“Direito & Saúde: o caso de Alagoinha”

Em março passado, completou-se um ano do assassinato dos gêmeos de Alagoinha. Na época, o IPAS lançou um documentário sobre o caso, que foi comentado pelo William Murat. Agora, há uma semana, o documentário completo (30 min.) foi disponibilizado para ser assistido na internet.

Foi a primeira vez que vi “Direito & Saúde: o caso de Alagoinha”. Nada de inesperado: as mentiras de sempre (como, p.ex., que o aborto inseguro é uma das principais causas de mortalidade materna no Brasil), o apelo emocional (com algumas cenas e entrevistas na cidade natal da menor duplamente agredida), a cantilena “o-estado-é-laico-e-mimimi” perpassando o documentário de uma ponta a outra. Ninguém lembra que a laicidade do Estado implica também, por definição, que ele não pode privilegiar a fé dos ateus em detrimento da Fé dos católicos. E ninguém lembra que o assassinato de inocentes não é uma questão religiosa. No final, o documentário é mais um exemplo do modus operandi abortista: mente, distorce alguns fatos quando é conveniente e ignora outros quando são desagradáveis, e faz a caveira da Igreja Católica, pintando-a como a grande vilã da história. Nada de novo.

Mas duas coisas interessantes. Primeiro, a declaração de um médico aos 10m18s. In verbis: “Então a gente não sabe realmente (…) Ela [a menina de Alagoinha] teria um risco muito aumentado de pré-eclâmpsia, de parto prematuro, ruptura prematura das bolsas, hemorragia pós-parto ou de ruptura interina mas, eu não sei dizer qual é o risco. Eu sei que é muito maior; eu não sei se é 1%, 2%, 3%, não sei; mas que é muito maior do que a população geral, isso era”. Então, o artigo do Código Penal que não pune o aborto quando “não existe outra maneira de salvar a vida da gestante” foi evocado para assassinar duas crianças porque a mãe teria (atenção ao tempo verbal) um certo risco (de magnitude desconhecida) de sofrer algumas complicações no decorrer da gravidez? O fato é que, no momento do aborto, ela não tinha nada! “Aborto preventivo” agora também é “legal” no Brasil?

E, segundo, a narrativa do seqüestro da garota. A partir dos 11 min. “Nós fomos ao hospital [IMIP] (…) a direção do hospital estava sendo pressionada”. “Fomos, Curumim, SOS Corpo, (…) a secretária de políticas (…) e uma secretária adjunta dela, fomos (…) conversar com a diretoria médica do IMIP”. “Ligávamos para os promotores (…) [perguntando] aonde nós podemos atuar (…) para garantir que a lei seja cumprida?”; “Nós estamos falando de lei, e eu acho que o Brasil sendo um país laico (…)”; “contactamos outro serviço de atendimento ao aborto legal, perguntamos se eles receberiam a garota”. “Conversamos com a mãe dela, explicamos a situação (…) colocamos para ela todas as possibilidades que ela tinha para que ela tomasse uma decisão”. “Ali mesmo ela assinou o pedido de alta. (…) E a gente fez uma operação de guerra, pegamos as coisas da menina, botamos dentro das sacolas, uma sai com a menina, a outra sai com a mãe, a outra sai duas para disfarçar, e o carro vem pegar de um lado, vem pegar do outro”. “Ela chegou [no CISAM] num carro preto, com vidro fumê”. “Começou o tumulto, a imprensa, já tinha gente aí de todo o lugar (…) eu fui lá, e a gente tratou de isolá-la na enfermaria”.

Lamentável. No documentário, também uma médica residente “contra” o aborto, as declarações de Lula e de Temporão, e muitas outras besteiras que nem vale a pena comentar. Enquanto isso, padrasto engravida menina de 12 anos no interior de Pernambuco. Na semana passada. A gestação já está em seis meses e, por isso, provavelmente, a menina estará livre do lobby abortista (contextualizando: aqui)…

Triste aniversário

Esta semana, o covarde assassinato de dois gêmeos ocorrido em Recife completou um ano. À menina de Alagoinha, violentada pelo padrasto, foi imposto o assassinato dos seus próprios filhos – uma segunda violência traumatizante somando-se à primeira. À Igreja, única voz a se levantar na defesa integral das três crianças envolvidas no drama, foram lançadas as mais terríveis calúnias e diatribes, até hoje repetidas. Ao verdadeiro criminoso, o padrasto que estuprou a menina, foi aplicada a morosidade da lei: ele ainda está aguardando julgamento.

O Wagner registrou. “Os bebês já tinham fígado e coração, eram inocentes pelo crime do pai – o padrasto (23 anos) da menina estuprada – mas, apesar disso, receberam uma pena que a própria lei não aplica ao criminoso: foram assassinados”.

Os abortistas aproveitaram a oportunidade. “A ONG Ipas Brasil, há mais de 30 anos atuando na defesa de direitos reprodutivos da mulher [do assassinato de crianças inocentes], lança às 10h de hoje [sexta-feira, 05 de março], no Recife, vídeo para provocar debates em faculdades de saúde do País”.

O William denunciou. “O documentário do IPAS serve para muita coisa. Serviu para a ONG alavancar sua agenda abortista, serviu para a assistente social posar de heroína, serviu para o médico Rivaldo Albuquerque mostrar-se mais cristão que todo mundo”.

Assim mesmo: sem respeito algum à memória dos dois assassinados. Regozijando-se com a tragédia alheia. Celebrando – parafraseando o Murat – o assassinato de duas crianças como se um direito fosse.

Assassinato não pode ser direito. E dia 4 de março de 2010 foi o primeiro aniversário daqueles que não nasceram. Sem bolo, sem festa, sem alegria. Passou-se um ano, e as coisas não estão melhores. Na verdade, estão quase as mesmas, “apenas” com duas crianças a menos – que não chegaram a dar o primeiro passo, e cuja falta parece somente ser percebida por poucos.

E aqui não temos “moral da história”, não temos final feliz, não temos nada. Só a dura realidade, que é triste, e com a qual parece que as pessoas nada aprendem. Que o Deus Todo-Poderoso tenha misericórdia de nós.

Comentando assuntos diversos

Vejam que linda esta Revista de Saúde Sexual e Reprodutiva, nº 39, de março de 2009. Quase que exclusivamente dedicada ao caso da menina de Alagoinha que foi estuprada e teve os seus filhos abortados. 100% direcionada a fazer apologia do aborto. Vejam algumas frases das matérias lá disponíveis: “até quando continuaremos com uma lei penal que impede o exercício da autonomia sexual e reprodutiva das mulheres?”, “[a]ún bajo la presión de la iglesia católica-romana y otros grupos conservadores, algunos estados y municipios han comenzado recientemente a hacer más difícil para las mujeres el obtener atención de salud reproductiva y han limitado las opciones anticonceptivas—incluyendo el aumento de los procesamientos judiciales bajo las leyes existentes”, “muitas vítimas de violência sexual ainda não têm acesso ao aborto legal, estando impedidas de exercer o seu direito previsto em lei”.

A publicação é do IPAS, “uma organização não-governamental internacional que trabalha há três décadas com os objetivos de reduzir o número de mortes e danos físicos associados a abortamentos; expandir a capacidade da mulher no exercício de seus direitos de natureza sexual e reprodutiva; e melhorar as condições de acesso a serviços de saúde associados à reprodução, inclusive aos serviços de abortamento legal em condições adequadas (aborto seguro)”. Que, segundo o MidiaSemMascara (apud Brasil Acima de Tudo), “fornece equipamento para a realização do aborto no mundo inteiro e atualmente, com a conivência do governo brasileiro, ministra abertamente cursos de técnicas de aborto a mais de mil novos médicos por ano no Brasil”. Maravilha.

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Sobre as maravilhosas declarações do senhor presidente da República, para quem a culpa da crise econômica é de “gente branca de olhos azuis”, este artigo da Maria Lucia Victor Barbosa é primoroso. “Diante desse despautério a impressão que se tem é que o presidente da República quer se portar como um Hitler subdesenvolvido ás (sic) avessas. Ele não gosta de gente branca de olhos azuis, como se existisse pureza racial”.

Acho que nunca antes na história deste país nós tivemos declarações tão infelizes pronunciadas pelo presidente da República. Curiosamente, Barack Obama gosta de Lula e se derrama em elogios diante dele. “Esse é o cara! Eu adoro esse cara!”. Curioso.

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Escrevam ao Le Mondevejam aqui como – para protestar contra uma charge blasfema publicada no jornal. Ainda sobre a questão das camisinhas, ainda atacando covardemente o Cristianismo. Se fossem charges de Maomé…

É fundamental que as pessoas não se calem, e não aceitem passivamente que a sua Fé seja escarnecida, que debochem gratuitamente de suas crenças e seus valores. Não podemos nos dar ao luxo de simplesmente fingir que não é conosco, quando as coisas santas são atacadas por homens impiedosos. Importa defender os direitos de Deus. É nosso dever de cristãos fazê-lo.

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Ainda sobre as camisinhas, o Bispo das Forças Armadas em Portugal, dom Januário Torgal Ferreira, disse que “[p]roibir preservativo é consentir em muitas mortes”.

Aliás, a situação em Portugal é delicada. Rezemos; que a Virgem de Fátima faça com que, em Portugal, conserve-se sempre o dogma da Fé.

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Que exemplo da Conferência Episcopal Norte-Americana: quantas pessoas estão se unindo à Igreja nesta Páscoa? Vejam a tabela apresentada, com as várias dioceses e o número de catecúmenos e “candidatos” (cristãos não-católicos que estão abandonando as heresias para abraçar a Esposa de Nosso Senhor) por diocese.

Na Philadelphia, 436 catecúmenos e 537 candidatos. Em Seattle, 736 catecúmenos e 506 candidatos. Em Atlanta, 513 catecúmenos e 2195 candidatos! Ah… que santa inveja…