Respondendo ao pérfido judeu

Não nos prendamos a melindres politicamente corretos; “pérfido” significa, segundo qualquer consulta ao dicionário, “infiel”, “desleal”, “traidor”. Quando a Igreja, portanto, rezava pelos “pérfidos judeus”, Ela não estava simplesmente “xingando” os israelitas por alguma espécie de intolerância não-disfarçada; ao contrário, tratava-se da expressão litúrgica de uma verdade histórica, a saber, que os judeus foram desleais à promessa de Deus e, quando crucificaram Jesus, traíram o Messias que viera para eles.

Nada mais adequado, portanto, que chamar de “pérfido” o rabino de Haifa, Shear Yesuv Cohen, que na última segunda-feira, aproveitou-se do convite que lhe tinha sido feito para falar sobre as Escrituras Sagradas no Sínodo dos Bispos para difamar e atacar a memória do Santo Padre Pio XII. Traindo a confiança do Papa (que, obviamente, não lhe convidou para proferir inverdades sobre um Príncipe dos Apóstolos), o rabino mostrou-se desleal e, portanto, “pérfido” cai-lhe como uma luva.

As respostas ao senhor rabino não tardaram. L’Osservatore Romano publicou hoje um editorial chamado “Respeito e amor pelo povo judeu”, ao qual eu não tive acesso (alguém tem?), mas sobre o qual tomei conhecimento por meio de notícia divulgada pela Rádio Vaticano. O jornal publicou ainda a posição do cardeal Tarcício Bertone, segundo a qual Pio XII foi “prudente” em sua atuação na Segunda Guerra Mundial.

O rabino de Haifa, primeira autoridade judaica convidada a se manifestar durante um sínodo de bispos católicos, considerou diante dos jornalistas que Pio XII “não deve ser tomado como modelo e não deve ser beatificado, já que não ergueu a voz ante a Shoah”.

Para o cardeal Bertone, pelo contrário, “é profundamente injusto estender um véu de opróbrio sobre a obra de Pio XII durante a guerra, esquecendo não só o contexto histórico como também sua imensa obra caritativa” para com os judeus.

Como uma amiga minha comentou, é facilmente compreensível a utilidade de um representante judaico num sínodo sobre a Palavra de Deus, no sentido de que a interpretação judaica das Escrituras Sagradas está muito mais próxima do catolicismo do que as interpretações modernistas, e talvez o “confronto” com o que há de verdadeiro em outras religiões milenares tivesse o salutar efeito de pôr em evidência as sandices modernas que pululam entre alguns que se dizem católicos. No entanto, tudo o que houve de positivo no discurso do rabino foi completamente soterrado pelo mal estar que provocou a infeliz intervenção. É uma grande pena! Que o Deus Altíssimo, Aquele que não permitiria o mal se não pudesse, dele, tirar um bem ainda maior, possa fazer com que este triste incidente redunde na maior glória de Deus. Na véspera do cinqüentenário da morte de Pio XII, que honremos a sua memória apresentando firme oposição a toda atitude difamatória. E que o rabino-chefe de Haifa Cohen possa encontrar sem demora a Cristo Jesus, único Redentor da humanidade.