Salve, Salvador!

Cheguei hoje à noite à cidade de São Salvador da Bahia de Todos os Santos. Viagem ligeira, só até o domingo; rever alguns amigos e, principalmente, (tentar) participar da posse do novo arcebispo primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, que se dará amanhã (festa da Anunciação) à noite.

O vôo é curto. Lá de cima, no entanto, olhando pela janela, contemplando o meu Recife do alto, lembrei-me de uma excelente metáfora que ouvi de um piedoso sacerdote na missa do último final de semana. Falava ele sobre a importância de se elevar a alma por meio da oração. E exemplificava dizendo que, num vôo que fizera recentemente, pudera ver – do alto – o horizonte muito mais amplo, o céu e o mar, de uma maneira muito mais clara do que via quando estava no chão. E, assim como se pode ver melhor o horizonte físico quando o avião está no ar, analogamente a alma consegue enxergar melhor os horizontes sobrenaturais quando se eleva por meio da oração. Elevar a alma é enxergar mais. E mais distante. E de modo mais amplo.

É Quaresma, e é tempo de oração. Rezemos mais, e ampliemos assim os nossos horizontes. Que o Altíssimo Se compadeça de nós. Que bons ventos – verdadeiramente do Espírito Santo – possam soprar sobre esta Arquidiocese Primaz. Que a Virgem Santíssima, Nossa Senhora Aparecida, interceda pelo Brasil.

“Tu és nada” – Carlo Carretto

[Agradeço ao Alex Borges pelo envio do texto abaixo, que é muito rico e espiritualmente proveitoso. Vale uma leitura e meditação.

Teria uma única ressalva a fazer com relação à expressão “desintelectualizar”, que pode dar margens a interpretações errôneas e sugerir uma oração de caráter meramente sentimental; no entanto, o próprio texto deixa claro que o encontro com Deus dá-se “acima da sensibilidade” e, portanto, não imagino que haja espaço para alguém defender, com base nele, um fideísmo irracional. Deixo apenas o comentário à guisa de alerta. O texto é, no geral, excelente.]

Tu és nada

por Carlo Carretto

A grande riqueza do noviciado no deserto do Saara é, sem dúvida, a solidão e a alegria da solidão, o silêncio, um silêncio, o verdadeiro, que envolve tudo, que invade todo o ser, que fala à alma com uma força maravilhosa e nova, certamente desconhecida ao homem distraído.

Para aprender a viver tal silêncio, o mestre de noviços permite-nos sair a fim de viver alguns dias “de deserto”. Uma cesta de pão, um pouco de tâmaras, água, a Bíblia. Caminhada de um dia. Uma gruta. O sacerdote celebra a santa missa e a seguir deixa a gruta, sobre um altar de pedras, a Eucaristia. Ficaremos a sós com a Eucaristia exposta dia e noite, durante uma semana. Silêncio no deserto, silêncio na gruta, silêncio na Eucaristia. A natureza rebela-se com todas as forças. A sensibilidade, a memória, a fantasia, tudo se sente mortificado. Somente a fé triunfa; e a fé é dura, é escura, é nua.

“Não dá gosto adorar a Eucaristia”, dizia-me um noviço. Mas é justamente a mortificação do gosto que faz com que a oração se torne forte e verdadeira. É o encontro com Deus acima da sensibilidade, acima da fantasia, acima da natureza. Este é o primeiro aspecto do despojamento. Enquanto minha oração permanecer ancorada no gosto, haverá altos e baixos; depressões irão se seguir a entusiasmos efêmeros. “É necessário despojar a tua oração”, disse-me o mestre de noviços. “É necessário simplificar, desintelectualizar. Põe-te diante de Jesus à semelhança de um pobre: sem idéias, mas com fé viva. Permanece imóvel num ato de amor diante do Pai. Não procures alcançar a Deus com a inteligência: jamais o conseguirás. Alcança-o com amor: isso é possível.”

Após algumas horas – ou alguns dias – de tal ginástica, o corpo se aplaca. Já que a vontade lhe recusa o prazer sensível, não mais o procura: torna-se passivo. Os sentidos adormecem numa mansão silenciosa e pacífica. A oração, então, transforma-se numa coisa séria, ainda que dolorosa e árida, mas tão séria que se torna indispensável. A alma passa a participar do trabalho redentor de Jesus.

Ajoelhado na areia, diante do rude ostensório que continha Jesus, estava meditando sobe o mal do mundo: ódios, violências, torpezas, impurezas, mentiras, egoísmos, traições, idolatrias, adultérios. Ao meu ver, a gruta tornara-se tão vasta quanto o mundo, e interiormente contemplava a Jesus oprimido sob o peso de tantos males.

Qual era a minha situação em confronto com a dele?

Pensara eu, durante muitos anos, em ser “alguém” na Igreja. Chegara a ponto de considerar este edifício sagrado e vivo como um templo sustentado por muitas colunas pequenas e grandes, e sob cada uma delas os ombros dos cristãos. Acreditava eu que também sobre os meus estivesse o peso de uma delas, ainda que pequena. Mas, enquanto meu primeiro mestre dissera-me: “Primeiro em tudo para a honra de Cristo-Rei”, o último, Charles de Foucauld, sugeria-me: “Último de todos por amor de Jesus crucificado.”

Encontrava-me agora lá, de joelhos, sobre a areia da gruta que assumira as dimensões da própria Igreja, sentindo sobre meus ombros a célebre coluneta de militante. Talvez houvesse chegado a hora de ver claramente. Após vinte e cinco anos, percebera que sobre os meus ombros nada se firmara e que a coluna era falsa, postiça, irreal, criada pela minha fantasia, pela minha vaidade. Todo o peso do mundo estava sobre Cristo crucificado. Eu nada era, nada de verdade.

C. CARRETTO, Cartas do deserto,

Edições Paulinas, Caxias do Sul, 1969, pp. 23-28 passim.

(Revista Mundo e Missão, Setembro 2003, p.26)

Campanha de Oração – pela salvação do Brasil!

O Brasil vive uma situação política terrível. Enquanto governantes ímpios zombam de Deus e das raízes católicas do povo brasileiro, o país caminha a passos largos em direção à Foice e ao Martelo que, derrotados no Leste Europeu, querem fincar raízes aqui no Novo Mundo. Os brasileiros, inermes e apáticos, não se apercebem do abismo que se lhes abre aos pés. Não se descortina, no horizonte, nenhuma esperança meramente humana que possa libertar o país da sombra que, sobre ele, paira ameaçadora.

Já não há o que fazer, mas o nosso auxílio está no Nome do Senhor – que fez os Céus e a Terra. As hostes do Inferno levantam-se contra o Brasil e o pretendem tomar de assalto, diante da apatia do seu povo; mas esta aqui é a Terra de Santa Cruz. Esta é a terra que tem por Padroeira uma Senhora poderosa e terrível, uma Virgem que, sozinha, venceu todas as heresias do mundo inteiro. Esta aqui é Terra de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Este é o país que, em sua história, já pôde contar com as inestimáveis graças desta Boa Rainha. Foi Ela que, no século XVII, livrou-nos da dominação holandesa. Foi também Ela que, no século passado, livrou-nos do comunismo. É a Ela que recorremos mais uma vez, e que mais uma vez há de nos valer. Porque jamais se ouviu dizer que algum dos que tivessem a Ela recorrido, fosse desamparado.

É a Ela que recorremos, gemendo e chorando sob o peso de nossos pecados, sem termos absolutamente mais a quem recorrer. É a Virgem Aparecida que vai salvar o Brasil. É aos pés d’Ela que depositamos a nossa confiança; e a Ela que recorremos neste momento terrível que a nossa Pátria atravessa.

Rezemos pela Pátria! Unamo-nos à Campanha de Oração pela Salvação do Brasil. Reproduzo-a, como foi originalmente publicada no En Garde. Divulguemo-la. E rezemos. Que Nossa Senhora Aparecida Se compadeça de nós, e nos salve!

* * *

A nossa Terra de Santa Cruz enfrenta um de seus piores momentos. O comunismo galopa como o cavaleiro vermelho do Apocalipse, trazendo consigo os flagelos do aborto, da destruição da família, da perseguição religiosa, do ateísmo programático, do narcotráfico.

Em Pernambuco, a Virgem apareceu em 1936 advertindo que o Brasil passaria por uma sangrenta Revolução que instauraria o comunismo no país e traria sofrimento e dor ao povo brasileiro. Com o sangue dos cristãos nas mãos, a Virgem pediu que rezássemos o Santo Terço, em devoção ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria, contra a comunistização do país e em favor da exaltação da Santa Cruz. Pediu penitência e oração.

Esse é o momento de atendermos ao pedido da Virgem!

1000 Ave-Maria’s pelo Brasil!

Rezemos o Santo Terço diariamente, até o dia das Eleições, adicionando a início a seguinte petição: “Nossa Senhora Aparecida, livrai o Brasil do flagelo do comunismo!”

Se cada católico brasileiro comprometer-se um Terço pelos 20 dias anteriores à Eleição, teremos rezado 1000 Ave-Maria’s, cada um, pelo nosso país!

Comprometamo-nos a rezarmos diariamente o Santo Terço até o fim do pleito, atendendo ao pedido da Virgem, nesta hora difícil que se avizinha.

Caso contrário, com o advento do comunismo, do aborto e da destruição do matrimônio e da família, advirá sobre nós também a Ira de Deus; lembremo-nos que a Virgem disse em La Salette que “a mão do Seu Filho já pesava demais, e já não conseguia segurá-La”. Rezemos, pois!

Replique em seu Blog e listas este apelo, no Brasil e no exterior! Faça chegar o apelo da Virgem a todo o Brasil, pelas diversas mídias católicas: TV’s, rádios, Blogs, jornais, revistas… tudo!

A Virgem pediu, a Mãe pediu: nós atendemos! Rezemos!

Recorramos à Virgem Santíssima, Porta dos Céus e Refúgio dos Pecadores! Consagremos a nós mesmos e ao Brasil ao Coração Imaculado de Maria!

Bispos do Brasil, consagrem a Terra de Santa Cruz ao Coração Imaculado de Maria, por Ela prometeu em Fátima: No fim, meu Imaculado Coração triunfará!

Mãe Maria, Nossa Senhora Aparecida, Rainha do Brasil, rogai por nós!

Podcast III – Lei Natural, Ignorância Invencível, Nulla Salus y otras cositas más

Com atraso, trago a terceira edição do podcast inominado. A cada semana percebo como há coisas a melhorar…

Desta vez, ainda sobre Extra Ecclesiam Nulla Salus, mas detendo-me nos comentários surgidos semana passada. Lei Natural, ateísmo, quem exatamente está em Ignorância Invencível, e o que eu preciso fazer depois que tomo consciência deste dogma com todas as suas conseqüências. De novo, aberto a comentários e sugestões.

[podcast]https://www.deuslovult.org//wp-content/uploads/podcast/podcast-003-extra-ecclesiam-reloaded.mp3[/podcast]

Clique aqui para baixar.

P.S.: Tem duas falhas no áudio (culpa minha mais do que do editor). Uma é a citação de Pio IX (é “Alocução Singulari Quadam”) e outra na passagem de S. Mateus (como todo mundo percebeu, é “Eu te declaro que és Pedro”). Mea culpa. Considerem que corrigir isso dá um trabalho incomparavelmente maior do que editar um texto…

Singulari Quadam

Calendário de penitências quaresmais

Já estamos atrasados, porque a Quaresma já começou desde ontem. Há muito que fazer. Achei muito interessante a idéia de uma amiga, a Tamyres, de organizar um pequeno calendário com pequenos propósitos a serem cumpridos em cada um dos dias da Quaresma – cada um, pois não há tempo a perder.

Segue o que ela preparou. Logicamente, é totalmente pessoal e subjetivo, e vai aqui somente à guisa de exemplo.

17 de Fevereiro – Quarta 18 de Fevereiro – Quinta 19 de Fevereiro – Sexta 20 de Fevereiro  – Sábado 21 de Fevereiro – Domingo
Farei o Jejum conforme manda a Santa Mãe Igreja Aceitarei as dificuldades desse dia sem murmurar Farei Jejum pela Igreja e darei de comer a alguém Rezarei o terço pela conversão dos pecadores Assistirei a Santa Missa com devoção
22 de Fevereiro – Segunda 23 de Fevereiro – Terça 24 de Fevereiro – Quarta 25 de Fevereiro – Quinta 26 de Fevereiro – Sexta
Darei atenção a uma pessoa idosa ou doente da família Leitura orante da 1ª leitura do dia Isaias 55,10-11 Farei penitência pela conversão dos pecadores Irei a uma Igreja rezar diante do sacrário Farei um bom exame de consciência e procurarei a confissão. Dia de jejum
27 de Fevereiro – Sábado 28 de Fevereiro – Domingo 01 de Março – Segunda 02 de Março – Terça 03 de Março – Quarta
Rezarei o terço por aqueles que me ofenderam ou que me perseguem Farei esforço para mudar meu semblante Tentarei me aproximar daqueles que n me agradam Servirei aos de casa com alegria Farei a leitura orante do evangelho do dia
04 de Março – Quinta 05 de Março – Sexta 06 de Março- Sábado 07 de Março – Domingo 08 de Março – Segunda
Deixarei de comprar algo para mim e usarei o dinheiro para ajudar alguém Farei também jejum da língua e só falarei bem das pessoas Se não me confessei, buscarei a confissão Irei à santa Missa e ajudarei de forma material minha paróquia Rezarei o terço pela Igreja e por todos os cristãos perseguidos

Aproveito o ensejo para deixar mais exemplos de coisas – simples, corriqueiras – que podem nos ajudar a melhor nos prepararmos, durante este tempo quaresmal, para a celebração da Semana Santa.

  • Desligar a televisão
  • Desligar o MSN
  • Desligar o som do carro na volta pra casa, e aproveitar o silêncio para meditar os novíssimos
  • Cortar o refrigerante do almoço
  • Deixar de comer doces
  • Não consumir bebidas alcóolicas
  • Não ir à boate, à festa, ao cinema
  • Fazer uma hora de silêncio durante o trabalho
  • Não tomar o analgésico para a dor de cabeça
  • Visitar um hospital
  • Deixar de fazer o comentário espirituoso que iria provocar gargalhadas
  • Sorrir mais, gargalhar menos
  • Falar sobre a importância da penitência durante a Quaresma
  • Trocar a coca-cola gelada, no calor, por um copo d’água
  • Visitar parentes que não se vê há tempos
  • Rezar (pelo menos) um terço a mais
  • Calçar o sapato desconfortável
  • Dar de comer a quem tem fome
  • Lavar os pratos, a roupa, o banheiro, no lugar de alguém
  • Ler um livro piedoso
  • Em suma, reclamar menos, rezar mais

Cânticos

Releio o Cântico Espiritual de São João da Cruz. O grande místico foi celebrado anteontem na Igreja. Confesso não conhecer muito sobre ele, mas gosto do pouco que conheço. Em particular, do Cântico Espiritual.

A Esposa procura pelo Amado; pergunta aos pastores, pergunta aos bosques e espesuras que a mão do seu Amado plantou. Procura-O desesperadamente: Decid si por vosotros ha pasado. E ouve falar do seu Amado, mas não O encontra.

Lembro-me imediatamente do Cântico dos Cânticos, e com certeza São João da Cruz tinha o texto bíblico diante de si enquanto escrevia o seu Cântico Espiritual. Mas julgo o livro sagrado mais triste. Porque, nele, fica mais clara a culpa da Esposa na separação:

“Eu dormia, mas meu coração velava. Eis a voz do meu amado. Ele bate. Abre-me, minha irmã, minha amiga, minha pomba, minha perfeita; minha cabeça está coberta de orvalho, e os cachos de meus cabelos cheios das gotas da noite. Tirei minha túnica; como irei revesti-la? Lavei os meus pés; por que sujá-los de novo? (…) Levantei-me para abrir ao meu amigo; a mirra escorria de minhas mãos, de meus dedos a mirra líquida sobre os trincos do ferrolho. Abri ao meu bem-amado, mas ele já se tinha ido, já tinha desaparecido; ouvindo-o falar, eu ficava fora de mim. Procurei-o e não o encontrei; chamei-o, mas ele não respondeu” (Cântico dos Cânticos, 5, 2-3. 5-6).

E gosto particularmente destes versos: Exspoliavi me tunica mea, quomodo induar illa? Lavi pedes meos, quomodo inquinabo illos? Chego quase a imaginá-los. Uma situação cômoda, e alguém que vem incomodar: um descanso merecido, que alguém vem interromper. Mas é Deus quem chama!

A Esposa levanta-se. Antes de levantar, no entanto, reclama; e esta murmuração, ela somente, tão pequena, é suficiente para que o Amado vá-se embora. Não havia de levantar-se? Por que não se levantou de uma vez? Teria encontrado o Amado à porta. No entanto, perdeu tempo. Ele Se foi.

Depois, Ela o procura pela cidade. Sofre, sem O encontrar. “Dizei-lhe”, Filhas de Jerusalém, “que estou enferma de amor” (v. 8). É a mesma coisa que diz São João da Cruz: si por ventura vierdes / aquel que yo más quiero, / decidle que adolezco, peno y muero. A Esposa sofre pelo Amado nos Textos Sagrados, sofre no poema do santo espanhol.

E quem dera a nossa alma sofresse pelo Deus Altíssimo! Porque a imagem da Esposa e do Amado é figura da alma humana que ama e busca a Deus. Tanto o Cântico Espiritual quanto o Cântico dos Cânticos terminam com a união da Esposa e do Amado. A alma, por fim, termina unida a Deus – eis a mística – depois de todo o sofrimento que passa em busca d’Ele – eis a ascese.

Quem dera nossa alma sofresse buscando o Deus Onipotente! Porque, muitas vezes, tenho a impressão de que ela permanece no exspoliavi me tunica mea… Permanece no tempo perdido. Permanece na apatia. Permanece no próprio comodismo, que a afasta de Deus. Precisa levantar-se, abrir a porta, buscar a Deus, sofrer. Só assim vai refazer os passos das Esposas dos dois Cânticos. Só assim poderá terminar na mesma felicidade delas.

É advento. É tempo de endireitar as veredas. É tempo de despertarem os que dormem – pois o Senhor vem. É necessário deixar o aconchego da cama, vestir novamente a túnica, sujar os pés. Ir à cidade, procurar pelo Amado, buscá-Lo nos bosques e nos campos. Mas buscá-Lo, mesmo que se vá sofrer nesta busca. Sabendo, aliás, que se vai sofrer nesta busca: porque a ascese precede a mística, e a união com Deus é para as almas que O procuram. Que a Virgem Santíssima conceda-nos a graça de nos prepararmos bem para o Natal. Que o final feliz do Cântico dos Cânticos e do Cântico Espiritual possa ser também o final do cântico de nossas próprias vidas. Soframos em busca de Deus, para que um dia rejubilemo-nos em Sua companhia.

Oração e doenças, aborto e STF

Saiu no Diário de São Paulo: Estudos mostram que oração ajuda na cura de doenças graves. “Em um estudo com 455 idosos internados, Koenig observou que a média de internação dos que frequentavam a igreja mais de uma vez por semana era quatro dias. Já os que iam raramente ou nunca chegavam a passar até 12 dias hospitalizados. Outra pesquisa, feita pela Faculdade de Medicina de Dartinouth, revelou que a probabilidade de pacientes cardíacos morrerem após a cirurgia era 14 vezes maior entre os que não participavam de atividades religiosas. Em seis meses, 21 morreram. Já todos os 37 que se declararam extremamente religiosos tiveram alta”.

Isso não é evidência de sobrenaturalidade – até porque, até onde me conste, este efeito se observa independentemente da crença do doente, e pode muito bem ter as suas raízes em mecanismos psicológicos. Mas um amigo trouxe uma provocação interessante: se os que crêem são mais facilmente curados de doenças graves do que os que não crêem, será que a seleção natural não vai levar os ateus à extinção?

Enquanto isso, é noticiado que deve sair a qualquer momento a indicação de Toffoli para o Supremo Tribunal Federal, para ocupar a vaga do ministro Menezes Direito. Quem é José Antonio Dias Toffoli? Infelizmente – mas não surpreendentemente -, é mais um abortista. Que teve a capacidade de se dizer “contra o aborto e contra sua criminalização”.

E é “católico praticante”! Há exatamente um ano, eu escrevi aqui no Deus lo Vult! contra quem julga poder se dizer católico e fazer o contrário do que prega a Igreja, como se esta esquizofrenia espiritual fosse a coisa mais normal do mundo. Infelizmente, não há nenhuma novidade no STF: Lula indica mais um abortista, e mais um católico parece fazer parte do fã-clube das Católicas pelo Direito de Decidir. E, segundo o estudo supracitado, o dr. Toffoli parece ter maior expectativa de vida do que um Richard Dawkins da vida. E provavelmente pode fazer muito mais mal do que o nada ilustre cientista. E é “tão” católico praticante quanto o falecido ex-ministro. É impressionante. Tem coisas que só o PT faz por você.

Novena contra o aborto

Recebi por email, e está no site do Apostolado da Nova Evangelização (não conheço), uma mensagem enviada por católicos dos Estados Unidos sobre uma novena a ser começada HOJE (11 de janeiro), contra o aborto. É de fundamental importância que a rezemos, em união com os nossos irmãos americanos, na intenção de que este crime horroroso não venha a se alastrar ainda mais pela América. Nas palavras com as quais se inicia o email, e que fornece uma visão geral sobre o problema enfrentado pelos Estados Unidos hoje com a eleição do presidente abortista:

Se você se opõe ao aborto, há más notícias no horizonte. Para aqueles que não estiverem a par, o Ato de Liberdade de Escolha (FOCA, por suas iniciais em inglês) está pronta para ser firmada se o Congresso dos EUA a aprovar em 21 e 22 de janeiro.  FOCA é o capítulo malsano seguinte no avanço do aborto.  Se se converte em Lei, então todas as travas referentes ao aborto serão suspensas, o que resultará no seguinte:

1) Todos os hospitais, incluindo os Hospitais Católicos, terão que realizar abortos a pedido.  Se isto acontecer, os bispos prometeram fechar todos os hospitais católicos, que são mais de 30% dos hospitais nos Estados Unidos.

2) Os abortos de nascimento parcial seriam legais, e não teriam limitantes (poderiam ser realizados depois das 20 semanas ou 4 meses e meio. Os bebês são extraídos pelos pés, e com a cabeça ainda no canal vaginal, se faz uma punção no crânio com umas tesouras e se lhes extrai o cérebro com uma seringa gigante para que a cabeça caiba pelo canal vaginal).

3) Todos os cidadãos que pagam impostos estariam provendo os fundos para estes abortos.

4) A notificação aos pais já não seria requerida (para realizar aborto em menores de idade).

5) O número de abortos aumentaria para pelo menos 100.000 por ano.

A situação é realmente triste; ponhamos, contudo, os olhos no Deus que é Senhor da História, e supliquemos a Sua Misericórdia. O plano é muito simples: nove dias de oração, a partir de hoje, e pelo menos dois dias de jejum ao longo da novena. A oração é o terço. Portanto, um terço por dia, daqui até a próxima segunda-feira, dia 19. Rezemos. Como termina o email já citado, [r]ecordem que com Deus todas as coisas são possíveis, e o poder da oração é inegável. Se você se opõe à insensata matança das crianças indefesas, agora é o momento de fazer algo a respeito!

Campanha por conversões – outubro

Pedindo a todos perdão pelo atraso, o Deus lo vult! apresenta o escolhido do mês de outubro para ser alvo de nossas orações, a fim de que a Virgem Santíssima possa abrir-lhe o caminho que conduz à Única Igreja de Cristo, porto seguro em meio as tempestades da vida, abrigo acolhedor sob o qual se está a salvo de todos os erros e heresias que pululam em nossos tempos.

Lembrando a nossa proposta: ao menos um terço no mês, na intenção da conversão do atual escolhido à Igreja Católica. Quem tiver um BLOG e quiser participar da campanha, divulgando-a, é muitíssimo bem vindo. Trazendo o texto que foi apresentado no BLOGOCOP:

Como eu já expliquei no mês passado, não há uma troca de nomes, mas uma coleção deles. O fato de este mês rezarmos por uma pessoa diferente não significa que deixamos de amar a anterior, portanto, devemos sempre pedir a Deus pela conversão da Ana Paula Valadão e do George W. Bush.

E este mês adicionamos à lista o Sr…. (tambores…) Kaká. (palmas…)

Kaká, aquele mesmo que agora voltou à seleção brasileira. Segundo explicou o Fernando, do Blog do Fernando, o jogador aceitou participar de um evento com o Papa, a leitura televisionada de toda a Bíblia (inclusive dos livros que faltam na bíblia protestante). O Evento teve seu início no dia da abertura do Sínodo dos Bispos e está previsto para terminar no dia 10 de outubro.

Que seja em seu favor a Virgem Soberana!

A necessidade da oração – S. Francisco de Sales

A necessidade da oração

1. A oração, fazendo o nosso espírito penetrar na plena luz da divindade e expondo a nossa vontade abertamente aos ardores do amor divino, é o meio mais eficaz de dissipar as trevas de erros e ignorância que obscurecem a nossa mente e de purificar o nosso coração de todos os seus afetos desordenados. É ela a água da graça, que lava a nossa alma de suas iniqüidades, alivia os nossos corações, opressos pela sede das paixões, e nutre as primeiras raízes que a virtude vai lançando, que são os bons desejos.

2. Mas o que muito em particular te aconselho é a oração de espírito e de coração e, sobretudo, a que se ocupa da vida e paixão de Nosso Senhor: contemplando-o, sempre de novo, pela meditação assídua, tua alma há de por fim encher-se dele e tu conformarás a tua vida interior e exterior com a sua. Ele é a luz do mundo: é nele, por ele e para ele que devemos ser iluminados. Ele é a árvore misteriosa do desejo de que fala a Esposa dos Cantares. É a seus pés que temos que ir respirar este ar suavíssimo, quando o nosso coração se vai afrouxando pelo espírito do século. Ele é a cisterna de Jacó, essa nascente de água viva e pura; a ela cumpre chegarmo-nos muitas vezes, para lavar nossa alma de suas manchas. Os meninos, como é sabido, ouvem continuamente as suas mães falarem e, esforçando-se por balbuciar com elas, aprendem a falar a mesma língua; deste modo nós, unindo-nos com Nosso Senhor, pela meditação, e notando as suas palavras e ações, os seus sentimentos e inclinações, aprenderemos por fim, com a sua graça, a falar com ele, a agir com ele, a julgar como ele e amar como ele. A Ele é preciso prendermo-nos, Filotéia, e crê-me que não podemos ir a Deus, o Pai, senão por esta porta que é Jesus Cristo, como ele mesmo nos disse. O vidro dum espelho não pode deter a nossa vista, se não for aplicado a um corpo sólido, como o chumbo e o estanho; de modo análogo, jamais nos seria possível contemplar a divindade nesta vida mortal, se não se unisse à nossa humanidade em Jesus Cristo, cuja vida, paixão e morte constituem para as meditações o objeto mais proporcionado a nossas luzes, mais agradável ao nosso coração e mais útil ao melhoramento de nossos costumes.

O divino Salvador chamou-se a si mesmo o pão descido do céu, por muitas razões, entre as quais podemos aduzir a seguinte: assim como se come o pão com toda sorte de alimento, assim devemos tomar o espírito de Jesus Cristo na meditação, e ele, nutrindo-nos, influirá em todas as nossas ações. Por isso, muitos autores repartiram em diversos pontos de meditação o que sabemos de sua vida e paixão. Entre esses autores aconselho-te especialmente S. Boaventura, Bellintani, Bruno, Capiglia, Granada e La Puente.

3. Emprega neste exercício uma hora por dia, antes do jantar, ou de manhã, se for possível, antes que percas as boas disposições e tranqüilidade de espírito que dá o repouso da noite. Mas não prolongues mais este tempo, a não ser que o teu pai espiritual o tenha fixado expressamente.

4. Se te for possível fazer este exercício com maior tranqüilidade numa igreja, parece-me ainda melhor, porque, a meu ver, nem pai, nem mãe, nem marido, nem mulher, nem pessoa alguma terá direito de disputar-te esta hora de devoção; ao contrário, em casa não podes contar com toda ela nem com tanta liberdade, em razão da dependência em que aí te achas.

5. Começa a tua oração, seja mental, seja vocal, sempre pondo-te na presença de Deus; nunca neglicencies esta prática e verás em pouco tempo os seus resultados.

6. Se em mim confias, hás de recitar o Pater Noster, Ave Maria e o Credo em latim; não omitirás, no entanto, de aprender estas orações também em tua língua materna, para que lhe entendas o sentido. Deste modo, conformando-te ao uso da Igreja pela língua da religião, compreenderás outrossim o sentido admirável destas orações e lhes saborearás a suavidade. Convém recitá-las com a máxima atenção ao seu sentido e excitando os afetos correspondentes. Não te deixes levar pela pressa infundada de fazer muitas orações, mas cuida de rezar com devoção; um só Pater, rezado com piedade e recolhimento, vale mais que muitos recitados precipitadamente.

7. O Rosário é um modo utilíssimo de rezar, supondo que se saiba recitá-lo bem. Para que tu o saibas, lê um desses livrinhos de oração que contém o método de rezá-lo. Muito recomendável é também recitar as ladainhas de Nossa Senhora e dos santos, como outras orações que se acham em manuais aprovados devidamente; mas tudo isso fica dito sob a condição de que, se tens o dom da oração mental, lhe dês o tempo principal e o melhor. Deves notar que, se depois de o fazeres, por causa de muitas ocupações ou por outro motivo, não te sobre tempo disponível para as tuas orações vocais, absolutamente não te deves inquietar; é bastante rezares antes ou depois da meditação simplesmente a oração dominical, a saudação angélica e o Símbolo dos Apóstolos.

8. Se, ao recitares uma oração vocal, te sentires atraída à oração mental, muito longe de reprimires esta inclinação, deves deixar-te levar suavemente e não te perturbes por não acabar todas as orações que te tens proposto. A oração do espírito e do coração é muito mais agradável a Deus e salutar à alma do que a oração dos lábios. Está bem de ver que a esta regra hás de excetuar o ofício divino e aquelas orações que estás obrigada a recitar.

9. Deves repelir tudo que te poderia impedir este santo exercício pela manhã; mas, se tuas múltiplas ocupações ou outras razões legítimas te roubam este tempo, procura fazer a meditação de tarde, à hora mais distante possível da refeição, quer para evitar a sonolência, quer para não fazer mal à saúde. E, se prevês que em todo o dia não acharás tempo para a oração, cumpre reparares esta perda, suprindo-a por essas elevações freqüentes de espírito e coração a Deus, às quais chamamos jaculatórias, por uma leitura espiritual, por algum ato de penitência, que impede as conseqüências daquela perda, e propõe-lhe firmemente fazer a tua oração no dia seguinte.

[São Francisco de Sales,
“Filotéia”
Parte II – Capítulo I
Vozes
Petrópolis, 2008
]