Comentários sobre a revolução paterna

Gostaria de tecer agora os comentários sobre o Pai-Nosso Revolucionário que não expus anteontem. Não há necessidade, creio eu, de se ser muito sistemático e analisar em pormenores cada um dos versos e estrofes da tal canção. A mensagem anti-católica fala por si só, e às escâncaras, não havendo muito o que esmiuçar.

Indo direto ao ponto: quem escreveu aquela música não tem Fé. Isto não é um juízo temerário, porque é a análise justa e honesta da “poesia” apresentada. O “pai” apresentado na música não é de todos, mas só dos “torturados” [pelo Regime Militar, quiçá], “marginalizados”, etc. A vontade do “deus” lá da música é que não sejam seguidas as “doutrinas corrompidas pelo poder opressor” [no caso, a Doutrina da Igreja Católica]. O que se pede a este “deus” não é a conversão do pecador, mas a destruição dos “reinos em que a corrupção é a lei do mais forte” (seja lá o que signifique esta frase). Este “pai” apresentado pela oração não é o conservador das coisas que criou – ao contrário, é “revolucionário”.

Não é preciso gastar cinco minutos de raciocínio para chegar à conclusão de que este “pai revolucionário” não é o Deus criador dos Céus e da Terra em Quem professamos a nossa Fé todos os dias. Portanto, este “deus dos oprimidos” não é o Deus da Fé Católica e, portanto, quem professa fé neste “deus” não pode, ao mesmo tempo, ter Fé no Deus Único.

Argumente-se contra isso que o sujeito pode, de boa fé, escrever e cantar este tipo de lixo. Concedo: o sujeito pode, sim, perfeitamente, ser um ignorante religioso a ponto de não saber mensurar o grau de heresia das coisas que escreve e canta. No entanto, se ele não sabe a Fé que tem, então ele não tem Fé, porque Fé é saber. Ao afirmar isso, está-se apenas fazendo uma constatação factual, sem nenhum juízo sobre o grau de culpabilidade do indivíduo que produz, canta e divulga este tipo de música. “Ah, ele pode ser um ignorante” – sim, pode. Mas isso não torna a sua música menos herética, e nem o autoriza a sair por aí apresentando um “pai revolucionário” como se o Deus Católico fosse.

Argumente-se ainda contra isso que a música apresenta, em suas partes e desconsiderados os significados mais comuns dos seus termos, muitas coisas que são aproveitáveis. Concedo, também; contra isso, no entanto, faço notar que (i) desconsiderar o sentido mais comum dos termos e o “contexto” da música para analisá-la “em si”, concedendo o máximo possível o beneplácito da boa interpretação, é falsear a obra artística, posto que a interpretação resultante deste procedimento pode ser (e, aliás, será quase sempre) completamente irreal; e (ii) qualquer coisa tem pontos aproveitáveis, pois o mal absoluto não existe. Certamente há muitas coisas boas e certas em todos os erros e heresias do mundo, e nem por isso o conjunto passa a ser aceitável por meio do aproveitamento das coisas certas e pela “ressignificação” das erradas. A heresia é condenável, mesmo que possua (como sempre possui) pontos positivos; este “pai-nosso revolucionário” é sim condenável, ainda que se possa encontrar nele algo de bom ou conceder uma interpretação ortodoxa às suas partes mais escandalosas.

Afinal de contas, provavelmente não existe ninguém no Inferno (à exceção talvez dos anjos) que nunca tenha feito, em sua vida, nada que aproveitasse. Do mesmo modo, certamente não existe ninguém no Céu – à exceção da Bem-Aventurada Virgem Santíssima [p.s.: e outras exceções] – que não tenha feito nada de condenável enquanto esteve na terra. Aplicar uma “tesoura” à revolução paterna do “deus” da TL para tentar salvá-lo é não ter respeito à Verdade (uma vez que ou se vai pôr em risco a Fé dos incautos aceitando tudo, ou se vai falsificar a realidade dando aos termos empregados pelos hereges um sentido distinto do que eles claramente possuem) e nem senso de realidade (por achar que semelhante idéia pode dar certo…).

“Pai-Nosso Revolucionário, parceiro dos pobres, Deus dos oprimidos!”

Depois do sucesso do Trem das CEBs, segue o fantástico “Pai Nosso Revolucionário”, também mérito da PJ. Créditos ao Gustavo que primeiro encontrou a pérola no youtube – ambos a ouvimos ontem, quando voltávamos de Garanhuns.

Faço questão de colocar também a letra. Depois, com mais calma, teço alguns comentários.

* * *

Ôôô…

Pai nosso
dos pobres marginalizados.
Pai nosso
dos mártires, dos torturados…

Teu nome é santificado naqueles que morrem defendendo a vida,
Teu nome é glorificado, quando a Justiça é nossa medida.

Teu reino é de liberdade, de fraternidade, paz e comunhão
maldita toda violência que devora a vida pela repressão!

Ôôô…

Queremos fazer Tua vontade, és o verdadeiro Deus libertador,
não vamos seguir as doutrinas corrompidas pelo poder opressor!
pedimos-Te o pão da vida, o pão da segurança, o pão das multidões,
o pão que traz humanidade, que constrói o homem em vez de canhões.

Perdoa-nos quando por medo ficamos calados diante da morte
perdoa e destrói os reinos em que a corrupção é a lei mais forte!
Protege-nos da crueldade, do esquadrão da morte, dos prevalecidos,
Pai nosso, revolucionário, parceiro dos pobres, Deus dos oprimidos…

Pai nosso, revolucionário, parceiro dos pobres, Deus dos oprimidos!

Sobre Lady Gaga e Alejandro

A primeira vez que ouvi falar em Lady Gaga – e vendo uma das roupas com as quais a cantora costuma aparecer -, acreditei que se tratava de uma personagem caricata que procurava fazer sucesso com o ridículo, tipo o nosso Falcão, mas utilizando-se da gagueira como seu instrumento de expressão musical. A primeira vez que ouvi uma música dela que cantava “ah-ah, ê-ê-ê”, tive quase certeza moral desta minha impressão.

Qual não foi a minha surpresa quando me disseram que a mulher era americana! O “Gaga” do seu nome já não me fazia mais nenhum sentido…

Nunca dei importância a esta senhora. No entanto, terça-feira última, fiquei sabendo que o recém-lançado clipe de “Alejandro” tinha conseguido algumas milhões de exibições no youtube em poucas horas. Curioso, fui procurar o tal vídeo.

Maldita curiosidade, que rapidamente se transformou em raiva. O clipe é de uma indecência e obscenidade que eu não me recordo de ter visto quando assistia ao Disk da MTV. Emos vestidos de go-go boys, a tal da Gaga em roupas de baixo, simulando descaradamente movimentos sexuais. Soldados, e a “Lady” com um soutien que tem uma metralhadora em cada seio. E uma blasfema roupa de freira.

Vermelha. Deitada languidamente na cama, engolindo um terço; ou, em outra cena, com uma cruz na parte da roupa que cobre a genitália, simulando ser estuprada pelos “emo boys” e, ao final, rasgando o “hábito”. Profundamente indignante, ofensivo de uma maneira estúpida e cretina, e terrivelmente gratuita. Em vão procurei na música Alejandro qualquer alusão a freiras, soldados, cruzes em chama, estupros, homossexualismo ou o que fosse para ao menos explicar a coerência entre o clipe e a sua música (pois a sucessão de cenas chocantes parecia-me profundamente sem sentido). Não encontrei nada.

Faço coro ao Taiguara: por que não um Alcorão, Lady Gaga? Cadê a coragem revolucionária, o desejo de chocar? É muito cômodo bater na Igreja. Por que a cantora pop não faz um clipe que escarneça do islamismo para apresentar em uma turnê pelo Oriente Médio?

A propósito, ver também: Lady Gaga insulta a Fé Católica.

Voglio vivere così…

Una piccola storia. Ma molto bella. Merece ser vista: Andrea Bocelli falando sobre o aborto, com fatos concretos, com histórias reais. Uma pena que as legendas estejam disponíveis somente em inglês, mas acredito que dê para entender a maior parte do que é dito.

E que Deus tenha misericórdia de nós todos, e nos livre da maldição do aborto.

Pirâmide

A música abaixo constava em um livro de cantos que foi distribuído na Assembléia Pastoral Arquidiocesana de Olinda e Recife. É uma pérola, eu nunca tinha ouvido, e merece a nossa meditação. Obra de incomensurável valor poético e piedoso.

Por questões de justiça, quero registrar que um meu amigo, presente à supracitada assembléia em dois dos seus três dias, afirmou não ter ouvido a execução da peça. Mas já é sintomático que ela estivesse na seleção de cantos do encontro.

Domine, miserere nobis.

* * *

1. Na terra dos homens pensada em pirâmide
há poucos em cima, e muitos na base.
Na terra dos homens pensada em pirâmide
os poucos de cima esmagam a base.

Ref: Ó, povo dos pobres, povo dominado,
que fazes aí com ar tão parado?
O mundo dos homens tem de ser mudado.
Levanta-te, povo, não fique parado.

2. Na terra dos homens pensada em pirâmide
viver não se pode, pelo menos na base.
O povo dos pobres que vive na base
vai fazer cair a velha pirâmide.

3. E a terra dos homens já sem a pirâmide
pode organizar-se em fraternidade.
Ninguém é esmagado na nova cidade.
Todos dão as mãos em viva unidade.

OFF – Largo al factotum

Quem não conhece a ária de Gioacchino Rossini por seu nome, certamente a conhece pelo nome da ópera – O Barbeiro de Sevilha – ou, quando menos, por “Figaro”. Peço antecipadamente que me perdoem por conspurcar assim a música clássica, mas é que esta tradução da obra exigiu doses admiráveis de perspicácia. Ah, traduttore, traditore

Feliz Ano Novo!

Mais um ano passado. Para mim, passou muito depressa. É a idade… quanto mais velho se é, mais o tempo passa rápido. Deveria ser o contrário, pois é com a experiência adquirida que se pode fazer o tempo ser melhor aproveitado… Mas, como diz a sabedoria popular musical recifense contemporânea, “o tempo passa, o mundo gira, o mundo é uma bola”. É verdade: o tempo passa, inexorável.

Passou 2009 e, ao final dele, eu me lembro de uma frase de um santo que ouvi certa feita; não lembro quem é, mas sempre associo a um dos místicos espanhóis. A frase dizia que a vida é como uma noite mal dormida em péssima estalagem. Sofre-se, sim, mas é passageira: quando mal se percebe, chegou o dia. Findou a noite, findou a vida.

Findou o ano! É oportunidade para se meditar sobre a efemeridade da vida, sobre o tempo que passa mais depressa do que gostaríamos. Se, ao invés do ano, fosse a vida que chegasse ao fim? Se, ao invés de encontrarmos 2010, fôssemos nos encontrar com o Justo Juiz que há de pôr os nossos atos a descoberto e determinar a nossa sorte eterna?

O escoar dos anos deve nos fazer pensar que a nossa vida também passa. E passa depressa. Um ano a menos… aproveitemos bem o nosso tempo.

E um feliz ano novo a todos. Que o próximo ano encontre-nos melhores do que este que agora termina nos encontrou – são os meus votos mais sinceros. Continuemos na liça, também em 2010.

El Martes me fusilan – homenagem aos Cristeros

Letra [recebi por email, do Carlos, a quem agradeço]

El martes me fusilan

El martes me fusilan
A las 6 de la mañana.
Por creer en Dios eterno
Y en la gran Guadalupana.
 
Me encontraron una estampa
De Jesús en el sombrero.
Por eso me sentenciaron
Porque yo soy un cristero.
 
Es por eso me fusilan
El martes por la mañana.
Matarán mi cuerpo inútil
Pero nunca, nunca mi alma.
 
Yo les digo a mis verdugos
Que quiero me crucifiquen
Y una vez crucificado
Entonces usen sus rifles.
 
Adiós sierras de Jalisco,
Michoacán y Guanajuato.
Donde combatí al Gobierno
Que siempre salió corriendo.
 
Me agarraron, de rodillas,
Adorando a Jesucristo.
Sabían que no había defensa
En ese santo recinto.
 
Soy labriego por herencia,
Jalisciense de naciencia.
No tengo más Dios que Cristo
Por que me dio la existencia.
 
Con matarme no se acaba
La creencia en Dios eterno.
Muchos quedan en la lucha
Y otros que vienen naciendo.
 
Es por eso me fusilan
El martes por la mañana.
 
Peloton, prepareeen, apunteeen
Viva Cristo Rey y fuego.