A Igreja e a homossexualidade

Num livro recente, “Goodbye, good men”, o repórter americano Michael S. Rose mostra que há três décadas organizações gays dos EUA vêm colocando gente sua nos departamentos de psicologia dos seminários para dificultar a entrada de postulantes vocacionalmente dotados e forçar o ingresso maciço de homossexuais no clero. Nos principais seminários a propaganda do homossexualismo tornou-se ostensiva e estudantes heterossexuais foram forçados por seus superiores a submeter-se a condutas homossexuais.

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Não tenham dúvida: a Igreja é acusada e humilhada porque está inocente. Seus detratores a acusam porque são eles próprios os culpados.
[Olavo de Carvalho, Cem anos de pedofilia]

Não pode a árvore má dar bons frutos, disse Nosso Senhor no Evangelho (cf. Mt 7, 17-18; Lc 6, 43). Isto posto, são absolutamente incompreensíveis e fatalmente destinadas ao fracasso quaisquer tentativas de se integrar o homossexualismo (refiro-me às “práticas homossexuais”, aos “atos homossexuais”) a qualquer sociedade organizada, seja ela o Estado, seja a Igreja. Os pecados homossexuais, ensina o catecismo, bradam ao céu por vingança (CIC 1867peccata quae ad coelum clamant) e o desleixo ou a conivência para com estes crimes gravíssimos não poderão obter senão o justo castigo dos Céus.

Esta verdade pôde ser observada à risca nos escândalos envolvendo uma parte do clero americano, que até hoje são uma dolorosa chaga no Corpo Místico de Cristo e os inimigos da Igreja de todos os naipes utilizam para cuspir-Lhe na Face. O problema foi denunciado pelo repórter americano Michael Rose, em seu livro Goodbye, Good Men [disponível parcialmente no google books, a $18,45 na amazon e com uma resenha – que recomendo com ressalvas – escrita na Montfort]. A acusação – gravíssima – é a de que organizações gayzistas americanas infiltraram-se nos seminários católicos para garantir a presença de homossexuais entre os futuros sacerdotes, ao mesmo tempo em que tentavam escorraçar as pessoas que tinham realmente vocação sacerdotal. Um pecado desta magnitude não poderia ficar impune e o resultado foi a onda de escândalos sexuais que se abateu sobre a Igreja nos Estados Unidos há alguns anos.

A trágica experiência deveria ao menos servir para recuperar uma saudável intolerância aos sodomitas empedernidos. Note-se bem que – como falei acima – eu distingo (como, aliás, a Igreja também o faz) entre as tendências homossexuais e os pecados homossexuais. Uma coisa é um sujeito que tenha tendências homossexuais e, com o auxílio da graça de Deus, luta todos os dias para vencer as suas más inclinações – este é um santo; outra coisa é um militante gayzista que não quer senão a exaltação do vício contra a natureza e a revogação da Lei de Deus – a este, bem se aplica aquela imprecação do profeta Isaías que diz: “Ai daqueles que ao mal chamam bem, e ao bem, mal, que mudam as trevas em luz e a luz em trevas, que tornam doce o que é amargo, e amargo o que é doce!” (Is 5, 20). É o pecado deste último, e não a má inclinação do primeiro, que brada ao Céu e clama a Deus por vingança.

Não podem os católicos se dobrar diante do politicamente correto e passar a mão na cabeça dos pobres homossexuais vítimas da homofobia dos nossos dias, legado de séculos de injusta discriminação. Não podem eles nem mesmo menosprezar a magnitude desta ofensa a Deus; se houvesse a estratégia gayzista de infiltração nos meios católicos sido imediatamente combatida com a firmeza e a prontidão que a situação exigia, não teríamos tantos inocentes atingidos pelos escândalos e tantas almas afastadas da Santa Igreja.

Importa aprender com os erros. A Congregação para a Educação Católica emitiu, em 2005, uma Instrução sobre os critérios de discernimento vocacional na qual conclama os responsáveis pelos aspirantes ao sacerdócio para que tenham “um atento discernimento acerca da idoneidade dos candidatos às Ordens sacras, desde a admissão no Seminário até à Ordenação”. É o remédio salutar contra a invasão gayzista, que precisa ser aplicado com zelo e diligência, sem que se subestime o poder dos movimentos gays e sem que se permita a Satanás obscurecer a clareza da doutrina católica sobre o assunto com palavras vãs e nuances inúteis.

É necessário ter atenção. É preciso ser “prudentes como as serpentes” (cf. Mt 10, 16), pois sempre existem aqueles que querem fazer com que as determinações da Igreja sejam letra morta. Em artigo publicado na “Revista de Estudos da Religião”, nº 1 de 2006, o sr. Edênio Valle – da PUC, SP – apresenta a posição da Igreja como uma paulatina “reavaliação da postura ético-teológica a ser adotada em relação à homossexualidade e ante os homossexuais” (p. 155), e prenuncia que a Igreja deve “encontrar formas concretas para um modelo formativo novo e mais correspondente ao que a moral e a ética cristãs exigem hoje da Igreja e da vida religiosa” (p. 183). A escrita suave – sem fazer uma clara apologia ao homossexualismo mas tampouco sem condená-lo – é perigosa, pois a leniência em assunto de tamanha gravidade pode provocar resultados catastróficos no futuro. Que as palavras do Papa sejam seguidas, com firmeza e determinação, a fim de que idéias como as do sr. Valle sejam somente os últimos estertores dos feminários gayzistas moribundos, e sacerdotes realmente vocacionados e bem formados possam surgir para, com a sua vida, oferecer a Deus a repararação devida pelas aberrações produzidas pela investida gayzista contra a Igreja na segunda metade do século XX.