Os católicos e os tribunais modernos: Igreja nos EUA processa administração Obama

Várias dioceses e organizações católicas americanas estão processando em massa a administração Obama, acusando o presidente de violar a liberdade religiosa e pretender forçar cidadãos americanos a agirem de modo contrário à sua Fé. Especificamente, os processos gravitam em torno da «regulamentação que a Secretária de Saúde e Serviços Humanos Kathleen Sebelius anunciou em Agosto passado e concluiu em Janeiro[,] que solicitava a virtualmente todos os planos de saúde dos Estados Unidos a cobrirem esterilização e anticoncepcionais aprovados pela “Food and Drug Administration”, incluindo aqueles que podem provocar abortos». O site (em inglês) que reúne estas informações é o Preserve Religious Freedom, mantido pela Arquidiocese de Washington

A notícia é curiosa. Em primeiríssimo lugar, merece destaque e é digna de aplausos a iniciativa dos católicos americanos de procurarem fazer alguma coisa para frear as imoralidades que o presidente mais abortista que já pisou nos Estados Unidos da América está tentando impôr a um povo que em sua maioria considera o aborto moralmente incorreto. E, acto contínuo, isto serve para cobrir de vergonha os católicos desta Terra de Santa Cruz, onde a nossa Conferência age – tantas vezes! – de modo apático diante do governo anti-cristão ao qual estamos sujeitos – isto quando não lhe é subserviente. Ó bispos do Brasil, aprendei com os vossos irmãos de báculo e mitra da América do Norte!

Mas é também impossível não guardar um pouco de temor a respeito dessas ações judiciais. Isto porque o Estado não tem potestade para oferecer obstáculos à pregação do Evangelho da Igreja de Cristo; mas, num tribunal revolucionário, a gente não sabe ao certo o que pode acontecer. É possível que juízes iníquos decidam ilegitimamente a favor do presidente anti-cristão. O que aconteceria neste caso?

Certa feita alguém comentava sobre as paróquias e as leis municipais, e argumentava que os párocos de cidades pequenas deveriam realizar nos seus templos as reformas que fossem necessárias ao desempenho de seu ministério, sem se preocupar com burocracias de prefeituras. E citava um causo de um sacerdote que, certa feita, aporrinhado pelo prefeito da cidade a respeito de umas obras na igreja matriz, simplesmente respondeu: “a minha Igreja estava aqui antes da tua prefeitura”.

E neste caso, sim, antigüidade é posto. Pombas, nós construímos as catedrais medievais muito antes do CREA sonhar em existir! Tampouco o órgão burocrático tem credenciais para fazer frente às da Igreja Católica. É óbvio que existem regulamentações necessárias, mas estas não podem vir de cima, como um machado aleatório sufocando as necessidades humanas. Se a administração pública atual fosse transportada à Paris dos séculos XII-XIII, nós não teríamos hoje Notre Dame ou a Sainte-Chapelle.

Igualmente, no caso dos planos de saúde americanos, foi a Igreja quem inventou a saúde pública quando os EUA ainda eram terra de Apaches. O governo americano, portanto, não tem legitimidade para dizer como as organizações caritativas e os hospitais católicos devem prestar os seus serviços. E isto independe completamente de qualquer resultado de qualquer tribunal moderno, porque se trata simplesmente do dado factual: nós estávamos aqui antes. É digna de louvor, repito, a atitude dos católicos americanos. Fazem falta ações análogas aqui no Brasil. Mas não podemos perder de vista quem somos e nem tampouco abraçar com entusiasmo as teses modernas que são incompatíveis com a doutrina católica e até mesmo com a realidade elementar.

Afinal, nós e eles enxergamos o papel dos tribunais de formas irredutíveis entre si, e isto precisa ficar claro. Não é nos tribunais que está a nossa última esperança, e sim no Justo Juiz que é Senhor da História, a Cuja Providência confiamos o governo da Sua Igreja. Isto não significa que não devamos nos utilizar dos meios humanos contingentemente disponíveis; mas significa, sim, que estes devem ser sempre colocados em perspectiva.

Dossiê Eleonora: sobre a nova ministra abortista do Governo Dilma

– No início do mês, a então ministra da Secretaria de Políticas para Mulheres do Governo Federal (a abortista Iriny Lopes) deixou o cargo. Acto contínuo, foi definido o nome da nova ministra: Eleonora Menicucci.

– Dona Eleonora (nada surpreendentemente) tem a mesma orientação ideológica da sua antecessora (e da sra. Rousseff e do PT em geral, a propósito): é violentamente favorável ao aborto.

– Foi esta a tônica do seu primeiro pronunciamento público; dona Eleonora chegou à hipocrisia de dizer que “o aborto é uma questão de saúde pública, não é uma questão ideológica”. É: ideologia (como disse alguém na banca do Humberto por esses dias) só os outros têm. Na gente não é ideologia: é posição desapaixonada e madura obtida após serena reflexão. Cáspita, esta gente enoja.

– Dona Eleonora foi além: o aborto “[é] de saúde pública como o crack, as drogas, a dengue, HIV e todas as doenças infectocontagiosas” (id. ibid.). O Wagner Moura aproveitou a deixa e foi magistral: “somente em 2012 o aborto matou 5.078.405 seres humanos até as 02h03 da manhã desta terça-feira [14/02]. O número é superior a QUALQUER UMA das estatísticas de mortalidade apresentada na catergoria ‘saúde’ do site”.

– D. José Benedito Simão, presidente da Comissão pela Vida da regional Sul 1 da CNBB, diz que a nova ministra é “uma pessoa infeliz, mal-amada e irresponsável”.

– Enquanto isso, o Reinaldo Azevedo publicava uma matéria importantíssima onde denunciava que dona Eleonora foi pra Colômbia aprender a praticar abortos. Leiam lá na íntegra, quem ainda não o fez. Na verdade, é importante notar que as informações foram dadas pela própria ministra e estão devidamente registradas nos arquivos da Universidade Federal de Santa Catarina; como a própria dona Eleonora confessou, ela participou de um curso de abortos na Colômbia cuja pretensão era ensinar as mulheres a praticarem abortos em si mesmas (!) com aparelhos de sucção.

O senador Magno Malta reuniu diversos parlamentares contra a nova ministra. O Wagner Moura trouxe-nos o número: são 470 os que compõem a Frente da Família no Congresso Nacional.

Dona Eleonora negou, em nota, que tenha participado do tal curso na Colômbia.

– Logo depois, a censura petista atinge a UFSC e a entrevista é retirada do ar.

O Reinaldo alfineta e disponibiliza novamente a entrevista. Está aqui, por enquanto.

– Novos fatos em breve.

[QUINTA-FEIRA, 16 de fevereiro de 2012]

– A entrevista (em .pdf) está disponível aqui no blog.

– Ministro Gilberto Carvalho encontra-se com “bancada evangélica” e pede perdão pelas declarações de dona Eleonora: ele afirma que a ministra pode ter a “opinião pessoal” que quiser mas que, no exercício do cargo, vai defender a posição do Governo.

– Caso da ministra abortista ganha repercussão internacional: na Espanha: Eleonora Menicucci, la ministra abortista y bisexual de Dilma Rousseff. E nos Estados Unidos: Brazil’s new women’s minister was trained to do abortions, had two of her own children aborted.

Foi a Igreja quem inventou a saúde pública!

O Sakamoto (sim, ele de novo!) critica a posição católica sobre os preservativos e propõe ironicamente entregar a saúde pública à Igreja. É uma piada. Esta bravata pueril é apenas mais um sintoma da miséria intelectual na qual se encontra o anti-clericalismo moderno: sim, Sakamoto, foi a Igreja quem inventou a saúde pública, ora bolas!

Bastaria ler (p.ex.) o Thomas Woods Jr. para aprender «[c]omo a Igreja criou praticamente todas as instituições de assistência que conhecemos, dos hospitais à previdência» [a propósito, também valeria a pena mencionar a Régine Pernoud, sobre o ensino medieval]. Mas não seria necessário tanto.

Bastaria saber o que é uma Santa Casa de Misericórdia. Bastaria, aliás, saber que Nosso Senhor mandou “curar os doentes” (cf. Mt 10, 8) e que, desde então, o cuidado dos enfermos sempre esteve entre as obras de misericórdia corporal.

Bastaria procurar o verbete “Hospital” na Wikipedia para saber que, após o Concílio de Nicéia, começaram a ser construídos hospitais em todas as dioceses católicas em profusão jamais vista (aliás, convém lembrar que “Hospital”, na França, se diz “Hôtel-Dieu”). E ainda (na mesma Wikipedia) que «[h]istoricamente, os hospitais foram fundados e financiados por ordens religiosas ou indivíduos e líderes caridosos» [cf. também “O hospital medieval como expressão institucional da caridade cristã”].

Bastaria saber quem são os alexianos, ou São Camilo de Lelis, ou Madre Teresa de Calcutá. Bastaria ter lido o Luis María Anson, miembro de la Real Academia Española (em português aqui), falando (há dois anos) precisamente sobre a Igreja e a AIDS. Bastaria saber que existe no Vaticano um Pontifício Conselho para a Pastoral no Campo da Saúde e que, em 2006, pertenciam «à Igreja Católica 26,7% dos centros no mundo para tratar os enfermos de Hiv/Sida». E que, de acordo com os dados de maio deste ano, há 117.000 centros da Igreja servindo os doentes de AIDS em todo o mundo.

Enfim, bastaria usar quinze minutos de Google. Bastaria ser menos ignorante e menos preconceituoso! Mas parece que isso é exigir muito de alguns “livres-pensadores” que, na sua patética cruzada anti-religiosa, não conseguem se desvencilhar das trevas de 1789.

“É como num parto”

É como num parto. Tem parto que é rapidinho, tem parto que é mais demorado…

Passou no Fantástico ontem. São 19m43s de vídeo (aqui), que reproduzo abaixo: flagrantes, flagrantes e mais flagrantes de clínicas de aborto funcionando à luz do dia, literalmente sob os narizes das autoridades – inclusive a segurança de uma das clínicas mostrada pela reportagem é feita por policiais militares (!) -, sem que ninguém pareça se importar.

Vergonha e impunidade: a vida humana, tratada como se não fosse nada, em um mercado altamente lucrativo (o preço de um único aborto realizado em menores de idade custa a bagatela de R$ 1.500,00) e para o qual não faltam clientes. O procedimento abortivo, como disse um médico, pode chegar a demorar “uns dez, no máximo quinze minutos”. Façam-se as contas e imaginem a quantidade de dinheiro que esta indústria movimenta. Dinheiro para agir à margem da lei e contra a Moral. Dinheiro sujo do sangue de crianças inocentes. Dinheiro que se ganha matando crianças, ceifando vidas.

Mas o pior foi a comparação que uma “enfermeira” fez: o aborto é “como um parto”! Alguns demoram mais, outros demoram menos… ou seja, ninguém está preocupado com a lei que está sendo infringida ou – pior ainda! – com a criança que está sendo brutalmente assassinada. As pessoas preocupam-se é com o tempo que vão “perder” para resolver este “problema”, ou com o risco que porventura podem correr. Em nenhum momento, ninguém fala na criança. A carnificina segue, motivada de um lado pelas mulheres que querem “se livrar” deste “problema” e, do outro, pelo tilintar das moedas que enchem os bolsos dos aborteiros. O hedonismo encontra-se com a ganância, deixando para trás um rastro de sangue e bebês descartados como “lixo hospitalar”.

“Como um parto”! É aviltante. Um parto, o acontecimento por meio do qual as crianças vêm à vida: um aborto, o cruel assassinato de uma vida humana indefesa. Dois destinos opostos para o feto: nascer ou morrer. O berçário ou a lata de lixo. O amor ou o desprezo. Uma mãe ou uma assassina. Um médico ou um carrasco. Como assim, “é como num parto”?! Só pode ser zombaria. Poucas coisas podem ser tão diferentes e tão opostas.

A reportagem nos mostra, enfim, que há uma gigantesca impunidade no Brasil no que se refere à indústria do assassinato de crianças indefesas. Urge que as autoridades façam alguma coisa.

Leitura correlata [em espanhol]: presidente da Pontifícia Academia para a Vida fala (entre outras coisas) sobre a síndrome pós-aborto.