Política tupiniquim, política americana

Rápidas sobre a política nacional e internacional: aqui no Brasil, foi aprovado em dezembro (e eu só o soube esta semana) um projeto de lei que prescreve a distribuição gratuita, pelo SUS, de seringas descartáveis para usuários de drogas. Ao menos o tal projeto “será analisado ainda pelas comissões de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ)”, e esperamos sinceramente que este absurdo não seja aprovado. No entanto, é já de se lastimar profundamente que ele tenha passado na Comissão de Seguridade Social e Família!

Nada me convence da eficácia – nem mesmo de um ponto de vista meramente naturalista – destas políticas de “redução de danos”. Afigura-se-me um absurdo completo a própria noção de que o Estado deva subsidiar o vício (criminoso) de seus súditos. Ao mesmo tempo em que coisas que têm uso lícito, como o álcool e o fumo, são demonizadas (nunca vi uma política de disponibilização de motoristas para os cidadãos que quisessem se embriagar nos finais de semana, por exemplo), as drogas ilícitas caem nas graças do Estado às custas dos contribuintes [utilizo aqui “lícito” e “ilícito” do ponto de vista moral, e não meramente legal]. Não consigo vislumbrar o futuro que pode ter a Família brasileira, quando uma comissão que (teoricamente) representa os seus interesses dá parecer favorável a um dos mais terríveis inimigos da estabilidade familiar, que é o vício em drogas.

No mundo, parece que os militares norte-americanos não estão lá muito satisfeitos com a política do presidente Obama. Em Guantánamo, o juiz militar James Pohl  manteve uma audiência contra um saudita que já estava marcada, a despeito da ordem presidencial de suspender todos os processos por quatro meses; sobre a Guerra do Iraque, o general Ray Odierno  (que é chefe das forças americanas e aliadas no Iraque) propôs a retirada de apenas duas brigadas de combate americanas nos próximos seis meses – contrariando a promessa de campanha do presidente, que era a de retirar uma brigada por mês pelos próximos dezesseis meses.

Aliás, o que o Olavo de Carvalho fala sobre ele é engraçado. É ad hominem e nem de longe pode ser considerado o mais preocupante, mas é para se rir:

Diante de milhões de espectadores, ele [Barack Obama] declarou que seu trecho predileto do Novo Testamento é João 16:3. Queria dizer, é claro, João 3:16, o versículo central do cristianismo: “De tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho Unigênito, para que todo aquele que creia nele não pereça, mas tenha a vida eterna.” E João 16:3, o que diz? Bem, depois de Spike Lee ter afirmado que Deus enviou a crise econômica com a única finalidade de eleger Obama, não serei considerado mais louco do que o trêfego cineasta se enunciar uma hipótese teológica bem mais modesta, a de que o versículo intruso foi não apenas o objeto da gafe presidencial, mas também a sua explicação divina, didática e exemplar, soprada pelos anjos ao ouvido do orador para que se autodenunciasse. Nele Jesus diz: “Farão isso porque não conheceram ao Pai nem a Mim.”

Deus tenha misericórdia de nós todos.