Os maus professores não podem ser agredidos

Aconteceu recentemente uma história chocante em Santa Catarina: a sra. Marcia Friggi, professora, foi agredida por um aluno de 15 anos. Um soco bastante violento, como o testemunha a foto que viralizou nas redes sociais: nela a professora aparece com o olho roxo e o rosto ensanguentado. Uma completa barbaridade.

Mas o pior: houve quem dissesse que era “bem feito” para a professora, uma vez que ela elogiara, recentemente, a garota que jogou um ovo no deputado Bolsonaro. A sra. Marcia, assim, teria sido vítima daquilo que defendia publicamente — por conta disso, de certa maneira, “merecendo” ser agredida.

A confusão — infelizmente bastante comum — é gigantesca. Para rebater esta loucura em uma palavra, é preciso sustentar que não é permitido agir de maneira injusta nem mesmo contra o mais injusto dos homens. Ponto, isso não admite relativização e nem depende de absolutamente nada. A sra. Marcia pode ser a pior professora do estado de Santa Catarina, pode ser uma hipóstase da docência irresponsável: isso não autoriza um latagão de quinze anos a esbofetear uma senhora. Não autoriza um aluno a agredir um professor. Absolutamente.

Não é possível ter a menor dúvida com relação a isso: salvante talvez situações excepcionalíssimas de legítima defesa que absolutamente nada têm a ver com o caso em pauta, é errado em si mesmo um homem bater em uma mulher. É errado em si mesmo um aluno bater em um professor. É errado em si mesmo um jovem bater em uma pessoa idosa. A história toda é tão errada, e errada em tantas maneiras diferentes, que provoca horror e constrangimento ver as pessoas debochando e dizendo que a sra. Marcia não está senão colhendo aquilo que plantou. É a barbárie já instaurada, já exuberante, no meio mesmo daqueles que pretendem lutar contra ela!

A situação pela qual passou a professora é consequência das idéias estúpidas que ela própria defende: é verdade. Isso, no entanto, não faz com que a história toda seja menos lamentável, nem tampouco nos exime de repudiar a violência como ela deve ser repudiada. Afinal de contas, o mal não se torna bem quando é dirigido contra os nossos inimigos e desafetos: o mal é censurável de onde quer que ele venha e contra quem quer que ele seja exercido. Isso é um princípio absolutamente inegociável; se formos abrir mão de nossos princípios conforme as nossas conveniências, então muito em breve nos tornaremos iguais àqueles que combatemos.

Não há dúvidas de que é necessário lutar contra a influência nefasta dos professores na formação da juventude. Mas o combate deve ser feito com as armas que são lícitas: o mal se combate com o bem e não de nenhuma outra maneira. A injustiça não se pode combater senão com a justiça. Sim, a julgar pelo que se sabe da sra. Marcia Friggi fica bastante claro que ela é fautriz da barbaria que vemos a nosso redor; mas a isso não se responde com socos e agressões. Em uma sociedade minimamente decente é claro que um professor com as idéias dela jamais poderia lecionar em uma escola pública. Do mesmo modo, é evidente que nenhum pai pode deixar o seu filho em uma escola particular que tenha um quadro de professores degenerado — e a presença de tipos como a sra. Marcia é sem dúvidas capaz de tisnar qualquer corpo docente. Tudo isso é muito óbvio e está fora de qualquer discussão. No entanto, se é justo não admitir que o próprio filho tome, com a sra. Marcia, lições de esquerdismo travestidas de educação formal, não se pode condescender com uma agressão física no ambiente escolar. Se é digno proporcionar debates — mesmo acalorados — nos lugares onde a sra. Marcia finge ser professora, não é admissível que se faça vista grossa a um aluno espancando um professor. Isso não é normal e não pode ser enquadrado na lógica do “bem feito!”.

Existem certas coisas que simplesmente não podem ser feitas, independente do quanto as “mereçam” aqueles que as sofrem. Não podem ser sequer aplaudidas, independentemente até de que os que as padecem lhes tenham dado causa. Não importa, um aluno não pode agredir a um professor, ou um filho a um pai, ou um católico a um bispo — pouco importando aqui se se trata de um mau bispo, um mau pai ou um mau professor. Dizê-lo não é, absolutamente, sinônimo de defender a maldade dos maus: ao contrário, quem defende a maldade é justamente aquele que admite que ela seja empregada contra os que praticam o mal.

Há muito o que se censurar na sra. Marcia, mas isso não exime ninguém de censurar também a violência sofrida por ela. A injustiça praticada contra os injustos é injustiça do mesmo jeito, e merece contenda e combate, repúdio, rechaço e rejeição. Nem mesmo os maus professores podem ser fisicamente agredidos pelos alunos: e se não percebemos isso com a clareza de uma evidência, então talvez estejamos precisando depôr um pouco as armas e pensar com serenidade pelo que é que nós estamos lutando.

Os fins não justificam os meios e, nesta seara, aceitar combater sob as mesmas regras do inimigo é já ser derrotado por ele.

E a redução da maioridade penal?

Um leitor do Deus lo Vult! apresenta os seguintes (pertinentes) questionamentos:

1ª) Ser contra reduzir a maioridade penal é uma posição oficial da Igreja? Se sim, baseada em quê?

2ª) Você é a favor de reduzir a maioridade penal?

3ª) Por quê é tão polêmico esse tema pra a Igreja? Tendo em vista que a violência precisa ser combatida, são seria mais do que justo punir baixando a maioridade penal, de forma contundente, quem comete crimes?

Primeiramente, é preciso deixar claro a Igreja não tem “posições oficiais” sobre temas tão essencialmente contingentes como o modo adequado de punir as pessoas de acordo com a idade que elas tenham. A Igreja trabalha com princípios, deixando (ampla) margem à sua variada concretização de acordo com os tempos e lugares, os costumes e os modos de vida de cada sociedade.

Aquilo que mais aproximadamente se pode procurar a este respeito na Igreja são as disposições do Código de Direito Canônico. Dois cânones particularmente interessam aqui; encontram-se no Livro VI – “das sanções na Igreja” – do Código e, dentro dele, no Título III – “da pessoa sujeita às sanções penais”. São os seguintes:

Cân. 1323 — Não está sujeito a nenhuma pena aquele que, ao violar a lei ou o preceito:

1.° não tinha ainda completado dezasseis anos de idade;

* * *

Cân. 1324 — § 1. O autor da violação não se exime à pena, mas esta, imposta por lei ou preceito, deve atenuar-se ou em seu lugar aplicar-se uma penitência, se o delito for praticado:

[…]

4.° por um menor que tenha completado dezasseis anos de idade;

Daqui se vê que, no que se refere à punibilidade do fiel católico em razão de sua faixa etária, vigoram três regimes na Igreja:

  1. os menores de 16 anos não estão sujeitos a nenhuma pena;
  2. os que já completaram 16 anos e ainda não completaram 18 anos estão sujeitos a penas atenuadas ou substituídas por penitências;
  3. os que já completaram 18 anos são punidos normalmente.

Isto – atenção! – não diz respeito à legislação civil dos diversos países do globo: isto é o que a Igreja dispõe para a aplicação das penas canônicas. Os dois ramos do Direito – o canônico e o civil – são relativamente independentes e, portanto, é perfeitamente possível que uma pessoa seja civilmente inimputável e canonicamente punível, ou vice-versa, sem que haja nenhum problema intrínseco com isto.

No que se refere ao direito secular, às penas estabelecidas pelo Estado, o que vale é o que está no Catecismo (III parte, Segunda Seção, Cap. II):

2266. O esforço do Estado em reprimir a difusão de comportamentos que lesam os direitos humanos e as regras fundamentais da convivência civil, corresponde a uma exigência de preservar o bem comum. É direito e dever da autoridade pública legítima infligir penas proporcionadas à gravidade do delito. A pena tem como primeiro objectivo reparar a desordem introduzida pela culpa. Quando esta pena é voluntariamente aceite pelo culpado, adquire valor de expiação. A pena tem ainda como objectivo, para além da defesa da ordem pública e da protecção da segurança das pessoas, uma finalidade medicinal, posto que deve, na medida do possível, contribuir para a emenda do culpado.

Desta passagem é possível extrair as seguintes importantíssimas conclusões:

  1. não existe nenhuma referência à idade da maioridade penal;
  2. é dever do Estado reprimir os comportamentos socialmente deletérios;
  3. o primeiro objetivo da pena é “reparar a desordem introduzida pela culpa” (função retributiva);
  4. a emenda do culpado (ressocialização) deve ocorrer “na medida do possível”.

Ou seja: é dever do Estado punir os crimes. A maneira concreta como esta punição se dará é deixada à prudência política dos governantes; nada obsta a que, por exemplo, existam estabelecimentos prisionais diferentes de acordo com a faixa etária do criminoso, ou – no meu entender mais importante ainda – de acordo com a lesividade do delito. Uma sociedade, caso queira, pode estabelecer vinte faixas etárias diferentes com diferentes modos de punição para cada uma delas: havendo certa razoável proporcionalidade entre eles, não existe a isso nenhum óbice de natureza moral. O que a sociedade não pode é deixar os delitos impunes: até aqui a doutrina da Igreja.

A respeito da maioridade penal, as duas posições antagônicas – pelos menos as duas posições sérias antagônicas – podem ser resumidas, parece-me, nas seguintes: por um lado, há quem ache que punir mal é menos ruim do que não punir e, pelo outro lado, há quem julgue que não punir é menos ruim do que punir mal.

Acho que ninguém discorda disto: o nosso sistema carcerário pune muito mal. Já o disse alhures, aliás: estou convencido de que, no futuro, os nossos descendentes olharão para nós com horror e, implacáveis, censurar-nos-ão a indiferença com a qual parecemos levar as nossas vidas enquanto, nas nossas prisões, seres humanos – nossos semelhantes – vivem pior do que animais.

Reconhecê-lo não é esquerdismo. O insuspeito Nelson Rodrigues, em uma de suas crônicas d’A Cabra Vadia (“A fotografia do ódio”, pp. 62-65), traz-nos os seguintes interessantíssimos parágrafos:

Imaginem um chefe de família, de origem italiana. Mas a origem pouco importa. Era uma criatura doce, cálida, generosa. Um dia foi preso porque não tinha, na hora, a sua identidade. Sua mulher, seus oito filhos, estão em casa, esperando para o jantar. Mas ele não vem porque foi atirado no fundo de um xadrez. Passou lá, entre marginais, 24 horas, e gritando. Digo eu que o verdadeiro grito parece falso. E o motorista gritava como se estivesse imitando, apenas imitando a dor da carne ferida.

Eis o que aconteceu: — fora estuprado por seis ou sete marginais. Saiu do xadrez, foi para casa. Empurrou a mulher, entrou no quarto e trancou-se. Lá, meteu uma bala na cabeça. Morreu de ódio, morreu odiando, como a fotografia de Manchete. E, como a leitora, não sabia a quem odiar. Os marginais eram, decerto, os menos culpados. Episódios assim são uma rotina que jamais variou. Isso pode acontecer com o filho, o pai, o irmão de qualquer um; pode acontecer com qualquer um. A vítima pode uivar três dias e três noites. Ninguém se mexe na delegacia.

Ora, isso foi escrito em 1968…! O que diria o cronista se visse, em todo o esplendor do terceiro milênio, o Carandiru, Pedrinhas ou o nosso Aníbal Bruno?

A grande questão de fundo, sobre a qual ninguém fala, é a seguinte: o sistema carcerário é ruim para o “adolescente” de 17 anos como o é para o “jovem” de 19. Quem é contra a redução da maioridade não quer que apenas o “de menor” seja poupado dos horrores dos presídios: quer, igualmente, que o seja o “de maior”. Apenas não existe viabilidade para a bandeira e, portanto, por uma mera questão de contenção de danos, ele aceita a incoerência acidental da própria posição.

Tal é legítimo? Lógico que é. O problema é que se está diante de duas posições injustificáveis. O Estado não pode deixar de punir. Mas tampouco pode pôr em grave risco a integridade física e mental de seus cidadãos. Alguém pode justificar a sua posição favorável à redução da maioridade afirmando que se devem tolerar os males do sistema carcerário em vistas a evitar a impunidade generalizada, que é um mal maior. Por outro lado, alguém pode defender a não redução da maioridade alegando que se deve tolerar a relativa impunidade a fim de mitigar os danos injustos do sistema penitenciário patrício, que – este sim! – é o mal maior aqui. Como determinar, de uma vez por todas e absolutamente, a qual dos dois litigantes assiste razão?

O que precisa ficar claro é que a questão não tem absolutamente nada a ver com a idade a partir da qual os brasileiros conseguem entender o caráter ilícito de seus atos e se determinar de acordo com este entendimento. É lógico que – salvo exceções extraordinárias e que devem ser provadas a posteriori, jamais presumidas – pessoas de quinze, dezesseis ou dezessete anos sabem perfeitamente o que estão fazendo. A questão é o que fazer com quem comete crimes, dentro das circunstâncias históricas concretas em que estamos inseridos. E, aqui – excetuando-se, é claro, posições tresloucadas como “não se pode punir, apenas reeducar” ou congêneres -, há espaço para bastante diversidade legítima de opinião.

[OFF] Nota de Falecimento

Não vi, de manhã, as manchetes dos jornais locais noticiando um «Médico (…) morto a tiros na BR-101». Só quase à hora do almoço recebi a ligação da minha pneumologista, ainda chocada, com a notícia de que Artur morrera.

– Que Artur, o meu cirurgião torácico?!
– Foi, ele saiu do Português ontem à noite e depois ninguém sabe o que aconteceu.

Só depois eu entrei na internet e fiquei sabendo dos detalhes. Vários tiros de pistola; carteira roubada; carro encontrado queimado em outro lugar, distante do corpo. Uma verdadeira tragédia. Não se sabe ainda ao certo o que aconteceu.

artur-azevedo

Foi Sandra quem me apresentou Artur quando, ainda em dezembro, eu cheguei no hospital completamente dispnéico. Ele ia drenar o meu líquido acumulado na pleura. Só o vi pessoalmente já no bloco cirúrgico: jovem e sorridente, explicou-me o que ia fazer e esteve conversando comigo durante todo o procedimento (a toracocentese a gente faz apenas com anestesia local). Pessoa agradabilíssima.

Em janeiro eu tive que me submeter a uma segunda drenagem. De novo Artur esteve comigo, e é a última lembrança que eu tenho dele. Dessa vez, dos dois lados das costas, a mini-cirurgia foi feita no próprio apartamento onde eu estava internado. Conversávamos sobre as nossas profissões; ao saber que eu trabalhava com informática, ele me saiu com não lembro qual chiste de computação. Acho que foi «a informática surgiu para resolver os problemas que antes dela não existiam», ou coisa parecida. Eu disse que ia contar também algumas anedotas sobre médicos, mas só depois que ele fechasse as minhas costas. Rimos. Não esperei tanto e soltei, de memória, aquela quadra de Bocage (acho que é de Bocage):

Aqui jaz um homem rico,
nessa rica sepultura.
Escapava da moléstia,
se não morresse da cura.

Ele riu a plenos pulmões. Ainda conversamos um pouco até eu começar a ficar tonto e ele decidir encerrar o procedimento, após três litros drenados. Deitei e fui descansar; depois disso não me lembro se voltei a me encontrar com ele, casualmente pelos corredores, ou n’alguma visita de rotina. Mas essa foi a última vez – disso tenho certeza – em que conversamos mais demoradamente.

Todos os dias, no espelho, ainda vejo dos dois lados das costas as pequenas marcas dos furos das duas drenagens às quais me submeti; e, respirando incomparavelmente melhor, ainda me lembro dos momentos angustiantes dos pulmões obliterados. Artur muito me ajudou para que eu chegasse até aqui, e é estranho; agora não me lembro se eu o agradeci devidamente, e me bate uma profunda tristeza por ele não ter podido acompanhar o desfecho do meu caso ao qual se dedicou desde o começo. Tenho ainda no meu corpo as marcas do seu trabalho médico, e ele não está mais aqui para se orgulhar dos frutos que me proporcionou. As minúsculas cicatrizes duraram mais do que o homem que as produziu. É assustador; somos mesmo pó e nada.

Artur tinha quase a minha idade: 35 anos. Deixa uma esposa e um filho pequeno. Aos que por aqui passarem, peço que rezem uma Ave-Maria por ele e pela sua família; que o Bom Deus leve em conta a dívida de gratidão que eu tenho para com ele, e que o possa recompensar por toda a atenção que dedicou a mim e à minha família nos piores momentos do meu câncer. Não sei por quê, vêm-me à mente agora duas estrofes de Augusto dos Anjos, escritas pelo poeta paraibano – conterrâneo do Dr. Artur – a um seu amigo falecido. A última delas é assim:

A água quieta do Tejo te abençoa.
Tu representas toda essa Lisboa
De glórias quase sobrenaturais,
Apenas com uma diferença triste,
Com a diferença que Lisboa existe
E tu, amigo, não existes mais!

E aqui existem coisas ainda muito mais perecíveis do que Lisboa – este próprio convalescente que escreve estas linhas, as ainda mais efêmeras cicatrizes que Artur legou às minhas costas -, e o jovem cirurgião não existe mais…! É muito triste. Só não posso concordar em absoluto com o niilismo do controverso poeta. Entendo-lhe a dor, sem dúvidas, mas vejo-a em perspectiva: Artur pode não estar mais entre nós, mas ainda existe, distante daqui; e rezo para que o Bom Deus lhe seja propício e o faça receber, lá, o meu preito de gratidão e minhas preces de sufrágio. Hoje é Treze de Maio, dia de Nossa Senhora de Fátima; que a Senhora do Céu possa valer-lhe e abrir-lhe as portas à Jerusalém Celeste.

Requiem aeternam dona ei, Domine,
– et lux perpetua luceat ei.

Requiescat in Pace,
– amen.

Esta é uma luta pela dignidade das mulheres

Todos devem ter acompanhado a interessantíssima repercussão que teve, na semana passada, o artigo do Carlos Ramalhete em defesa da dignidade feminina contra os descalabros das auto-intituladas vadias itinerantes. O segundo capítulo da novela foi a publicação, no mesmo jornal, de um artigo da lavra da “coordenadora da Marcha das Vadias em Curitiba”, cujos dois principais problemas ao meu ver são:

  1. ter cuidadosamente evitado enfrentar o mérito da crítica à forma depravada (no nome e nas atitudes) que estas senhoras escolheram para protestar contra uma situação não obstante digna de revolta e de protesto (coisa, registre-se, que ninguém nega);
  2. ter deliberadamente ocultado a grande bandeira que os movimentos feministas em geral e a “Marcha das Vadias” em particular desfraldam despudoradamente quando não precisam posar de vítima perante a opinião pública: o aborto (atenção, foto indecorosa).

O Ramalhete voltou ao tema na sua coluna de hoje, em um belo texto – não o deixem de ler e compartilhar – chamado “Dignidade e Degradação”, onde explica as coisas de maneira tão pedagogicamente mastigada que não é possível às feministas rasgarem as vestes de novo, acusando-o (como na semana passada) daquilo que ele, absolutamente, não fez. Exercitando a sua espetacular capacidade de apresentar analogias elucidativas, o articulista da Gazeta do Povo dispara:

Combate-se a violência primeiramente perseguindo e punindo o agressor, mas o mais fraco também deve ser ajudado a reconhecer sua dignidade e a projetá-la. Sair às ruas negando em ato a dignidade feminina pode parecer uma boa ideia para quem vive num padrão de classe média, para quem tem a certeza dada pela experiência de que sua dignidade não está em jogo. Para a moça viciada e pobre, que se prostitui por droga, um bando de madames se afirmando “vadias” é uma piada de mau gosto, como seria para um escravo um bando de doutores brancos com a cara pintada de rolha queimada fazendo piruetas com enxadas.

E, a despeito de toda a cortina de fumaça levantada pelas revolucionárias, o cerne da questão sempre foi esse: a dignidade feminina. Dignidade que é aviltada pelo marido bêbado que espanca a esposa, pelo estuprador que covardemente ataca uma mulher, pelos “homens que se esfregam nojentos / no caminho de ida e volta da escola” e também pelas senhoras atentando contra o pudor ao saírem por aí com as tetas de fora. Contra esta loucura coletiva, são extremamente lúcidas as palavras com as quais o Ramalhete termina a sua coluna:

Evitar um estupro com uma unha comprida e bem tratada no olho do marginal faz mais pela dignidade feminina que 1 milhão de mulheres seminuas em público numa marcha.

E é isto o que realmente interessa. O resto – de misoginia, de machismo, de coisificar as mulheres, de ser leniente com a violência por elas sofrida, etc. etc. – é somente o lenga-lenga destas inimigas das mulheres que querem, a todo custo, levantar bonecos-de-palha contra os quais possam despejar a virulência da sua retórica vazia para que as demais pessoas não vejam a incoerência sibilina no discurso que elas próprias querem impôr à sociedade. Esta semana ainda vale o pedido para que cartas de apoio sejam enviadas ao jornal:

– leitor@gazetadopovo.com.br ou
– http://www.gazetadopovo.com.br/faleconosco/

A fim de que a opinião pública tenha uma correta dimensão da representatividade das “Vadias” no conjunto da população feminina brasileira. Os sofismas não podem vencer o bom senso e a ideologia disparatada não pode pretender ser reconhecida acima da realidade. Esta é uma luta pela dignidade das mulheres. Que cada um tome nela a sua – importante – parte.

O que esperam as senhoritas com as tetas à mostra?

Com relação à (assim chamada) “Marcha das Vadias” que ocorreu durante o último fim de semana em diversos estados do país, eu remeto integralmente à lúcida análise do Everth, à qual tenho bem pouco o que acrescentar. Apenas gostaria de chamar a atenção para as pessoas que, talvez, simpatizem com a [alegada] causa dessas mulheres.

Uma coisa precisa ficar clara antes de tudo: isto, absolutamente, não se trata de uma manifestação contra o estupro, como por vezes querem vender. E isto é óbvio, porque não existe ninguém que seja “a favor do estupro” a ponto de ser necessário uma manifestação pública pouco convencional como esta. Há, no entanto, muitas pessoas que são contra a “Marcha das Vadias”, por razões as mais diversas e que não têm nada a ver com a aprovação, de nenhuma maneira, da violência contra a mulher – muitíssimo pelo contrário. Este texto fala um pouco sobre isso.

Durante a semana passada, no Facebook, eu lia a “história” da manifestação: a idéia da marcha surgiu quando um policial, investigando uma onda de estupros que estava acontecendo em determinada localidade, disse que as mulheres poderiam evitar ser estupradas se parassem de se vestir como vadias.

Eu não estava presente e não sei em que tom esta declaração foi feita. Até posso entender que isto tenha ofendido terrivelmente as mulheres lá presentes (principalmente as vítimas). Há, no entanto, dois grandes problemas com a reação surgida daí (e que culminou nos deploráveis eventos de ontem).

O primeiro e evidente problema é que o conteúdo do conselho do policial é sensato e prudente, como qualquer pessoa de bom senso pode facilmente perceber. Lembro-me de que, há alguns anos, eu estava em Salvador (turista inexperiente…) e cheguei à noite no centro histórico, ali perto do Pelourinho. Um dos flanelinhas que estava por ali falou rapidamente para um amigo, apontando para um cordão que ele carregava no pescoço: “a prata, tira a prata”. Não era um assalto, era um aviso a um turista incauto de que aquela área era propícia a assaltos e, portanto, ele deveria tomar alguns cuidados elementares como não andar com objetos de valor à mostra.

Não passou por nossas cabeças – por um instante sequer! – que o flanelinha estivesse defendendo os assaltantes do centro de Salvador, ou dizendo que a culpa de sermos assaltados seria nossa caso estivéssemos com um pingente no pescoço, ou nos chamando de mauricinhos esbanjadores ostensivos e nem nenhuma outra besteira do tipo. Ao contrário, ficou-nos claro que estávamos em um lugar onde havia pessoas de má índole e o sujeito, conhecedor dos arredores, estava tentando nos proteger dos assaltantes que se sabia haver por ali. Se o conselho de guardar um pingente (ou tirar o relógio, ou manter o celular no bolso, ou o que seja) em um lugar onde está havendo uma onda de assaltos é um conselho legítimo e sensato, por qual motivo o de vestir-se com mais decoro em um ambiente onde está havendo uma onda de estupros deveria ser encarado como uma defesa do estuprador ou uma agressão injustificável à vítima da violência?

Este é o primeiro problema. O segundo é a tentativa (estúpida) de forçar a realidade para caber nas exigências descabidas da ideologia feminista. Uma das fotos que eu vi no Facebook mostrava um homem sem camisa e uma inscrição dizendo algo como “ele está com calor ou será que ele quer ser estuprado?”, em uma tentativa pueril de se igualar homens e mulheres – como se uma menina com os seios à mostra provocasse ou devesse provocar, nos homens, a exata mesma reação que um homem sem camisa provoca nas mulheres.

Digam o que disserem os manifestantes de reivindicações estapafúrdias, o fato indiscutível é que há mais homens estuprando mulheres do que o contrário. Digam o que disserem os companheiros revolucionários, o fato insofismável é que os homens geralmente se excitam à vista de um par de seios mais do que as mulheres se excitam à vista de um peito masculino à mostra. A evidência desta realidade é tão universalmente avassaladora – refletindo-se não somente na teologia moral católica, mas na própria moda quotidiana, no desenho dos trajes de banho, na censura dos meios de comunicação (audio)visuais e no bom senso mais elementar – que assusta ver as pessoas negarem-na. Afinal de contas, o que esperam as senhoritas com as tetas à mostra? Que os homens deixem de sentir excitação sexual por seios?

A idéia é tão idiota e descabida que chega a ser irresponsável, podendo inclusive levar as meninas a acreditarem que elas não correm mais riscos de serem tratadas como objetos (e isto não se resume a serem vítimas de criminosos sexuais!) quando exibem aberta e despudoradamente os seus dotes em público. É muito fácil concordar que, em um mundo perfeito, ninguém deveria ser tratado de maneira desrespeitosa. Isto é evidente. Contudo, é também evidente que nós não vivemos em um mundo perfeito e, infelizmente, as mulheres que fazem questão de se apresentar como um objeto de desejo sexual serão, necessariamente, tratadas como objeto de desejo sexual. Talvez não o sejam por todo mundo e talvez não o sejam o tempo inteiro, mas é de uma ingenuidade atroz achar que todos os homens do mundo vão se de repente se transformar em gentlemen e tratar sempre como uma lady… quem tem orgulho de se apresentar como vadia.

A marcha deste final de semana, eu dizia, não é uma marcha contra o estupro ou a violência contra a mulher. Não é uma marcha em defesa da liberdade nem nada do tipo. Trata-se, tão somente, de mais uma velha e caquética manifestação feminista revolucionária, que se volta contra tudo – contra o pudor, contra a modéstia, contra a Igreja – que não cabe na estreita e pobre visão de mundo que os revolucionários querem impôr à sociedade. As mulheres não precisam desta depravação. Os homens de respeito não precisam deste espetáculo impudico para tratarem as mulheres como elas merecem. E é bastante evidente que quem é mau-caráter não vai se transformar em um cavalheiro ao ser confrontado com uma horda de mulheres seminuas alardeando orgulho… de serem vadias.

Sobre as greves: a Igreja mudou o Seu ensinamento?

A Universidade Federal de Pernambuco acaba de entrar em greve. Sem entrar no mérito desta decisão específica, gostaria de aproveitar o ensejo para falar sobre a “greve” no seu sentido mais amplo, uma vez que o exemplo é amiúde evocado como uma “prova” de que a Igreja “mudou” o Seu ensinamento a este respeito.

Sobre as greves diz Leão XIII na Rerum Novarum:

22. O trabalho muito prolongado e pesado e uma retribuição mesquinha dão, não poucas vezes, aos operários ocasião de greves. E preciso que o Estado ponha cobro a esta desordem grave e frequente, porque estas greves causam dano não só aos patrões e aos mesmos operários, mas também ao comércio e aos interesses comuns; e em razão das violências e tumultos, a que de ordinário dão ocasião, põem muitas vezes em risco a tranquilidade pública. O remédio, portanto, nesta parte, mais eficaz e salutar é prevenir o mal com a autoridade das leis, e impedir a explosão, removendo a tempo as causas de que se prevê que hão–de nascer os conflitos entre os operários e os patrões.

A leitura superficial pode se revelar enganosa e, a um leitor menos atento, pode parecer que a Igreja é “contrária às greves” assim, sem mais ressalvas. Ou ainda, caso as pessoas tenham o cuidado de abrir o Catecismo da Igreja Católica, podem se deparar com a seguinte passagem e julgar que, afinal, a Igreja dizia ontem uma coisa e hoje diz o contrário:

§2435 A greve é moralmente legítima quando se apresenta como um recurso inevitável, e mesmo necessário, em vista de um benefício proporcionado. Torna-se moralmente inaceitável quando é acompanhada de violências ou ainda quando se lhe atribuem objetivos não diretamente ligados às condições de trabalho ou contrários ao bem comum.

E então? A greve é “moralmente legítima” ou é uma “desordem grave”? Vale o que foi dito no século XIX ou vale o que é dito hoje? Na verdade (e aliás como sempre), valem as duas coisas. De que maneira? Muito simples: mudou-se o que se entende por “greve”.

A Igreja sob Leão XIII nunca condenou a greve entendida como o direito de se recusar a trabalhar em condições degradantes. O que a Igreja condenou foi o evento sociológico “greve” da época, que tinha pouco ou nada a ver com as greves atuais: naquela época, era “greve” quando os trabalhadores ocupavam as fábricas, quebravam as máquinas e, se calhasse, matavam o patrão ou os que lhe eram próximos. A greve era um atentado concreto (pelo menos) ao direito à propriedade e (não raro) ao direito à vida. Óbvio, portanto, que tal coisa fosse condenada. Aliás ainda o é.

Igualmente, hoje não é “qualquer greve” que é legítima: ao contrário, são legítimas as greves que «se apresenta[m] como um recurso inevitável, e mesmo necessário, em vista de um benefício proporcionado», como está no Catecismo. E só é legítima a greve que (ao contrário daquelas historicamente condenadas pela Igreja) não seja “acompanhada de violências”. Mudaram, portanto, as contingências históricas: permanece imutável o ensino moral da Igreja, que (por definição) não se pode mudar.

Confundir realidades distintas por conta do emprego comum de um mesmo termo para designar ambas é sempre um risco. Mas outro risco é o de achar que, com a mudança das realidades contingentes, mudam-se (ou abrandam-se) as condenações da Igreja. Julgar desta maneira é não entender o que aconteceu neste caso da greve (e em outros casos análogos, como o dos juros): as condenações da Igreja não “se abrandaram”, elas permanecem integralmente válidas. O que deixou de existir foi o objeto da condenação: antes havia uma coisa caracterizada por proletários destruindo fábricas e, hoje, existe uma outra coisa que se caracteriza por empregados se recusando a trabalhar. Ambas foram contingentemente chamadas de “greve”, mas é bastante evidente que se tratam de realidades bem distintas. Se alguém resolver quebrar máquinas hoje como se fazia no século XIX, não pode aduzir em sua defesa um alegado “direito de greve” reconhecido tanto pela Igreja quanto pelo direito brasileiro. Igualmente, se algum proletário da época da Revolução Industrial resolvesse então dizer que não ia mais trabalhar enquanto não fosse melhor remunerado, tal situação não seria de modo algum condenável pelas autoridades eclesiásticas da época.

É desse modo, portanto, que deve ser entendida a autoridade moral da Igreja Católica: separando-se as questões de princípio das questões de fato, recaindo a infalibilidade magisterial (e a sua conseqüente irreformabilidade, etc.) sobre as primeiras. Quanto às questões de fato, é preciso ter em mente que as contingências históricas podem mudar e, portanto, pode ser que as condenações de outrora deixem de valer por mera vacuidade contingente do objeto condenável (sem que contudo o objeto deixe de ser condenável). Mas mesmo quanto às questões de fato compete às autoridades da Igreja dar a orientação definitiva. Ninguém pode levianamente afirmar que certas condenações do passado não são mais válidas: na verdade, as condenações do passado são sempre e para sempre válidas. O que pode acontecer, repita-se, é que não exista mais o objeto anteriormente condenado; mas até para a emissão desse juízo de fato é mister estar em delicada consonância com o Magistério da Igreja.

Bento XVI em Assis: “O «não» a Deus produziu crueldade e uma violência sem medida”

[Publico a íntegra do primeiro discurso do Papa Bento XVI no III Encontro de Assis, proferido hoje na Basílica de Santa Maria dos Anjos. Todos os grifos são meus.

Alguns podem estranhar que este discurso não se assemelhe tanto a uma defesa da Fé Católica diante dos que recusam a Religião Verdadeira. Isto é verdade. Mas nem todos os discursos papais precisam ser tratados de apologética, e nem os não-católicos só podem ser abordados sob a alcunha explícita de inimigos de Cristo. O dia é “pela Paz e a Justiça no Mundo”, e não diretamente “ut inimicos Sanctae Ecclesiae humiliare”. Há um tempo para cada coisa debaixo dos Céus.

O que não significa que não seja possível extrair coisas boas de uma abordagem distinta. Entre outras coisas, o Papa consegue, neste discurso, i) criticar o terrorismo islâmico; ii) demonstrar que são improfícuos os esforços naturalistas por paz; iii) defender abertamente a santidade da Igreja a despeito dos erros dos católicos; iv) criticar o Iluminismo; v) chamar os cristãos à conversão e ao aperfeiçoamento moral; vi) acusar o ateísmo assassino; e vii) separar os agnósticos (imensa maioria dos incrédulos) dos ateus fanáticos radicais (Dawkins et caterva), privando estes últimos do “número” que alegam ter.  É bastante coisa. Que as pessoas o possam perceber. E que este dia possa dar bons frutos.

Fonte: Discurso do Papa Bento XVI, Assis, 27 de outubro de 2011.]

DISCURSO DO PAPA BENTO XVI

Assis, Basílica de Santa Maria dos Anjos
Quinta-feira
, 27 de Outubro de 2011

Queridos irmãos e irmãs,
distintos Chefes e representantes das Igrejas
e Comunidades eclesiais e das religiões do mundo,
queridos amigos,

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Sobre agredidos e agressores

A notícia chegou controvertida. O Globo falou em três homens, o Fratres in Unum disse que 1800 protestaram mas só dois chegaram às vias de fato, o Cardoso falou em 1000 fanáticos (!) invadindo a galeria. O fato é que, graças a Deus, alguém finalmente teve o bom senso de destruir a “obra” blasfema do sr. Andres Serrano que consistia em um crucifixo submerso em um pote de urina. Se foram dois, três ou mil, pouco importa.

E quem são os agressores aqui? São os cristãos que resolveram agir com violência após se terem esgotado todos os meios pacíficos (a maldita “obra” já vinha sendo exibida deste 1989; já existe um abaixo-assinado contra ela com mais de oitenta mil assinaturas), ou é o irresponsável que julga poder agredir desta maneira a fé de milhões de pessoas ao redor do mundo? O agressor é quem reagiu à ofensa prolongada contra a sua Fé, ou é o fulano que, do nada, arrogou-se o “direito” de ofender a Fé dos outros?

Quando um pastor queima um Alcorão nos Estados Unidos, acto contínuo dezenas de pessoas são mortas em “protestos” do outro lado do mundo. Quando um cretino expõe uma obra blasfema, são necessárias duas décadas e incontáveis protestos para que o saldo da fúria dos fanáticos fundamentalistas cristãos seja… uma obra avariada. É preciso uma total falta de senso de proporções – ou um tremendo mau-caratismo – para comparar minimamente o fanatismo islâmico com este “fundamentalismo” cristão.

Não conheço as leis francesas. Lá deve haver, no entanto, alguma espécie de legislação para proteger os símbolos nacionais, à semelhança do que acontece no Brasil. Oras, então os símbolos da França não podem ser desrespeitados, mas os símbolos da Fé Cristã o podem? Protegem-se os símbolos que identificam uma nação com alguns milhões de habitantes, mas pode-se ofender à vontade o símbolo da Fé de mais de um bilhão de pessoas? Não se podem agredir os símbolos de repúblicas humanas, mas agressões aos símbolos de Deus são permitidas à la volonté? Bem se vê que isso foge a qualquer razoabilidade!

Tem o direito de exigir civilidade quem se porta com civilidade. Contra quem só sabe agredir é até possível reagir pacificamente, mas isto não pode ser nunca um princípio a exigir-se semper et ubique – como se a culpa recaísse sobre quem reage razoavelmente a uma agressão, e não sobre o agressor. A paz não é simplesmente a ausência da violência, e sim a tranqüilidade da ordem. É um absurdo hipócrita condenar as pessoas pela violência necessária à legítima defesa.

Defesa da Catedral de Lima, no Peru

Católicos reúnem-se diante da catedral de Lima, no Peru, para rezar o terço enquanto uma manifestação gayzista acontecia na Plaza Mayor, diante do templo. “A ideia destes católicos era defender esta Basílica do evento homossexual ‘Beijos contra a homofobia, a resistência’ que reuniu apenas a três casais de gays e um de lésbicas, rodeados por curiosos e diversos meios de imprensa junto ao chafariz central da Plaza Mayor”.

Quatro duplas de gays! E querem empurrar os seus vícios goela abaixo da população peruana. Não lhes basta praticarem a sodomia; querem que todos a vejam e que a aplaudam em público. Mas, desta vez, não funcionou. Os católicos simplesmente rezaram.

A notícia citada diz ainda que, uma semana antes, “no sábado 12 de Fevereiro”, os manifestantes “foram desalojados violentamente pela polícia após beijar-se nas escadarias da Catedral”. Imagino que este vídeo se refira a este evento anterior. Onde se vêem os policiais empurrando os manifestantes, sim, mas também estes gritando, empurrando, tentando furar o bloqueio da polícia.

Mas, na semana seguinte, os católicos reuniram-se para rezar em torno da catedral. E, ao que parece, conseguiram conter a barbárie da semana anterior. Que Deus lhes possa recompensar! E que Santa Rosa de Lima possa sempre proteger o Peru. Livrando-o, e a nós todos, de toda a imoralidade, da inversão de valores gayzista, dos pecados que clamam ao Céu vingança.

“The day after” – repercussões sobre o discurso do Papa

A repercussão do discurso de ontem de Sua Santidade foi realmente impressionante. Quando o Papa fala, todos escutam e todos comentam – os fiéis católicos, para serem dóceis à voz do seu pastor e, os inimigos da Igreja, para deixarem cair as máscaras e revelarem quem são realmente. Mas a voz de Cristo ressoada na voz de Pedro repercute no mundo inteiro. Provoca o regozijo dos bons, ao mesmo tempo em que faz os maus estrebucharem.

O Wagner Moura registrou algumas das muitas coisas que, ao longo do dia de ontem, foram ditas sobre Sua Santidade. E, como ele mesmo diz, é pouco; muito mais poderia ser citado. Em particular, vale a pena mencionar também a matéria do El País, lamentando que Bento XVI tenha entrado nas eleições brasileiras. Mas o conhecido jornal espanhol não é o único caso em que podemos ver a peçonha escorrendo pelo canto da boca. Aqui no nosso Brasil, o Everth já ontem notava que os petistas reagiram com violência ao discurso do Papa. E, sobre isso, o trabalho feito no Twitter foi tão bem feito, mas tão bem feito, que não deixa possibilidade de dúvidas sobre quem são as pessoas que estão contra Sua Santidade.

Sob a pitoresca hashtag “pérolas da turba”, foram reunidas algumas das manifestações indignadas e violentas dos opositores do Papa. Naveguem por lá, tem bastante coisa. É agressivo e muitas vezes chulo, mas é importante que seja conhecido – para que saibamos com que tipo de gente estamos lidando. Colho alguns exemplares ao acaso, apenas para fins de exemplificação (e registro, porque parece que, infelizmente, o Twitter só mantém as últimas 24 horas):

  • Até qndo religião vai ser motivo cego pra votarem. Votem por ideais! Igreja na política ñ dá! Bento XVI idade média acabou
  • Bento XVI se intrometendo na nossa Política, não têm mais o quê fazer não? Assume que Gay logo, enrustido!
  • Pq algumas pessoas acham q o papa deveria ter relevância na eleição? Cadê o estado laico?
  • Bento XVI,ex-membro da juventude hitlerista e hoje Papa no TT.Tudo por uma tentativa de ingerência na eleição do Brasil
  • Pq o Bento XVI não investiga os casos de pedofilia dentro da igreja? Vem querer discutir politica no Brasil.. ah vá…
  • Nós mulheres devemos ser escravas de posicionamento religioso dentro do Estado LAICO?! [CENSURADO], Bento XVI

Estas são as pessoas que estão contra o Papa Bento XVI e a favor da candidata petista! E olhe que o Papa não citou nomes de candidatos, não citou partidos políticos, não citou nem mesmo as eleições de domingo próximo. A carapuça, no entanto, foi rapidamente vestida pelos militantes do PT. Eles confessam, assim, a própria política de desrespeito à dignidade humana (da qual o aborto é notável expoente) condenada pelo Papa. A sua agressividade histérica revela quem eles são.

Mas, enquanto os cães ladram, a caravana passa: Bento XVI ganhou hoje manchete (pelo menos) nas versões impressas d’O Globo, da Folha de São Paulo e da Gazeta do Povo (de novo; aliás, sobre a excelente cobertura que o jornal está fazendo do caso – foi quem deu o furo, antecipando na sua manchete de ontem a notícia que, hoje, está nas capas de todos os jornais… -, não deixem de ler este artigo). Pedro fala, e o mundo escuta! O Coturno Noturno fala que os institutos serão salvos pelo Papa… Não deixem de navegar também pelos outros textos do blog do coronel. E intensifiquemos as nossas orações pela salvação do Brasil; alguém tem ainda alguma mínima dúvida de que as nossas preces estão sendo ouvidas?

Ontem foi um grande dia. Um dia sem dúvidas histórico. Demos graças a Deus. E obrigado, Santo Padre!