Homossexuais e militantes gays

Por mais que eu tenha ressalvas com relação ao Reinaldo Azevedo, a leitura deste artigo dele é obrigatória. Nele, o articulista da VEJA comenta (e reproduz) uma matéria que foi publicada hoje na Folha de São Paulo, escrito por alguém (Leandro Colling) que se apresenta como “professor da Universidade Federal da Bahia, presidente da Associação Brasileira de Estudos da Homocultura e membro do Conselho Nacional LGBT”. Eu destaco o comentário feito pelo Reinaldo sobre uma “pérola” da lavra do senhor “presidente da Associação Brasileira de Estudos da Homocultura”:

Numa manifestação de rara estupidez, fornecendo munição, inclusive, para a homofobia, escreve, contrariado a hi[s]tória, a psicanálise, a psicologia, a biologia, a sociologia, a Lei da Evolução…

“Ela [heterossexualidade] é a única orientação que todos devem ter. E nós não temos possibilidade de escolha, pois a heterossexualidade é compulsória. Desde o momento da identificação do sexo do feto, ainda na barriga da mãe, todas as normas sexuais e de gêneros passam a operar sobre o futuro bebê. Ao menor sinal de que a criança não segue as normas, os responsáveis por vigiar os padrões que construímos historicamente, em especial a partir do final do século 18, agem com violência verbal e/ou física. A violência homofóbica sofrida por LGBTTTs é a prova de que a heterossexualidade não é algo normal e/ou natural. Se assim o fosse, todos seríamos heterossexuais. Mas, como a vida nos mostra, nem todos seguem as normas.”

Se bem entendi, as grávidas também terão de ser vigiadas. Tão logo o ultrassom aponte o sexo do bebê, os pais dos meninos comprarão roupinha cor-de-rosa para contestar a “heteronormatividade”, e os das meninas, azul. Assim que o Júnior nascer (o nome será proibido), ganha uma boneca, que não será “heteronormativa” nem “louronormativa”. Que tal uma cafuza ou mameluca, vestida com as roupas do Ken? Num raciocínio de rara delinqüência intelectual, ele conclui que, se a heterossexualidade fosse normal e/ou natural, não haveria homossexuais… E ele é professor universitário!!! É… Nas outras espécies animais, não se debate outra coisa: como acabar com a heteronormatividade dos cães, dos golfinhos, dos gatos e  dos pica-paus…

Quem, em sã consciência, é capaz de concordar com o sr. Leandro Colling? Até mesmo os homossexuais mais razoáveis deveriam sentir vergonha pelas declarações deste senhor! Aliás, se fôssemos nós a falar alguma coisa parecida com isso, quem aqui acredita que não seria feito um enorme escarcéu? Como, no entanto, ele é militante gayzista e hoje é o Dia Internacional de Combate à Homofobia, então ele pode dizer com todas as letras que “a heterossexualidade não é algo normal e/ou natural” e está tudo muito bem. Aliás, se nós discordarmos, somos homofóbicos. É esta a tolerância de mão única que nos querem impôr!

Sobre “militante gayzista”, a propósito, o seguinte trecho do Reinaldo está também primoroso:

Nota à margem: militante gay é tão sinônimo de “homossexual” quanto um sindicalista da CUT é sinônimo de trabalhador, e chefão do MST, de homem do campo. Entenderam?

E esta diferença precisa ficar clara. Um militante gay é alguém que está comprometido com um processo ideológico de destruição da moral tradicional judaico-cristã na sociedade e conseqüente imposição da (i)moralidade gay, com absoluta exclusão de todas as posições em contrário. É exatamente isto o que quer fazer, a propósito, o PLC 122/2006. Lembro-me de ter lido (acho que no Jornal do Commercio) uma reportagem, há algum tempo, segundo a qual as “novas gerações” de homossexuais estavam já relativamente satisfeitas com a situação atual: achavam que as conquistas obtidas até então eram já suficientes, e não se engajavam mais na militância férrea da “velha guarda”. E, no entanto, o Movimento Gay pretende falar em nome de todos…

O homossexualismo é um pecado, mas a defesa pública do pecado é uma abominação. Da mesma forma como (mutatis mutandis) as “Católicas pelo Direito de Decidir” são muito piores do que uma mãe que realiza um aborto, muito pior do que um homossexual é um militante gay. Aliás, um militante gay não precisa nem mesmo ser gay. E, se os pecados podem ser às vezes tolerados, a defesa deliberada e fria da ofensa a Deus não o pode jamais.

O aborto e o governador do Rio de Janeiro

Estou meio otimista, disposto a enxergar o lado positivo dos acontecimentos atuais – por deprimentes que sejam. Refiro-me, especificamente, às cretinas declarações do sr. governador do estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, sobre o aborto. Conclamando pelo fim da hipocrisia, o excelentíssimo governador defendeu a legalização do aborto com a seguinte pérola de argumento: “quem não teve uma namoradinha que teve que abortar”?

À primeira vista, o que a frase faz é chocar. Como é que um governador tem capacidade de ser tão – nas palavras do Reinaldo Azevedo – ligeiro, leviano, irresponsável, deseducado, deseducador e, acima de tudo, machista? É este tipo gente chula que queremos para governar o nosso país? Queremos manter nos nossos cargos públicos este tipo calhorda de governantes que, de modo tão baixo e vulgar, usam a sua influência política para fazer apologia ao crime?

A tese, exposta assim sem pudores, é tão escandalosa que nós nem nos preocupamos em entrar no mérito dos argumentos – que, aliás, não existe. É naturalmente muito grande o número de pessoas que nunca teve uma “namoradinha” que “teve” que abortar. No entanto, ainda que não o fosse, a ocorrência freqüente de uma conduta criminosa (em qualquer lugar do mundo e sob qualquer lógica) é motivo para se aumentar a fiscalização, e não para “liberar geral”. O pessoal do Twitter, na semana passada, logo após as declarações do governador do Rio, não perdoou: “quem nunca teve que receber uma propininha para votar em um projetinho de lei?”; “quem nunca precisou colocar amiguinhos incompetentes em cargos de confiança?”; “quem nunca teve que superfaturar um orçamentozinho?”; e outras coisas do tipo. A vantagem das declarações do Sérgio Cabral – e isto é o meu lado otimista sobre o qual eu falava acima – é que ele não tem vergonha de dizer o que diz. Ele não se preocupa em ser calhorda e vulgar. É deprimente, mas pelo menos revela quem esta gente é.

E o Instituto Plínio Corrêa de Oliveira está propondo uma ação contra estas declarações do governador do Rio de Janeiro – vejam lá como fazer. Não deixemos de pôr as claras o caráter de gente do naipe do Sérgio Cabral. O Brasil não precisa desta infâmia.

Curtas

Al Qaeda ameaça Vaticano e declara cristãos “alvos tangíveis” onde quer que estejam. “Conforme recolhe a imprensa internacional, o EII [Estado Islâmico do Iraque] difundiu um comunicado em um conhecido site usado por grupos radicais, no qual exige ao Vaticano que se desvincule dos católicos coptos do Egito para não ser alvo dos ataques do Qaeda”.

A notícia lembra também que, no domingo anterior [31 de outubro], “ao menos 58 pessoas –incluindo dois sacerdotes católicos, numerosas mulheres e crianças- morreram na Catedral de Sayida An Nayá em Bagdá em um ataque terrorista e posterior operação para libertar as dezenas de fiéis retidos no templo enquanto se celebrava uma Missa”. Um amigo mostrou-me este vídeo com fotos do resultado do ataque. As imagens são fortes, cuidado. Não entendo árabe e não sei o que as pessoas estão comentando no vídeo; mas sei o que é uma igreja destruída, pessoas feridas e padres mortos – e isto o vídeo mostra para quem fala qualquer idioma.

Que as almas dos mártires possam, junto a Deus, clamar pelo fim desta iniqüidade.

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Enem cria desconforto com pergunta ideológica sobre “homofobia”. A pergunta:

“Pecado nefando” era expressão correntemente utilizada pelos inquisidores para a sodomia. Nefandus: o que não pode ser dito. A Assembleia de clérigos reunida em Salvador, em 1707, considerou a sodomia “tão péssimo e horrendo crime”, tão contrário à lei da natureza, que “era indigno de ser nomeado” e, por isso mesmo, nefando.

O número de homossexuais assassinados no Brasil bateu o recorde histórico em 2009. De acordo com o Relatório Anual de Assassinato de Homossexuais (LGBT – Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis), nesse ano foram registrados 195 mortos por motivação homofóbica no País. A homofobia é a rejeição e menosprezo à orientação sexual do outro e, muitas vezes, expressa-se sob a forma de comportamentos violentos. Os textos indicam que as condenações públicas, perseguições e assassinatos de homossexuais no país estão associadas

A) à baixa representatividade política de grupos organizados que defendem os direitos de cidadania dos homossexuais.
B) à falência da democracia no país, que torna impeditiva a divulgação de estatísticas relacionadas à violência contra homossexuais.
C) à Constituição de 1988, que exclui do tecido social os homossexuais, além de impedi-los de exercer seus direitos políticos.
D) a um passado histórico marcado pela demonização do corpo e por formas recorrentes de tabus e intolerância.
E) a uma política eugênica desenvolvida pelo Estado, justificada a partir dos posicionamentos de correntes filosófico-científicas.

O caderno de provas do primeiro dia está disponível aqui. O site “Vestibular Brasil Escola” comentou a questão aqui. Segundo ele, a alternativa correcta é a letra “D”. E justifica:

Fortemente influenciado pelos valores cristãos, o passado colonial brasileiro assistiu a uma constante exclusão de pessoas, e grupos, que não seguissem tais preceitos, como cristãos novos e sodomitas. Através das visitações da Inquisição, tais personagens foram denunciados como desagregadores da sociedade colonial, contribuindo-se para a criação de tabus e preconceitos sociais que se perpetuaram dentro da história brasileira. O machismo e a homofobia atuais acabam sendo reflexo desta herança histórica.

Esta questão avalia algum conhecimento relevante? Ou trata-se, tão-somente, de doutrinação ideológica gayzista e anti-cristã? Nada surpreendentemente, este lixo vem do nosso Ministério da Educação. E andam preocupados com Monteiro Lobato

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Milionário britânico muda de sexo, se arrepende e muda de sexo de novo. “Nascido Sam Hashimi, o homem de negócios, divorciado e pai de dois filhos, mudou de sexo em 1997 e passou a se chamar Samantha Kane. […] Mas, em 2004, depois de sete anos vivendo como mulher, ele descobriu que tinha cometido um ‘terrível engano’, abalado pelo fim de um casamento de 12 anos e pelo afastamento dos filhos. Ele concluiu que havia enjoado da vida que levava como mulher e que, no fundo, queria continuar sendo homem”.

Eis o retrato da decadência dos nossos tempos: o sujeito acaba com o seu casamento e destrói sua família porque quer “virar” (!) Samantha, demora sete anos para perceber este “terível engano” e, ao final das contas, a sua conclusão é que… ele “havia enjoado” de ser mulher!

Tempos terríveis. Que Deus nos perdoe.

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Os sinais sutis do governo anticlerical de Zapatero ao Papa Bento XVI.

No sábado, a “Guarda Civil, por ordem do delegado do Governo de Madri, decidiu fechar sine die a entrada dos fiéis à Eucaristia diária que os monges celebram no Valle de los Caídos. Estes, em sinal de protesto, celebrarão uma missa a céu aberto na entrada do recinto, no domingo, às onze da manhã. O fechamento da uma basílica sob jurisdição pontifícia ocorre, assim, enquanto o Papa está em território espanhol, o que aumenta a gravidade da ofensa”, informou o sítio Religión em Liberdad.

Já o presidente do governo, José Luis Rodríguez Zapatero, preferiu simplesmente fazer uma visita surpresa ao Afeganistão a ter de assistir as celebrações religiosas do Sumo Pontífice. Apareceu apenas para se despedir de Bento XVI, num breve encontro no aeroporto de Barcelona. Zapatero, que enfrenta uma grande queda de popularidade entre os espanhóis, já em 2006 adotou a mesma postura, distanciando-se do Papa enquanto líder religioso, prestando deferência apenas ao chefe de Estado.

Eis a terra que, um dia, foi católica… triste país, que desonra desta maneira a memória de tantos santos que outrora concedeu à Igreja de Deus. Que Santa Teresa d’Ávila, São João da Cruz, São João de Deus e tantos outros intercedam pela Espanha.

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O discurso vigarista da canalha que lucra ao jogar o Brasil contra o Brasil. Ou: Os “fascistas do bem” estão assanhados! É longo, mas leiam – vale a pena. Sobre o caso da Mayara e o seu preconceito contra os nordestinos. O Reinaldo diz o mesmo que eu já disse aqui outras vezes, sobre a importância de se manter uma proporcionalidade entre o delito cometido e a pena sofrida. Mas também analisa o caso com muito mais detalhes.

É espantoso! É assustador. Ele próprio [o pai da Mayara] expõe a sua vida privada e a da garota, como se a condição de “filha fora do casamento” tornasse menores seus vínculos com a  jovem, tomada, no contexto, como agente de um desequilíbrio familiar. Ironicamente, sua empresa se chama “Supermercado do Papai”. O supermercado é do papai! O papai revela ainda que a relação com a filha não é boa; não quer que as opiniões dela sejam confundidas com as da família — talvez quisesse dizer “a verdadeira família”.

[…]

A coisa agora segue no ritmo do horror, do pega-pra-capar. Já que ela foi estúpida o bastante para escrever aquilo, pode ter a imagem estampada na capa de um jornal da Bahia como “a paulista”. Já que escreveu aquilo, pode ser demonizada pelo pai, que a trata como uma bastarda, agente de dissabores familiares e ovelha desgarrada, que não reproduz os valores da família — ele, na verdade, tem “raiva” de gente assim. Já que escreveu aquilo, ela não terá direito a um julgamento justo. Afinal, os nossos irmãos nordestinos merecem um desagravo — nem que seja o linchamento.

Dilma, a cristã!

A nova é o “compromisso” da sra. Rousseff contra o aborto e a favor da família. A carta pode ser lida na íntegra aqui. Como é óbvio – pelo desenrolar dos fatos – que a palavra da sra. ministra vale a mesma coisa que uma nota de três reais, eu não vou nem perder o meu tempo com essa coisa tautológica de “Dilma mentirosa”. Apenas uns ligeiros apontamentos.

– Sobre esta carta, o Reinaldo Azevedo já escreveu um bom texto. Os principais pontos aqui: não são boatos que a sra. Rousseff seja a favor do aborto, são fatos públicos; e é pouco dizer que não tomará iniciativa para propôr alterações na legislação sobre o aborto. Vale a pena, p.ex., ler também isto aqui.

– A personalidade camaleônica da candidata petista já está começando a ter uma repercussão muito negativa. Lúcia Hippolito, na CBN, pergunta quanto é que vale a palavra do presidente. Se a mulher diz uma coisa agora e, amanhã, sem absolutamente nenhuma justificativa, diz o contrário… é possível governar um país desta maneira?

– Só lembrando que, em defesa da “Dilma Cristã”, estão o frei Betto, Dom Pedro Casaldáliga, Dom Demétrio Valentini et caterva, e o Edir Macedo! Dize-me com quem andas…

Pe. Paulo Ricardo e o fato público do abortismo petista

Divulgando o excelente vídeo do pe. Paulo Ricardo, a quem faço coro: nós, cristãos, estamos muito preocupados com o tema do aborto! Nós, cristãos, fizemos este tema vir à tona. E nós, cristãos, não podemos deixar que os abortistas que dominam o cenário político nacional façam-no voltar “para o submundo da política”.

Como o pe. Paulo disse, nós estamos divulgando fatos. Não estamos divulgando boatos, nem calúnias, nem manobras políticas escusas em favor de tal ou qual candidato. Ao contrário, repito-me: estamos divulgando fatos! Que os petralhas estão empenhados em esconder – mas nós não o vamos deixar. Contra fatos, não há argumentos, não há tergiversações possíveis. A realidade se impera, e de modo tão premente que nem cabe falar em “provas documentadas”, mas sim em evidências públicas e notórias. O abortismo do PT precisa ser desmascarado. Devemos lutar para dissipar a cortina de fumaça que os guerrilheiros petralhas estão empenhados em lançar.

Sobre o mesmo assunto, ler também, do Reinaldo Azevedo:

1. “A questão religiosa deve desaparecer”, decreta vice de Dilma. É mesmo?

2. Aborto como política oficial, sim! E uma secretaria como elo de uma rede internacional pró-aborto: eles deixam pistas

STJ permite adoção de crianças por dupla de gays

A Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) proferiu uma decisão inovadora para o direito de família. Por unanimidade, os ministros negaram recurso do Ministério Público do Rio Grande do Sul e mantiveram a decisão que permitiu a adoção de duas crianças por um casal de mulheres“. São os fatos que nos chegam, conforme noticiados na internet.

Encontrei no site do STJ a íntegra da decisão (a propósito, o link que está disponível na própria matéria do Superior Tribunal de Justiça não está funcionando). São dezoito páginas da lavra do Excelentíssimo sr. Ministro Luís Felipe Salomão, compreendendo o relatório e o voto. Um monte de barbaridades, como por exemplo:

  • Destarte, em um mundo pós-moderno de velocidade instantânea da informação, sem fronteiras ou barreiras, sobretudo as culturais e as relativas aos costumes, onde a sociedade transforma-se velozmente, a interpretação da lei, segundo penso, deve levar em conta, sempre que possível, os postulados maiores do direito universal [e segue-se um blá-blá-blá sobre a DUDH].
  • Nesse passo, o acórdão recorrido, em análise detida sobre o tema, trouxe diversos estudos especializados (vale conferir, fls. 74-77), que, em resumo, “não indicam qualquer inconveniente em que crianças sejam adotadas por casais homossexuais, mais importando a qualidade do vínculo e do afeto que permeia o meio familiar em que serão inseridas e que as liga a seus cuidadores” [e segue-se um blá-blá-blá sobre estudos “respeitados e com fortes bases científicas”, que dizem, p.ex., que “o papel de pai nem sempre é exercido por um indivíduo do sexo masculino”].
  • Ademais, como se sabe, e é possível constatar em rápida pesquisa à rede mundial de computadores, são vários países hodiernamente onde há previsão legal expressa permitindo a adoção por casais homossexuais, valendo destacar: Inglaterra, País de Gales e Países Baixos. O mesmo ocorre em algumas províncias da Espanha, entre as quais Navarra e País Basco.
  • De fato, em vista de as uniões homoafetivas merecerem tratamento idêntico ao conferido às uniões estáveis, a circunstância de se tratar de casal homossexual, por si só, não é motivo para impedir a adoção de menores.

Ou seja: a adoção de crianças por uma dupla de homossexuais é um “direito humano”, os estudos científicos mostram que não há problemas, vários lugares do mundo já permitem a referida adoção e as “uniões homoafetivas” são iguais ao Sagrado Matrimônio. Na ordem, uma mentira (porque a DUDH não fala em adoção), um reducionismo seletivo (uma vez que certamente há profissionais que digam o contrário), um apelo “ad numerum” (posto que popularidade não é sinônimo de veracidade) e uma petição de princípio (uma vez que a equiparação entre o casal heterossexual e a “dupla gay” é precisamente o ponto em litígio). Assim é fácil ser ministro do Supremo…

Em tempo: o Reinaldo Azevedo comemorou. E recomendo o texto do Ramalhete, do qual destaco:

Na adoção, é necessário evitar toda e qualquer situação incomum e manter-se nos estritos limites do natural; tal como o Estado não pode registrar como “pais” de uma criança uma comunidade (hippie, religiosa etc.), tampouco pode fazê-lo com uma dupla do mesmo sexo que se vê como casal. Isto seria colocar a criança em uma situação atípica, forçando-a a passar a vida explicando que, sem ter escolha, tornou-se a vanguarda de uma tentativa de revolução contra a natureza.

Dois ligeiros comentários!

1. Dilma acaba com o monoteísmo na Igreja Católica. Também no Fratres in Unum:

DILMA – Olha, eu acredito numa força superior que a gente pode chamar de Deus. Eu acredito e… E acredito, mais do que nessa força, se ocê me permitir, acredito na força dessa deusa mulher que é Nossa Senhora.

2. Sobre o Card. Hoyos e a jurisdição da Igreja, apud Fratres in Unum:

“A Igreja é uma sociedade perfeita, gozando, portanto, das três funções de qualquer sociedade perfeita (a capacidade de legislar, a capacidade de aplicar suas leis e a capacidade de julgar segundo o seu próprio direito). Por conseguinte, o direito canônico sempre reivindicou um privilégio dos clérigos de depender da justiça canônica e não da justiça temporal. Na situação atual das relações entre  a Igreja e os Estados, este privilégio quase não é  mais aplicado. Isso significa simplesmente que, para evitar um mal maior ou favorecer um bem (como as relações harmoniosas com o Estado), a Igreja deixou de reivindicar este direito. Mas isso não impede, absolutamente, que esta isenção permaneça a regra. É isso que o Cardeal Castrillon Hoyos escreveu a Monsenhor Pican”.

Palavras de Vini Ganimara, editor do blog Osservatore Vaticano, citado na matéria de Golias contra o Cardeal Castrillón

Reinaldo Azevedo e os aiatolás celibatários

Eu detesto chegar a esta conclusão, mas ela infelizmente é imperativa: as sucessivas declarações do Reinaldo Azevedo sobre o celibato clerical chegaram a um tal ponto que se torna possível questionar ou a sua boa fé, ou a sua sanidade intelectual. Não é possível. Após a vergonha do texto de ontem pela manhã que eu comentei aqui ontem mesmo, ele voltou à carga, ontem a noite, com um novo texto no qual a sua fúria anti-clerical é agora dirigida para as pessoas que – como eu – defendem o celibato e não conseguem ver lógica nenhuma nos disparates ad nauseam repetidos pelo articulista.

A Igreja, o celibato e o poste de Chesterton é o título do novo artigo.  Esbraveja o Reinaldo (todos os gritos são dele):

Defendi, sim, o fim do celibato na Igreja Católica — que não é e nunca foi matéria doutrinária.

Eu não cometo é o erro estúpido de considerar o celibato uma questão doutrinária.

Até quando uma escolha  — QUE NÃO É DOUTRINÁRIA, REITERO, OU ME PROVEM O CONTÁRIO —, tornada deletéria ao longo da história, continuará a deitar a sua sombra sobre a instituição (…)?

Quem se dispõe a provar que o celibato está entre as verdades que podemos dizer reveladas?

O CELIBATO É UMA ESCOLHA; NÃO É MATÉRIA DE DOUTRINA E JAMAIS FOI INSPIRADO POR DEUS!

Ora bolas, e quem foi que disse jamais que o celibato é matéria doutrinária? Este nunca foi o ponto. O Reinaldo, com este espantalho pueril e esta cortina de fumaça grosseira, quer enganar a si mesmo ou quer enganar aos seus leitores? Quem é mesmo o brucutu que está imbuído de espírito petralha? Nós, que defendemos – junto com o Papa – o celibato eclesiástico, ou o articulista que inventa teses (no mínimo) não provadas e, depois, quer se defender dando piti e levantando uma cortina de fumaça que nada tem a ver com a discussão?

Vamos tentar esquematizar quais são os problemas aqui.

Primeiro disparate defendido pelo Reinaldo Azevedo: “Não sou da hierarquia católica, apenas um católico. Como tal, não só posso como devo debater o que não for matéria dogmática”, aqui. Quem disse ao Reinaldo que os leigos têm o dever de debater o celibato eclesiástico? Ele que prove esta afirmação gratuita. Como eu falei ontem, os leigos até “podem” discutir a disciplina da Igreja. Mas nem isto é uma obrigação, nem isto pode ser feito do jeito irresponsável que faz o Reinaldo. Aquilo a que os leigos estão obrigados – aí sim – é a respeitar a Suprema Autoridade de Governo da Igreja e se submeter às disciplinas que Ela prescreve. Coisa na qual o Reinaldo falha miseravelmente.

Segundo disparate defendido pelo Reinaldo Azevedo: “Mas é evidente que [o celibato] se tornou um malefício, um perigo mesmo, fonte permanente de desmoralização”, aqui. Não, não é “evidente”. Quem disse? O próprio Reinaldo? Reinaldo locuta, causa finita, é isto? Bento XVI discorda do articulista da Veja: para o Papa, o celibato sacerdotal é “uma riqueza inestimável” e “uma bênção enorme para a Igreja e para a própria sociedade” (cf. Sacramentum Caritatis, 24). Será que o Papa não consegue perceber uma “evidência”? Percebe-a, aliás, exatamente ao contrário? O Reinaldo Azevedo está chamando o Papa de burro, uma vez que este “não consegue” ver uma evidência? Ou o articulista simplesmente está em uma aiatolesca crise de megalomania que o impede de diferenciar os próprios preconceitos da realidade objetiva?

Terceiro disparate defendido pelo Reinaldo Azevedo: “Não é preciso ser muito agudo para perceber que os padres vivem uma realidade que absolutamente os aparta da vida real”, aqui. Por acaso “vida real” é sexo, Reinaldo? De onde, de novo, esta besteira monumental foi tirada? De que tratado de antropologia? Mutatis mutandis, então, um oncologista que não tem câncer leva uma vida absolutamente apartada da “vida real”? E um ginecologista homem? Um sujeito que seja contra as drogas sem nunca ter sido um drogado? Quem disse que é preciso fazer sexo para se ter uma vida real? Esta tese, nada surpreendentemente, é… do próprio Reinaldo! Por que eu deveria simplesmente aceitá-la sem mais nem menos? Quem está com petralhice aqui?

Quarto disparate defendido pelo Reinaldo Azevedo (e talvez o ponto nevrálgico da questão): o celibato está entre as “práticas que concorrem para os desvios de conduta”, aqui. Quem foi que disse que os escândalos sexuais são causados, favorecidos, facilitados, propiciados, catalisados ou o que quer que seja pelo celibato clerical? Tese absurdamente gratuita e completamente apartada da realidade. Por acaso existem menos escândalos sexuais entre os protestantes, cujos ministros são casados, Reinaldo? É empírico que não. Basta, portanto, isso para derrubar a tese do articulista da Veja. No entanto, parece que, se a realidade não se adequa à visão de mundo do Reinaldo, pior para a realidade…

Em resumo: se o celibato eclesiástico é uma disciplina em vigor desde Nosso Senhor Jesus Cristo (o fato de só ter sido tornada obrigatória depois não muda o fato de que a Igreja já nasceu com um clero celibatário – e, aliás, o celibato episcopal sempre foi obrigatório na Igreja, quer no Oriente, quer no Ocidente); se não existe a mais remota ligação entre esta disciplina e os escândalos que atualmente se precipitam sobre a Igreja; se o Papa, que é quem detém o supremo poder de governo da Igreja, recentemente corroborou a obrigatoriedade do celibato para a tradição latina em documento oficial (cf. Sacramentum Caritatis, 24); tendo tudo isso em vista, então, o que justifica a artilharia pesada que o Reinaldo – que se diz católico – está descarregando sobre o celibato dos sacerdotes do Deus Altíssimo?

O problema nunca foi doutrinário. Afinal de contas, não é só em matéria doutrinária que um católico pode falar besteira e se comportar como um perfeito inimigo da Igreja de Cristo – e, disto, os textos do Reinaldo Azevedo sobre o celibato são prova incontestável.

Reinaldo e o celibato – será possível, DE NOVO!?

O Reinaldo Azevedo, mais uma vez, teve a gentileza de prestar um grande desserviço à Igreja Católica que ele diz servir, dobrando os joelhos diante de Satanás, dando munição aos anti-clericais de todos os naipes e engrossando as hostes dos inimigos da Igreja que contra Ela se lançam com virulência. De novo, Reinaldo, de novo! E com os mesmos argumentos gagás de sempre. Em um texto verdadeiramente péssimo, que não traz nada de novo, onde o articulista da Veja só faz destilar o seu ranço contra o Celibato Eclesiástico.

“Ou a Igreja acaba com o celibato ou o celibato acaba com a Igreja” – é o nome da estupidez que o sr. Reinaldo teve a pachorra de escrever. E não é a primeira vez; portanto, este senhor precisa ser tratado como o inimigo da Igreja que é. Com vaticínios aterradores (que espécie de católico, aliás, teria capacidade de profetizar o fim da Igreja?), o Reinaldo Azevedo afirma que “o celibato tem que acabar”. Em uma crise de megalomania, julgando-se mais católico do que o Papa, o Reinaldo – de novo – demoniza a disciplina do celibato eclesiástico. A troco de quê? Qual a real motivação do articulista da Veja?

Se velhas e caducas são as “argumentações” do Reinaldo Azevedo, permito-me reproduzir velhas refutações. O texto abaixo foi escrito no “antecessor” do Deus lo Vult!, em 2007. Serve perfeitamente para responder às sandices ditas pelo Reinaldo hoje, porque a vitrola arranhada é a mesma, e a cantilena rançosa não mudou absolutamente nada de dois anos e meio para cá. Impressionante como tem gente que não aprende nunca.

* * *

Porque há eunucos que o são desde o ventre de suas mães, há eunucos tornados tais pelas mãos dos homens e há eunucos que a si mesmos se fizeram eunucos por amor do Reino dos céus. Quem puder compreender, compreenda. (São Mateus XIX, 12)

Encontrei, por acaso, no blog do Reinaldo Azevedo, um conjunto de posts [intitulados Se o bispo não puxa a sua orelha, puxe a orelha dele (i), Igreja não é armário (ii) e O desastre do celibato: São Pedro tinha sogra! (iii)], nos quais o conhecido articulista tece críticas (por vezes demasiadamente ásperas) à disciplina do celibato sacerdotal, em vigor no rito latino da Igreja Católica. Tal fenômeno é curioso e merece algumas linhas de consideração.

Em primeiro lugar, causa espécie uma afirmação estapafúrdia presente no endereço acima: “Não sou da hierarquia católica, apenas um católico. Como tal, não só posso como devo debater o que não for matéria dogmática” (i). Esta afirmação é – ouso dizer – o ponto nevrálgico de toda essa discussão, o erro original do qual decorrem todos os demais deslizes do autor. Mas, como? Agora os leigos não só podem como devem debater o que não for matéria dogmática?! De onde foi tirado esse despautério?

É bem sabido de todos, mas, dadas as atuais circunstâncias, nunca é demais repetir, que a Igreja possui, ao lado da Autoridade Suprema de Ensino, a Sua Autoridade Suprema de Governo. E tudo o que é “matéria dogmática” pertence, por excelência, à esfera do Ensino da Igreja. Em Sua Autoridade de Governo, a Igreja pode muito bem dispôr de princípios dogmáticos infalíveis e, em si mesmos, irreformáveis, para legislar; mas isso, absolutamente, não é uma necessidade! Em particular, para ficarmos só num exemplo óbvio, o Código de Direito Canônico é direito positivo eclesiástico e, por conseguinte, não é matéria dogmática; estaria então o Reinaldo dizendo que todo católico “não só pode como deve” debater o Direito Canônico? O mundo enlouqueceu! Com uma visão “dualista” do mundo, segundo a qual as únicas opções diante de um pronunciamento da Igreja são ou a adesão divina exigida à Verdade Revelada ou o debate (democrático?), o ilustre articulista, simplesmente, escamoteia a Autoridade Suprema de Governo da Igreja [que, lembremos, segundo o mesmo, “não só pode como deve” ser debatida]!

Na verdade, há aqui uma grande confusão entre matéria, digamos, “magisterial” [por falta de um termo melhor] e matéria disciplinar, seguida de uma confusão ainda maior quanto ao papel do católico diante de uma decisão não-irreformável em si mesma. Uma coisa é uma “questão aberta”, um assunto sobre o qual os católicos são livres para adotarem uma posição ou outra: por exemplo, se Nossa Senhora morreu ou não antes de ser assunta aos Céus. Isso é um ponto [propositalmente] omisso na promulgação do dogma: a Igreja entende que tal particularidade em nada afeta a adesão integral ao Depósito da Fé no tocante à Assunção da Virgem Santíssima, que se realiza plenamente quando se diz que Maria foi elevada em corpo e alma aos Céus no final de sua vida terrestre, independentemente do que tenha acontecido a Ela neste “final da vida terrestre” (se Ela morreu e ressuscitou, ou se não chegou nem mesmo a morrer).

Uma outra coisa completamente diferente é a promulgação de uma norma de direito eclesiástico, que (obviamente) não é matéria dogmática, mas que foi efetivamente promulgada e, portanto, está em vigor, como é o caso do celibato sacerdotal. Dizer que “o celibato não é dogma” não é, nem de longe, a mesma coisa que dizer “a existência do Limbo não é dogma”. Neste último caso, estamos tratando de uma hipótese teológica cujo grau de adesão exigido, de fato, enfraquece-se quando se diz que ela não é um dogma; mas, para uma questão disciplinar, não faz sentido em se falar em “adesão” de Fé, porque – evidentemente – a uma disciplina não se adere com Fé, mas se lhe obedece. E o fato (aliás auto-evidente) de que uma disciplina “não é dogma” em nada muda as obrigações que o católico tem para com ela.

E a segunda confusão do Reinaldo é sobre a posição que o católico deve tomar frente a uma exposição da Igreja sobre matéria não-irreformável em si mesma. Já vimos que há uma diferença grande entre uma matéria magisterial não-infalível (e que, portanto, só não obriga a Fé por, digamos, insuficiência do ato promulgativo do Magistério da Igreja) e uma matéria disciplinar (que é, em si mesma, não infalível e reformável). Acontece que em nenhum dos dois casos o católico tem o dever de sair debatendo sobre ele. Isso é um nonsense sem tamanhos. Nenhum católico tem o “dever de debater” a existência do Limbo [embora seja interessante que os teólogos o façam; todavia, nem estes estão obrigados a fazê-lo]. Nenhum católico tem o “dever de debater” a idade de 75 anos em que os bispos precisam apresentar o seu pedido de renúncia à Diocese que governam. E nenhum católico tem o “dever de debater” o celibato sacerdotal.

Na verdade, o católico somente pode (o que é bem diferente de deve) debater o celibato sacerdotal. Mas, para fazê-lo, ele precisa ter pelo menos três coisas, e os posts do Reinaldo Azevedo falham em todas elas.

A primeira coisa que se exige de um católico que queira debater uma matéria disciplinar da Igreja é o “sentir” com a Igreja, é a docilidade com a qual se deve submeter à autoridade de Governo da Igreja, ainda que não se concorde integralmente. E, ainda este ano, o Papa Bento XVI, gloriosamente reinante, na sua exortação apostólica pós-sinodal “Sacramentum Caritatis”, reafirmou o valor do celibato para os sacerdotes da Igreja Latina:

“Em sintonia com a grande tradição eclesial, com o Concílio Vaticano II e com os Sumos Pontífices meus predecessores, corroboro a beleza e a importância duma vida sacerdotal vivida no celibato como sinal expressivo de dedicação total e exclusiva a Cristo, à Igreja e ao Reino de Deus, e, consequentemente, confirmo a sua obrigatoriedade para a tradição latina.” (SC 24)

Sinceramente, contradizer abertamente uma posição do Sumo Pontífice e querer “debater” uma coisa cuja obrigatoriedade foi reafirmada há menos de um ano por aquele que detém a autoridade máxima para obrigar ou desobrigar as questões disciplinares da Igreja Católica é o cúmulo da teimosia. É uma tremenda extrapolação dos direitos que o católico tem em relação àquilo que não é dogmático. O Papa dizer uma coisa, e então um católico procurar “debater” em defesa da posição contrária, para o Papa reafirmar a mesma coisa, e o tal católico insistir ainda no contrário, e assim ad aeternum, não é direito de católico nenhum. Isso é um completo desrespeito às autoridades da Igreja, que são quem, em última instância, detêm a autoridade final para responder a essas questões.

A segunda coisa exigida para se debater questões disciplinares é prudência. Ninguém deve chegar defendendo a sua posição – contrária à posição vigente – como se fosse a última coca-cola do deserto, a única solução para os problemas que a Igreja atravessa. Ao contrário, deve-se expôr as próprias convicções de maneira humilde, sabendo das próprias limitações e com sinceras disposições de acatar às determinações das autoridades da Igreja, confiante na assistência prudencial do Espírito Santo que, embora não com infalibilidade certa, todavia sempre guiará a Igreja no tocante à salvação das almas. Ninguém deve utilizar os meios de comunicação em massa para tratar de assuntos internos da Igreja e que somente dentro da Igreja podem ser resolvidos, se quiser realmente que eles sejam levados a sério – e não utilizados como instrumento de descrédito da Igreja e de munição para os inimigos de Cristo. Ninguém deve achar que provocar clamor popular é uma maneira correta de se provocar mudanças na Igreja – afinal, ao contrário do que se imagina hoje em dia, todo poder vem de Deus, e não do povo.

E, finalmente, a terceira coisa exigida para se debater questões disciplinares é a qualidade dos argumentos. E é esta a parte mais lamentável dos posts do Reinaldo Azevedo: parece até que ele saiu copiando-e-colando bobagens de sites protestantes. Francamente! Entre um sem-número de outras bobagens, pode-se ler no blog supracitado:

“Um tanto provocativo, lembrei que São Pedro tinha sogra. Aí me dizem: “Mas era viúvo”. Era? Onde está escrito? Em que passagem?” (i)

O primeiro erro aqui é a mentalidade protestante: “onde está escrito?”. Oras, essa visão reducionista do Evangelho aos Quatro Livros canônicos é o que pode haver de mais estranho ao catolicismo.

O segundo erro aqui é a visão simplista da questão: não faz nenhuma diferença se Pedro era casado ou não. O que interessa, no Novo Testamento, é que está mais do que evidente a superioridade da vida una ou indivisa – que, aliás, foi o estado de vida escolhido por Cristo. Pedro ter sido casado ou não é um detalhe de pouca importância [tanto que os Evangelhos silenciam completamente sobre a mulher de Pedro], e que não pode ser usado como critério para desabonar o celibato sacerdotal. É evidente que há passagens que enaltecem o casamento – claro, pois o casamento é uma coisa boa! -, mas é igualmente evidente que não há nenhuma passagem escriturística que permita ter dúvidas sobre a perfeição maior do celibato. E a Igreja tem o direito de exigir perfeição dos que querem ser sacerdotes do Deus Altíssimo – a mais perfeita vocação à qual é chamado o homem.

“Não é preciso ser muito agudo para perceber que os padres vivem uma realidade que absolutamente os aparta da vida real.” (ii)

O que é a “vida real”, para Reinaldo Azevedo? Vida real é sexo? As pessoas que não praticam sexo vivem uma, digamos, “vida virtual”? Mais: as pessoas precisam praticar sexo para viverem “realmente” a sua vida? Não é preciso ser muito perspicaz para enxergar a insensatez dessa crítica velada.

Até se entende que um católico em particular não se sinta atraído por um estado específico de vida – no caso, o celibato. Mas, daí a debochar dele, daí a dizer que quem o abraça vive “aparta[do] da vida real”, daí a dizer que o celibato é “fonte de perturbação e de desmoralização” (ii), daí a dizer que ele é “um óbvio mal-estar” (ii), vai uma grande distância. Que o autor não transforme a sua opinião pessoal sobre o celibato na verdade absoluta sobre ele!

“O celibato sacerdotal na Igreja Católica foi instituído no ano 390” (iii)

No ano 390 aconteceu o Concílio de Cartago, que prescreveu o celibato para todos os que servem os Santos Mistérios. Mas isso não quer dizer que ele só tenha sido “instituído no ano 390”! Então a Imaculada Conceição da Virgem, para ficar só num exemplo, foi instituída somente no século XIX? É de espantar a ignorância do articulista!

Em particular, o primeiro Concílio de Nicéia já proibia os cléricos de introduzirem mulheres em sua casa (Concílio de Nicéia [325], can. 3). E é o mesmo Concílio de Cartago citado que, ao prescrever o celibato, afirma estar se referindo a um costume que foi ensinado pelos Apóstolos e observado pelos Antigos – portanto, não tem nada a ver com uma “invenção” do século IV. Os católicos deveriam ter um mínimo de conhecimento sobre os Concílios da Igreja, antes de tecerem comentários despropositados com base neles.

E não é necessário entrar em mais detalhes. Todas as “argumentações” dos citados textos do Reinaldo Azevedo resumem-se a conclusões sem sentido e a interpretações pessoais de textos escriturísticos sobrepondo-se às interpretações que a Igreja sempre teve. No fundo, o problema central aqui é aquele que foi exposto no início: a idéia de que o católico “deve” debater aquilo que não é dogmático na Igreja dá ao católico, qualquer que seja ele, carta branca para discordar publicamente do que prescreve a Hierarquia Católica, baseado em nada que não seja a própria visão limitada e distorcida dos fatos – assim, ele está no estrito cumprimento do seu dever.

Esperamos que tenha ficado clara o quão perniciosa é essa mentalidade. E esperamos também que os católicos sejam mais cuidadosos quando forem se arvorar em especialistas de assuntos sobre os quais têm pouco ou nenhum conhecimento. Para encerrar, ficam as palavras do Santo Padre Paulo VI, na sua encíclica Sacerdotalis Caelibatus:

A verdadeira e profunda razão do celibato é, como já dissemos, a escolha duma relação pessoal mais íntima e completa com o mistério de Cristo e da Igreja, em prol da humanidade inteira. Nesta escolha há lugar, sem dúvida, para a expressão dos valores supremos e humanos no grau mais elevado. (SC 54).

Que a Virgem Castíssima nos conceda sempre santos sacerdotes, dispostos a tudo largar por Cristo – com a confiança de que os seus sacrifícios não serão em vão – e que sejam sinal verdadeiro de luz e de Salvação para os homens.

Com atraso, mas registrando

Reinaldo I. “E, se estamos falando de escravidão, não podemos deixar de mencionar os dois movimentos totalitários que a recriaram em partes do mundo que já haviam se livrado dessa instituição: o nazismo e o comunismo. Ambos escravizaram parcelas imensas das populações sobre as quais reinaram ou, em alguns casos, ainda reinam, como na Coréia do Norte e Cuba, país caribenho cuja população pertence ao estado ditatorial marxista e à família de capitães-de-mato que o chefia. É curioso, portanto, ver aqueles que ou fazem a apologia ou simplesmente fecham os olhos à escravização de toda a população cubana culparem pessoas inocentes pela escravização de gente morta há mais de um século”.

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Reinaldo II. “Imaginem Lula como o presidente do Brasil nas décadas de 30 e 40 do século passado. Quando lhe dissessem que na Alemanha — e, depois, nos países ocupados — judeus eram presos, confinados em guetos, assassinados, o valente diria: ‘Temos de respeitar a determinação da Justiça e do governo da Alemanha de prender as pessoas em função da legislação da Alemanha, como quero que respeitem a do Brasil’. Getúlio, outro grande herói das nossas desditas, chegou bem perto disso, é verdade”.

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Escola católica de Denver não permite rematrícula de filhas de casal lésbico e arquidiocese apoia. “A organização de gays e lésbicas católicos dos Estados Unidos DignityUsa afirma que a Arquidiocese de Denver agiu de maneira injusta”. No Fr. Z: aux armes! Votem aqui.

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Pe. Edson e a liberdade de expressão. “Se todos têm direito de defender suas convicções, por que criticar de forma tão insistente á Igreja Católica? Não teria ela também liberdade de opinião? Não poderia ela também expressar-se livremente sobre suas convicções, baseadas na Lei Natural e no Evangelho? Não estaríamos vivendo uma eclesiofobia? Bom pensar nisso”.

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O sal em New York e a síndrome de Paulo Cintura em sua evolução natural. “Ortiz argumenta que banir o sal do preparo dos alimentos em restaurantes vai permitir que os consumidores controlem a quantidade de sódio que estão ingerindo e ainda incentivaria a opçãoschö por um estilo de vida mais saudável. O sódio está ligado ao aumento da pressão arterial e dos riscos de males do coração”.

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Schönborn e o celibato sacerdotal. “El cardenal Christoph Schönborn, arzobispo de Viena, considera que el celibato de los sacerdotes, particularidad de la Iglesia católica, explica en parte los actos de pedofilia cometidos por religiosos, en una publicación de su diócesis este miércoles”. Haja paciência.

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Um médico e o celibato sacerdotal. “Penso que é preciso prestar mais atenção ao imenso número de sacerdotes fiéis à sua vocação. A exceção também se dá na vida sacerdotal, mas é exceção. Ainda que no jornalismo seja muito correto focar a exceção, não podemos ser cegos aos muitíssimos sacerdotes que são leais, que vivem sua vocação plenamente, que são felizes e aos quais o mundo deve sua felicidade. Isso é que precisa ser enfatizado”.

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CNBB prepara documento sobre Reforma do Estado – em plena Quaresma! Senhor, misericórdia. “A reunião do Conselho Permanente da CNBB prossegue até quinta-feira [ontem]. Um dos principais pontos da pauta é a elaboração de um documento sobre a Reforma do Estado que os bispos devem aprovar até o final da reunião”.

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CNBB defende cotas para negros nas universidades. E outras aberrações: “Os bispos aprovaram documento oficial no qual apontam quais são os cinco principais desafios da Pastoral Afro-Brasileira. A CNBB também deu aval para que padres negros adotem, nas celebrações de missas, métodos e culturas utilizadas tradicionalmente por comunidades afro-brasileiras”. Cadê este documento?

A reunião do Conselho Permanente da CNBB prossegue até quinta-feira. Um dos principais pontos da pauta é a elaboração de um documento sobre a Reforma do Estado que os bispos devem aprovar até o final da reunião. Na conclusão, a presidência da CNBB concederá uma coletiva de imprensa. (BF-CNBB)