O discurso do Papa-Rei na chegada à Espanha

O Papa chega à Espanha. Na cerimônia de boas vindas no Aeroporto de Santiago de Compostela, Bento XVI refere-se a si próprio como “o Sucessor de Pedro”. E fala que esta sua viagem apostólica tem por objetivo confirmar na Fé os seus irmãos.

Enche de esperança ver o Papa falar – e agir – desta maneira. É uma demonstração pública de que se tem consciência da própria missão no mundo. É um recado dado aos covardes que, cada vez mais, querem relegar a Religião a um completo subjetivismo, ao território das opiniões pessoais. O Papa é o Sucessor de Pedro, e põe-se a caminho para confirmar a Fé dos irmãos.

No início do mês passado, Sua Santidade voltou a usar a Tiara Papal em seu brasão pontifício. Embora no site da Santa Sé o brasão de Bento XVI ainda esteja desatualizado, não é possível deixar de perceber a importância deste gesto. Não vai ser possível deter o Retorno do Papa Rei.

O curioso é que foi justamente Bento XVI o primeiro papa a não usar a tiara no brasão pontifício, substituindo-a por uma mitra. O fato causou perplexidade à época: o Papa estava “[a]bandonando uma tradição de nove séculos”! Não sei por qual motivo Bento XVI adotou um brasão sem a tiara, em 2005. Mas, às vezes, fico a pensar se não foi exatamente para preparar o impacto do retorno triunfal da Coroa Pontifícia em 2010. Porque simplesmente manter a tiara teria pouco ou nenhum significado. Restabelecê-la, ao contrário, coloca-a no centro das atenções e passa uma clara mensagem sobre as intenções de Sua Santidade: o Papa é Rei.

Volto à Espanha. O Papa-Rei, o “Sucessor de Pedro” que sai em peregrinação para confirmar a Fé dos seus irmãos, fala sobre a Fé e a vida pública. Retoma corajosamente o discurso de João Paulo II, “que desde Compostela exhortó al viejo Continente a dar nueva pujanza a sus raíces cristianas”. E sentencia (tradução livre):

Também eu quero convidar a Espanha e a Europa a edificar seu presente e projetar seu futuro a partir da verdade autêntica sobre o homem. A partir da liberdade que respeita esta verdade e nunca a machuca. E a partir da justiça para todos, começando pelos mais pobres e desvalidos. Uma Espanha e uma Europa não apenas preocupadas com as necessidades materiais dos homens, mas também com as [necessidades] morais e as sociais, com as espirituais e as religiosas; porque todas elas são exigências genuínas do homem inteiro, e só assim se trabalha eficaz, íntegra e fecundamente por seu bem.

Que o mundo possa ouvir a voz de Pedro, para que assim seja salvo.

Vejam as imagens

1. Bispos brasileiros celebrando versus Deum em Roma. C’est vraiment incroyable, mas há fotos. O Fratres in Unum também noticiou. Pelo que ouvi dizer, o Cardeal Odilo Scherer não celebrou…

2. Está na hora de reconsiderar o uso da Tiara Papal? A pergunta é pertinente. Afinal de contas, trata-se de uma questão ecumênica: todos os Patriarcas ortodoxos usam suas coroas. Como disse o pe. Clécio: “por razões ecumênicas lamento que o Bispo de Roma, o primus inter dispares, seja o único patriarca da cristandade sem coroa”.

3. Agressão a católicos que rezavam um rosário pela vida: já está virando praxis. Após Neuquén e Tucumán, agora é a vez de Bordeaux. “Mesmo importunados por uivos, xingamentos, ironias, e claro, muitas blasfêmias ao megafone, os intrépidos católicos terminaram seu rosário, para a maior glória de Deus e honra da Santíssima Virgem!” – serão recompensados. E até quando será tolerado todo tipo de agressão aos católicos?