Os detentos de Rebibbia não são modelos de virtude

Certo leitor do Deus lo Vult! dispara aqui no blog:

Bergoglio mostra para quem queira ver a sua estratégia.

Levou para a Santa Sé um travesti e lavou o pé do mesmo durante a cerimônia do Lava-Pés. Sabendo-se da repercussão negativa que isso teria para a sua imagem dentro da Madre Igreja, agora ele tenta consertar criticando de forma superficial, típica dos modernistas, a tal “teoria do gênero”.

Primeiramente, o Papa não levou ninguém “para a Santa Sé”. O que ele fez foi visitar (como aliás parece ser já tradição…), na Quinta-Feira Santa, um presídio nos arredores do Vaticano e, lá, celebrar a Missa da Ceia do Senhor.

Segundamente, e mais importante, há uma diferença enorme, gigantesca!, entre o militante LGBT que ostenta orgulhoso a sua transexualidade e o presidiário transexual. Ora, o que se esperaria encontrar num presídio? A nata da intelectualidade contemporânea? As vestais do mundanismo moderno? De maneira alguma. Em um presídio, encontram-se criminosos condenados!

Quais os crimes cometidos pelos detentos cujos pés foram lavados pelo Vigário de Cristo? Infeliz ou felizmente, nós não temos acesso à ficha criminal de cada um deles. Parece razoável imaginar que houvesse, lá, assaltantes e agressores, prostitutas e traficantes de drogas, talvez estupradores e assassinos. E se é legítimo lavar os pés a ladrões e traficantes, por que não haveria de ser, também, lavá-los a um transexual? Alguém acaso imagina que ir ao encontro de criminosos no cárcere é, de alguma maneira, condescender com o crime, apoiá-lo, legitimá-lo, diminuir-lhe a importância ou coisa do tipo? Se lavar os pés de criminosos condenados evidentemente não é apologia ao crime, por que lavar os pés de um transexual seria uma defesa do transexualismo?

É exatamente o que pergunta o blogueiro do Cigueña de la Torre. E a sua colocação é bastante pertinente: uma coisa é questionar a conveniência de o Papa celebrar a missa do Lava-Pés em um presídio, ou a evidente distorção do sentido das rubricas da Missa in Coena Domini (que mandam lavar os pés a viri selecti) em curso. Outra coisa bem diferente é se aferrar à especificidade do pecado de um dos criminosos ao qual o Santo Padre lavou os pés na última Quinta-Feira Santa e, munido disso, alardear um escândalo que de modo algum se depreende dos fatos passados em Roma!

Não é razoável esperar encontrar a fina flor do catolicismo em um presídio italiano, e nem faz o menor sentido pretender que os detentos de Rebibbia sejam modelos de virtude apresentados, pelo Vigário de Cristo, à imitação dos fiéis católicos. Tal interpretação dos fatos é evidentemente disparatada – e isso vale tanto para o transexual quanto para o assaltante ou estuprador. O crime não passa a ser moralmente lícito porque o Papa lavou os pés a criminosos. O mesmo para o transexualismo.