé Cristã, de modo que são sempre incompletas. Músicas protestantes podem induzir ao relativismo religioso, porque “se fulaninho que é protestante faz músicas tão lindas de louvor ao Senhor, é porque o Espírito Santo age através dele”. Músicas protestantes podem pôr gradativamente a alma em contato com a “cultura” herética protestante e, assim, levar o fiel católico a perder a Fé. Et cetera.

De modo que fico feliz pela sra. Nery ter recusado o convite dos carismáticos, só pela possibilidade de que talvez tenham sido católicos; a recusa da herege privou talvez fiéis católicos de serem expostos a situações perniciosas e danosas às suas almas. Só fico pensando onde é que estão os pastores responsáveis por esta gente: porque ser necessário o lobo afastar-se voluntariamente das ovelhas ante a inércia dos legítimos pastores do rebanho do Senhor é vergonhoso.