O convite e a recusa

“Cantora gospel é impedida de se apresentar em Igreja Católica”, diz uma notícia que recebi hoje. O corpo da manchete, no entanto, dá margens a dúvidas sobre o quê, exatamente, aconteceu.

A primeira frase da reportagem diz o seguinte: “A cantora gospel Nery  Nascimento, foi impedida  pelo ministério de sua Igreja, de aceitar o convite para participar do culto de louvor e adoração na Igreja Católica Carismática de sua cidade”. O grifo é meu. Daí fica a pergunta: “Igreja Católica Carismática” refere-se a um grupo da Renovação Carismática que faz parte de uma paróquia católica apostólica romana, ou refere-se a este cisma de Belém? A manchete induz o leitor a pensar na primeira possibilidade; a primeira frase, na segunda.

De qualquer modo, todo o texto [seguido dos comentários] à exceção da frase supracitada parece considerar que são católicos apostólicos romanos, mesmo. Questiono considerando esta possibilidade:

1. O que vem a ser um “culto de louvor e adoração”?

2. Qual era o propósito de semelhante convite? Aproximar a cantora herege [e/ou a sua “comunidade eclesial”] da verdadeira Igreja de Jesus Cristo, ou alguma outra coisa?

3. A exposição ao “show-pregação” de uma cantora gospel não é colocar a própria Fé em risco sem justificativa proporcionada? Todas as pessoas que iriam participar do tal “culto de louvor e adoração” tinham uma Fé madura o suficiente para não se deixar seduzir pelos enganos da cantora?

4. Qual a prudência de se convidar um herege protestante para um evento ecumênico (ainda concedendo, para ser benedicente, que o intuito dos responsáveis pelo convite fosse verdadeira e propriamente ecumênico) sem saber antes se ele é dócil ou hostil ao convite? Nunca leram nos Evangelhos que não se deve jogar pérolas aos porcos?

As perguntas são pertinentes. Entre os comentários feitos à notícia, um deles fala de um padre que, certa vez, convidou um diácono para fazer a homilia dominical e, após a fala do herege, este “converteu o padre e quase metade dos que ouviam a pregação”. O que significa que arrastou os católicos para longe da Igreja de Nosso Senhor.

Não sei se a história é verdadeira e, aliás, acredito que não seja; mas é óbvio que existe sempre a possibilidade de que um fiel católico seja seduzido pelas falácias protestantes, de modo que não convém expô-lo desnecessariamente ao risco de perder a própria Fé.

Costumo ver com apreensão a aproximação de católicos – e agora não falo mais deste caso da sra. Nery  Nascimento, e sim de coisas que vejo no meu quotidiano – a cantores protestantes, sob a justificativa de que as músicas são religiosas e não contém heresias. Ainda sendo verdade que a maioria das músicas protestantes não contenha expressamente heresias, o problema não é só esse. Músicas protestantes são omissas em temas centrais da Fé Cristã, de modo que são sempre incompletas. Músicas protestantes podem induzir ao relativismo religioso, porque “se fulaninho que é protestante faz músicas tão lindas de louvor ao Senhor, é porque o Espírito Santo age através dele”. Músicas protestantes podem pôr gradativamente a alma em contato com a “cultura” herética protestante e, assim, levar o fiel católico a perder a Fé. Et cetera.

De modo que fico feliz pela sra. Nery ter recusado o convite dos carismáticos, só pela possibilidade de que talvez tenham sido católicos; a recusa da herege privou talvez fiéis católicos de serem expostos a situações perniciosas e danosas às suas almas. Só fico pensando onde é que estão os pastores responsáveis por esta gente: porque ser necessário o lobo afastar-se voluntariamente das ovelhas ante a inércia dos legítimos pastores do rebanho do Senhor é vergonhoso.