Líder pro-aborto: “Não vamos recuperar o terreno perdido”

[Tradução (bem) livre do original publicado em “Notifam” no final do mês passado. Às vésperas do dia da vida (também aqui), é muito interessante conhecermos esta auto-crítica feita pelo movimento pró-aborto.]

WASHINGTON, Distrito de Colômbia – 28 de fevereiro de 2011 (Notifam). Frances Kissling, ex-presidente das “Católicas pelo Direito de Decidir” (Catholics for Choice) e uma importante figura dentro da comunidade pró-aborto, aconselhou ao movimento pró-aborto que não continue ignorando a humanidade do bebê concebido, antes que a onda popular pró-vida leve por água abaixo [tire por la borda] todas as leis pró-aborto.

Uma coluna de opinião escrita para o jornal “Correio de Washington” (The Washington Post) dos Estados Unidos da América [escrita por Kissling] tinha por título “Direito ao aborto sob ataque – enquanto os ativistas a favor da opção pelo aborto encontram-se aprisionados [atrapados] em outra dimensão do tempo”. Na citada coluna, Kissling disse que os argumentos pró-aborto sobre a “privacidade” da mulher estão perigosamente obsoletos.

“Nós dizemos que o aborto é uma decisão que se toma em privado, e que o Estado não tem poder sobre o corpo de uma mulher. É possível que estes argumentos tenham sido eficazes durante a década de 1970, mas hoje em dia não nos servem [mais]. A idéia de nos mantermos focados nele faz com que nos arrisquemos a perder todos os sucessos [logros] que alcançamos”, ela assinalou. “A marca ‘pró-aborto’ desgastou-se consideravelmente”.

A mentalidade pró-aborto, advertiu Kissling, está-se vendo, mais e mais, como uma mentalidade cruel e indiferente quando comparada com a cultura pró-vida. “Já não podemos fingir que o feto é invisível”, ela disse. “Temos que pôr um fim à ficção de que o aborto às 26 semanas de gestão não se diferencia do aborto às seis semanas de gestação. O feto é mais visível naquele momento, mais do que antes. O movimento pró-aborto precisa aceitar sua existência e seu valor”.

“É possível que o mesmo não tenha um direito à vida, e que seu valor não seja igual ao de uma mulher grávida. Sem embargo, o ato de terminar com a vida do feto não é um evento de pouco significado moral”.

Kissling disse que a opinião popular tende a reconhecer a obrigação de proteger a vida do bebê concebido, [ainda] mais quando [ele] cresceu o suficiente para poder sobreviver fora do ventre materno – sendo [este] um fato que os defensores [proponentes] do aborto ignoram por sua conta e risco. “O aborto não é somente um assunto médico. E, nesta alegação, está presente uma crueza não intencionada”, ela disse.

Ela disse [também] que uma parte importante da nova estratégia é não ser demasiado ambicioso. “Desafortunadamente, não vamos recuperar o terreno perdido”. Portanto, os defensores pró-aborto devem, “de modo claro e firme, rechaçar os abortos passada a viabilidade [rechazar los abortos pasada la viabilidad][!! o termo parece se referir à “viabilidade legal” de se praticar um aborto nos EUA (NT)], exceto em casos extremos”. Segundo Kissling, estes devem incluir os abortos eugênicos de crianças incapacitadas, ou quando a gravidez “ameaça seriamente” a saúde da mulher, de modo a agravar sua “condição médica ou psiquiátrica”.

Kissling exortou seus colegas a que deixem um pouco de lado [relajen su agarre] o conceito de aborto por demanda.

“Alguns de meus colegas no movimento a favor do direito ao aborto resistem a que haja sequer uma pequena mudança nos abortos durante os três primeiros meses, temendo que um compromisso [aqui] seja sinal de debilidade”, ela assinalou. “Se o movimento pró-aborto não muda, o controle da política pública sobre o aborto permanecerá nas mãos daqueles que o querem penalizar”.

Kissling também fez um chamando para que se regulamentem os abortos tardios, a fim de assegurar que haja razões adequadas para obtê-los. Também advogou a favor de umas normas de observância mais estritas para as clínicas de aborto. “Devemos também trabalhar para que as clínicas de aborto cumpram com as normas necessárias. Não é questão de proibir o acesso às mesmas, mas sim de assegurar que estejam presentes as devidas medidas de proteção”.

No mês passado, a indústria do aborto foi objeto de uma atenção indesejada, quando foi preso o aborteiro Kermit Gosnell na cidade de Philadelphia, nos Estados Unidos, junto com alguns dos seus empregados sem licença. A eles foram imputadas acusações pelo assassinato de uma cliente e de várias crianças recém-nascidas. Foi informado que Gosnell provocava o nascimento dos bebês concebidos, passada sua viabilidade [(NT) de novo, aparentemente, isto significa “passada a possibilidade do aborto (dito) legal”, pelo fato da gravidez já estar avançada], e então lhes cortava as medulas espinhais.

Quando a polícia entrou no edifício, deparou-se com uma cena de sujeira por todos os lados, de pisos ensangüentados, de mulheres parcialmente conscientes e gemendo, colocadas sobre móveis sujos, e de restos desmembrados de crianças concebidas, abarrotados no congelador que ficava no piso de baixo e em outros cantos da clínica.

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Cobertura relacionada de Notifam:

Líder pro-vida: Tratar a los niños no nacidos como no-personas es clave para la agenda de Paternidad Planificada

Periodista holandesa amenazada con tortura y muerte después de la carta que escribió condenando el aborto

Abortero brutalmente asesinó cientos de recién nacidos vivos: empleada de la clínica

“Montones” de víctimas de la abortista “Casa del Horror” hablan de abortos forzados, de lesiones para toda la vida

Outros links:

Un análisis sobre la organización Católicas por el Derecho a Decidir – Vida Humana Internacional

No rechazaremos el aborto hasta que no lo veamos cara a cara – Sacerdotes por la Vida (advertencia: en esta página cibernética se puede acceder a unas fotos de abortos realizados durante los nueve meses de embarazo)

Versão do original em inglês:

http://www.lifesitenews.com/news/top-pro-abort-were-not-going-to-regain-the-ground-we-have-lost

A voz dos blogueiros católicos

A Sandra fez a gentileza de nos brindar com esta tradução de um interessante artigo do The Washington Post. Trata-se de uma matéria que foi veiculada na mídia secular, e não na religiosa; por isso mesmo tem alguns problemas, mas também algumas coisas muito interessantes.

Pareceu-me um pouco injusto o tom de todo o artigo, ao afirmar que os blogueiros estariam dizendo que “a  igreja não é suficientemente católica”. O problema não é este; na verdade, são – nas palavras dos próprios católicos citados na matéria – “as pessoas que são católicas e que não vivem a fé”. Ora, destes males o Brasil, infelizmente, não está pior servido do que os Estados Unidos da América.

Concordo muito facilmente com a necessidade de se manter a “caridade cristã online”. Analisando apenas a realidade tupiniquim, sou forçado a conceder: muitas vezes a caridade é negligenciada. Ao mesmo tempo, contudo, tendo a ser condescendente com os que assim procedem: eles estão denunciando lobos em pele de cordeiro que, mais que a caridade, falsificam a própria Fé. Em situações assim, é difícil manter a compostura. E, ainda: tomar o partido daqueles que traem a Fé por conta da falta de caridade dos que os denunciam é hipocrisia. A Fé precisa ser guardada. E, sem Fé, é impossível falar em Caridade. Não estou justificando os erros dos que se excedem; no entanto, isto não exime os que não guardam a Fé de suas faltas. Um erro na forma nem sempre significa um erro de conteúdo.

Mas o que é realmente interessante na matéria do The Washington Post é ver que este assunto está ultrapassando as fronteiras da Igreja e atingindo a mídia secular. Ou seja: os blogueiros católicos conseguiram realmente fazer barulho. A matéria dá um poderoso testemunho da importância da internet no início deste Terceiro Milênio. Esta nova Ágora, à parte tantos males que causou à sociedade moderna, pode apresentar isto em seu favor quando for julgada pelo Juiz da História: deu voz aos que não desistiram de anunciar a Fé. Permitiu que a Doce Mensagem do Evangelho chegasse a muitos, a despeito das traições de outros tantos. Ouso dizer: formou católicos.

Forjou almas católicas inflamadas de um santo zelo pelas coisas sagradas, mais preocupadas com a glória de Deus do que com qualquer outra coisa. Almas que descobriram a vitalidade eterna da Mensagem Cristã, tão antiga e tão nova, que possui já séculos e, no entanto, é ainda – e sempre! – atual. Almas que encontraram a Cristo.

De novo: não nego que haja problemas, nem tampouco que estes não devam ser corrigidos. Mas, ao lado destes, há muitos bons frutos. Parabéns aos que se esforçam por colocar os novos meios de comunicação social a serviço de Cristo e da Igreja! Que a Virgem Santíssima, Sedes Sapientiae, os proteja sempre. E aos pés d’Ela coloco – mais uma vez – o Deus lo Vult!, suplicando-Lhe misericórdia por minhas muitas faltas e pedindo-Lhe a imerecida honra de dar a minha contribuição, por ínfima que seja, para a exaltação da Santa Madre Igreja.

Avante, novos cruzados! Coragem, que ainda há muito por ser feito. Façamos bom uso do nosso tempo. Empreguemos bem os nossos talentos. Saibamos usar as ferramentas que o Altíssimo põe ao nosso alcance. Sempre com os olhos fitos n’Ele. Sempre ad majorem Dei Gloriam.