Janua Coeli – In Annuntiatione Domini

Die 25 martii

In Annuntiatione Domini

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HONRAR A MÃE É HONRAR O FILHO

Confessar que Maria é mãe de Deus, é preservar a doutrina do Apóstolo São João que nos diz: “o que vimos e ouvimos vo-lo isso anunciamos” (1Jo 1, 3), fugindo de qualquer subterfúgio; é a pedra de toque com que detectamos as pretensões dos maus espíritos, do “Anticristo que entrou no mundo” (cf. 1Jo 4, 3). Essa confissão declara que Ele é Deus, implica que Ele é homem, sugere que Ele segue sendo Deus, mesmo se fazendo homem; e que é verdadeiro homem, mesmo sendo Deus.

Quando os hereges voltaram a surgir no século XVI, não encontraram tática mais certeira para seus perversos propósitos de destruir a fé verdadeira, ridicularizando e blasfemando contra as prerrogativas de Maria, pois tinham por certo que, se conseguissem que o mundo desonrasse a Mãe, disso se seguiria a desonra do Filho. A Igreja Católica e Satanás estavam de acordo com isso: o Filho e a Mãe estão intimamente ligados; a experiência de quatro séculos confirmou seus testemunhos, pois os católicos que honraram a Mãe seguem adorando o Filho, enquanto os protestantes, que deixaram de confessar o Filho, começaram a zombar da Mãe.

Percebe-se nesse exemplo a coerente harmonia que há na doutrina revelada, como uma verdade repercute sobre a outra. Exaltar Maria é honrar Jesus. Convinha que Maria, que era somente criatura – sendo a mais excelsa de todas – tivesse de levar a cabo a tarefa de instrumento. Como outros, Ela veio ao mundo para realizar uma obra; tinha uma missão a cumprir; possui a graça e a glória não por si mesma, mas por seu Criador. A Maria foi confiada a custódia da Encarnação. A tarefa lhe é encomendada: “Eis que uma Virgem está grávida e dará à luz um filho e dar-lhe-á o nome de Emanuel” (Is 7, 14).

Quando estava na terra cuidou pessoalmente de seu Filho, levou-o em seu seio, abrigou-o com seus braços, alimentou-o em seu peito, agora também – até o último momento da vida da Igreja – seus privilégios e a devoção dirigida a Maria proclamam e definem a fé reta acerca de Jesus como Deus e como Homem. Uma igreja dedicada, um altar que se erige em seu nome, uma imagem, uma ladainha que a louva, uma Ave Maria que se reza, comunica-nos a memória d’Aquele que, sendo louvado desde a eternidade, “não desprezou as entranhas de uma Virgem”, para benefício dos pecadores. Por isso, como a Igreja a proclama, Maria é a Torre de Davi, é a defesa alta e poderosa do verdadeiro Rei de Israel; por isso, a Igreja diz também em uma antífona: “Só Ela destruiu [sozinha] todas as heresias no mundo inteiro”.

[…]

MARIA, PORTA DO CÉU

Maria é chamada Porta do Céu porque foi o caminho que o Senhor escolheu para do céu descer à terra. O profeta Ezequiel, profetizando sobre Maria, diz: “Este pórtico ficará fechado. Não se abrirá e ninguém entrará por ele, porque por ele entrou Iahweh, o Deus de Israel, pelo que permanecerá fechado. O Príncipe, contudo, se sentará aí” (Ex 44, 2-3).

Pois bem, isso se cumpriu, não porque Nosso Senhor tomou a carne de Maria tornando-se seu filho, e sim porque Ela ocupou um lugar na economia da Redenção; cumpriu no espírito e na vontade, como em seu corpo. Eva participou da queda do homem, sendo Adão quem nos representou e seu pecado nos fez pecadores. Foi Eva quem tomou a iniciativa e tentou Adão. A Escritura diz: “A mulher viu que a árvore era boa ao apetite e formosa à vista, e que essa árvore era desejável para adquirir discernimento. Tomou-lhe do fruto e comeu. Deu-o também a seu marido, que com ela estava, e ele comeu” (Gn 3, 6). Convinha, pois, à misericórdia de Deus que, como pela mulher começou a destruição do mundo, também fosse pela mulher que começasse a reconstrução; e como Eva abriu o caminho à obra fatal de Adão, também Maria abrisse o caminho à obra prima do segundo Adão, Nosso Senhor Jesus Cristo, que veio salvar o mundo morrendo na Cruz. Por isso, Maria é chamada pelos Santos Padres, segunda e perfeita Eva, porque deu o primeiro passo na salvação da humanidade que Eva havia levado à ruína.

Como e quando tomou Maria parte inicial, na restauração do mundo? Quando o anjo Gabriel apareceu para lhe dar a conhecer a excelsa dignidade que ia ter. São Paulo diz: “que ofereçais vossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus: esse é o vosso culto espiritual” (Rm 12, 1). Devemos não só rezar com os lábios, jejuar, fazer penitência exterior, ser castos em nossos corpos, mas também devemos ser obedientes e puros de espírito. Com respeito à Santíssima Virgem, foi desejo de Deus que aceitasse voluntariamente e com pleno conhecimento ser Mãe de Nosso Senhor, não que fosse um mero instrumento passivo cuja maternidade não teria mérito nem recompensa. Quanto mais altos são nossos dons, mais alta é nossa responsabilidade. Não foi uma carga leve estar tão intimamente próxima do Redentor dos homens e a Virgem a experimentou quando sofreu junto com Ele. Por isso, ponderando bem as palavras do anjo antes de dar uma resposta, primeiro perguntou se uma missão tão excelsa, suporia a perda da virgindade que Ela havia consagrado a Deus. Quando o anjo lhe respondeu que de nenhuma maneira, então, com o pleno consentimento de um coração cheio do amor de Deus, com humildade disse: “Eis a serva do Senhor; faça-se m mim segundo tua palavra” (Lc 1, 38). Com esse consentimento se converteu na Porta do Céu.

[Cardeal Newman, “Reflexões sobre a Virgem Santíssima”, pp. 19-21; 64-66. Editora Formatto, São Paulo, 2006]

Levantar âncoras!

Mais uma vez… Sempre começo, sempre interrompo. Aux armes!, todavia, o Senhor dos Exércitos me chama.

Chama a cada um de nós, posto que nós, membros da Igreja Militante, soldados de Cristo, temos a obrigação de colocarmos os dons com os quais a Providência nos agracia a serviço de Cristo e de Sua Esposa Santíssima, a Igreja Católica.

Aux armes!, ouço o brado. Mas minha natureza decaída, fraca e miserável, oferece resistência, e prefere a lassidão acomodada ao desconforto do combate. Prefere não ter obrigações. Fugir das responsabilidades. Deixar as coisas “se resolverem” sozinhas…

Mas as coisas não se resolvem sozinhas. O chamado ao combate, aceito ou não, continuará a ressoar em nossos ouvidos, a cada dia de nossas vidas: aux armes! E é melhor que ele nos sirva de ânimo em meio à batalha, do que remorso doloroso da consciência, em meio à pseudo-paz da fuga ao dever.

Levantemo-nos, pois, e lutemos. Desfraldando o estandarte de Cristo, Rei do Universo, a fim de que seja visto por todos. Somos cristãos. Somos católicos. Temos muito por fazer.

Domine, adsum!

E que triunfe o Imaculado Coração da Virgem, Porta do Céu – Janua Coeli -, a quem é dedicada esta arena virtual.