Amostras de conservadorismo ateu: as domésticas e o pastor na CDHM

O mundo é engraçado. Poucas pessoas seriam tão improváveis de terem os seus textos recomendados aqui no Deus lo Vult! quanto o Janer Cristaldo, ateu ferrenho com não raros rasgos de anti-clericalismo, cuja (louvável) verve anti-comunista sempre se me afigurou mais como dissonância do mainstream do que construção política propositiva. Hoje, no entanto, trago aqui dois recentes textos de sua autoria: um sobre a assim chamada “PEC das Domésticas” e, outro, sobre o deputado Marco Feliciano.

Faço-o mais como provocação do que outra coisa, mais como uma espécie de ad hominem do que para encerrar o assunto: com eles, quero mostrar que os costumeiros chiliques de sacudir o fetiche do “Estado Laico” diante do interlocutor e de acusá-lo de ser um fundamentalista escroque movido por obscurantismos religiosos escusos diante de qualquer tomada de posição mais conservadora (ou mesmo diante do único pecado de destoar da ideologia da moda!) não têm fundamento. Seria engraçado ver os trolls de plantão acusarem o pobre ateu de ser um agente da Igreja maquinando contra os avanços democráticos conquistados pela laicidade do Estado! A julgar por algumas peças que leio aqui e acolá, no entanto, eu não considero de todo impossível que o façam. Certas pessoas não têm noção nenhuma do ridículo. Parecem achar que todos os fatos têm o dever moral de se calar diante de seus furados argumentos.

1. Domésticas e Frilas. «Sim, o Brasil entrou decididamente no Primeiro Mundo. Calcula-se em sete milhões o número de empregados domésticos no Brasil, sendo 97% mulheres. A profissão vivia em meio à informalidade, mas existia. Com a nova lei, tende a extinguir-se, a médio e longo prazo. O legislador agiu como o alfaiate que quer encontrar o terno ideal que sirva a todos e acaba não servindo em ninguém».

2. Em apoio ao pastor. «Feliciano foi eleito deputado com mais de 200 mil votos, e eleito presidente da Comissão de Direitos Humanos por seus pares. Contra a vontade do dito povo e dos demais deputados, ergueu-se uma chusma de ativistas, que querem retirar o deputado da presidência da comissão. Querem afastar o deputado no grito. Só porque teria manifestado sua condenação aos homossexuais – que antes de ser dele é bíblica. […] [O Deputado Marco Feliciano] é instado a renunciar, por suas opiniões sobre homossexualismo. O pastou bate pé e diz que não renuncia. Espero que não. Porque no dia em que um deputado legitimamente eleito para uma comissão tiver de renunciar em função da gritaria de baderneiros, acabou a democracia no país».