Maconha em Recife

O Gustavo trouxe alguns comentários pertinentes sobre a proibição da Marcha da Maconha. Eu nem mesmo sabia que haveria uma marcha da maconha em Recife; pelo que vi nos links do “movimento”, ela ocorreu domingo último e reuniu mais de mil pessoas.

Pelas ruas do Recife Antigo… na tarde do domingo! Aos que não conhecem, é necessário contextualizar: o Recife Antigo nos domingos à tarde recebe uma feirinha de artesanato popular, há muitas vezes umas programações culturais e, enfim, é um ambiente freqüentado por muitas famílias e crianças. Custa-me acreditar, mas os pais que levaram os seus filhos para o centro da cidade no domingo passado deram de cara com um bando de maconheiros protestando pela liberação da droga…! Onde vai ser a próxima marcha? No parque da Jaqueira?

O Recife Antigo não é o ambiente mais bonito do mundo, do ponto de vista moral. Já foi baixo meretrício e, ainda hoje, é ponto de venda e consumo de drogas à noite. No entanto, possui a sua beleza particular dos centros históricos (um pouco desleixado, mas mesmo assim atrativo), é ponto turístico e tem lá a sua graça, podendo ser para algumas pessoas um passeio agradável. É louvável a iniciativa de transformar a cidade velha, nos domingos à tarde, em um ambiente decente onde se possa passear com tranqüilidade, inclusive levando a família. Daí os maconheiros inventam de fazer isso… por que não restringiram a marcha à noite da sexta-feira na Rua da Moeda?

algumas fotos do evento aqui. Vi um pai carregando uma criança nas costas, outros meninos sorridentes acompanhando o espetáculo ao lado de uma inerte viatura da polícia. E a sentença terrível do autor do artigo: “os conservadores de plantão terão que conviver com a Marcha da Maconha, assim como engolem revoltados a Parada Gay”.

Isso não é liberdade de expressão. É decrepitude moral, a completa ausência de referenciais, é a barbárie instaurada onde qualquer um grita e faz o que bem entender: fuma maconha, protesta contra as leis anti-drogas, faz uma manifestação pública expondo crianças às suas idéias de drogados. Em vários estados a marcha foi proibida; Recife, no entanto, acolheu os maconheiros. Até quando as autoridades pernambucanas vão continuar vilipendiando a memória deste povo?