Louvores à Santa Cruz

Ontem foi a festa da Exaltação da Santa Cruz. Talvez poucas festividades tenham um significado tão antagônico ao espírito do tempo em que vivemos quanto esta, na qual nós celebramos a vitória de Nosso Senhor Jesus Cristo no Sagrado Lenho da Cruz. Precisamente no momento mais doloroso. Precisamente quando Ele parecia ter sido derrotado. No auge do sofrimento. No ápice da dor.

Porque do tronco da Cruz brotou a Vida, assim como a Morte nasceu do tronco da árvore do Éden. Exaltamos a Santa Cruz porque, n’Ela, reconhecemos o instrumento da nossa redenção: reconhecemos que foi n’Ela que Nosso Senhor imolou-Se em favor de nós. No mundo da auto-suficiência no qual vivemos, pode soar humilhante este reconhecimento de que precisamos de Alguém: mas ele precisa ser feito. Nosso Senhor é-nos necessário, e foi necessário o Sacrifício da Cruz para satisfazer a Majestade Infinita de Deus ofendida pelos nossos pecados.

O Lenho da Cruz do Qual pendeu a salvação do mundo, como cantamos na Sexta-Feira da Paixão. Seria pouco dizer que nós “precisamos” de Nosso Senhor; seria mascarar a realidade. Afinal, nós aceitamos favores de outrem com uma relativa facilidade, contanto – este é o ponto – que não sejamos causa de grande estorvo. Pois bem: nós não apenas temos absoluta necessidade de Nosso Senhor, como que esta nossa necessidade causou-Lhe sofrimentos inimagináveis. A Graça, o Favor que recebemos do Onipotente tem o preço do Preciosíssimo Sangue de Deus: e quantas vezes nos esquecemos disso, tratando-A como se fosse coisa de pouca monta! Se, entre humanos, é desrespeitoso recusarmos os presentes que nos dão de boa vontade… que desrespeito terrível não é desfazer-se, diante dos próprios olhos de Deus, de um tão grandioso Presente que custou tão caro! É o que faz o pecado, desprezando a Graça e tornando a alma novamente escrava de Satanás. Que terrível malícia! Que venha em nosso socorro a Misericórdia do Altíssimo. Que Ele nos trate sempre não como merece a imensidão de nossas culpas, mas na amorosa medida de Sua benevolência.

Mas até a Misericórdia de Deus é justa. Afinal, “la justicia y la misericordia están tan unidas que la una sostiene a la otra. La justicia sin misericordia es crueldad y la misericordia sin justicia es disipación” (Catena Aurea). A misericórdia, vista sem a justiça, torna-se dissipação, depravação, dissolução.  Deus é Misericordioso porque toma sobre Si os nossos pecados e nos convida a sermos imitadores d’Ele; não existe misericórdia como um salvo-conduto para levarmos uma vida de ofensas a Deus. Não existe redenção para que possamos viver felizes os nossos pecados: isso é blasfêmia. Deus nos perdoa com um objetivo específico: que sejamos santos. Esta é a Misericórdia Divina. O resto, é lenga-lenga do mundo.

E, neste sentido, a exaltação da Santa Cruz é também um convite para que redescubramos o valor do sofrimento. Porque, por meio dele, tornamo-nos imitadores do Homem das Dores, como Ele expressamente pediu. A salvação vinda da Cruz – que exaltamos – passa pelo estreito caminho de sabermos tomar a nossa própria cruz a cada dia e seguir a Cristo: e isto também deve ser exaltado. Afastemo-nos do hedonismo do mundo moderno. Sejamos gratos a Deus, por Ele ter-nos demonstrado tão grande favor. E, confiantes, suportemos as tribulações desta vida, com os olhos fitos no Alto onde, um dia, esperamos ser recebidos – e rezamos para isso! – por Aquele que derramou o Seu Sangue por nós.

Ave, Crux, Spes Unica!

Maior estátua das Américas: Santa Rita de Cássia

Foto: Portal Uai

Que coisa fantástica! Cidade do RN inaugura estátua maior que o Cristo Redentor (Portal Uai). A cidade, que eu não conhecia, é Santa Cruz e fica a pouco mais de 100 km de Natal.

A imagem é de Santa Rita de Cássia, tem 56 metros de altura e uma cruz de dez metros na mão direita. É maior do que o Cristo Redentor e de que a Estátua da Liberdade. Fora anunciada há mais dois anos (G1), mas só agora no final de junho foi inaugurada. Santa Rita de Cássia, das causas impossíveis.

Segundo G1, a licitação foi promovida “pela prefeitura de Santa Cruz” e a obra teria originalmente “um investimento de mais de R$ 4 milhões”. Segundo o Portal Uai, foi “[c]om recursos do governo do estado e do Ministério do Turismo [que] a santa saiu do papel. Custou R$ 3.774.063,76”. E a obra passou ainda nove meses embargada, com o Ministério Público Estadual questionando “a relevância do projeto para o município”. No entanto, foi recentemente inaugurada. A ênfase é necessária: Santa Rita de Cássia, das causas impossíveis.

A Arquidiocese de Natal publicou uma nota no seu site. “O decreto de criação do Santuário de Santa Rita de Cássia foi assinado em 11 de outubro de 2009, por Dom Matias Patrício de Macêdo, no encerramento da visita pastoral à Paróquia de Santa Cruz”.

E Santa Rita de Cássia dá mostras do porquê de ser conhecida como a santa das causas impossíveis. Uma estátua maior do que a estátua da liberdade, em pleno interior do Nordeste, construída – ao arrepio do “Estado Laico” e para horror dos laicínicos de plantão – com recursos vindos do estado do Rio Grande do Norte e do Ministério do Turismo, a despeito dos protestos e da pressão realizada pelo Ministério Público Estadual! Ad majorem Dei Gloriam. O povo católico fica feliz, e o Deus Altíssimo é glorificado – publicamente – nos Seus santos.