Bispo, pajé, xamã… ?

O respeito devido aos sacerdotes é particularmente difícil nos nossos dias. Quando as próprias autoridades religiosas não se dão ao respeito e parecem querer uma excessiva “mundanidade”, o que é que nós podemos fazer?

Foto: Maria Luiza Silveira
Foto: Maria Luiza Silveira

Soube hoje que o bispo de São Gabriel da Cachoeira (AM) foi ordenado com um cocar. Foi o próprio Dom Edson Damian que escolheu ser “ordenado em meio aos indígenas”, numa cerimônia aberta pelo pajé que “entrou balançando o Yaigê” [uma “grande lança ritual”] que serve para afastar “qualquer resquício de malefício”, na presença de “dezenas de padres, além de 11 bispos de vários locais do Brasil”.

A matéria não diz se também foi Sua Excelência que escolheu ser “coroado” com um cocar; mas diz que este foi “[u]m dos pontos altos da cerimônia”. Depende do ponto de vista, digo eu. Desconheço se Satanás já chegou outra vez tão alto no seu propósito de ridicularizar a Igreja de Deus. E, sob outra ótica, desconheço se uma cerimônia de sagração episcopal já foi tão rebaixada assim em outra época da história.

Um cocar! Vejam só, é ridículo. Para afastar os maus espíritos, Sua Excelência parece preferir o Yaigê às orações católicas; para ser coroado no dia de sua sagração, Sua Excelência parece preferir um cocar indígena a uma mitra católica. Parece preferir o paganismo ao Evangelho. E um sucessor dos Apóstolos recém-sagrado!

E não me venham com balelas de “inculturação”. Se os índios da época do descobrimento não precisaram de Yaigês para entenderem o que era a Santa Missa, por que os de hoje precisariam? Se os índios foram evangelizados ao longo de vários séculos sem que ninguém precisasse paganizar a Santa Missa, por que isso hoje seria necessário? Ademais, a inculturação (além de ser um processo orgânico e não artificial como este escândalo) pressupõe a purificação da cultura, e a superstição besta de afastar “qualquer resquício de malefício ou impedimentos” balançando umas sementes está longe de ser um elemento purificado, está longe de ser compatível com a Doutrina Católica.

Dom Damian quer ser bispo católico para levar o Evangelho da Salvação aos índios, ou quer brincar de ser pajé ou xamã no século XXI para ficar fazendo parte de rituais pagãos sobre os quais há muito tempo já imperou a Cruz de Cristo? Não há meio termo possível. Está nas Escrituras Sagradas que não existe união alguma entre Cristo e Belial. E acrescento eu: tampouco entre Cristo e Tupã.