Conferência Filipina libera comunhão para adúlteros — obedecendo ao Papa?

Cleaner, cleaner… você continua o mesmo, hein? Essa sua igreja conciliar não consegue mudar essa sua índole de jeito nenhum, hein?

Observando, através dos comentários, que a sua audiência anda bem fraquinha, minguando, tentarei lhe ajudar um pouquinho com isto.

Ehh… vejo que continua, como dantes, se esquivando dos temas mais importantes da Cristandade, porque escandalosos demais para abordá-los sem comprometer as suas frágeis convicções, né? Sem rodeios, indo direto ao ponto, a questão é: o antipapa continua aprontando das suas, hein, cleaner? Diz aí?

Eu lhe avisei que escândalos cada vez maiores viriam, devido à atuação obscena do antipapa, não avisei? E olha que ainda nem chegamos no ápice da degradação. Estamos até um pouco distante. A coisa se tornará tão insustentável, tão indefensável, tão intolerável, que talvez até você, como grande cleaner contorcionista, não consiga sair em socorro ao antipapa.

A última dele, você sabe, não é? Trata-se de um documento abjeto, asqueroso, blasfemo sobre o tal Sínodo contra a família.

Os frutos desse texto diabólico, começaram rapidamente a aparecer. Trago aqui, talvez em primeira mão para você, para que aprecie – você, que é grande admirador do antipapa – um desses frutos bizarros, dos quais veremos, cada vez mais, espoucar frequentemente pelo mundo afora. Este, cujo link segue ao final, ocorreu (ou está ocorrendo) nas Filipinas – um dos países com maior população católica do mundo, você deve saber. Ah, detalhe: a ignomínia veio pelas mãos de ninguém menos que o presidente da Conferência Episcopal das Filipinas. Realmente, a obra do antipapa, é algo abissal. Quero dizer, é coisa lá das profundezas, sabe? E irá piorar. O homem veio, mesmo, para trazer o caos e a destruição.

Até quando você irá aguentar isso, hein, cleaner? Até quando?

Que Deus lhe ilumine para que possa sair da escuridão do engano em que se encontra.

Segue o link: https://fratresinunum.com/2016/04/15/o-presidente-da-conferencia-episcopal-das-filipinas-ordena-administrar-a-comunhao-aos-adulteros/

Muito prezado sr. Leonardo, salve Maria!

Antes de qualquer outra coisa, gostaria de dizer que muito me honra esta sua audiência. É realmente impressionante: você, ao que parece, não concorda com absolutamente nada do que eu escrevo, mas mesmo assim não deixa de me ler jamais. E ainda: não perde uma oportunidade, uma única sequer!, de demonstrar, gritar, alardear aos quatro ventos, internet afora, a sua discordância. Esta necessidade quase obsessiva de me fazer saber que discorda de mim… chega a ser tocante. Não me recordo de ter recebido tamanha devoção e entusiasmo dos meus admiradores mais confessos. Agradeço-lhe por isso.

Ontem mesmo eu ouvia um professor, em sala de aula, falar de S. Thomas More. O senhor decerto conhece a história. O rei de Inglaterra emitira alguns decretos tratando sobre a anulação do seu casamento, que não lograra obter junto ao Romano Pontífice. Toda a sua corte, naturalmente, bateu palmas entusiasmadas diante da régia atividade legiferante. Só Thomas More, amigo do rei, insistia em manter-se calado. Toda a corte britânica saía em público dando vivas à decisão tomada por Henrique VIII: apenas o chanceler, sozinho, não fazia coro ao burburinho dos aduladores do velho monarca. E o silêncio de Thomas falava mais alto aos ouvidos do rei do que toda a algaravia realizada pelos seus bajuladores.

Pois sabia que o senhor, com sua missiva eletrônica, termina por me comparar — decerto muito indevidamente — a S. Thomas Morus? Que necessidade é essa, sr. Leonardo, da minha aprovação ao que se anda falando e fazendo nas cortes virtuais? Henrique VIII não tinha já o apoio de praticamente toda a alta sociedade inglesa? A sua visão negativa e denegatória a respeito da autoridade do bispo de Roma já não era hegemônica em toda a ilha? Por que ele fazia questão, também, da explícita submissão do chanceler?

Hoje em dia, todo mundo sabe o que se anda falando a respeito do atual bispo de Roma. A impressão que dele se tem nas altas cortes virtuais é pública, notória e praticamente hegemônica. O velho Pontífice já foi julgado e condenado, e já se o trata como a um herege ou um pagão, como a um inimigo notório da Igreja e da Cristandade, um blasfemador a quem os Apóstolos e Santos mandam calar a boca. Já é assim, sr. Leonardo, que se faz! Que necessidade doentia é essa de que também eu, um pobre blogueiro, sozinho, de audiência a cada dia mais fraca e minguante, una-me ao coro dos acusadores?

Era por conta da elevada autoridade intelectual e moral de Thomas More que Henrique VIII fazia tanta questão da sua aquiescência. Mas eu, sr. Leonardo!, eu não chego à metade do início de um só chanceler britânico. Esta sua necessidade de que eu concorde com a opinião contemporânea comum é totalmente desproporcionada e não tem nenhuma razão de ser. Muito me honra, como eu disse, ser tratado como o velho monarca inglês tratou o seu chanceler — pelo que agradeço ao senhor, lisonjeado. Mas é um exagero que eu estou muito longe de merecer.

Não tenho a coragem de S. Thomas Morus, nem a sua fibra, nem a sua importância política, nem a sua envergadura intelectual ou moral. Não tenho nada disso, sr. Leonardo! Mas uma coisa, sim, eu faço questão de compartilhar com o velho mártir britânico, e esta, ao menos esta!, eu peço a Deus que me não deixe faltar: é a tenacidade de manter a posição que considero correta, mesmo contra tudo e contra todos, mesmo que o sr., meu caro Leonardo, escreva-me todos os dias tentando me dissuadir, mesmo que a totalidade da blogosfera católica deponha as armas e passe a ecoar a atual opinião cortesã a respeito do Vigário de Cristo. Os senhores já não conquistaram o mundo inteiro para si? Por que precisam tanto assim, tão desesperadamente, também da minha pobre e humilde opinião favorável?

Era a voz da consciência de Henrique VIII que o inquietava e o fazia ter aquela necessidade de a todos convencer: arrastando os outros ao seu próprio arrazoado, era a ele próprio que intencionava tranquilizar. Será esta a sua situação também…? Mas, ai de mim!, que se Thomas More, amigo do rei e um espírito notável, não conseguiu dissuadir o velho monarca da sua visão a respeito do Papa… poderei eu, pecador miserável e ilustre desconhecido, lograr melhor êxito junto ao senhor? É impossível, sr. Leonardo, não espere tanto assim de mim. Não estou a tal altura. É muita generosidade me ter em tão alta conta, mas não se engane. Grandes espíritos às vezes falam coisas assim por modéstia; mas às vezes são só espíritos medianos mesmo procurando passar uma noção mais acertada da própria estatura.

O senhor vem me transmitir, com ares de bom mensageiro, o que se anda dizendo — nas cortes virtuais… — a respeito da última Exortação Apostólica de Sua Santidade. Ora, sr. Leonardo, eu ouço o que estão dizendo, eu não sou surdo. Se não concordo com a moda contemporânea de tratar o Vigário de Cristo como se fosse um cão sarnento, isso não quer dizer que eu não ouça o clamor popular — ou melhor, o clamor aristocrático — para que se lhe joguem pedras, enxovalhe-se-lhe, dirijam-se impropérios à sua imagem e se franza o cenho ameaçadoramente à sua voz. Eu vejo tudo isso, senhor Leonardo — como não ver? Apenas não considero tal proceder correto. Apenas o acho indigno de católicos. É só.

Mas voltemos à Amoris Laetitia. Eu ainda não li o documento na íntegra — coisa que espero fazer em breve. Mas li algumas coisas, bem poucas, é verdade!, no entanto o suficientes para perceber a injustiça da acusação que o senhor traz.

Pois veja só: o senhor traz, exultante de alegria, uma notícia tristíssima segundo a qual a Conferência Episcopal Filipina ordenou que se conferisse sacrilegamente a Sagrada Comunhão a toda sorte de adúlteros.

Antes de tudo, trata-se de uma ordem claramente iníqua. Antes de qualquer outra coisa, cumpre dizer que se trata de um sacrilégio contra o qual todo católico, leigo, padre ou bispo, filipino ou brasileiro, tem o dever de resistir e protestar. Isso está fora de qualquer consideração.

Mas de onde veio semelhante diretriz?

O senhor, com a sanha de “joga pedra no Papa!” que lhe é peculiar, não hesita um segundo sequer em atribuir esta ignomínia ao recente documento pontifício — chamando-a de “fruto” e “obra” do trabalho do Papa Francisco.

Será verdade?

Mais até: será possível?

Veja o que disse o presidente da Conferência Episcopal das Filipinas:

Os bispos e padres devem receber com os braços abertos todos aqueles que permaneciam fora da Igreja por um sentimento de culpa e vergonha. Os leigos devem fazer o mesmo. Quando os nossos irmãos e irmãs, por causa de relacionamentos rompidos, famílias destruídas e vidas partidas, permanecem timidamente no umbral de nossas igrejas e nossas vidas, sem saber se eles serão recebidos ou não, nós devemos ir ao encontro deles, como o Papa nos pede que façamos, e assegurarmo-lhes de que há sempre um lugar na mesa dos pecadores, na qual o próprio Senhor se oferece como alimento para o miserável.

O senhor entendeu? O Mons. Socrates Villegas mandou que todos fossem recebidos na mesa dos pecadores. Ou seja, que fosse concedida a Comunhão Eucarística a todos os divorciados recasados — os que até agora estavam “timidamente no umbral de nossas igrejas”.

Não foi isso que ele disse?

Ora, o senhor porventura sabe o que o Papa Francisco disse na Amoris Laetitia?

Provavelmente não. Porque provavelmente o senhor não sente necessidade de ler os documentos pontifícios, bastando repetir a opinião cortesã a respeito do Romano Pontífice.

Eu, como disse, ainda estou lendo o documento. Mas por sorte a seguinte parte eu já li. Veja só o que determinou o Vigário de Cristo:

É verdade que as normas gerais apresentam um bem que nunca se deve ignorar nem transcurar, mas, na sua formulação, não podem abarcar absolutamente todas as situações particulares. Ao mesmo tempo é preciso afirmar que, precisamente por esta razão, aquilo que faz parte dum discernimento prático duma situação particular não pode ser elevado à categoria de norma. (AL 304, grifos meus)

O senhor entendeu, sr. Leonardo?

O Papa está dizendo, com todas as letras, que o discernimento prático das situações individuais não pode ser elevado à categoria de norma geral!

Ora, como o senhor chamaria uma determinação que manda acolher “todos aqueles que permaneciam fora da Igreja (…) na mesa dos pecadores”? Isso não parece, sr. Leonardo, ao senhor uma norma geral? Exatamente uma daquelas normas gerais que o Vigário de Cristo disse que não se poderiam aplicar ao caso dos divorciados recasados?

Como é possível, então, que possa ser “fruto” de um documento pontifício uma determinação que este documento explicitamente condena? Qual lógica autoriza semelhante operação dedutiva?

Não lhe parece, sr. Leonardo, que se o Papa diz que certas situações devem ser avaliadas em particular, isso significa precisamente que não se lhes pode dar nenhuma determinação genérica?

E não é só nisso que a orientação da Conferência Filipina contraria a Exortação Apostólica.

Pois veja só: o senhor não acha que essa determinação de Mons. Villegas seja escandalosa?

A mim parece que sim. De fato, ao colocar em um mesmo patamar os casais fiéis, os divorciados castos e os adúlteros públicos, o presidente da Conferência Episcopal das Filipinas me parece ter provocado um verdadeiro escândalo entre os católicos.

Pois o senhor sabia que o documento pontifício manda, também, que, no tratamento aos divorciados recasados, tudo seja feito “evitando toda a ocasião de escândalo” (AL 299)?

O senhor sabia? Não?

Não leu o documento né?

Preferiu ouvir as cortes…

Sr. Leonardo, se o documento manda evitar toda ocasião de escândalo, não se pode honestamente dizer que uma determinação escandalosa esteja sendo feita em decorrência deste documento. E, mais uma vez, se o documento dispõe que as situações dos divorciados recasados não pode ser tratada mediante normas gerais, então uma norma que mande receber generalissimamente a todos eles não se pode pretender decorrente do documento — ao contrário, ela o contraria frontalmente.

Tudo isso é claro como a luz do dia.

Mas a luz, “amável aos olhos límpidos”, é no entanto “odiosa aos olhos doentes” (Sto. Agostinho, Confissões, livro VII, 16).

Enfim… obrigado, sr. Leonardo, mais uma vez, por sua mensagem.

Agradeço pela grande consideração que me fez, ao suplicar por minha concordância. Coisa que, graças a Deus, não lhe posso dar neste momento. Como disse, prefiro defender sozinho o que acredito certo a aquiescer gregariamente à moda das cortes virtuais católicas. Obrigado pela oportunidade de o dizer.

Obrigado, também, pela chance de protestar, com veemência, quer contra a absurda decisão de uma Conferência Episcopal de conceder universalmente a Comunhão Eucarística para toda sorte de adúlteros, quer contra a tentativa de embasar esta decisão em um documento pontifício que manda fazer exatamente o oposto. Não acho que isso houvesse sido já aventado na blogosfera católica.

E obrigado, por fim, pela sempre fiel audiência. Deus lhe recompense.

Abraços,
em Cristo,

Jorge Ferraz

“O padroeiro dos políticos” – Dom Fernando Rifan

[A política é a arte de bem governar e não tem nada a ver com “os partidos políticos” que nós encontramos hoje em dia no Brasil. Os partidos são contingentes; a autoridade é necessária. Política, aliás, transcende até mesmo o regime político concreto pelo qual é regido um país específico: as questões propriamente políticas, assim, precedem as discussões partidárias às quais foi miseravelmente reduzido o cenário político brasileiro. Na próxima sexta-feira é celebrada a festa de S. Thomas Morus; esta data – 22 de junho – é a data nova, estabelecida após a Reforma Litúrgica de 1969, de modo que ninguém pode acusar esta celebração de ser anacrônica. Pelo contrário, ela é até mesmo muito necessária; que possamos aprender com “o homem que não vendeu a sua alma” a dar a devida importância às questões políticas, a fim de que a nossa Pátria possa alcançar um dia a dignidade que merece.]

O padroeiro dos políticos

 Dom Fernando Arêas Rifan*

                                                                    

Dia 22 próximo, a Igreja celebra a festa do mártir Santo Tomás More. Lorde Chanceler do Reino da Inglaterra, por não ter aceitado o divórcio e o cisma do rei Henrique VIII, foi condenado à morte por traição e decapitado em 1535. Preferiu perder o cargo e a vida a trair sua consciência. A Igreja o proclamou padroeiro dos Governantes e dos Políticos, exatamente porque soube ser coerente com os princípios morais e cristãos até ao martírio. O belo filme da sua vida, em português, que recomendo, intitula-se “O homem que não vendeu sua alma!”. 

A coerência é uma virtude cristã que deve penetrar todas as nossas ações e atitudes. Pensar, viver e agir conforme a nossa fé e nossas convicções cristãs. Caso contrário, seremos hipócritas e daremos um grande contra-testemunho do nosso cristianismo. A consciência é única e unitária, e não dúplice. Não se age como cristão na Igreja e como pagão fora dela.

“O Concílio exorta os cristãos, cidadãos de ambas as cidades [terrena e celeste], a que procurem cumprir fielmente os seus deveres terrenos, guiados pelo espírito do Evangelho. Afastam-se da verdade os que, sabendo que não temos aqui na terra uma cidade permanente, mas que vamos em demanda da futura, pensam que podem por isso descuidar os seus deveres terrenos, sem atenderem a que a própria fé ainda os obriga mais a cumpri-los, segundo a vocação própria de cada um. Mas não menos erram os que, pelo contrário, opinam poder entregar-se às ocupações terrenas, como se estas fossem inteiramente alheias à vida religiosa, a qual pensam consistir apenas no cumprimento dos atos de culto e de certos deveres morais. Este divórcio entre a fé que professam e o comportamento quotidiano de muitos deve ser contado entre os mais graves erros do nosso tempo” (Gaudium et Spes, 43).

O ensinamento social da Igreja não é uma intromissão no governo do País, mas traz um dever moral de coerência aos fiéis leigos, no interior da sua consciência. “Não pode haver, na sua vida, dois caminhos paralelos: de um lado, a chamada vida ‘espiritual’, com os seus valores e exigências, e, do outro, a chamada vida ‘secular’, ou seja, a vida de família, de trabalho, das relações sociais, do empenho político e da cultura” (Beato João Paulo II, Christif. Laici, 59). 

“Reconhecendo muito embora a autonomia da realidade política, deverão se esforçar os cristãos solicitados a entrarem na ação política por encontrar uma coerência entre as suas opções e o Evangelho” (Paulo VI, Octogésima Adveniens, 46). “Também para o cristão é válido que, se ele quiser viver a sua fé numa ação política, concebida como um serviço, não pode, sem se contradizer a si mesmo, aderir a sistemas ideológicos ou políticos que se oponham radicalmente, ou então nos pontos essenciais, à sua mesma fé e à sua concepção do homem…” (idem, 26).

No atual clima de corrupção e venalidade que invadiu o sistema político, eleitoral e governamental, possa o exemplo de Santo Tomás More ensinar aos governantes e políticos, atuais e futuros, que o homem não pode se separar de Deus, nem a política da moral, e que a consciência não se vende por nenhum preço, mesmo que isto nos custe caro e até a própria vida.

 

*Bispo da Administração Apostólica
Pessoal São João Maria Vianney

Recomendações

Recomendando dois excelentes textos do Humanitatis:

1. Lições de Thomas More. “Thomas More sabia que sua assinatura em um papel, mesmo que feita em segredo e solitariamente, como sugerira seu adversário, Thomas Cromwell, não era ‘só uma assinatura’. Era uma negação do Cristianismo, era o abandono da fé em que acreditava, que embora fosse feita às escondidas, chegaria o dia em que seria anunciada sobre os telhados. […] Alguns podem dizer: ‘que é que tem? É só uma fotinha do lado do Lula e da Dilma…’ Não, não é só uma fotinha. É a concessão de que sua vida espiritual não se relaciona com sua vida pública. Ora, isso não é verdade. O que se crê é o que se vive! No momento mesmo em que se negocia sua fé por benefícios eleitoreiros, já se perdeu o Cristo”.

2. Candidato Molon e a objeção de consciência: me engana que eu gosto. “Ora, o candidato [Alessandro Molon] ofende o eleitor de muitos modos ao argumentar assim com seu eleitorado. No plano dos fatos, o PT já deixou claro que seu plano de transformar o país em um estado abortista não se detém diante das consciências dos católicos. No ano passado, o PT expulsou o deputado Bassuma (veja aqui) porque ele defendeu explícita e nacionalmente o direito à vida do nascituro. O TSE não concedeu ao deputado expulso qualquer garantia do mandato alcançado porque, como já se sabe e o Molon também, o mandato não é do eleito, mas da legenda. E isso leva a outro ponto: será que o candidato Molon acha que o eleitorado carioca é imbecil?? Será que ele acha que podemos engolir que uma norma ou diretriz interna, com validade apenas no estado, prevalecerá frente às diretrizes nacionais do partido, as quais, aliás, todo candidato tem que aceitar formalmente e, sob as quais está obrigado por lei eleitoral??”

Miscelânea de véspera de feriado

Mais coisas a comentar do que tempo para o fazer…

Manifesto do Silêncio, proposto pela ABRACEH, sobre o julgamento da psicóloga Rozangela Justino que foi remarcado para o dia 31 de julho de 2009. A ABRACEH também destaca a atividade do deputado federal Paes de Lira, que – entre outras coisas – conseguiu aprovar um requerimento para que houvesse uma audiência pública onde a própria dra. Rozangela, junto com “Joide Miranda (que deixou a condição de travesti), Claudemiro Soares (escritor do livro sobre abordagens terapêuticas para deixar a homossexualidade, ele mesmo tendo saído dela), além do Pastor Silas Malafaia e um representante da CNBB”, possam expressar o seu ponto de vista “acerca do Estatuto da Família e Leis da Homofobia”. Não sei a data desta audiência.

– Hoje é dia de São Thomas More e São João Fisher, mártires da Reforma Protestante na Inglaterra que não aceitaram o cisma de Henrique VIII. Vejam este texto e este outro sobre São João Fisher, junto com este e este sobre São Thomas More. E que os santos que não se dobraram diante do protestantismo possam interceder pela conversão dos hereges e cismáticos à única Igreja de Cristo.

Campanha pela santificação do clero brasileiro lançada pelo Veritatis Splendor. Nas atuais conjunturas chega às raias da utopia [possui coisas como “[q]ue os sacerdotes sejam absolutamente fiéis ao Magistério e valorosos defensores do Papa”, “[q]ue os sacerdotes ensinem a verdadeira DSI e a verdadeira moral, e deixem de favorecer a Teologia da Libertação” e “[q]ue os sacerdotes honrem o latim na liturgia e celebrem a Missa, mesmo na forma ordinária, em latim em suas igrejas”…], é forçoso reconhecer, mas precisamos rezar pelos nossos sacerdotes. Que a Virgem Santíssima consiga um portentoso milagre para esta Terra de Santa Cruz.

Presos dois homens acusados de intolerância religiosa. Protestantes da “Igreja Geração Jesus Cristo” (sic). É o primeiro caso de prisão por intolerância religiosa que ocorre no Brasil. A despeito de ser óbvio que ninguém pode invadir a casa dos outros e sair quebrando as coisas, a condenação está equivocada e pode abrir um perigoso precedente, porque caberia no máximo uma pena por invasão de domicílio e danificação de propriedade privada, não por “intolerância religiosa”. Guardadas as devidas e necessárias proporções entre os protestantes sem noção e os católicos de antigamente, destruir ídolos é em si uma coisa boa. Hernan Cortez o fez no México, e São Francisco Xavier, na Indonésia. Quando o Estado começa a se meter em questões religiosas, legislando sobre matéria que não tem competência, onde estão os defensores do Estado Laico?

FSSPX ordena treze novos sacerdotes nos Estados Unidos, “de surpresa”, em meio à polêmica sobre outras ordenações que estavam marcadas para o fim do mês; estas que geraram celeuma estão programadas para o dia 27 de junho, na Alemanha. Bom, o que dizer diante disso? Por um lado, cabe perguntar se não seria possível à FSSPX esperar um pouco e ter um mínimo de deferência ao Santo Padre que, não obstante esteja tratando com tanta benevolência os lefebvristas, ainda não conferiu status canônico algum à Fraternidade; por outro lado, talvez fosse utópico achar que uma simples canetada fosse transformar de repente a São Pio X em ovelha dócil e fiel ao Sucessor de Pedro. Estas ordenações provavelmente vão gerar ainda mais confusão. Rezemos pelo Papa, rezemos pela FSSPX.

Alguns mitos sobre as cruzadas, texto excelente disponível na Quadrante. “A atual visão a respeito das Cruzadas nasceu do Iluminismo do século XVIII. Muitos dos então chamados “filósofos”, como Voltaire, pensavam que a Cristandade medieval fora apenas uma vil superstição. Para eles as Cruzadas foram uma migração de bárbaros devida ao fanatismo, à ganância e à luxúria. A partir desse momento, a versão iluminista sobre as Cruzadas entrou e saiu de moda algumas vezes. As Cruzadas receberam boa imprensa e foram consideradas como guerras de nobreza (mas não de religião) durante o Romantismo e até o início do século XX. Depois da Segunda Guerra, contudo, a opinião geral voltou-se decisivamente contra as Cruzadas. Na esteira de Hitler, Mussolini e Stalin, os historiadores concluíram que a guerra por motivos ideológicos – seja qual for a ideologia em questão – é abominável”.

São Thomas More e os anglicanos


[Foto: apostles.com]

Nascido em Londres em 1477[78] e martirizado na mesma cidade em 6 de julho de 1535 (ver biografia), São Thomas More é um belíssimo exemplo de resistência católica ao cisma anglicano. Após ter perdido o beneplácito da coroa real inglesa por não aceitar o Ato de Supremacia que declarava ser Henrique VIII cabeça da Igreja da Inglaterra, Thomas More foi condenado à morte e decapitado; sua cabeça ficou exposta durante um mês na ponte de Londres. Em carta escrita na véspera do seu martírio, o santo dizia à sua filha:

Farewell, my dear child, and pray for me, and I shall for you and all your friends, that we may merrily meet in heaven.
[Adeus, minha querida criança, e reze por mim; e eu irei [rezar] por você e [por] todos os seus amigos, que nós poderemos nos encontrar alegremente no Céu].

Morria o homem que não vendeu a sua alma “antes das nove da manhã”, i.e., antes do horário previsto da execução. Suas últimas palavras foram:

I die the King’s good servant and God’s first.
[Morro como bom servo do Rei, mas de Deus primeiro]

Com tudo isso, entretanto, seu nome consta no calendário anglicano de santos (!!), e há uma diocese (anglicana) Thomas More no sul do Brasil. Nestes dias em que a Santa Sé estuda um pedido de “unidade corporativa” de um grupo de anglicanos, que São Thomas More, assassinado por não aceitar que os seus conterrâneos rompessem com o Vigário de Cristo no seu tempo, possa conseguir do Todo-Poderoso que – grandiosa graça! – os descendentes dos rebeldes reformistas do século XVI retornem alegremente à Igreja de Cristo no século XXI.

Sanctus Thomas Morus,
ora pro nobis!