Orientação sobre “Missas de Cura e Libertação”

[Neste documento recente da CNBB sobre Liturgia, publicado por ocasião da 48ª Assembléia Geral que ocorreu em Brasília no mês passado, encontram-se as orientações sobre as (assim chamadas) “Missas de Cura e Libertação” que seguem abaixo.

Entre outras coisas, a propósito, pode ser encontrada no referido documento a verdadeira palhaçada sobre a tradução da Editio Typica Tertia do Missal Romano que foi publicada em 2002 (isso mesmo, há oito anos!) e corrigida em 2008, sobre a qual a CNBB tem a vergonha de afirmar que pretende, “na Assembleía Geral de 2011, apresentar para votação final, os textos do Ciclo Pascal e se possível também dos Domingos do Tempo Comum e do Ordinário da Missa, para então enviarmos a Roma tudo que já estiver aprovado”…

No entanto, as orientações sobre as referidas celebrações litúrgicas (relativamente comuns em meios carismáticos) estão – graças a Deus, e miraculosamente – fiéis ao que ensina a Igreja.]

1. MISSAS DE CURA

    Nossa Comissão recebe inúmeros pedidos de esclarecimentos ou orientações sobre as assim chamadas “missas de cura” ou “missas de cura e libertação”. Trata-se de missas celebradas em horários especiais, com a finalidade específica de obter de Deus a cura e a libertação de todo tipo de doença.

    Muitas perguntas se colocam: será que esta prática não estará passando para o povo uma compreensão reducionista ou, pior ainda, utilitarista e mágica da missa? Qual o verdadeiro sentido teológico-litúrgico da celebração eucarística? Porque não usamos a bênção dos enfermos indicadas no Ritual de Bênçãos? Porque não rezar a “Missa pelos doentes” indicada no Missal Romano (Missa por várias necessidades, n. 32)? As intenções que apresentamos nas Preces dos Fiéis não tem “força” ou “eficácia”? Lembramos ainda que o Ritual da Unção dos Enfermos prevê o Rito da Unção dos Enfermos na missa. Aliás, seria muito oportuno insistir no estudo da Introdução do Ritual da Unção dos Enfermos e sua assistência pastoral. Enfim, além de rezar pelos doentes, é oportuno lembrar o que diz a referida introdução no no. 35: “Os sacerdotes lembrem-se do seu dever de visitar pessoalmente os enfermos com toda a solicitude e de ajudá-los com generosa caridade. Compete-lhes sobretudo, ao ministrar-lhe os sacramentos, despertar a esperança no coração dos presentes e reanimar a fé no Cristo padecente e resssuscitado, de modo que, ao trazerem o maternal carinho da Igreja e o consolo da fé, confortem aqueles que crêem e levem os outros a voltarem-se para as coisas do alto”.

    No Conselho Permanente de 2004, iniciou-se um estudo para oferecer “Orientações teológico-litúrgicas e pastorais a propósito das chamadas ‘missas de cura e libertação’”. Infelizmente, não se chegou à conclusão deste tema. Como a questão continua a exigir um posicionamento claro por parte de nós, Bispos, queremos encaminhar, até a próxima Assembleia Geral uma proposta de documento a ser preparado juntamente com outras Comissões Episcopais e ser submetido à aprovação.

    Convidamos os Bispos a encaminharem para a Comissão de Liturgia subsídios, livros de canto e orações, relato de experiências em torno destas missas para que possam enriquecer nossa reflexão.

    Colocamos na pasta de cada Bispo a INSTRUÇÃO SOBRE AS ORAÇÕES PARA ALCANÇAR DE DEUS A CURA, publicado pela Congregação para a Doutrina da Fé, em 2000. Temos aí a apresentação de aspectos doutrinais (I Capítulo) e as Disposições disciplinares (II Capítulo) que nos ajudam no exercício de nossa responsabilidade litúrgica nesta questão.

    40 anos

    Hoje, a Missale Romanum completa exatos quarenta anos. Eu nem sabia, quando publiquei ontem à noite um texto sobre a Santa Missa… Foram quarenta anos difíceis. É impossível negar…

    Quarenta é um bom número. Lembra-me os quarenta anos do deserto ao fim dos quais os judeus entraram na Terra Prometida, os quarenta dias no deserto ao fim dos quais Nosso Senhor começou a Sua vida pública, os quarenta anos da Quaresma ao fim dos quais, todos anos, nós celebramos a Santa Páscoa. E dá-me esperanças…

    Quem me conhece, sabe da minha predileção pelas coisas antigas. Já falei por diversas vezes. E, quem me conhece, sabe também que eu não me alinho com as posições dos que negam a autoridade do Papa – e da Igreja – de legislar; quem me conhece, sabe que eu não julgo aceitável pôr em questão a Suprema Autoridade de Governo da Igreja Católica. O que está promulgado, promulgado está. “Non fit disputatio”, como quer que se escreva isso.

    O que não me impede de ter as minhas predileções, e minhas esperanças. Não me impede de me alegrar ao ver-me, no final da Quaresma, aos quarenta anos da Missale Romanum. Quarenta anos…! Oremus pro Ecclesia Sancta Dei.