Presépio Já!

Extraído do site Reino da Virgem Mãe de Deus, da autoria do Marcio Antonio Campos, no ano passado. Campanha mais que oportuna. Nestes dias em que o Natal é tão atacado, importa dar testemunho público da nossa Fé Católica e Apostólica.

Na minha mesa de trabalho cabe um presépio. Vou providenciar.

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Campanha “Presépio já”!

Consta que um dos primeiros desenhos animados dos criadores da série South Park mostrava um duelo entre Jesus e o Papai Noel para saber quem era a principal personalidade do Natal. Nunca vi esse desenho para saber se ele é apenas engraçado ou também blasfemo, ou para saber quem venceu a disputa. Já no mundo real, precisamos admitir: Papai Noel está vencendo por larga margem. E cada vez mais cedo. Ainda no fim de outubro, visitei um shopping em Curitiba, onde moro. O lugar já está entulhado de papais noéis, pingüins, árvore de Natal e outras decorações afins. E, obviamente, nenhum presépio.

Desgostoso com o que eu vi, e depois de ler em algum lugar na internet (juro que não lembro onde) sobre uma campanha que lançaram não sei em que país pra incentivar os cristãos a botar seus presépios pra agir, julguei que era hora de os cristãos iniciarem uma mobilização pela volta dos presépios. Ela funciona em várias frentes.

No âmbito doméstico – os cristãos podem fazer o óbvio: exibir presépios. Nas nossas casas, isso é garantido; e no local de trabalho, se as circunstâncias permitirem, coloquemos lá nossos presépios também. Tradicionalmente se montam presépios no dia 6 de dezembro, dia de São Nicolau; mas sinceramente não acho que devemos esperar até lá para isso – se o comércio já começou a sua decoração de Natal, não podemos esperar muito para o contra-ataque…

No âmbito comercial é que a luta se torna um pouco mais difícil. O que podemos fazer?

  • primeiro, escrever ou telefonar para lojistas ou administrações de shopping perguntando por que não existem presépios na decoração de Natal. Eu imagino que a resposta mais óbvia será “para não ofender os não-cristãos”. Bom, nesse caso respondemos que, ao excluir o presépio da decoração, estão ofendendo os cristãos – que são a maioria da população brasileira (e, portanto, de consumidores). Além do mais, se existe Natal, é só por causa daquela cena retratada no presépio.
  • segundo, partir para o confronto: se depois dos apelos para que a loja ou shopping adicione presépios na sua decoração de Natal (claro, colocar um presepinho escondido num canto, entre duzentos homens de vermelho não vale), não surtir efeito, partimos pro boicote, avisando nossos amigos católicos sobre a recusa daquele estabelecimento em colocar presépios na sua decoração.

Alguns podem considerar que boicotar estabelecimentos comerciais é uma atitude muito dura. Mas infelizmente a única linguagem que muitos comerciantes entendem é a do dinheiro. Em época de Natal, o que lojas e shoppings mais querem é vender. Para isso precisam de clientes, ou seja, precisam de nós. A mobilização de católicos já conseguiu cancelar exposições blasfemas – por que não poderíamos nos mobilizar para que o Natal volte a ser a festa do Menino Jesus? Afinal, se vamos comprar presentes para nossos familiares e amigos (e não há nada de errado nisso), por que não darmos preferência aos estabelecimentos que, na sua decoração, mostrarem o verdadeiro significado do Natal? Não importa a religião do dono do shopping ou da loja; importa é o efeito que a exposição do presépio terá sobre todos os que passarem por ali, para lembrá-los de que o Natal é a festa do Menino Jesus, e não do Papai Noel.

Basta que usemos o bom senso. Não precisamos pedir que escondam todos os Papais Noéis, ou que haja um presépio em cada corredor do shopping. Soube que em um dos maiores shoppings de Salvador existe um presépio grande na principal decoração de Natal. A meu ver, já é um ótimo começo.

Autor: Márcio Antônio Campos
Publicação original: 09 de Novembro de 2007
Extraído de www.veritatis.com.br

Presente de Natal

Recebi, por email, um excelente texto do dr. Cícero Harada escrito já há alguns anos, mas que fala sobre um assunto que estávamos tratando aqui recentemente: a campanha de destruição do Natal por meio da substituição de todas as suas características cristãs por elementos genéricos e estranhos ao verdadeiro espírito natalino. Publico-o, com alegria.

Aproveito o ensejo para fazer um ligeiro comentário: a filosofia consumista, trocando a alegria do nascimento de um Salvador pela “alegria” de presentes e toda sorte de bens materiais é devastadora nas classes sociais mais abastadas, mas os pobres têm uma esperança, já que há evidentes barreiras financeiras à entrada no jogo do consumismo genérico que nem todos são capazes de ultrapassar. Podem, portanto, aqueles que ficaram “de fora” desta cidade de futilidades escolher um de dois caminhos: chorarem recostados ao muro e invejarem os “felizes” que lá conseguiram entrar, ou então procurarem, fora do mundo consumista, um sentido para o seu Natal. Estes últimos, quiçá encontrem uma Igreja e, como o José do Dr. Cícero, quem sabe não se deparem com o seu verdadeiro presente de Natal…

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Presente de Natal

Cícero Harada

José é o nome dele. Menino como tantos outros. Pés descalços, atônito, nunca vira a cidade tão apinhada. É o empurra-empurra das compras de Natal. Mal consegue caminhar. Nas vitrinas, nas ruas, nas lojas, papai Noel, obeso, roupa e gorro vermelhos, botas e cinto pretos, barbas brancas, às vezes, com um sininho à mão, mas sempre prometendo brinquedos e presentes às crianças, tirando com elas muitas fotos.

Lembra-se, em criança, de papai Noel, chegando de caminhão. Sim, num enorme caminhão, perto de casa, onde dezenas ou centenas de meninos e meninas recebiam brinquedos e os pais uma cesta básica.

É Natal, tempo de alegria. Tempo de generosidade. Tempo de bondade. Tempo de caridade. Caridade, não, a professora Lia detesta essa palavra. Nas aulas, ensina que caridade é sujeição, subordinação, e todos somos sujeitos de direito. Temos direito às coisas e não necessitamos de esmolas. José, no entanto, caminha, sem direito a comprar presentes, um presentinho sequer. Seu coração é tão grande: daria pra dar um presentinho pra cada criança pobre, pra cada idoso. Gostaria de ajudar as pessoas, mas é tão pobre…ajudar seu pai, desempregado, sua irmãzinha… Mas agora, aos doze anos, não iria pedir, como tantas vezes pediu, em vão, tantas coisas a papai Noel. –Pedir a papai Noel, nunca!– Dizia doutor Alcides, advogado e amigo de seu pai. Será que tudo isso que via é aquilo que doutor Alcides tanto criticava: a terrível sociedade de consumo? —É a sociedade do ter, afirmava em tom condenatório. Todos gastando o salário, o décimo terceiro e talvez comprometendo salários futuros. No olhar, não há generosidade, mas incontrolável ânsia de comprar, para si, para outrem, vontade quase mecânica, uma obrigação social.

José foge daquela multidão. Entra numa rua, fica espremido entre camelôs, oferecendo aos gritos suas mercadorias, e transeuntes, pechinchando e aproveitando as ofertas.

Pensa no Natal, nas festas que nunca teve…

Para diante de um bar, moços de gravatas, paletós vestindo cadeiras, gargalhadas, muita cerveja…

Anda alguns metros mais, é a igreja. Aí, muita vez orara com sua mãe. Relutante, entra: vazia…silenciosa…um presépio…um lindo presépio…é o Deus-Menino, ouve sua mãe, como se estivesse a seu lado. Ela o fazia ajoelhar sempre diante daquele menino de braços abertos, acolhedores. Vê a estrela guia, iluminando a gruta.  Lembra-se da professora Lia, explicando que natal é nascimento e que seu colega de sala tinha nome redundante, Natal Natalino do Nascimento. Então, natal é o nascimento do menino Jesus, do Menino-Deus. Deseja que sua mãe, tão distante, há tanto tempo, estivesse ao lado daquele que ela tanto amara…é o nosso Salvador, nasceu em Belém, numa grutalá, a Virgem Maria, a estrela guia, que nos leva sempre ao Deus-Menino, ensinava ela em tom maternal e carinhoso. É o nascimento, o natal do menino Jesus. É o natal de Cristo. E, de repente, naquele silêncio, uma indizível paz, uma alegria infinda…ajoelha-se…compreende que Ele, o menino Jesus, é o seu verdadeiro presente de Natal!

(O autor é advogado, Procurador do Estado de São Paulo, Conselheiro da OAB-SP, Presidente da Comissão de Defesa da República e da Democracia – OAB-SP)

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