#CançãoNovaSemPT wins! É oficial: petista expulso de emissora católica

A notícia nos vem da mídia secular antes (até onde sei) de ser oficialmente comunicada pela Canção Nova, mas (ao que tudo indica) é oficial: Rede Canção Nova tira do ar programas de Chalita e Edinho Silva. Segundo a F0lha de São Paulo, «o elemento precipitador foram as reações negativas de fiéis e lideranças da igreja à recente incorporação de Edinho, presidente do diretório estadual petista, ao quadro de apresentadores da Canção Nova».

As reações negativas dos católicos impediram o escárnio! Eis a demonstração de que nós temos, sim, capacidade de impedir que zombem do Todo-Poderoso aqueles que se apresentam como servos da Igreja de Cristo. Orações, protestos e cancelamentos de contribuições dão resultado. O Wagner Moura já tinha cantado a notícia ontem, e disse:

Fontes anônimas comunicaram que o programa religioso do petista motivou um convite à direção da emissora por parte do bispo da diocese de Lorena (SP), jurisdição eclesiástica na qual se encontra a Canção Nova, Dom Benedito Beni, no início da semana passada. Durante a reunião, supostamente a TV católica comprometeu-se em modificar sua grade de programação e tirar do ar os políticos que apresentam programas como “Justiça e Paz” (Edinho Silva – PT), “Papo Aberto” (Gabriel Chalita – PMDB) e “Mais Brasil” (Eros Biondini – PTB).

Não há lugar em uma emissora católica para inimigos da Igreja. A expulsão era justa e urgente, um dever imperioso daquele amor a Cristo que manda não se prostituírem as coisas sagradas e não permitir a abominação no lugar santo. Expulsar o perseguidor de cristãos da Canção Nova é exatamente o que Cristo faria, e demos graças a Deus porque a emissora decidiu imitá-Lo agora – evitar-se-ia muito mal estar se Ele fosse consultado desde o início, mas agora temos ao menos a resposta mais firme. Se antes havia incerteza sobre até onde a Canção Nova era capaz de ir no processo de destruição dos valores católicos no Brasil, hoje esta santa defenestração demarca claramente estes limites: políticos interesseiros e inimigos da Igreja não são (mais) tolerados na Canção Nova. Louvado seja Deus.

Dom Benedito Beni é responsável por esta mudança de rumos e, portanto, se na semana passada nós escrevemos a Sua Excelência suplicando-lhe que fizesse alguma coisa hoje temos o dever de enviar-lhe mensagens de gratidão por ter ele posto fim ao escândalo. E louvado seja Deus pelos bispos que agem como bispos católicos! Fosse em outros lugares, talvez algum sucessor de Judas achasse por bem “não se indispôr” com a Canção Nova ou com o Partido. Dom Beni prefere não se indispôr com o Deus Altíssimo a Quem jurou servir. Parabéns ao bispo de Lorena por ter agido com integridade e coerência! E – por que não? – parabéns à Canção Nova por ter atendido ao pedido do bispo diocesano.

O Fratres in Unum também falou sobre os “despejados da tela”. Eu entendo a queixa do blog – verbis, «[q]ualquer outra razão [para a retirada do programa] que não uma verdadeira preocupação em se manter fiel à doutrina católica seria, novamente, outra demonstração de mero oportunismo» – e posso até condescender com ela. Penso, contudo, que é momento mais de demonstrar apoio do que de atirar pedras. Por motivos nobres ou torpes, o fato objetivo é que o petista foi expulso da Canção Nova! Se os católicos apoiarem a decisão (ainda que seja esta decisão pontual da emissora), será mais fácil conseguirem decisões afins no futuro. Se, ao contrário, a emissora só levar pedradas de todos os lados, talvez fique surda no futuro às súplicas dos católicos fiéis. Portanto, cumprimentos à Canção Nova sim.

Porque a atitude é positiva e cumpre alegrar-se, porque um passo (ainda que meio “capenga”) é melhor do que nada: como cantava o poeta meu conterrâneo, um passo à frente e você não está mais no mesmo lugar. Ainda que o pecador invoque o Santíssimo Nome de Jesus por completo “oportunismo” de não querer queimar no fogo do inferno, ainda que o filho pródigo retorne à casa paterna por completo “oportunismo” de não suportar mais a barriga vazia. Os Céus se alegram. Às vezes eu me questiono se não é de um contraproducente rigorismo jansenista esperar que surja “o perfeito” (o padre perfeito, a emissora perfeita, o movimento perfeito, o partido perfeito, etc.) para que nos dignemos trabalhar junto com ele pela glória de Deus. E, enquanto isso, perde-se tempo e se faz pouco ou nada.

Sobre o esplendor da hipocrisia

Encontrei um pequeno texto – disponível no blog “Pacientes na Tribulação” – que se chama “O esplendor da hipocrisia” e se presta a atacar o Veritatis Splendor por um artigo sobre o Magistério da Igreja que foi publicado lá no final do mês passado. Ao terminar de ler o texto – do “Pacientes na Tribulação” -, fico com a incômoda impressão de que o seu autor incorre quase no mesmo erro de que acusa o Veritatis.

Este é acusado de falsificar os “argumentos tradicionalistas”:

Argumento Tradicional: O Magistério Ordinário pode ser rejeitado quando apresentar erros contra a Fé.

Deturpação do argumento: o Magistério Ordinário pode ser rejeitado sempre e livremente

Oras, eu não tenho procuração para defender o Veritatis Splendor, mas há dois problemas com o “argumento tradicional” da maneira como é apresentado que preciso apontar. Primeiro problema: é necessário demonstrar de maneira clara e insofismável que o Magistério Ordinário é passível de apresentar erros contra a Fé, pois esta proposição é bastante discutível (aliás, antes disso, é necessário definir precisamente o que significa “Magistério Ordinário”). Segundo problema (e este é o mais sério): concedendo que seja possível ao Magistério Ordinário apresentar erros contra a Fé, a quem compete julgar se, num situação concreta, tal coisa se observa ou não?

Às vezes, eu tenho a impressão de que alguns “tradicionalistas” comportam-se como se a existência de “erros contra a Fé” nos textos conciliares fosse uma evidência incontestável. Como se o Concílio tivesse dito expressa e inequivocamente heresias. Justamente os que acusam o Concílio de “ambigüidade”, agem no entanto como se o seu problema fosse não este, e sim o de heresias explícitas. Lembram-me um pouco alguns que se dizem agnósticos e, começando por dizer que não dá para saber se Deus existe, comportam-se contudo como se fosse certa a Sua não-existência.

Os supostos “erros contra a Fé” do Vaticano II são extremamente discutíveis. Não apenas por mim, porque a minha opinião tem bem pouca importância: os Papas – portanto, o Magistério – nunca afirmaram que houvesse erro contra a Fé no Concílio e, ao contrário, sempre corroboraram a sua ortodoxia e a sua perfeita harmonia com a Doutrina Tradicional. Se, portanto, o “argumento tradicional” diz que só se pode rejeitar o Magistério Ordinário quando este contém “erros contra a Fé”, tal argumento não justifica a rejeição do Vaticano II, posto que o Magistério da Igreja (o único intérprete autorizado do Concílio) já afirmou que este não contém erros contra a Fé.

A menos que seja possível ao leigo contradizer o Magistério da Igreja e afirmar que existem erros onde o Magistério diz que eles não existem; a menos que seja da competência de qualquer fiel julgar os textos magisteriais para discernir, por conta própria, se, neles, há erros ou não há. E, se for este o “argumento tradicional”, então a “deturpação” do Veritatis corresponde quase perfeitamente à realidade: se qualquer um pode “sempre e livremente” pegar os textos do Magistério e sentenciar por conta própria que eles contêm “erros contra a Fé”, então isso é, na prática, equivalente a dizer que qualquer um pode, sim, rejeitar sempre e livremente o Magistério Ordinário, bastando para isso proferir a sentença condenatória de heresia. Apresentando, pois, o “argumento tradicional” de uma forma abstrata e destoante da sua aplicação concreta na realidade, há pelo menos tanta “falsificação” aqui quanto na caricaturização feita pelo Veritatis.

Quanto a isso, por fim, já houve – e, aliás, ainda há – na história da Igreja uma coisa muito parecida com isso, só que ao contrário: quando da condenação do Jansenismo, alguns católicos disseram que, nos textos de Jansenius condenados, não havia heresia, a despeito dos papas afirmarem com muita clareza que, sim, havia. Existe um interessante artigo (cuja leitura vale muito a pena – procurem por The heresy of the anti-Jansenist popes) “provando” que os Papas da época cometeram heresias, ao condenar proposições que não poderiam ser condenadas (porque – óbvio, segundo eles – já aprovadas anteriormente pela Igreja). Tal artigo prova que há heresia em Inocente X, Clemente XI, e até mesmo em São Pio V (!). Note-se que é um artigo atual; há, hoje em dia, pessoas defendendo essas coisas. Estes tradicionalistas que se auto-atribuem o múnus de contradizer os papas no tocante ao Vaticano II agem, provavelmente sem o saber, com a exata mesma mentalidade dos que se permitem dizer que a condenação do jansenismo foi herética. Não acredito, ao contrário do “Pacientes na Tribulação”, que haja uma argumentação hipócrita nestes que me proponho a refutar aqui; no entanto, há – para dizer o mínimo – sem dúvidas uma excentricidade, que não é sadia e não faz bem à Igreja de Nosso Senhor.