Niterói: padre excomungado

Eu havia comentado aqui há um mês sobre a valente atitude de Dom Alano, Arcebispo de Niterói, quando do afastamento de um padre e da exigência de uma retratação dos “fiéis” que cometeram o sacrilégio de, em sinal de “protesto” pelo sobredito afastamento, darem às costas (!!!) à celebração da Santa Missa pelo padre designado para assumir a paróquia.

Agora, um mês depois, um amigo sacerdote de Niterói deu-me a triste notícia de que o sacerdote afastado por Dom Alano apostatou e se uniu à “Igreja Católica Apostólica Brasileira”. A mesma notícia foi dada – só vi depois – pelo Fratres in Unum.

Sinceramente, eu não consigo entender o que leva um sacerdote do Deus Altíssimo a trocar a sua dignidade pela primeira igrejola meia-boca e tosca que se lhe apresente. A atitude que provoca escândalo termina por arrastar à perdição também as almas dos fiéis pelas quais o padre apóstata era responsável – a mesma notícia d’O Dia acima linkada fala que “ele celebra no quintal de outra residência missas que vêm atraindo cerca de 150 pessoas”. Cento e cinqüenta almas, arrancadas à Santa Igreja de Deus, arrastadas para a lama por causa de um mau sacerdote!

Nota Oficial da Arquidiocese de Niterói
Nota Oficial da Arquidiocese de Niterói

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Dom Alano teve mais uma vez a valentia – que falta que isto faz nos nossos dias; que exemplo de sucessor dos Apóstolos, sentinela fiel da parcela do povo de Deus a ele confiada! – de denunciar o erro. Em uma nota oficial emitida pela Arquidiocese, afirmou sem arrodeios que o padre incorreu no delito de apostasia e, portanto, “colocou-se fora da nossa comunhão eclesial” – ou seja, foi excomungado. Adverte ainda as pessoas que “participarem das celebrações da ICAB incorrem formalmente no pecado de apostasia e se colocam fora da comunhão da Igreja Católica Apostólica Romana”.

Termina Sua Excelência Reverendíssima pedindo as orações de todos pelo sacerdote e pelos fiéis que estejam tentados a segui-lo em sua loucura, “a fim de que, por intercessão da Virgem Maria arrependam-se de seus erros e retornem um dia ao seio da Verdadeira Igreja de Jesus Cristo”. Rezemos, sim, por esta terrível notícia que é motivo de profunda tristeza para toda a Igreja; e agradeçamos a Deus pela exemplar atitude de Dom Frei Alano Maria Pena, O.P., valente sucessor dos Apóstolos e honra dos filhos de São Domingos.

Mais uma bela atitude de Dom Alano

Niterói parece ser “território de missão”. Conheço alguns católicos de verdade que lá moram, entre leigos e sacerdotes; conheço poucos, porque não são muitas, infelizmente, as pessoas que conheço na cidade. Já estive em Niterói duas vezes, a última em novembro do ano passado; à época, não tive a oportunidade de conhecer pessoalmente Dom Alano, que estava em viagem. É uma pena, porque gostaria de ter tido a chance de me prostrar diante dele e pedir-lhe a bênção, agradecendo-lhe pela fidelidade ao seu ministério episcopal.

É no meio das adversidades que nós encontramos o heroísmo, porque é no fogo que se prova o ouro. Foi, então, com um misto de tristeza e alegria que eu recebi uma notícia segundo a qual Dom Alano pedia uma retratação de alguns fiéis da Arquidiocese.

Tristeza, porque a situação é obviamente absurda. Um grupo de sujeitos – cerca de duzentos – dar as costas à celebração da Santa Missa é um tremendo sacrilégio, uma completa falta de noção do que sejam as coisas santas. Afinal, o que essas pessoas faziam na Missa até então? Será possível que eles não tenham aprendido nada? Porque alguém ter a capacidade de dar as costas para o Santo Sacrifício da Missa é uma falta de respeito e uma irreverência tão grandes que… eu nem sei dizer.

E isto é muito preocupante. Se são os próprios católicos a darem as costas à Missa, que tipo de catequese esta gente anda recebendo? Ninguém lhes ensinou que Deus está presente no altar, em Corpo e Sangue, Alma e Divindade, após a Consagração do Pão e do Vinho? Ninguém lhes disse que, no Altar da Santa Missa, Cristo é imolado em propiciação pelos nossos pecados? Ninguém lhes avisou que o Altar da Missa e o Altar do Calvário eram um único Altar, onde Jesus, Sumo Sacerdote, oferece-Se a Deus Pai por nós? Ninguém lhes disse que é uma tremenda falta de respeito virar as costas para Deus, e pior ainda no preciso momento em que o Sacrifício da Cruz Se faz presente?!

É de partir o coração ouvir uma senhora dizer na reportagem:

Selma do Nascimento Silva, 55 anos, conta que há um mês abandonou a Igreja Evangélica Em Nome de Jesus, onde foi pastora por 25 anos, para “seguir os ensinamentos do padre”. “Conheci padre Dutra na hora certa. Ele me salvou”, disse Selma. Ela pretende voltar a ser evangélica e pôs à venda sua casa, próxima à paróquia.

Quais eram “os ensinamentos do padre” que a dona Selma estava seguindo? Será mesmo que o padre estava ensinando os seus paroquianos a darem as costas para a celebração do Santo Sacrifício da Missa? Não é natural que os padres ensinem aquilo que a Igreja ensina – e, portanto, o que dona Selma deveria fazer era seguir os ensinamentos da Igreja? Ver os paroquianos darem as costas à Santa Missa é o testemunho mais eloqüente que se poderia imaginar em favor da Arquidiocese: claro está que um pastor que deixe as ovelhas neste estado precisava ser afastado, para o bem dos fiéis.

Sandro Marraschi, um dos líderes dos protestos, contestou a Arquidiocese. “Não houve desrespeito. O protesto, pacífico, foi do lado de fora da igreja. Infelizmente, mais uma vez, é o bispo que se coloca de costas para os fiéis, sem nos dar explicações transparentes sobre a expulsão de padre Dutra”, rebateu.

É mesmo? Dar as costas à Santa Missa não é desrespeito? Onde foi que estes sujeitos aprenderam catecismo, pelo amor de Deus? Estas pessoas perderam completamente o senso do sagrado – é terrível! E ainda tentam cobrar do senhor Arcebispo “explicações transparentes” – como se Sua Excelência lhes devesse alguma coisa e não tivesse autonomia para administrar a sua Arquidiocese como melhor lhe parecer. Acaso querem implantar a democracia na Igreja Católica?

Há, no entanto, ao lado deste absurdo sem tamanhos, o brilho da atitude exemplar de Dom Alano Maria Pena. “De acordo com o assessor de imprensa da Arquidiocese, padre Leandro Freire, Dom Alano exige uma “retratação por escrito” dos cerca de 200 católicos” que participaram do protesto infame. Oferecemos os nossos mais sinceros parabéns a Sua Excelência Reverendíssima, que mais uma vez optou pela fidelidade à Igreja de Cristo, provavelmente em detrimento da sua própria imagem passada aos (in)fiéis da Paróquia de Santo Antônio. E rezemos, em desagravo ao Santíssimo Sacramento do Altar.

Projeto anti-TL em Niterói

É com enorme alegria que eu reproduzo o artigo seguinte de Dom Alano Pena, Arcebispo de Niterói, sobre a celebração católica apostólica romana – não TL – do Dia Nacional da Juventude. Referindo-se ao evento que aconteceu em Cabo Frio, Sua Excelência conta-nos coisas excelentes que aconteceram no domingo 19 de outubro.

Destaco as seguintes palavras de Dom Alano, que são um verdadeiro golpe dirigido aos sequazes da Teologia da Libertação que tanto mal causou à Igreja no Brasil (grifos meus):

Superados os limites estreitos de uma pastoral ideologizada, reducionista, alheia aos valores básicos da vida cristã, é hora de saber ver nas atitudes de nossa juventude a ânsia de Deus, a ânsia de uma autêntica espiritualidade, e sua grande frustração, quando lhe são propostas pequenos caminhos pastorais que se perdem pelos labirintos das ideologias politizantes.

[…]

Os desafios enormes gerados pelas idéias pagãs, materialistas, vazias de Deus, para explicar o mundo e o Homem, não nos permitem cruzar os braços e muito menos acomodarmo-nos na repetição de chavões, de “palavras-de-ordem”, aliás muito sem “ordem” que no passado tentaram confinar a PJ nos redutos de ações assim ditas “transformadoras” e que acabaram num trágico vazio!

Louvado seja Deus, por Se dignar conceder-nos santos pastores! Rezemos pelos nossos bispos. São Domingos deve estar orgulhoso do seu discípulo!

Abaixo, o artigo na íntegra.

* * *

Fonte: Arquidiocese de Niterói

Novembro de 2008

Caríssimos Irmãos e Irmãs,

Ainda ecoam em nossos ouvidos as vibrantes aclamações de fé jorradas do coração, da alma, dos quase 4000 jovens que, provindos dos sete Vicariatos de nossa Arquidiocese, congregaram-se alegremente em Cabo Frio, no passado dia 19 de outubro, para celebrar o Dia Nacional da Juventude – DNJ 2008.

Apesar da chuva, foi um dia de intensa vivência da Fé católica e de convivência fraterna. Sob a coordenação do Pe. Vidal, responsável pelo setor juventude em nossa Arquidiocese, nossos jovens “abriram a alma” diante do Senhor, para louvá-lO, adorá-lO, celebrá-lO como Luz, Vida e Esperança, numa impressionante demonstração de sua “sede de Deus”. Vários sacerdotes estiveram à disposição de nossos jovens para as confissões, que foram numerosíssimas e eu mesmo participei deste serviço sacramental, atendendo várias confissões.

Segundo o depoimento de vários padres, atenderam jovens que há vários anos não se confessavam e se sentiram tocados, pela graça de Deus, especialmente no momento da Adoração ao Santíssimo Sacramento, que foi iluminadamente conduzido pelo jovem Pe. Demétrio, com a participação musical de nossos seminaristas.

Contemplando aquele ambiente de tão profunda espiritualidade em que nossos jovens alternavam momentos de silêncio, de oração, com momentos de aplausos e de vivas aclamações, bem no estilo jovem, tive a nítida impressão de ver ali realizado, pela ação do Espírito Santo, o “encontro pessoal” de cada um com a Pessoa Divina de Jesus Cristo, tal como nos encoraja o Documento de Aparecida: “não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande idéia, mas pelo encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que dá um novo horizonte à vida, e com isso, uma orientação decisiva!” (Doc, Ap. nº 12)

A celebração do DNJ em nossa Arquidiocese propiciou, sem sombra de dúvida,a muitos jovens este encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo!

Abre-se para nossa juventude um novo caminho de evangelização, que lança raízes profundas numa espiritualidade eucarística, num atitude interior de adoração e escuta d’Aquele que unicamente pode nos dar a todos, jovens e adultos as reais razões para viver neste mundo.

Abre-se para nossa juventude o caminho de redescoberta dos verdadeiros valores da fé que permitem colocar os pés no chão da realidade para transforma-la com a força da verdadeira Fé, da Caridade efetivamente solidária e da Esperança que não decepciona “porque o Amar de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado!” (Rom.5,5)

Superados os limites estreitos de uma pastoral ideologizada, reducionista, alheia aos valores básicos da vida cristã, é hora de saber ver nas atitudes de nossa juventude a ânsia de Deus, a ânsia de uma autêntica espiritualidade, e sua grande frustração, quando lhe são propostas pequenos caminhos pastorais que se perdem pelos labirintos das ideologias politizantes.

Nossa ação pastoral no meio da juventude tem que ter o selo inconfundível do Espírito Santo presente em propostas que tragam a força da Sã Doutrina, aquela que pode levar nossos jovens à experiência da empolgante libertação em Cristo, nossa Vida!

Os desafios enormes gerados pelas idéias pagãs, materialistas, vazias de Deus, para explicar o mundo e o Homem, não nos permitem cruzar os braços e muito menos acomodarmo-nos na repetição de chavões, de “palavras-de-ordem”, aliás muito sem “ordem” que no passado tentaram confinar a PJ nos redutos de ações assim ditas “transformadoras” e que acabaram num trágico vazio!

O Senhor nos envia a propor aos jovens a radicalidade de uma vida santa, casta, alegre e sadia, que lhes permita descobrir no coração de Cristo os apelos para os verdadeiros compromissos de fraternidade, de justiça-social, de paz e de amor autêntico.

Fazemos nossas as palavras do Documento de Aparecida, que nos encoraja a “propor aos jovens o encontro com Jesus Cristo vivo e seu seguimento na Igreja, à luz do Plano de Deus, que lhe garanta a realização plena de sua dignidade de ser humano, que os estimule a formar sua personalidade e lhes proponha uma opção vocacional específica: o sacerdócio, a vida consagrada ou o matrimônio”. (Doc. Ap. 446,c)

E evidentemente, nesta perspectiva, destaca-se a importância, para nossa juventude, de uma intensa vida eucarística, de uma freqüência ao Sacramento da Reconciliação, bem como a busca de uma “direção espiritual” autêntica.

Todos sentimos, com muita esperança, que as orientações do recém-concluído Sínodo dos Bispos sobre a Palavra de Deus, haverão de propiciar à Pastoral do Setor Jovem, um renovado dinamismo no seguimento de Jesus Cristo, Palavra viva de Deus entre nós!

+ D. Fr. Alano Maria Pena OP

Arcebispo Metropolitano de Niterói