“A flor da Magnólia…”

Estas ruas são do centro da cidade do Recife – conheço-as. Passo por elas freqüentemente, pois ficam relativamente próximas do local onde trabalho. Este é o Bloco da Saudade; toca frevo de bloco, bem diferente do frevo de rua que estamos acostumados a ver nas apresentações culturais onde os passistas dançam Vassorinhas. Mas também é frevo e, por frevo, eu tenho um particular apreço.

O carnaval não precisava ser a depravação moral que nós, muitas vezes, vemos. Poderia ser uma bela festa: vejam só as fantasias que o pessoal da velha guarda usa para desfilar nas ruas do Recife! Nas mesmas ruas do mesmo carnaval onde vemos, muitas vezes, violência, depravação, drogas, excessos…

A imagem do carnaval não é muito bonita. Concedo que – como escrevi num blog antigo um dia – pode até haver uma certa razão nisso. Mas há o outro lado, o lado que me fascina e encanta: a brincadeira sadia nas ruas da cidade, ao som de músicas que têm décadas, e que a cada ano são cantadas com alegria, dando forte testemunho contra as “músicas descartáveis” que fazem sucesso estrondoso por pouquíssimo tempo nas nossas rádios. O frevo que é tradição, porque os nossos pais e avós cantavam. A festa que é o povo que faz – se o povo não saísse / não havia carnaval, como canta o Hino da Pitombeira. E o povo não precisa destruir o carnaval, sufocando-lhe com tudo o que não presta. Porque há muita coisa que presta.

Não fui às ruas de Recife nem às ladeiras de Olinda este ano, pois estava viajando no carnaval. Mas cantei frevo em Toulouse com meus dois amigos que comigo estavam. Os franceses devem ter pensado que éramos malucos, mas que importa? Frevo é muito bom, e é impossível passar o carnaval sem lembrar dele. Os comentários dos visitantes do Deus lo Vult!, hoje, trouxeram-me boas lembranças. Obrigado! :-)

No mundo animal…

A coisa mais ridícula do mundo! Impressionante! Não conheço Paulo Rangel, mas é forço admitir que ele parece ser uma pessoa com extremo bom senso – coisa rara hoje em dia.

O “Blog ANIMAL – Em Defesa dos Direitos de Todos os Animais” lançou uma campanha na qual conclama os seus leitores a enviarem uma carta de protesto à presidência do Partido Social Democrata (partido português), em repúdio a algumas declarações do sr. Paulo Rangel numa entrevista que foi publicada no sábado passado. O que foi que o “Presidente do Grupo Parlamentar do PSD” fez para provocar o ódio dos defensores dos direitos de todos os animais? Bom, ele teve a ousadia de dizer algumas frases como:

– “Não faz sentido haver um Dia do Cão.”
– “Também não [faz sentido haver um Dia dos Animais]”.
– “Um cão nunca deixa de ser um cão. Trocaria a vida do meu cão pela vida de qualquer pessoa em qualquer lado do mundo, mesmo não a conhecendo. Uma pessoa vale sempre mais do que um animal.”
– “Os animais merecem protecção mas não são titulares de direitos.”
– “Não são eles que têm esse direito [de ser bem tratados e protegidos]. Nós é que temos essa obrigação.”
– “Para mim essa é uma concepção errada [a de que os animais devem ter direitos]. Acho que só as pessoas devem ser titulares de direitos.”
– “Os animais [também sofrem], mas não sofrem como nós.”
– “A caça ou as touradas, enquanto tradições com determinadas características e determinados limites, são toleráveis. Fazem parte da Cultura.”
– “Muitas tradições não acabaram e estas [caça e touradas] são daquelas que para mim não devem acabar.”
– “Faço uma separação ontológica entre as pessoas e os animais.”
– “Num contexto cultural devidamente integrado, certas tradições [como a caça e as touradas] – ainda que possam chocar algumas pessoas – são admissíveis. É a minha posição.”
– “Não sou contra [a exibição de touradas na RTP].”
– “Desde que devidamente contextualizado [a transmissão de touradas pela RTP, televisão do Estado, expondo as crianças à violência contra os animais], não vejo nisso qualquer problema.”
– “A menos que esteja em causa a extinção de espécies, não acho mal [utilização de peles para confecção de vestuário].”
– “A dignidade humana é um valor superior ao da dignidade dos animais. O Homem é ontologicamente diferente dos restantes animais.”

Ora, são afirmações completamente verdadeiras e impressionantemente sensatas. Como podem declarações deste calibre provocar manifestações de repúdio de quem quer que seja? No entanto, a carta de repúdio proposta pelo “Blog ANIMAL” (que nome adequado!) ainda tem a capacidade de questionar, como se estivesse diante de uma blasfêmia intolerável:

Como é possível alguém poder pensar desta maneira nos dias de hoje? Como pode, além do mais, um importante dirigente político e parlamentar ter uma visão tão pré-científica e racionalmente oca dos animais e da importância que têm? E, mais do que isso, como pode alguém que ocupe este cargo cometer o erro grosseiro e monumental de produzir declarações deste calibre e continuar em funções?

Isto deve ser uma piada de português, não é possível. A tal ANIMAL se define como “uma organização não-governamental de defesa dos direitos fundamentais dos animais não-humanos”. De fato, parece que os direitos dos “animais humanos” são completamente alheios à compreensão de mundo desta ONG nonsense. Eu simplesmente não acredito que alguém pode discordar de afirmações auto-evidentes como “[u]ma pessoa vale sempre mais do que um animal” e “[o] Homem é ontologicamente diferente dos restantes animais”. Ninguém está propondo o extermínio dos animais, a extinção das espécies, o sadismo puro e simples, nem nada disso – o sr. Rangel está apenas fazendo a (justíssima e devida) separação entre os animais e o homem. É incompreensível a revolta do Blog ANIMAL. No Brasil do projeto MATAR, no entanto, talvez haja necessidade de convidar Paulo Rangel para que ele faça aqui o discurso do óbvio… e, infelizmente, é até possível que os “animais” tupiniquins proponham algum repúdio parecido com o da ONG lusitana.

A Igreja que sofre

Duas tristes notícias foram publicadas ontem em ZENIT, que nos revelam de maneira clara a perseguição sofrida pelos cristãos em diversos países do mundo, cinicamente ignorada pela mídia nacional.

Ontem, a Universidade de Navarra, do Opus Dei, sofreu mais um ataque pela organização terrorista ETA: um carro-bomba explodiu, deixando 22 feridos. Quis a Providência Divina que ninguém morresse e nem ficasse gravemente ferido, coisa pela qual devemos muito agradecer.

É já a sexta vez que os revolucionários separatistas atacam de maneira covarde a reconhecida instituição de ensino. Tenho um amigo que mora em Navarra, que graças a Deus não estava no campus universitário no momento do atentado. Ele me falou que os terroristas consideram a Universidade o “centro espiritual e econômico que forma os centralistas que impedem a independência vasca”; no entanto, nenhum dos ataques conseguiu nunca provocar vítimas. Em particular, o atentado de ontem foi extremamente violento, destroçando todos os carros que estavam próximos ao carro bomba e provocando um barulho ensurdecedor.

A Conferência Episcopal Espanhola já condenou por diversas vezes o terrorismo, inclusive a ETA de maneira explícita. Há uma completa instrução pastoral de 2002 sobre o assunto, em espanhol.

* * *

A onda de violência na índia fez a sua primeira vítima entre os membros do clero: morreu na quarta-feira (29) o padre Bernard Digal, que havia sido “brutalmente golpeado por extremistas violentos hindus em 25 de agosto”. Rezemos por este sacerdote do Deus Altíssimo assassinado, e peçamos a Ele misericórdia para com todas as vítimas desta perseguição escancarada. De acordo com a mesma notícia de ZENIT,

Segundo algumas organizações cristãs indianas citadas pela Fides, os mortos por causa da violência contra os cristãos são aproximadamente 100, enquanto são milhares os feridos e continuam as matanças, freqüentemente escondidas.

Cerca de 15 mil cristãos estão ainda em campos de refugiados, e cerca de 40 mil fugiram para a selva ou a outros lugares, aterrorizados por grupos de extremistas hindus.

Eis a violência que os inimigos da Igreja praticam às claras, e das quais nós não temos senão uma vaga noção, pelas notícias que chegam às nossas terras tupiniquins. Façamos penitência e, em nossas orações, unamo-nos à dor dos nossos irmãos que sofrem. Que, na perseguição, os cristãos possam ser firmes; que o exemplo deles possa arrastar mais e mais almas para os pés da Cruz de Cristo. E seja em nosso favor a Virgem Santíssima.

Idolatria na Igreja Católica

Nas minhas andanças pela internet descobri um curioso texto, escrito supostamente por um católico e divulgado por protestantes, chamado Tratado da Verdadeira Devoção – escrito por um católico. Não, não é o Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem de São Luís de Montfort (este era o que eu estava procurando). Trata-se de um texto herético protestante (mesmo que se diga “escrito por um católico”, se for verdade, o tal católico que escreveu é de facto um herege protestante) onde o autor se esmera para provar a idolatria da Igreja de Cristo. O assunto é tão velho que já está gagá, mas vou me deter n’alguns comentários sobre esta obra específica por causa das referências ao Tratado verdadeiro, o de São Luís Maria.

Começa o texto com o velho blá-blá-blá sobre se “adoração” e “veneração” são a mesma coisa. Na Doutrina Católica, é óbvio que não são; se “todos dicionários colocam veneração como sinônimo de adoração” (op. cit., p. 3) eu não sei se é verdade mas, ainda que seja, não faz nenhuma diferença, porque é evidente que um dicionário não é o lugar adequado para se buscar o sentido de termos teológicos específicos da Doutrina Católica. Esta tem dois mil anos e não tem nenhuma obrigação de “se adequar” às exigências dos dicionários, pois os católicos sabem que a Doutrina se aprende no catecismo; se os protestantes querem aprender teologia no dicionário é problema deles, e só vai fazer com que eles não entendam nunca o que a Igreja está dizendo.

Acerta o autor do livreto quando diz que “veneração é ato de culto” (op. cit., p. 2) mas erra ao dizer que isso, por si só, já caracteriza a existência de idolatria. Como todo protestante, ele só aceita que exista culto de adoração. O que, dentro da Teologia Católica, é falso, pois existe o culto de latria devido a Deus e o culto de dulia devido aos santos e às imagens dos santos. Portanto, nem todo culto é culto de latria, e “revelar” que a Igreja cultua os santos é descobrir o sol ao meio-dia no céu límpido. As citações de diversas passagens bíblicas onde “venerar” (ou “honrar”, ou “cultuar”, ou qualquer coisa parecida) é usado no sentido de “adorar” são irrelevantes, primeiro porque as traduções portuguesas modernas não necessariamente contemplam a terminologia grega ou hebraica original com esta fidelidade farisaica que exige o autor da obra e, segundo (e muito mais importante), porque o sentido das palavras é evidentemente mais importante do que as palavras em si. Os católicos aceitam que se diga “venerar a Eucaristia” no sentido de latria. Mas, em contrapartida, exigem que seja aceito “venerar a Virgem Santíssima” no sentido de dulia.

O mesmíssimo vale para a citação do II Concílio de Nicéia (sobre adorar/venerar as imagens). A interpretação dada pelo “católico” sobre as passagens do Apocalipse onde São João adora um anjo e dos Atos dos Apóstolos onde Cornélio adora São Pedro é completamente estapafúrdia:

Na verdade, tanto João como Cornélio não tentaram adorar com adoração de latria, pois eles sabiam que o anjo e Pedro eram criaturas, e que, portanto, não poderiam ser adoradas. Eles queriam, na verdade, venerá-las, ou seja, prestar-lhes adoração de honra.

Contudo, vimos a Palavra de Deus advertindo que a adoração, seja de latria ou de dulia (de honra), só são devidas a Deus. Ou seja, que a veneração (como é popularmente conhecida a adoração de honra) só pode ser dada a Deus. Portanto, venerar uma criatura (um anjo ou um santo) é idolatria, sobretudo se a veneração coloca o santo no lugar de Deus. [op. cit., p. 5; grifos no original]

Se a “veneração” coloca o santo no lugar de Deus ela, por definição, é latria e não dulia, de modo que a frase não tem nenhum sentido. Agora, se “venerar uma criatura” for sempre idolatria, então o autor da obra difamatória vai precisar explicar por que a Bíblia manda, p.ex., honrar os velhos (cf. Lv 19, 32), por que o Templo era “venerado no mundo inteiro” (IIMac 3, 12), por que Jacó se prostrou diante de Esaú (cf. Gn 33, 3), por que o carcereiro “lançou-se trêmulo aos pés de Paulo e Silas” (At 16, 29), por que “José celebrou, em honra do seu pai, um pranto de sete dias” (Gn 50, 10), por que Lot prostrou-se diante dos dois anjos que chegaram a Sodoma (cf. Gn 19, 1), ou ainda por que Deus prescreveu: “Honra teu pai e tua mãe” (Ex 20, 12), entre muitas outras coisas. Donde se vê a que absurdas contradições chega o livre-exame das Escrituras, tomando textos isolados, misturando-os com preconceitos e desprezando quer a Tradição da Igreja, quer o próprio conjunto dos demais livros da Bíblia.

Segue o suposto “católico” com uma enorme lista de “[t]extos oficiais da Igreja Católica admitindo (sic) a adoração de imagens” (op. cit., pp. 5-10). De novo a mesma coisa: o pressuposto de que toda veneração é adoração, de que adoração é uma palavra que só pode ser usada no sentido de latria, de que a Igreja é alguma espécie de idiota que não sabe nem mesmo o que Ela própria diz. Não é sequer concedido a Igreja o beneplácito de ter a Sua Doutrina julgada da maneira que Ela mesma a entende; o protestante pega textos católicos, interpreta-os com um sentido expressamente contrário àquele que a Igreja lhes dá, e quer com isso mostrar como Ela é idólatra. Um esforço gigantesco e inútil, pelo simples fato de que a Igreja não entende os Seus textos do mesmo jeito que os entende o “teólogo dos dicionários”.

Adoração é latria, é daí que vem a palavra “idolatria” (que significa “adoração a ídolos”), e se a Igreja deixa claro que existe uma coisa chamada “latria” e uma outra coisa chamada “dulia”, então é porque Ela diferencia as duas coisas, e não é intelectualmente honesto dizer que Ela as considera ambas iguais. O máximo que os protestantes podem fazer é tentar provar que tanto a latria quanto a dulia são proibidas pelas Escrituras Sagradas. Só que isso é impossível, porque até as mais criativas exegeses (como a acima citada, de São João e de Cornélio) são incapazes de explicar o conjunto das Escrituras Sagradas, onde vemos, sim, criaturas sendo honradas o tempo inteiro.

As páginas subseqüentes são fruto de uma leitura seletiva do Tratado da Verdadeira Devoção à SSma. Virgem de São Luís Maria Grignion de Montfort. O autor do livreto dá às palavras do santo um sentido expressamente condenado por ele – coisa, aliás, muitíssimo parecida com o expediente de fazer a Igreja “admitir” que adora imagens. É como se alguém dissesse “o sol ilumina e o fogo queima, mas a lua pode refletir a luz do sol e, por isso, também ilumina, e o ferro pode ficar em brasas se em contato com o fogo e, portanto, também queima”. Daí o gênio sentenciasse: ah! Ele diz que a lua ilumina, mas só o sol ilumina e, por isso, ele diz que a lua é sol! Ele diz que o ferro queima, mas todo mundo sabe que só o fogo queima e, portanto, ele diz que o ferro é o fogo! É em um “raciocínio” estritamente análogo a isto que se baseia o “católico” escritor do livreto. Afinal, São Luís de Montfort deixa claro, por diversas vezes, que as qualidades atribuídas à Santíssima Virgem o são por graça, por causa de Deus, e não por “natureza” ou por poder próprio. Lembra repetidas vezes que Maria é uma criatura e não o Criador. Mas as suas palavras encontram os ouvidos surdos (ou os olhos analfabetos) do suposto católico que não quer saber de outra coisa que não atacar, per fas et per nefas, a Doutrina da Igreja.

No final, a inteligência ilustre responsável pelas páginas deste livro não quis assumir-se, mantendo-se anônimo. É forçoso reconhecer que ele, ao menos, tem senso do ridículo; eu próprio ficaria envergonhado de reclamar a autoria de linhas sofríveis assim. O responsável pela divulgação do livreto – Wellington Leão, do “Notícias do Evangelho” – diz que o autor pediu para ser mantido no anonimato “temendo (…) que pudesse ser excluído do catolicismo”. Quanto a isso, aviso ao ex-católico que ele não tem com o quê se preocupar: a excomunhão por heresia é automática, latae sententiae, segundo prescreve o Código de Direito Canônico, de modo que o anonimato não o protege de se auto-excluir da comunhão com a Igreja de Cristo.

O que pensa a PJ sobre o aborto?

Há um blog de um garoto chamado “Leandro Hubo” (acho que é esse o sobrenome, a julgar pela url do site), que parece ter alguma relação com a Pastoral da Juventude. Não é um blog “da Pastoral” e não sei dizer nem mesmo se o tal Leandro tem alguma função dentro da PJ em Mato Grosso; no entanto, é um escândalo que, desde 23 de maio de 2007 (portanto, há mais de um ano), um texto anti-católico do Frei Betto defendendo o aborto esteja publicado no tal blog.

A “juventude pejoteira” aparentemente não está nem aí para o aborto, porque a busca por esta palavra no BLOG só retorna dois artigos: o do Frei Betto e um comunicado da Conferência do CELAM do ano passado, em Aparecida. Quando tanta coisa precisaria ser dita sobre o tema, é lamentável que um blog “católico”, que se apresenta como se tivesse alguma ligação com uma pastoral da CNBB, publique um texto que contraria frontalmente a posição da Igreja em um tema de tão capital importância.

No site oficial da Pastoral da Juventude não se encontra nenhum texto favorável ao aborto. Nem contrário. Um silêncio sepulcral sobre um dos temas mais dolorosos dos nossos dias; para usar uma expressão cara aos esquerdistas, estes jovens (se jovens há responsáveis pelo site) estão completamente alienados! Afinal, para que serve este site? Para a publicação de textos do Marcelo Barros? Cabe perguntar: a PJ concorda com o Leandro e com o frei Betto?

Para terminar, voltando ao BLOG, eis o excremento teológico que o frei Betto é capaz de proferir:

Sob a ótica cristã a dignidade de um ser não deriva daquilo que ele é e sim do que pode vir a ser. (Frei Betto, in “Aborto: por uma legislação em defesa da vida”)

Quanto lixo, quanto cinismo, quanta porcaria!

Os gays estragaram a festa!

E segue o processo de implantação da ditadura Gay no Brasil. Uma dupla de homossexuais foi expulsa de uma festa na USP e registrou queixa na “Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi)”, coisa que eu nem sabia que existia. Sinceramente, não sei o que é o pior: se a sem-vergonhice dos dois gays, se a existência de uma delegacia para receber este tipo de queixas, ou se a mentalidade “politicamente correta” de todos os envolvidos no episódio que, intimidados, apressam-se a proclamar a sua tolerância e a sua mais resoluta oposição a todo preconceito.

Não aceito a imposição politicamente correta. O que as pessoas costumam chamar de “preconceitos” existem e são necessários (recomendo enfaticamente esta leitura), na medida em que são o fruto de experiências anteriores e de maturação sobre assuntos quaisquer. Na grande maioria dos casos, inclusive, não nos deparamos com um “conceito prévio” injustamente inventado, e sim com um pós-conceito (com uma coisa na qual já pensamos e sobre a qual já emitimos um juízo de valor) aplicado a um caso concreto. Dizer que o homossexualismo é anti-natural, por exemplo, não é um axioma a priori, e sim o fruto de uma madura e sensata investigação antropológica feita por diversas pessoas ao longo dos séculos. Isto, definitivamente, não é “preconceito” no sentido pejorativo do termo – único sentido ao qual a novilíngua reinante nos dias de hoje reduziu a palavra.

Também há discriminações justas e injustas. É justíssimo que os alunos da universidade não sejam expostos à sem-vergonhice pública de uma dupla de homossexuais, porque é justíssimo que a imoralidade seja coibida (e dizer que o homossexualismo é imoral pode até ser classificado como “preconceito”, mas é um dado objetivo que independe dos gostos e preferências de quem quer que seja). Questionar isto e fazer uma absurda inversão de valores onde a defesa da virtude passa a ser passível de punição é um nonsense sem tamanhos, um abismo de irracionalidade para o qual a sociedade brasileira está sendo empurrada pelos militantes gayzistas.

E a parte engraçada pode ser vista na narrativa, feita pela reportagem, do que ocorreu na festa (grifos meus):

Os rapazes foram expulsos de uma festa da entidade [do CA de veterinária] porque se beijavam.

[…]

No dia 10 de outubro, durante um “happy hour” (…) o DJ interrompeu o som por volta de 1h30, as luzes foram acessas e o casal gay, repreendido. (..) A festa foi encerrada.

Ora bolas, então a dupla de homossexuais vai para uma festa do Centro Acadêmico, faz um escândalo, estraga a noite e encerra a festa, e ainda presta queixa na polícia contra a entidade?! Quer dizer, eu dou uma festa, duas bichas loucas entram lá, fazem escândalo, acabam com a festa e eu sou processado?! Por que a dupla não deixa para praticar as suas imoralidades nas suas próprias festas? Por que as pessoas decentes da Universidade seriam obrigadas a presenciar a indecência alheia? Haja paciência!

Mais uma notícia imprecisa

Saiu em ZENIT: “Sínodo acolhe magistério de patriarca ortodoxo pela primeira vez”. A notícia contém duas imprecisões: uma quanto à afirmação e outra quanto à expressão utilizada. Comecemos pela expressão, que é o mais grave.

Não existe “magistério de patriarca ortodoxo”. Os ortodoxos são hereges e cismáticos e, por conseguinte, não têm autoridade magisterial – dado que o Magistério da Igreja compreende o Papa e os bispos em comunhão com o Papa (cf. CIC 85). É, portanto, impreciso e pode induzir ao erro a utilização da palavra “magistério” (que tem um sentido estrito muito bem definido dentro da Doutrina Católica) referindo-se a coisas que não têm nada a ver com o Magistério Católico. Infelicíssima escolha.

Uma intervenção sinodal – como a feita pelo Patriarca de Constantinopla, Bartolomeu I – é somente isso: uma intervenção. Não é um “magistério”. O que é magistério é o ensino que o Papa dá à Igreja com base nas intervenções que foram feitas, e mesmo neste caso o que é magisterial é o ensino do Papa, e não a intervenção que originou o ensino. Qualquer pessoa pode dizer alguma coisa correta em algum momento da vida e não está “exercendo um magistério” por causa disso. A intervenção de Bartolomeu I, portanto, mesmo estando teologicamente precisa, não é um “magistério” do patriarca ortodoxo, e sim um ensino da Igreja [porque um cismático não pode dizer nada de correto que a Igreja já não saiba, dado que Ela e somente Ela possui a plenitude da Verdade Revelada] repetido pelo cismático.

A segunda imprecisão (e mais sutil) só se descobre quando se lê o texto. Pois, nele, está escrito:

A proposição 37 (das que o Sínodo adotou por pelo menos dois terços dos votos – o resultado exato da votação é secreto) recolhe o ensinamento que o patriarca ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I, apresentou aos padres sinodais.

[…]

Em caso de que seja incluída esta proposição no documento, será a primeira vez que o magistério de um patriarca ortodoxo é acolhido explicitamente por este tipo de documentos magistrais da Igreja Católica.

Ou seja: as proposições aprovadas pelos padre sinodais (no caso, esta específica do Patriarca Ortodoxo – não encontrei a lista das proposições apresentadas) serão apresentadas ao Papa e ele as utilizará ou não para a escrita da exortação apostólica pós-sinodal, que é – esta sim! – o que pode ser chamado de “resultado do Sínodo”. A lista de proposições é um instrumento intermediário do Sínodo dos Bispos (todo Sínodo é assim) que é apresentado ao Papa para que este, por sua vez, produza o documento magisterial resultante do Sínodo. É muitíssimo provável que o Papa se utilize da proposição 37 na elaboração da exortação apostólica pós-sinodal, mas isso ainda não foi feito e a manchete da notícia dá a entender que já o foi. E – repetimos! – ainda que o Papa a utilize, não será um “magistério de patriarca ortodoxo”, e sim o ensino da Igreja repetido pelo patriarca ortodoxo.

É de se lamentar que uma conhecida agência católica de notícias tenha veiculado uma reportagem com estas imprecisões. Esperemos que a imprensa católica não “relaxe” no seu papel – ímpar – de informar fielmente sobre os acontecimentos importantes da vida da Igreja. Afinal, não temos outra fonte fidedigna, posto que são já bastante conhecidos os defeitos da mídia secular no que se refere a assuntos religiosos.

Duas sobre o aborto

Notícia que não sai nos jornais: morreu um bebê de sete meses, em Brasília, vítima de aborto. Por que desta vez saiu na mídia? Saiu – com outra ênfase – porque morreu também a mãe que intentou (e conseguiu) matar o filho que carregava no ventre.

O aborto é letal em 100% dos casos, e isso a mídia não mostra. Quando não morre a mãe, morre o filho (salvo algum caso miraculoso de sobrevivência à tentativa de aborto) e, portanto, sempre se perde ao menos uma vida. Seria, por conseguinte, da mais alta importância que esta prática nefanda fosse completamente proscrita da sociedade atual dita civilizada. Mas as pessoas só se importam com que vêem. Para o que vira lixo hospitalar, ninguém liga. Basta, no entanto, morrer uma mãe, que as autoridades feministas, num cinismo absurdo, vêm a público protestar contra a ilegalidade do aborto que, realizado em condições precárias, terminou por provocar esta morte. No entanto, e a morte dos bebês? Por que esta compaixão seletiva?

Que a Maria, Refúgio dos Pecadores, interceda por esta mulher, cujo nome não foi publicado; e que Nossa Senhora Protetora dos Nascituros livre as nossas crianças da sanha assassina das suas mães.

* * *

Dom Gil Antônio Moreira é bispo de Jundiaí, em São Paulo. Conta-nos, em coluna do Jornal de Jundiaí, a história do milagre que resultou na canonização de Santa Gianna Beretta Molla; recomendo a leitura, para quem ainda não o conheça.

É interessante recordar que a Dra. Giana Beretta Mola, motivada pelo seu irmão sacerdote, missionário no Brasil, tinha grande desejo de vir também ela para nosso País e exercer a medicina em favor dos mais necessitados. Para isso se preparou e estudou português por sete anos. O que não pode realizar em vida, o bondoso Pai do céu lhe está permitindo fazer após sua entrada na eternidade.

Santa Gianna Beretta Molla,
rogai por nós!

“A Freira e seu mundo” – prof. Luiz Delgado

O Estado, por exemplo, passa a assumir serviços que, anteriormente, eram realizados somente pela inspiração da caridade cristã [José Luiz Delgado].

Encontrei um texto do professor Luiz Delgado, único colunista digno deste nome que ainda escreve no Jornal do Commercio. Vai em anexo. Fala sobre a verdadeira obra caritativa da Igreja, a verdadeira opção evangélica pelos pobres, a verdadeira obra social que tem verdadeiro valor. Fala sobre “um tempo em que a Igreja, com seu eterno senso do social e do fraterno, antecipava-se ao Estado para a criação de escolas populares”. Hoje, fala-se muito em “educação” como uma condição fundamental para o desenvolvimento do país; sem dúvidas, não é nenhuma novidade, pois a Igreja sempre deu valor à educação. Fundou escolas paroquiais, fundou as Universidades na Idade Média, fundou inúmeras escolas dirigidas pelos membros de Suas ordens religiosas ao longo dos séculos.

O problema, hoje, é que a educação é deixada nas mãos do Estado. Transforma-se em instrumento de doutrinação ideológica. Não é mais obra de caridade que a Igreja toma para Si, e sim interesse estatal em formar os seus cidadãos desta ou daquela maneira. Não é mais serviço desinteressado, realizado sem retribuições, por pessoas que se entregaram completamente a Deus, e sim trabalho remunerado, sujeito às leis econômicas do mercado. Ora, se o Estado tem obrigação de fornecer educação para os seus súditos, então para quê as ordens religiosas vão perder tempo erigindo escolas?

O problema atual não é que o Estado não oferece educação, é precisamente o contrário: o Estado oferece educação e não deixa os demais (p.ex., a família; p.ex., a Igreja) fazerem aquilo que sempre fizeram ao longo dos séculos. O problema para a crise educacional não será jamais resolvido pelo Estado, e até mesmo supôr isto é já uma demonstração de que não se entende a natureza do problema. É necessário voltar à caridade cristã, aos exemplos das freiras de Recife e da “Casa do Pobre”; exemplos dos quais a desgraçada Teologia da Libertação, com o seu discurso comunista, só é capaz de produzir caricaturas.

* * *

Anexo: Jornal do Commercio de 28/10/2008

A freira e seu mundo
Publicado em 28.10.2008

José Luiz Delgado
jlmdelgado@terra.com.br

A rua fazia parte do caminho das maxambombas para Olinda. Quando fizeram a estrada nova, na frente, reta, vindo de Santo Amaro, e não mais da Encruzilhada, a rua ficou um tanto à margem. E mais à margem ainda ficaria quando construíram, do outro lado, atrás, a continuação do complexo Salgadinho, no rumo de Paulista. Entre uma e outra, entre as vias modernas, aquele arruado ficou como perdido fora do tempo e do espaço.

Nele, naquele pequeno mundo, o Padre Sidrônio Wanderley (sobre quem o padre José Aragão publicou expressivo depoimento) plantou importante obra social – uma escola para meninos de famílias de baixa renda, a “Casa do Pobre”, cujo sentido já estava no próprio nome. Depois, ao lado, edificou uma capela simpática e de singelo bom gosto. Era outro tempo – um tempo em que a Igreja, com seu eterno senso do social e do fraterno, antecipava-se ao Estado para a criação de escolas populares. Assim como o padre Airton Guedes fazia em Peixinhos, com a Escola Dom Bosco, e tantos outros, em variados arrabaldes.

Na obra da Casa do Pobre, o cônego Sidrônio contou com a ajuda da irmã freira, que conseguiu encaminhar algumas religiosas para se instalarem permanentemente na instituição. Várias delas vinham e se iam. Duas vieram e ficaram definitivamente. Nas minhas mais remotas lembranças da infância lá estão sempre aquelas duas – madre Redentor e irmã Filomena. Além de dirigir a “Casa”, a primeira se dedicava também aos filhos das famílias de classe média, ensinando-lhes (era outro tempo…) datilografia. A segunda gostava de artesanato, sobretudo de frutas de cera, que ensinava aos meninos e vendia em quermesses de fim de ano.

O arruado de famílias antigas, tradicionais, com um grande descampado no meio das casas e uma pequena lagoa atrás, ficou marcado pela presença daquelas religiosas. A madre Redentor faleceu há 6 anos. A irmã Filomena se foi agora, no último dia 6 – com seu sorriso permanente, sua doçura, sua suavidade, seu jeito sempre discreto e modesto. Poucos saberiam das dificuldades financeiras em que a instituição e as freiras sempre se debateram. Viviam um real voto de pobreza e de obediência. Não a pobreza literária, fácil, de pura retórica. A lição silenciosa e profunda do cônego Sidrônio, tão bem salientada no opúsculo do padre Aragão, perpetuava-se na dedicação das duas freiras. Na vida humilde que levaram, são exemplos de milhares de outras moças que renunciaram ao mundo e se consagraram à vida religiosa, vida ao mesmo tempo de oração e de intenso serviço aos pobres. Foram integralmente fiéis, não se seduzindo pelas atrações da moda, nem se perturbando com as defecções e as levianas infidelidades em torno. Mesmo quando o padre Sidrônio morreu, elas continuaram na instituição, mantendo a sua obra, sob a orientação dos novos diretores que os Arcebispos dom Helder e dom Cardoso nomearam.

Era um outro mundo e um outro tempo. As obras humanas têm muitas vezes existência igual à dos homens, raramente sobrevivem aos seus criadores. Dói, tantas vezes, vê-las decair, assim como dói a partida definitiva de um amigo. Mas não é importante que as obras fiquem como tais, para sempre. As coisas mudam, o tempo e o mundo se modificam, instituem-se novas práticas e novos valores. O Estado, por exemplo, passa a assumir serviços que, anteriormente, eram realizados somente pela inspiração da caridade cristã. Importante é que cada pessoa responda aos problemas do seu tempo e do seu meio da melhor forma que puder. Fecunde o mundo em que lhe foi dado viver. Corresponda às angústias e aos clamores dos anos que passar na terra. E foi isso mesmo que aquelas duas freiras fizeram – integralmente dedicadas a Deus, à Igreja, aos pobres, segundo a lição admirável do cônego Sidrônio.

A mínima justiça que se poderia fazer a elas, sinal da gratidão de toda a comunidade daquele modesto arruado, seria simplesmente dar à praça, que a prefeitura há pouco construiu no meio, acabando com o lamaçal que ali havia, o nome de irmã Filomena.

» José Luiz Delgado é professor universitário

Boa morte

Assistimos todos os dias à morte de muitos, celebramos os seus enterros e funerais e, no entanto, continuamos a prometer-nos longos anos de vida – Santo Agostinho [?]

Os santos estavam certos. Lembro-me de que, quando eu era pequeno, tinha muito medo de morrer; queria uma morte bem rápida e indolor, um acidente, um infarto fulminante, um tiro na cabeça, qualquer coisa que me fizesse morrer rápido o suficiente para não ter tempo de perceber que estava morrendo. Lembro-me também de que, quando tive contato pela primeira vez com os escritos dos santos, estranhei sobremaneira o tipo de morte que era louvado e até pedido como uma graça: em casa, na cama, com a família em redor, após ter bastante tempo para se preparar. E eu não conseguia entender.

Mas hoje, eu entendo um pouco melhor. A morte é um momento decisivo de nossas vidas, é o momento do “tudo ou nada”, é quando saberemos se valeu a pena todos os anos que passamos nesta terra. Um momento desejado, pois é o nosso encontro com o Senhor de nossas vidas, mas ao mesmo tempo um momento temido, devido às enormes culpas que acumulamos ao longo da nossa peregrinação terrestre. O momento em que cai o pano e, nos bastidores, saberemos se fomos dignos de aplausos ou de vaias. E, por tudo isso, o momento da morte é importante demais para que não pensemos nele.

Preparar-nos para morrer, que trabalho da mais alta importância! A frase em epígrafe (se alguém souber a referência correcta, por favor me avise) ilustra muito bem a negligência que as mais das vezes temos em executar esta grave obrigação. Não sabemos quando há de chegar a nossa morte e – agora eu entendo os escritos dos santos – não sabemos se vamos ter tempo para nos preparar. Insensatez minha, na infância, quando desejava uma morte rápida e inconsciente! Deus, dai-me sempre consciência de que hei de morrer um dia, e não sei quando será este dia terrível.

Domingo, presenciei um acidente de trânsito horrível, quase na minha frente. Um carro – dirigido por uma jovem senhorita – bateu numa moto com dois passageiros. Os dois voaram longe; ao ouvir o barulho (ainda cheguei a ver um dos motoqueiros sendo arremessado à distância), corri para ver se alguém se tinha machucado. Tinha. Um dos dois motoqueiros – não sei se o motorista ou o “carona” – havia batido violentamente num poste. Perto das três horas da tarde, entre pedir para que as pessoas se afastassem, não tocassem nos acidentados, ligassem depressa para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, vi o acidentado mais grave. Ele não sangrava: jorrava sangue aos borbotões, pela boca, pelo nariz, a cada respiração forçada, que depressa formou uma grande poça. As pessoas amontoavam-se ao redor, e eu, angustiado, vendo o sujeito nitidamente morrer, sem poder fazer absolutamente nada. O SAMU não chegou a tempo: veio uma caminhonete da polícia, pegaram o acidentado como um saco – provavelmente já morto -, colocaram-no na parte de trás e o levaram.

Coisa bem diferente é ver um morto e uma pessoa morrendo! Um morto é uma tragédia, mas è finito, andiamo; uma pessoa morrendo é uma angústia, é um desejo enorme de se fazer alguma coisa e uma tremenda frustração diante da própria impotência. E isso me fez lembrar os escritos dos santos: queira Deus nos conceder a graça de uma boa morte, de uma morte preparada! Porque morrer acidentado na rua, numa tarde de domingo, sangrando como um animal, sob os olhares de dezenas de transeuntes curiosos (é sangue mesmo, não é mertiolate…), sem um amigo que lhe apóie, sem um padre para lhe dar a absolvição, é uma coisa muito, muito triste. Que a Virgem Maria olhe com benevolência para aquele acidentado.

E que Deus nos livre de todas as tragédias, e nos conceda a graça de prepararmo-nos bem para morrer. Uma boa morte é coisa fundamental, e infelizmente não poucas vezes negligenciada.

Nossa Senhora da Boa Morte,
rogai por nós!