O evento LGBT que a PUC poderia fazer

Aconteceu em Londrina. Um grupo de universitários — pelo que entendi, substancialmente composto por alunos pertencentes ao DCE, mas com o apoio também de professores — havia resolvido fazer um evento LGBT dentro da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. O evento estava programado para os próximos dias 12, 13 e 14 de setembro, encerrando-se em plena Festa da Exaltação da Santa Cruz. Alguma boa alma, inconformada com este escárnio, teve a feliz idéia de organizar um abaixo-assinado perguntando qual a posição da Arquidiocese sobre o assunto. O documento conta, até agora, com 12.000 assinaturas.

Deu algum resultado. A Mitra soltou uma nota adiando o evento: agora ele ocorrerá de 02 a 05 de outubro e «contará com a presença de um teólogo católico, isso para garantir o alinhamento com os princípios da Igreja e da Universidade». Não é a nota mais contundente do mundo; igualmente, e aliás talvez pelo mesmo motivo, a garantia de «alinhamento com os princípios da Igreja» não enseja lá muita confiança. Mas algum mal-estar o abaixo-assinado terminou gerando — e, nas atuais circunstâncias, isso já é muita coisa.

Mas o interessante é que haveria, sim, muito o que se discutir, dentro de uma universidade católica, sobre o homossexualismo e a cultura gay. Seria muitíssimo bom lançar as luzes do Evangelho sobre este horrendo tabu contemporâneo, que aprisiona as pessoas aos seus vícios, bestializa a sociedade e atrai a ira de Deus. Um evento verdadeiramente católico sobre o tema seria uma coisa da maior utilidade; seria, aliás, um evento épico, heróico; no mais puro rigor do termo, profético. Seria um bálsamo.

Poder-se-ia começar, antes de qualquer outra coisa, com a condenação mais veemente desta mania horrenda de reduzir as pessoas aos seus vícios, fazendo-as se identificarem com os seus pecados como se houvesse algo de substancial no homossexualismo. Porque, ao contrário do que é hoje senso comum, “O Homossexual”, do jeito que costuma ser apresentado, não existe. Ora, o pecado contra a natureza é um pecado e, como tal, é uma desordem, é uma falta. Não é uma nota constitutiva de ninguém. Ninguém pode se identificar com uma falta, com um não-ser!

Nas discussões de antanho aqui do Deus lo Vult! os defensores da cultura gay procuravam sustentar que todo mundo era homossexual em alguma medida; mas na verdade é exatamente o oposto. O homossexualismo não é um atributo, uma característica, nada disso; o máximo que ele pode vir a ser é um hábito e, assim, algo que se faz, e não uma coisa que se é. No rigor terminológico ninguém é gay a não ser por uma metonímia: quando se o diz, está-se tomando o agir pelo ser. O que significa que, no limite, ninguém é propriamente homossexual: o que existe são pessoas que praticam, com maior ou menor frequência, atos mais ou menos intensos de sexualidade desordenada. E esta compreensão faz toda a diferença.

Veja-se, para efeitos comparativos: que coisa é o adultério? É o homem casado ou a mulher casada praticarem atos sexuais com quem não é o seu cônjuge legítimo. E quem é adúltero? É quem comete adultério. Note-se que não existe uma “natureza” adúltera, não existe o adultério enquanto um atributo constitutivo da individualidade de seu ninguém. Não há um “Adúltero-em-si”, adúltero é quem pratica adultério e ponto — e, por via de conseqüência, quando a pessoa deixa de praticar o adultério ela passa a não ser mais adúltera. O adultério é uma realidade exterior. É algo que enfraquece o homem mas que é estranho a ele. É uma coisa em cujas garras ele pode estar mais ou menos enredado, mas — e perceber isso é que é importante! — você não é as garras em que está preso, por mais fundo que elas estejam cravadas na sua carne.

Com o homossexual é a exata mesma coisa. Só se diz (só tem sentido dizer) homossexual a quem pratica atos de homossexualidade. Da mesma forma que não existe (a não ser como metonímia) uma natureza adulterina da qual decorre necessariamente o adultério, tampouco existe uma “natureza gay” precedendo e produzindo os atos de homossexualidade. O homossexualismo, como todo pecado, é exterior ao homem. Ninguém é um pecado intrínseco, o mal não tem substância. Santo Agostinho disse isso dezesseis séculos atrás, e foi uma verdadeira liberdade. Mas hoje os homens deram as costas à verdade: encantaram-se com fábulas e delas ficaram cativos.

Todas essas considerações passam ao largo da barbaria de que é composta a virtual totalidade dos assim chamados “eventos LGBT”. O que se procura neles é conferir ares ontológicos ao homossexualismo, impingindo-o com tanta veemência às pobres almas marcadas por este pecado que elas terminam por se identificar com ele: e isso é terrivelmente diabólico, de uma perversidade sem tamanhos. É pegar filhos de Deus vocacionados à santidade e fazer com que eles sejam vistos por todos — inclusive e principalmente por eles próprios — como uma espécie de pecado encarnado. É horrendo! Contra uma tal blasfêmia, aí sim, seria importantíssimo que as Universidades Católicas se levantassem: para quebrar a hegemonia do mal, para libertar os homens das fábulas, para salvar as almas amadas por Cristo.

Miscelânea de comentários ligeiros

Houve recentemente em Londrina uma caminhada pró-vida, à qual se fizeram presentes alguns jovens levando um cartaz. Nele se podia ler: “SOU CATÓLICO, não voto em partido abortista”. Mensagem mais sucinta e coerente impossível. Era de se esperar que algumas pessoas não gostassem da manifestação, mas o que causou espécie foi saber que um padre condenou o cartaz. Um padre! O comentário do Wagner Moura é bem pertinente:

Fico imaginando esses garotos do banner pró-vida, coitados, se sentindo repreendidos por serem meramente católicos. Se estivessem com um banner enorme do Che Guevara correriam sério risco de serem homenageados, hein?

Mas é o Brasil. É o campo – por cheio de abrolhos que se encontre – que o Senhor nos deu por partilha. É o combate que somos chamados a travar. Ele não nos deixará desamparados.

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– “A crença no sobrenatural é perigosa”, diz psicólogo. Contraditório, superficial e grosseiro; para ficar num só exemplo: o sujeito escreve que “presenciamos o declínio da crença no sobrenatural” para, duas linhas abaixo, afirmar que hoje “poucos abdicam de crenças sobrenaturais e aceitam a ciência como ferramenta para explicar o universo”. É um disparate que não se presta senão a atacar gratuitamente. Mas merece um pouco de reflexão a última frase do psicólogo:

Se há um Deus, ele me deu um cérebro para pensar. Meu pecado seria usá-lo para raciocinar e buscar explicações? Um ser benevolente não me puniria por utilizar bem as armas que me concedeu.

Ora, há hoje em dia (e aliás sempre houve) incontáveis homens de ciência que nunca julgaram necessário abandonar a sua crença em Deus – ao contrário, repudiaram com energia semelhante idéia. E isso muito tempo depois de que “se acreditou que a Terra viajava pelo cosmo no lombo de um elefante” (!), como diz o psicólogo em uma comparação totalmente anacrônica e sem sentido – a qual aliás dá a entender que, para o psicólogo, o mundo todo achava que estávamos em um safári cósmico sobre o lombo de um mastodonte até a Revolução Industrial. Como é possível que este sujeito acredite sinceramente que isto é “usar bem” (!!) a inteligência que o Todo-Poderoso lhe concedeu?

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A cruz de Cristo, a quem incomoda?, por Frederico Viotti. Fazendo (entre outras coisas) uma elegante e sutil alusão ao célebre artigo de Rui Barbosa (sobre o qual eu já falei aqui) que trata da Justiça moderna à luz dos julgamentos pelos quais passou Cristo, o articulista vai ao ponto fulcral aqui:

Na realidade, o “Estado-juiz”, ao pretender retirar os crucifixos, está demonstrando abraçar outros valores, diversos daqueles que estão representados no Crucifixo.

E é exatamente isto. Não existe “vácuo moral” na gênese da cultura de um povo; a Parede Vazia é um símbolo do ateísmo. A guerra travada contra os símbolos religiosos no Brasil, assim, não é (e nem nunca foi) uma questão de “respeito” aos que não comungam da Fé Católica; trata-se de um ferrenho combate travado contra a cultura ocidental, contra a moral judaico-cristã, contra enfim a própria civilização que nos foi legada por nossos antepassados e à qual devemos todos os bens que nos separam da barbárie.

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– Em tempos onde o nosso Governo planeja pôr em prática políticas de “redução de danos” (como se isto fosse possível…) para aborto ilegal, vale a pena ler esta carta publicada no ano passado na Revista PET Farmácia. As palavras do leitor aplicam-se com maestria à situação que vivemos hoje e bem que poderiam ser dirigidas aos nossos governantes:

A citada “política de redução de danos” (p. 34) é um acréscimo de eufemismo, um modo perverso de justificar a necessidade de se liberar o aborto provocado. Mostrando-o como inevitável, torna injustificável aplicar recursos em educação básica e em melhoria do atendimento médico e curativo. Simplesmente, se é inevitável, então vamos legalizar e apoiar. É um caminho para se destruir a sociedade e corromper os costumes.

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– 10 razões pelas quais o “casamento” homossexual é prejudicial e deve ser combatido, no IPCO. Destaco:

7. O “casamento” homossexual desvirtua a razão pela qual o Estado beneficia o casamento

Uma das principais razões pelas quais o Estado confere inúmeros benefícios ao casamento é que, por sua própria natureza e desígnio, o casamento proporciona as condições normais de uma atmosfera estável, afetuosa, e moral, que é benéfica para a educação dos filhos, frutos do mútuo afeto dos pais. Ele ajuda a perpetuar a nação e fortalecer a sociedade, o que é um evidente interesse do Estado.

O “casamento” homossexual não fornece essas condições. Seu desígnio principal, objetivamente falando, é a gratificação pessoal de duas pessoas, cuja união é estéril por natureza. Não tem direito, portanto, à proteção que o Estado concede ao casamento verdadeiro.

Ou seja: o Estado confere uma série de benefícios à Família não porque seja “bonzinho” ou para “alegrar” os apaixonados nem nada do tipo. Há uma série de direitos tradicionalmente conferidos à família porque ela é a célula-mater da sociedade e, como tal, tem uma série de deveres (em particular, a geração e educação da prole, produzindo cidadãos para o Estado) importantes para a vida em sociedade – que a dupla homossexual, absolutamente, não é capaz de assumir – cujo cumprimento o Estado deve facilitar. É isso. O resto é balela do movimento gay.

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– Vale a pena ler, mesmo que esteja em espanhol, esta história da conversão do filósofo Paul Williams do Budismo para o Catolicismo. Excerto:

Williams explica rapidamente a teoria do karma: alguns males e alguns bens que experimentas são [alegadamente] conseqüência do que fizeste em uma vida passada. Mas em qual sentido se pode dizer que o ditador cruel e maligno que foste em outra vida eras tu? “A idéia de que um bebê sofre uma doença dolorosa por algo que outra pessoa fez, incluindo se o bebê é de alguma maneira un renascimento desta pessoa, não pode ser vista como satisfatória. Não se pode dizer, como alguém já fez, que seja a resposta mais aceitável ao problema do mal. O bebê não é quem fez os atos malvados, da mesma forma que eu não sou uma barata após a minha execução.

Santo Agostinho já ofereceu resposta ao problema do mal. As fábulas reencarnacionistas, além de não explicarem nada, são grosseiras e sem sentido. Diante da vastidão da produção intelectual cristã sobre o assunto, as “explicações” baseadas em karma têm a profundidade teológica de um pires.

MPF intima Igreja Católica a prestar “esclarecimentos” sobre texto alegadamente “homofóbico”

Remeto à importante denúncia feita pelo blog “Porta da Fé” a respeito de um pedido de “esclarecimentos” feito pelo Ministério Público Federal por conta de um número do Boletim Universitário da Universidade de Londrina (UEL) que trazia um texto contrário ao homossexualismo. O início do texto já sintetiza tudo:

“Igreja e UEL devem esclarecer boletim homofóbico”. A matéria é do portal de notícias Bonde e é referente ao um periódico católico que circulou em setembro do ano passado na Universidade Estadual de Londrina. Entre os artigos publicados pelo “Boletim Universitário”, um chamou a atenção do público acadêmico por fazer sérias críticas ao comportamento homossexual.

A notícia também repercutiu em outros veículos da imprensa local – como p.ex. aqui, sob o título “MPF apura suposta homofobia em texto de Boletim Universitário em Londrina”. Esta reportagem diz que “[j]á foram dados três encaminhamentos relativos ao processo, [sendo] dois para a Arquidiocese de Londrina, em nome do arcebispo Dom Orlando Brandes e do padre César Braga de Paula”.

Cabe notar algumas coisas:

a) Não existe nada de preconceituoso, degradante, desrespeitoso ou coisa parecida no texto do Boletim Universitário da UEL. Trata-se de um texto simples (escrito no formato de diálogo) sobre vocação e matrimônio, claramente destinado a católicos, e que repete o óbvio: só existe Matrimônio entre duas pessoas do sexo oposto.

b) Não existe “homofobia” tipificada no ordenamento jurídico brasileiro!! Causa espécie que o Ministério Público Federal não tenha mais o que fazer a não ser aporrinhar católicos cobrando “esclarecimentos” sobre supostos crimes inexistentes no Brasil!

c) O encaminhamento do processo feito a religiosos – a um bispo e um padre – é uma piada, um acinte ultrajante, uma verdadeira ofensa. Quando os católicos – cidadãos que fazem parte da sociedade brasileira e que, portanto, têm total direito civil de participarem do processo democrático – manifestam as suas posições sobre temas morais contemporâneos, os laicínicos começam com a histeria cretina de que vivemos em um “estado laico”. Não obstante, o Ministério Público pretende intimar a Igreja para determinar como Ela pode ou não ensinar o Catecismo, e aparentemente ninguém vê nada errado nisso! É ridículo.

E assim, com base em uma lei inexistente, um órgão federal pressiona e constrange uma instituição religiosa bimilenar a mudar o ensino de seus princípios morais. É patético, mas é verdade. Contra esta ignomínia, são muitas oportunas as considerações do “Porta da Fé”:

Peço encarecidamente a todos os leitores e amigos que se manifestem contra esta ação do Ministério Público. Mandem e-mails de forma respeitosa a todos os contatos disponíveis no site da Procuradoria Geral da República. Nosso clamor deve ser ouvido.

Também mandem e-mails ao clero e à Arquidiocese de Londrina para que sejam firmes na Fé e não tenham receio de proclamar a Palavra de Deus com valentia e bravura. Para entrar no site da arquidiocese é só clicar aqui.

A situação é tão surreal que faltam até palavras para reagir. Reclamemos, enquanto nos é dado falar. Apontemos o ridículo, ainda que ninguém o perceba e ele tenha a ousadia de se apresentar pomposamente travestido de “progresso” ou “evolução”. Continuemos falando, ainda que intentem nos silenciar. Pois seremos cobrados também pelo nosso silêncio. Se ninguém chamar esta loucura pelo nome, pode ser que o mundo enlouqueça mais rápido – por nossa culpa.