Os mártires de São Bartolomeu

Hoje se celebra um interessante capítulo da história da Igreja que eu não conhecia, mas que foi comentado recentemente por email na lista “Tradição Católica”. Trata-se da Batalha de Orthez, ocorrida em 1569. É um episódio que se insere no contexto das guerras religiosas da França.

Em resumo: no dia de hoje, 24 de agosto, dia de São Bartolomeu, um exército católico resistia a um cerco na cidade de Orthez, na França, que estava sitiada por tropas protestantes huguenotes. As coisas não iam muito bem na resistência da cidade. Com a promessa de terem as suas vidas poupadas, renderam-se. No entanto, essas garantias não foram respeitadas e os prisioneiros católicos foram terrivelmente chacinados ao deporem as armas.

A descrição da Wikipedia nos traz um detalhe interessante, que revela o odium Fidei dos exércitos huguenotes:

Uma morte especial foi reservada para os padres: eles foram arremessados para a morte do alto da Ponte Velha de Orthez sobre o rio Gave de Pau. Além disso, o castelo de Moncade foi destruído, assim como as igrejas da cidade e muitas casas.

Qual o motivo da curiosidade histórica? Hoje se recorda também um outro massacre, muito mais célebre do que o primeiro: a famigerada Noite de São Bartolomeu que, ao contrário da desconhecida Batalha de Orthez que citei acima, tem uma página (bonita) na Wikipedia lusófona. Foi um absurdo injustificável, uma carnificina horrenda; mas não é possível entendê-la convenientemente quando ela é citada “sozinha”, como se fosse um Everest de crueldade erguendo-se subitamente em meio a uma planície de paz e concórdia. Simplesmente não foi isso o que aconteceu, e é uma questão de justiça histórica pintar o quadro com todas as suas cores.

Hoje é, portanto, dia de penitência e de júbilo. Penitência pelo massacre que os católicos realizaram em 1572, mas júbilo pelo martírio que os católicos sofreram em 1569. Que, pela intercessão dos mártires de Orthez, possamos afogar os maus exemplos do passado (e do presente) na abundância de bens. Que as nossas boas obras sirvam para cobrir – um pouco que seja – as manchas que alguns católicos – membros mortos pelo pecado – causam ao Corpo de Cristo do qual, não obstante, fazem parte.