Pedofilia legalizada no Brasil

Agradeço ao Matheus pelo toque. Apesar da notícia ser de fevereiro, ela não recebeu nenhuma repercussão na mídia. Tenho-a em quatro fontes diferentes, com ligeiras variações na redação do texto:

  1. Sexo “consentido” com menina de 12 anos não é estupro
  2. Se há consentimento, sexo aos 12 anos não é estupro
  3. Relação sexual aos 12 anos não é estupro, se consentida
  4. Justiça gaúcha absolve jovem por sexo consentido com menina de 12 anos

A notícia é a mesma: um rapaz de 20 anos namorava uma menina de 12 anos e mantinha relações sexuais com ela. Como o relacionamento entre ambos – assim definido expressamente inclusive pela garota – era de namoro, os pais da menina conheciam e aceitavam o fato, os atos sexuais ocorreram diversas vezes e a menor não apresentou nenhum sinal de coação física ou psicológica, então não cabe falar em violência nem em presunção de violência; assim entendeu a 6ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul.

Segundo o desembargador relator, Mario Rocha Lopes Filho, o artigo 224 do Código Penal não está mais adequado aos dias de hoje. E, para chegar a esta conclusão, baseia-se em jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, por ele citada:

“Manifestação do Min. Marco Aurélio, proferido no julgamento do HC 73.662 (…), onde prevaleceu que a interpretação flexível à rigidez anacrônica do artigo 224 “a” do CP, norma forjada na década de 40 do século 20; porém não mais adequada à hodierna realidade social”, justificou o Desembargador Lopes Filho.

Bom… o que dizer diante disso tudo? Só posso constatar, tristemente, que estas são as conseqüências lógicas da completa ausência de referências morais do nosso século. Eliminada a diferença entre vício e virtude, com base em quê poderia ser condenado o namorado da menor? Sufocado o direito de preservar as crianças e adolescentes da exposição a comportamentos morais inadequados à idade deles, qual misteriosa força os iria impedir de seguirem os seus instintos precocemente aflorados? De posse de informações teóricas sobre “educação sexual” ministradas em sala de aula, qual seria o freio a impedir a curiosidade infanto-juvenil de partir para os experimentos práticos? E se não há absolutamente nenhum problema na relação sexual entre menores, qual a lógica de passar a haver quando o menor “mais velho” fizer aniversário?

Não adianta combater a legalização da pedofilia, é preciso combater os princípios deturpados que a ela conduzem inexoravelmente. Não tem nenhuma lógica pretender, ao mesmo tempo, expôr a infância à vida sexual e impedir a infância de ter vida sexual. E os corruptores de gerações sabem disso. A cada dia, fica mais nítido o mundo que estão construindo para os nossos filhos, e a cada dia fica mais manifesta a sua feiúra. Que Deus tenha misericórdia de nós.

P.S.: Ler também as minhas outras considerações sobre o assunto nos comentários publicadas.

Infância roubada, juventude depravada

Quando criança, eu assistia ao “Xou da Xuxa”, tinha os discos do Balão Mágico e do Trem da Alegria. Mas só quando cresci descobri, com horror, a imoralidade existente nesses programas e músicas “infantis” da década de oitenta. Não acho que seria exagerado dizer que parte da responsabilidade pela depravação moral dos jovens do final da década passada para cá deve ser creditada a estas coisas “infantis” às quais eles foram expostos quando eram crianças.

Procurava no youtube ainda há pouco uma música que eu ouvia quando era criança, chamada “Pra ver se cola”. Cola o teu desenho no meu / pra ver se cola / cola o teu retrato no meu / e me namora. [Aliás, só agora, depois de vinte anos, eu descobri que a letra dizia “cola o teu desenho no meu”, porque eu sempre havia cantado, até hoje, “cola o teu pezinho no meu”…] Encontrei-a, com os meninos fazendo uma apresentação no Xou da Xuxa. Quando eu era criança, achava a coisa mais inocente do mundo; hoje, no entanto, vi as crianças cantando, e o clima de “paquera” existente na música representado no palco, e a dança com beijinhos e cabecinhas coladas, e achei isso – ainda que inocente – extremamente precoce. Crianças de seis, sete, oitos anos de idade não deveriam estar cantando “me namora”.

“Ah, deixa de ser exagerado”, alguém pode dizer, “é claro que ninguém vai virar um depravado na juventude por cantar uma coisa inocente como ‘cola o teu desenho no meu’ na infância”. Não, eu não estou exagerando, porque “Pra ver se cola” não é um caso isolado e nem é o pior. Vejam, por exemplo, esta outra música sobre a Xuxa do mesmo Trem da Alegria. Eu me lembro dela. Lembro-me de que a cantava. Mas não entendia a malícia da letra quando era criança: eu fico imaginando, quero ser seu namorado / mas fico com vergonha do meu pai que está do lado / você é a culpada do meu banho demorado / Xuxa… Oras, como assim, “você é a culpada do meu banho demorado”?! Alguém consegue me explicar como foi possível que os pais deixassem as crianças cantarem que ficavam um tempão trancadas no banheiro imaginando a Xuxa?

Insisto: é recorrente. Mais uma música: Fera Neném. Quando quero alguma coisa, eu berro / brinco de médico, ninguém é de ferro / […] / vou em frente, não dou bola pra bruxa, / acordo contente quando sonho com a Xuxa. Como é possível que ninguém tenha protestado contra esta perversão da infância?

Mais exemplos: Rita Lee no Xou da Xuxa. No meio das crianças cantando Xuxuzinho [Papai do Céu, me dá um namorado / lindo, fiel, gentil e tarado]  ou Pega Rapaz [Nós dois afim / de cruzar a fronteira / numa cama voadora, fazedora de amor / de frente, de trás / eu te amo cada vez mais / de frente, de trás / pega rapaz, me pega rapaz, / de frente, de trás / […] / Alô doçura, / me puxa pela cintura / tem tudo a ver o teu xaxim / com a minha trepadeira] – deixar crianças cantarem este tipo de pornografia faz sentido para alguém?

Enfim: as crianças que imaginavam os namoricos de escola das canções, que tomavam “banhos demorados” pensando na Xuxa e acordavam contentes quando sonhavam com ela, que brincavam de médico porque “ninguém é de ferro”, que escutavam, cantavam e dançavam as músicas pornográficas da Rita Lee, poderiam porventura formar uma geração de vestais quando crescessem? Acaso isso é educação? Se as crianças tiveram a sua infância roubada e, no lugar dela, apresentaram-lhes este bombardeio de temas adultos e até mesmo imorais, é de se espantar que os jovens sejam o que são?

Aliás, se os programas e músicas infantis da década de oitenta tiveram realmente esta influência  negativa na geração de jovens que se lhes seguiu, eu não quero nem imaginar como vão ser os jovens que cresceram escutando axé e funk. Que Nosso Senhor tome conta das crianças do Brasil.

Ainda mais erotismo

Uma leitora deixou um – em parte – pertinente comentário aqui no Deus lo Vult! ontem à noite. Entre outras coisas, ela disse:

[E]xiste tanto incentivo ao sexo heterossexual em tanto canto no mundo. Já olhou a letra dessas músicas de funk, hip hop, brega, forró? Internet, televisão, tudo hoje incentiva o sexo heterossexual.

É uma triste verdade, infelizmente incontestável. Para ficar em um só exemplo de tantos que poderiam ser citados, recebi dia desses de um amigo o link para este blog, comentando um vídeo que é um perfeito exemplo desta cultura erótica que permeia os nossos dias. Acredito que o vídeo foi feito em uma escola, já que as pessoas estão aparentemente fardadas. Eu não saberia precisar a idade dos meninos e meninas que aparecem, mas salta aos olhos que são crianças.

Esta dança pornográfica e apelativa é tão gritantemente imoral e tão obviamente prejudicial à educação das crianças que ninguém nem precisa ser católico para entender isso. Os próprios comentários [aliás, mal-educados] do autor do blog citado mostram isso. O outro blog lá linkado – este, que aparentemente foi a fonte original do vídeo – também revela isso: ele não tem a mínima conotação religiosa, e a autora começa o seu texto dizendo que não quer ter filhas.

No mês passado eu comentei também aqui sobre a erotização da moda infantil: mais um exemplo – entre tantos! – da degradação moral da nossa sociedade e do mundo que nós estamos deixando para os nossos filhos. Quando nós, católicos, combatemos a pornografia e tanta sujeira da qual está repleta a cultura moderna, somos chamados de ultra-conservadores, de sermos traumatizados com tabus sexuais, de estarmos fora de moda e tantas outras coisas mais. E quanto aos não-católicos que mantêm o seu senso moral relativamente intacto e têm a coragem de serem contra a erotização da sociedade na qual vivemos, eles são o quê? Influenciados pela Igreja, é isso?

Isto está errado. Salta aos olhos que está errado. No entanto, as atitudes tomadas frente ao patente erro pelos que não são católicos são sofríveis: o Eden revela um terrível pessimismo ao dizer que a culpa é “nossa que consumimos esse tipo de porcaria”, a Kellen diz que só quer ter filhos porque prefere “tem um filho garanhão e pegador de quem uma filha biscate” (sic) e a Isabela insinua que, se existe tanta apelação erótica heterossexual, não deveríamos nos preocupar tanto com a homossexual! É incrível, mas é verdade: sem Deus, o homem até percebe que está no abismo, mas não consegue nada a não ser cair cada vez mais fundo.

Notas Ligeiras

– Ainda sobre o homossexualismo: o Parlamento Português rejeitou – graças a Deus! – o “casamento gay”. A terra na qual apareceu Nossa Senhora de Fátima está oferecendo uma bonita resistência à degradação moral que se espalha pelo resto da Europa como uma praga. Que a Virgem de Fátima continue intercedendo pelos portugueses.

– O Diário de Pernambuco, talvez num surto de bom senso após as publicações vergonhosas de ontem, publicou hoje uma relevante reportagem que chama a atenção para o perigo ao qual as crianças estão expostas na internet. Diz a matéria que a “inocência ultrajada é realidade para 53% das crianças e adolescentes que, segundo pesquisa inédita, tiveram contato com conteúdos agressivos na internet”. Aproveito o ensejo para recomendar o blog Diga Não à Erotização Infantil.

– O Canadá vai condecorar (aliás, a esta hora, já deve ter condecorado) o dr. Morgentaler, “principal responsável para que, em 1988, a Suprema Corte do Canadá revogasse a lei que permitia o aborto somente após avaliação de uma comissão médica”. Vergonha. Que esperaça podemos ainda nutrir, quando os criminosos recebem homenagens públicas?

– Lembram dos jovens argentinos que valentemente defenderam a Catedral? Pablo, um deles, concedeu uma bonita entrevista cuja leitura vale muito a pena. Recomendo.

A perversão da infância

A Globo está retransmitindo, em Vale a Pena Ver de Novo, a novela “Mulheres Apaixonadas”. Descobri por acaso: passando por um ambiente onde havia uma televisão ligada, fui atraído pela música – da qual gosto – de Tom Jobim, “pela luz dos olhos teus”. O atrativo musical, no entanto, provocou-me estupor quando eu vi o que estava sendo exibido na televisão: uma jovem no seu quarto, em roupas íntimas, escolhendo um vestido. Olhei para o relógio: era perto das três horas da tarde.

Três horas da tarde, e uma senhorita de calcinha e soutien na televisão! A novela, quando foi exibida pela primeira vez (em 2003, segundo a wikipedia), só ia ao ar às nove horas da noite. Particularmente, considero que este tipo de censura de horário apresenta uma deficiência intrínseca, porque o que é imoral e contra os bons constumes não é para ser exibido em horário algum. No entanto, na atual conjuntura, é um mal menor que esse tipo de lixo fique restrito às horas mais avançadas da noite. Oras, pelo visto, nem esse cuidado nós temos mais, porque aquilo que era considerado inapropriado para a exibição “mais cedo” em 2003 é, hoje, exibido no meio da tarde, quando as crianças estão assistindo televisão!

Digam o que disserem, mas para mim é extremamente óbvio que a exposição de crianças a este tipo de estímulos inadequados à idade delas provoca efeitos extremamente deletérios. Um exemplo extremamente claro disso pode ser encontrado neste excremento que pretende ser uma publicação sobre educação (Cuidado! Conteúdo inadequado!), onde é citado um caso ocorrido em uma sala de aula. A menina – de oito anos – pergunta à professora: Professora, por que a minha [censurado] pisca quando vejo um homem e uma mulher se beijando na televisão?

Estes depravados que pervertem a inocência infantil deveriam ser presos, ao invés de ganharem destaque no cenário educacional com teorias estúpidas sobre “educação” para a sexualidade. O problema, no entanto, não se resume à pornografia nas escolas, porque a exposição da criança à depravação televisiva já desperta nela um interesse extemporâneo pela sua sexualidade, como nos mostra a citada reportagem da revista “Nova Escola”. Há outras coisas que apontam para a mesma dedução. Por exemplo, o fato de que a primeira menstruação das meninas vem cada vez mais cedo (embora esta reportagem negue o efeito do meio depravado ao qual são submetidas as crianças), o que é atestado inclusive pelo site do Governo Federal. Evidentemente, as meninas também fazem sexo cada vez mais cedo. E, sem dúvidas, a exibição de imoralidades como “Mulheres Apaixonadas” às três horas da tarde – esta novela, inclusive, é aquela que tem um casal de lésbicas – contribui para isso. Que os pais vigiem; a televisão não é mais inócua nem mesmo no meio da tarde.

Pobres de nós! Uma sociedade que defende a aberração anti-natural do homossexualismo (defendendo portanto também a descaracterização do ato sexual, que perde completa e intrinsecamente a sua finalidade procriativa), que promove o controle de natalidade, que legitima o aborto (assassinato de crianças indefesas) e que expõe seus futuros cidadãos à perversão desde a mais tenra infância, evidentemente não pode esperar para si senão um futuro sombrio. Um futuro que ninguém em sã consciência quer para os seus filhos. Que Deus tenha misericórdia de nós todos.