A grande farsa da gripe suína?

É certo que ninguém é tão inimigo das teorias da conspiração quanto os próprios conspiracionistas, mas existem algumas delas que me fazem realmente torcer o nariz. Li agora à noite um texto que lançava a seguinte questão: será que a gripe suína é uma farsa? E, por mais que eu tente pensar sobre o assunto, não consigo deixar de considerar inverossímil a possibilidade de que o seja.

Como assim, “uma farsa”? O vírus tem nome – Influenza A(H1N1) – e tem 15.000 referências no Google Scholar [sendo inclusive algumas antigas]. Apesar de ser parcialmente verdade o que disse o Edson Carlos [a imprensa que a cada novo título de artigo não deixava de colocar a palavra “suspeita” ou “suspeita-se” e outras do gênero], há mortes confirmadas pela mesma imprensa. Não me parece nada verossímil, portanto, que A Guerra dos Mundos vá se repetir.

Pelo menos não da mesma maneira. Há, no entanto, uma coisa que parece ser verdade: o diabo não é tão feio quanto parece, e o vírus não possui a letalidade que lhe atribuíram da primeira vez. Graças a Deus, e tomara que assim o seja! Como comentei aqui ontem, o Brasil não me parece ter condições nenhuma de enfrentar uma pandemia; permita Deus que o vírus possa ser tratado só com um pouco mais do que é necessário para uma gripe comum.

Do fato do vírus não ser tão terrível quanto se vem falando, não segue que ele seja uma farsa. Pode ser apenas que as avaliações preliminares sobre ele tenham sido equivocadas – e, repito, tomara que o tenham sido! Insinuar, no entanto, que estes equívocos foram deliberados “para o Estado nos impedir de irmos aos aeroportos, terminais de ônibus, escolas, as missas (…) e a todos os lugares onde possa haver aglomerações de pessoas”, parece-me realmente um pouco exagerado.

Ah! A propósito, fiquei sabendo de algo curioso hoje; lá na paróquia – vejam só que coisa! -, por “recomendação médica e do pároco”, foram suprimidos o “abraço da paz” e as mãos dadas durante o Pai-Nosso, por causa da tal gripe! Deus não permitiria o mal se, dele, não pudesse tirar um bem ainda maior: quem poderia imaginar que o medo das pessoas iria redundar num maior decoro litúrgico? Dentro desses limites, estou muito satisfeito com a gripe suína. Que a Virgem Santíssima nos afaste da doença, mas nos deixe com a sobriedade na Santa Missa.