O Haloween é uma festa pagã que os cristãos devem evitar?

No dia de Haloween, pergunta-se sobre a licitude moral de tomar parte nos festejos que hoje se celebram mundo afora (aliás, muito mais “mundo afora” do que no Brasil, convenhamos). Quanto a isto, responde-se:

“Haloween” é uma corruptela de «All Hallows’ Eve[ning]», ou seja, Vigília de Todos os Santos. Amanhã, dia Primeiro de Novembro, a Igreja celebra o dia de todos os santos e hoje, 31 de outubro, na véspera, era celebrada a “All Hallows Eve”, i.e., a sua vigília.

– Assim, o Haloween não é (e nem nunca foi) uma festa pagã. A festa celta pagã, como explica o Salvem a Liturgia!, era o Samhain. O Haloween (ou o “All Hallows’ Eve”, ou a Vigília de Todos os Santos) era e sempre foi uma festa cristã, celebrada no mesmo dia do festival pagão exatamente para debochar do paganismo vencido. É este, aliás, o sentido das máscaras e das fantasias.

– Este sentido perdeu-se em grande parte (afinal, quase ninguém lembra da Vigília de Todos os Santos quando se fala em Haloween), mas isso não impede os católicos de o utilizarem. Penso que é até mesmo importante que se faça este resgate histórico, para responder aos neo-pagãos que desejam forjar para si próprios (e, pior, impôr aos outros) uma celebração pagã inexistente há muitos séculos (ao contrário do Haloween que sempre existiu enquanto festa cristã com os mesmos elementos que possui hoje).

– A despeito das tentativas neo-pagãs de se resgatar o “Dia das Bruxas” (31 de outubro) celebrado hoje em dia como se fosse uma celebração – às vezes diz-se “ininterrupta” (!) – do Samhain celta, a própria realidade se encarrega de lhes fornecer um desmentido. Primeiro por causa do próprio nome da festa (derivado do “All Hallows’ Eve” cristão, e não do “Samhain” pagão), e depois devido aos elementos conservados nos festejos modernos: os pagãos não se vestiam de bruxas, por exemplo, e o clássico “Trick-or-Treating” (cuja origem é aliás controversa) popularizou-se por indivíduos e empresas interessados em estimular o consumismo infantil, e não por ocultistas celebrando antigos costumes pagãos. Em suma, praticamente nada no Haloween moderno remete ao Samhain celta. Não há, portanto, razões para se falar em “celebração pagã”.

– Não obstante, como em todas as épocas do ano, há festas e festas, há maneiras e maneiras de se comemorar um evento. Recentemente a Arquidiocese de Varsóvia alertava para o ocultismo praticado sob o pretexto de diversão durante o Haloween. Não nego que haja festas neo-pagãs celebradas no dia de hoje. E, como é evidente, os cristãos não podem tomar parte em festas neo-pagãs. O que nego é que todas as festas de Haloween sejam intrínseca e necessariamente pagãs. A bem da verdade, a maior parte delas é simplesmente neutra, sem nenhuma conotação nem cristã e nem pagã.

– Há quem diga que dessacralizar uma festa originalmente cristã é por si mesmo diabólico. Concordo com os princípios, mas não com a utilização da sentença no caso concreto, pois entendo que não se aplica. Primeiro porque nunca houve festa popular cristã de All Hallows’ Eve no Brasil que pudesse ser “dessacralizada” (a coisa já chegou aqui do jeito que é atualmente), e segundo porque os elementos do Haloween celebrado hoje em dia já faziam todos parte da festa cristã: as fantasias de bruxas e monstros são um deboche ao paganismo, os doces pedidos às portas das casas remete ao costume medieval das crianças pedirem bolinhos em troca de orações pelos mortos, as lanternas de abóboras representam as almas do Purgatório, etc. Não há, portanto, “dessacralização” aqui, pois estes elementos (que obviamente nunca foram “litúrgicos”) sempre foram utilizados dentro de um contexto cristão.

– Por fim, diante de uma festa pagã há muitos séculos cristianizada (e cujos elementos folclóricos existentes hoje em dia remetem todos à celebração cristã e não à pagã) que praticamente perdeu por completo toda conotação religiosa (quer cristã, quer pagã), vale o bom senso e as disposições interiores de quem participa delas (de um modo análogo a tudo o que eu já escrevi aqui sobre o Carnaval). Não há nada de intrinsecamente imoral em pôr uma fantasia para pedir ou distribuir doces. Os que desejam participar dos festejos do dia de hoje (e, óbvio, não o fazem movidos por nenhuma – aliás bem recente – mentalidade neo-pagã) podem perfeitamente fazê-lo com a consciência tranqüila.

Furacão Sandy espalha a destruição: mas a Consoladora dos Aflitos permanece em pé

Furacão Sandy chega aos Estados Unidos e provoca terríveis estragos em seu caminho. Cercada de dor e de destruição, em meio aos escombros, eleva-se incólume uma imagem da Virgem Santíssima, Nossa Senhora das Graças, como a mostrar que a Fé é maior e mais forte do que as tragédias humanas. A interceder pelo povo dos Estados Unidos: como a dizer que os furacões passam, mas existe uma Mulher que permanece de pé mesmo quando tudo desmorona ao redor.

Rezemos por aqueles sobre os quais se abateu esta catástrofe! Que Maria Santíssima lhes possa valer com Sua poderosa intercessão no meio da fúria da natureza; que, olhos fitos n’Ela, os que sofrem a ira do furacão possam encontrar a esperança necessária para superar as dificuldades presentes e transformá-las em sacrifício de valor sobrenatural para a Vida Eterna. Que Deus ajude a América.

E o número de fiéis católicos continua caindo… o que fazer?

Esta notícia é bem antiga (é de 2009, referente ao censo do IBGE 2000), mas os dados do Censo 2010 (as tabelas com dados sobre religião estão aqui) não parecem fornecer nenhuma mudança significativa a este quadro – aliás muito pelo contário. Falando sobre o êxodo de fiéis católicos para as seitas protestantes na capital do país, a pesquisa (do ano 2000) mostrava que a “migração de fiéis da Igreja Católica para a evangélica avança[va] [principalmente] nas áreas mais pobres”. O fenômeno vem ao encontro da minha experiência particular; entre as camadas mais pobres da população brasileira, a mudança de religião dá-se (muito!) mais por afinidades sociológicas do que por convicções teológicas. Citando a matéria do Correio Braziliense:

Existem cerca de 4,7 mil templos da igreja evangélica na capital do Brasil, a maioria em comunidades com menos de duas décadas de existência. E 123 da Igreja Católica. A distância faz com que ocorra quase naturalmente a migração de católicos para cultos evangélicos. É comum nessas regiões a presença de pessoas com histórico familiar baseado no catolicismo participando da pregação protestante. Como se a porta aberta facilitasse a mudança de credo

Isto que é citado na reportagem é exatamente a mesma coisa que eu tenho presenciado nos últimos anos em cidades do interior de Pernambuco. A história é assustadoramente a mesma: uma cidadezinha, por razões quaisquer, fica desprovida da assistência espiritual de um sacerdote católico. Há somente uma igreja matriz e algumas capelas, todas servidas por um único sacerdote; quando este, digamos, é transferido, passa-se um tempo (mais ou menos longo – lembro-me de um caso em que tal interstício durou mais de dois anos) até que outro pároco seja nomeado e, durante este tempo, o padre de uma cidade vizinha “acumula” a responsabilidade sobre este povo. Celebra-se Missa (quando muito!) semanalmente; às vezes, ela só ocorre em um domingo por mês. Casamentos e batizados, só no fim do ano. Confissões, sabe lá Deus quando… O povo tenta organizar-se “por conta própria” (digamos, com a recitação semanal do Santo Rosário), mas muitos desanimam neste processo. Ao mesmo tempo, quais cogumelos venenosos em madeira podre, proliferam seitas evangélicas a perder de vista: muitas a cada bairro, quase uma em cada esquina, às vezes duas lado a lado. Sedentos espiritualmente e sem a assistência de um sacerdote católico, o povo acaba indo na “igreja” que fica mais perto. No início ainda são católicos; pouco a pouco, entretanto, envenenados pelo discurso do falso “pastor”, não poucos acabam infelizmente perdendo a Fé. E, quando a situação católica normaliza-se, quando um padre retorna e o culto verdadeiro a Deus é restabelecido, muitos já estão tão afastados do rebanho que a volta é difícil. Muitos, para tristeza de Deus e vergonha desta Terra de Santa Cruz, já estão definitivamente perdidos para Satanás.

A sangria de católicos existe. Infelizmente, muitos dos diagnósticos que nos fazem deste problema só o fazem agravar ainda mais. Não raro nós encontramos quem pretenda descobrir a causa do abandono do catolicismo na “falta de modernização” da Igreja. Sinto dizê-lo, mas é exatamente o contrário. Lembro-me do então Card. Ratzinger (no “A Fé em Crise?” ou no “O Sal da Terra”, agora não me recordo exatamente) falando com todas as letras que o problema não estava na intransigência da Igreja à modernidade, uma vez que a maior parte das seitas protestantes na Europa já havia abraçado alegremente todas as reivindicações imorais do mundo moderno – do aborto ao divórcio, do casamento gay à ordenação de mulheres, da contracepção ao sexo livre, etc. – sem ter contudo logrado estancar a sua perda de fiéis. Por aqui, guardadas as devidas proporções, seguiu-se pelo mesmo caminho; basta ler (p.ex.) este desabafo do pe. David Francisquini sobre as mudanças operadas no cenário católico brasileiro da segunda metade do século passado para cá. Se – graças a Deus! – não se chegou a abraçar institucionalmente a imoralidade escancarada, a vida católica foi tão aviltantemente despojada de todos os seus adornos que passou a ser difícil reconhecer a Esposa de Cristo olhando para a sua face desnuda, vendo-a renunciar aos seus paramentos e trajes reais. A Rainha despojou-se de suas vestes e isto confundiu o povo simples, que passou a ter dificuldades em distingui-La das falsas pretendentes ao Reino de Deus. É preciso reconhecer com tristeza e com clareza esta realidade, para que possamos agir de maneira eficaz na (re)evangelização do nosso povo.

É preciso reconhecer que a mudança do tom do discurso católico provocou uma gravíssima deficiência catequética dos nossos fiéis e, portanto, é urgente resgatar a catequese e a apologética. É preciso reconhecer que é difícil rezar nas nossas missas, de modo que é imperativo o resgate do Eterno na Sagrada Liturgia. É preciso reconhecer que a cupidez de coisas novas que acomete os espíritos modernos, longe de ser uma exigência legítima que se deva satisfazer, tem sido causa de enormes males espirituais para os homens de nosso tempo; e é preciso ter em conta que ela, por forte que pareça, não consegue – sobretudo nos mais simples! – apagar a sede do Infinito que o próprio Deus inscreveu nos corações dos homens. É preciso rezar, e rezar muito, rezar incessantemente, para que Deus tenha piedade de nós, ilumine-nos e nos salve. E, acima de tudo, é preciso não desesperar. Se a solução parece ser humanamente impossível, então é aí que Deus fará resplandecer a Sua força. Afinal, Ele sabe fazer maravilhas naqueles momentos em que tudo parece estar perdido. A obra é d’Ele; e Ele, sem dúvidas, levantar-Se-á para defendê-la. Por mais que a situação atual pareça irreversível, Ele cumprirá a Sua promessa. Non praevalebunt, é a nossa certeza. O Todo-Poderoso não nos abandonará.

As questões espirituais estão para muito além do alcance da ciência

Eu sempre fiquei impressionado com a capacidade que os cientistas alegam possuir de fazer inferências comportamentais complexas a partir de vestígios arqueológicos ínfimos. Já comentei aqui outro dia sobre o gay pré-histórico, mas este é apenas o exemplo mais extremado. Coisas mais simples, como a habilidade de construir ferramentas ou a prática de um “estilo de vida parcialmente arbóreo” dos nossos antepassados são divulgadas quase todos os dias por nossos meios de comunicação. Não raro, eles pensam fazer com isto um importante trabalho de “desmistificação” da realidade, às vezes com ataques mais ou menos velados aos que insistem em se afirmar religiosos a despeito de todo este avanço científico acumulado pela humanidade.

Naturalmente, eu não tenho muita coisa contra estes exercícios adivinhatórios que, vá lá, na maior parte dos casos são bem razoáveis mesmo e se apresentam à razão humana quase que como uma decorrência necessária do que se tem diante dos olhos, sem a necessidade de nenhum Sherlock Holmes para fazer a dedução oculta e dizer “elementar”. Por exemplo, digamos, encontrar uma tigela muito antiga com vestígios de comida do lado de dentro e de carvão do lado de fora nos autoriza, sim, a deduzir com bastante segurança que estamos diante de uma panela rudimentar e que, se alguém um dia a utilizou, certamente foi para algum exercício primitivo da milenar arte da culinária. É igualmente aceitável dizer que isto revela uma certa sensibilidade gastronômica dos homens primitivos, uma vez que eles provavelmente faziam um cozido para tornar a carne da caça mais saborosa, e não por razões de ordem profilática então pouco ou nada conhecidas. O que extrapolaria os limites arqueológicos seria, por exemplo, encontrar uma tigela dessas que fosse muito grande e, com base nisso, passar a fazer ilações sobre a gula pré-histórica, demonstrando por a + b que os homens da tribo tal não tinham questões morais sobre a necessária temperança à mesa – supondo que mesas houvesse à época.

A rigor, nem mesmo a existência de indícios fortes sobre a disseminação de uma certa prática num determinado povo (indícios, aliás, cuja existência é inversamente proporcional à distância temporal que nos separa de tal povo, por conta do decurso dos séculos que costuma ser bem eficiente em produzir escassez de vestígios) nos autoriza a fazer qualquer afirmação sobre o juízo moral que este povo fazia de tal prática. Por exemplo, algum arqueólogo que, estudando os hábitos dos judeus da época do Reino de Israel com base em vestígios não-escritos, chegasse à conclusão (correta) que a idolatria era comum àquele povo, enganar-se-ia redondamente se extrapolasse a sua “descoberta” para sentenciar que os filhos de Abraão não tinham nenhum interdito moral ao politeísmo. Um hábito é somente um hábito, e a sua classificação como virtuoso ou vicioso para quem o pratica não se pode depreender da mera constatação de que ele se realiza. Isto é bastante óbvio, mas por alguma estranha razão as coisas óbvias às vezes fogem à percepção de quem se deslumbra com a idéia de ser um Dr. Holmes a desvendar os mistérios de civilizações perdidas no tempo – cujos membros não estão mais aqui para se defender das barbaridades que falam sobre eles. Em uma palavra: as questões morais – que perfazem a fronteira mais indevidamente atravessada pelos fanáticos irreligiosos que se dizem cientistas – estão, tanto por princípio quanto por limitação de método, para muito além do alcance da ciência. Como é possível que haja verdadeira oposição entre ela e a Fé?

Eu pensava sobre isto ao ler Chesterton que, genial como sempre, criticava em um artigo a idéia de que descobertas científicas pudessem abalar as crenças de alguém. Ora, as ciências físicas e as realidades espirituais pertencem a ordens distintas de conhecimentos. Do mesmo modo que é absurdo defender, p.ex., que a Lei da Gravitação Universal possa ser modificada à força de novas investigações teológicas sobre as relações entre a Graça e o Livre-Arbítrio, é igualmente nonsense pretender que a soteriologia católica tenha se tornado menos verdadeira depois que Einstein propôs a Teoria da Relatividade Especial. O avanço científico não restringe os horizontes da Fé, e isto independe completamente de quaisquer limitações contingentes do acúmulo do conhecimento humano em um determinado momento histórico. Nas eloqüentes palavras do polemista inglês:

Um homem pode ser um cristão até o fim do mundo, pelo mesmo motivo de que um homem poderia ter sido um ateu desde o começo do mundo. O materialismo das coisas está na cara das coisas; não requer nenhuma ciência para encontrar. Um homem que viveu e amou cai morto e as minhocas o comem. Isso é Materialismo, se você preferir. Isso é Ateísmo, se você preferir. Se a humanidade apesar disso tem crido, ela pode crer apesar de todas as coisas. Mas por que nossa sina humana se torna mais desesperada porque nós sabemos os nomes de todas as minhocas que comem ele, ou o nome de todas as partes dele que são comidas, é para uma mente pensativa algo difícil de descobrir.

Esta é a resposta definitiva aos que vaticinam o fim iminente da Religião sob o império da Ciência, estas são as noções que precisam ficar bem claras para quem se propõe a fazer filosofia natural ou teologia. O resto são falácias grosseiras de pseudo-cientistas ou histerias descabidas de falsos crentes.

São Paulo: mais uma derrota ridícula de José Serra

Hoje de manhã eu ouvia, na CBN, o Kennedy Alencar dizendo que o PT fora vitorioso em São Paulo, com o Fernando Haddad conquistando inclusive votos de quem era anti-petista. O engano é tão monstruoso que eu tenho dificuldades em mensurar o quanto ele é sincero. O petista do desastrado kit-gay não “ganhou” um voto de confiança dos paulistas e nem – muito menos! – o fato dele ter sido eleito nas atuais conjunturas significa alguma espécie de absolvição do PT, pelo povo de São Paulo (ou, pior ainda, do Brasil!), dos crimes do Mensalão – cujo julgamento já tem um veredicto de “culpado” no STF, estando agora em discussão as questões das penas aplicáveis. Ao contrário do que se disse na mídia, o que aconteceu em São Paulo não foi uma “vitória do PT” ou um “triunfo de Lula”, mas algo muito mais simples, patético e previsível: São Paulo foi palco de (mais) uma derrota ridícula de José Serra.

O fato, por vergonhoso que seja, é que o velho PSDBista não tem envergadura moral para se levantar acima nem mesmo de uma escória política como Fernando Haddad. O fato – ridículo, mas verdadeiro – é que os paulistas não se sentem motivados a votar em um banana como José Serra para impedir o PT de ganhar a maior cidade do Brasil. O fato, inacreditável, é que José Serra conseguiu perder, em São Paulo, uma eleição para o ex-ministro da Educação do Governo do PT. É impressionante, mas é verdade.

Eu já o dissera aqui, há dois anos, que a corrida presidencial entre Dilma Rousseff e José Serra era uma luta de Satanás contra Belzebu; este ano, em São Paulo, as coisas não foram diferentes. O tucano não pode fazer frente às imoralidades petistas: ele tem igualmente as mãos sujas do sangue de crianças abortadas, e também pariu um “kit-gay” para professores quando foi governador em São Paulo. Qual é mesmo a grande diferença? É claro que o PSDB é razoavelmente diferente do PT; mas o Serra não é, e este é o ponto. Quando todas as questões de consciência que podem ser levantadas para afastar o voto no PT aplicam-se também, com assustadora semelhança, ao candidato (dito) “da oposição”… o que se pode fazer? Até parece que o Serra é um petista infiltrado dentro do PSDB, tamanha a sua capacidade de fazer eleições importantes penderem para o lado do Partido dos Trabalhadores. Espero que, desta vez, este velho fantasma seja definitivamente exorcizado do cenário político nacional, pelo bem da Pátria.

A despeito de eu ter votado em José Serra em 2010, deixei claro que o fazia somente pela mais absoluta ausência de alternativas, já no apagar das luzes, em uma última tentativa (dir-se-ia desesperada) de impedir a perpetuação do petismo no governo do Brasil. Não consegui. E, como então, hoje eu continuo entendendo perfeitamente os católicos que, ontem, em São Paulo, preferiram não sacrificar duas teclas na Urna Eletrônica ao velho tucano. Quase um terço dos paulistas não votou nem em Serra nem em Haddad. A mensagem é eloqüente. Assim como a sra. Rousseff (que foi eleita Presidente do Brasil a despeito de dois em cada três brasileiros não terem votado nela), Fernando Haddad assume São Paulo não como um prefeito querido sob a égide da aclamação popular (como a mídia parece estar querendo vender), mas muito pelo contrário: é uma excrescência que os paulistas não querem no poder, mas que teve a “sorte” de competir com um derrotado do nível de José Serra e, entre os dois indesejados, por acaso calhou de a prefeitura de São Paulo cair no colo do petista. É somente isso. Que Deus ajude São Paulo, porque os políticos não estão dispostos a lhe ajudar.

Palestra pró-vida com Elba Ramalho em Tamandaré (PE), em 04/11/2012

Divulgando, conforme recebi pelo Facebook (grifos meus):

Meus irmãos e irmãs, no próximo dia 4 de novembro de 2012 estaremos dividindo uma palestra PRÓ-VIDA com a cantora ELBA RAMALHO, na Igreja Católica de TAMANDARÉ.

Precisamos aproveitar a presença da ELBA para fazermos uma grande divulgação PRÓ-VIDA em todo o estado de Pernambuco, incluindo nessa divulgação a iniciativa da Arquidiocese de Olinda e Recife em criar uma CASA DA GESTANTE, para acolher as meninas e mulheres grávidas ameaçadas de ABORTO.

PEDIMOS AOS IRMÃOS QUE TÊM ACESSO A RADIALISTAS E RÁDIOS, QUE NOS AJUDEM A FAZER UMA AGENDA COM A ELBA (PODE SER POR TELEFONE A ENTRADA NO AR, OU GRAVAÇÃO).

A Elba Ramalho, como eu já tive a oportunidade de registrar aqui, está realizando um importante trabalho na causa pró-vida. Inclusive foi noticiado recentemente (a imagem abaixo correu o Facebook nos últimos dias) que ela vai abrigar em suas casas peregrinos que virão para a próxima JMJ.

Os que puderem participar desta palestra ou ajudar em sua divulgação são muito bem-vindos!

Seminário LGBT propõe a “desconstrução da cultura judaico-cristã”

Vejam o vídeo abaixo. Trata-se da fala do sr. Marcio Retamero, da “Igreja da Comunidade Metropolitana Betel”, proferida (no dia 15 de maio de 2012) no IX Seminário LGBT no Congresso Nacional. Foi transmitida pela TV Câmara. Começa a ficar legal lá pelos 2 minutos.

O sujeito usa clergyman, uma Cruz Peitoral, carrega uma bíblia e se diz teólogo. Provavelmente exerce alguma função de liderança lá na seita dele. E diz algumas coisas sobre o Movimento Gay com uma sinceridade assustadora. Ouçam lá! Transcrevo uma pequena parte do discurso dele:

Eles têm um poder de projeto, os fundamentalistas religiosos, esses desgraçados, eles tem um poder político de projeto que só tá se consolidando!

[…]

Mas eu sei que eu tô disposto a pegar em armas se preciso for (risos). Se se instalar uma teocracia no Brasil… (…) Eu quero dizer ao Jean [Wyllys] que tô aqui pra te ajudar também [n]a dessacralização do casamento, viu? Casamento civil igualitário vai dar muito trabalho, porque esta desgraça dessa palavra tá eivada de sentimento cristão.

Concluindo, assim como eu não deixo minha homossexualidade em casa quando vou ao trabalho, ao mercado ou à padaria, o professor que é cristão, que tem uma religião, que professa uma religião, e esta religião tem um discurso performativo, ou seja, ele exige desse professor, desse diretor de escola, desse aluno uma tomada de posição; assim como eu não deixo de ser gay na igreja, na padaria, no Congresso Nacional, esse cara e essa mulher também não deixam de ser cristãos no espaço público, ou na escola.

E é por isso que eu insisto e vou insistir, e eu vou escrever onde eu tiver que escrever, e vou gritar onde eu tiver que gritar: tem que passar pela religião. Tem que passar pela desconstrução dessa base judaico-teológica, essa coisa que nós chamamos de teologia inclusiva, que tem que desconstruir todos esses valores mofados que nós aprendemos até aqui. Sem a desconstrução da cultura judaico-cristã neste sentido positivo – talvez trazer uma nova, um novo tipo de Cristianismo – nós não vamos conseguir.

Eu não tenho nem muito o que comentar, tamanha a clareza com a qual este sujeito profere semelhantes absurdos sem corar de vergonha. Eis aí a confissão nua e crua: o Movimento Gay sabe perfeitamente que os seus objetivos depravados só podem ser conseguidos passando-se pela “dessacralização do casamento”, pela “desconstrução da cultura judaico-cristã” e “[d]esses valores mofados que nós aprendemos até aqui”, por meio de “um novo tipo de Cristianismo” que possa suplantar este que existe aí – que Cristo legou aos Seus Apóstolos e a Igreja ensinou a todos os povos. Todas as aspas são citações literais do sr. Marcio.

Só três comentários:

1. Concordo totalmente com este senhor quanto à necessidade de se eliminar o Cristianismo para que se possa implantar a ideologia gay numa sociedade, posto que as duas coisas são opostas e absolutamente irredutíveis. Só discordo, naturalmente, quanto ao lado em que se deve ficar neste combate.

2. Nenhum político no Brasil se elegeria nem para representante de turma se apresentasse estas barbaridades como plataforma eleitoral; de onde se vê a absurda discrepância entre a população brasileira e a sua “representação participativa democrática” no governo do país.

3. Este é o “Seminário LGBT” – já em sua nona edição! – do qual o sr. Jean Wyllys tanto se orgulha. Eis o que os nossos “representantes” andam fazendo em Brasília! Eis no que é gasto o dinheiro dos nossos impostos!

Os milagres e o Deus das lacunas

Está muito bom este recente artigo de D. Fernando Rifan sobre milagres, que foi reproduzido pelo Tubo de Ensaio. Falando mais especificamente sobre o Santuário de Lourdes, o bispo da Administração Apostólica São João Maria Vianney nos dá esta informação:

Notícia deste mês: uma religiosa italiana, irmã Luigina Traverso, que sofria de paralisia ciática meningocele lombar, foi curada “miraculosamente” em Lourdes, na França, “por intervenção extraordinária de Deus obtida pela intercessão de Nossa Senhora”, conforme reconheceu, no dia 11 de outubro passado, dom Alceste Catella, bispo de Casale Monferrato, diocese italiana onde reside a religiosa. Esta foi a 68.ª cura “sem explicação” de Lourdes oficialmente reconhecida. O bispo da diocese de Tarbes e Lourdes, dom Nicolas Brouwet, assim como o dr. Alessandro de Franciscis, presidente do Bureau des Constatations Médicales de Lourdes, apresentaram os fatos em uma conferência de imprensa no último dia 12 de outubro.

Este Bureau des Constatations Médicales de Lourdes é o órgão do santuário responsável pela investigação dos (em princípio, alegados) milagres que ocorrem no lugar onde Nossa Senhora apareceu a Santa Bernadette. Fazem parte dele «médicos de todos os credos religiosos, inclusive ateus, e os documentos ficam à disposição dos especialistas de qualquer parte do mundo», e os seus procedimentos são explicados sucintamente por D. Rifan em seu artigo.

“Milagres”, na definição tradicional, são os fatos supra, praeter vel contra naturam: “acima, diferentes ou contrários à natureza”. Na Summa (Summa Ia, q.105, a7, Resp.), Santo Tomás ensina mais simplesmente que milagres são «aquelas coisas que são feitas por Deus fora da ordem das causas conhecidas por nós». O Aquinate nos lembra também na mesma Summa que as coisas realizadas por causas naturais, por prodigiosas que sejam, não podem – por definição – ser consideradas milagres.

A questão que obviamente se coloca aqui é: como distinguir entre uma causa superior à natureza e uma simples causa natural desconhecida? Como eu sei se aquela paralisia foi curada por ação direta de Deus sem o intermédio de causas segundas ou se, ao contrário, houve alguma singular confluência de causas naturais desconhecidas que culminaram na reversão da paralisia? É sem dúvidas possível à inteligência humana conhecer em certa medida a natureza das coisas criadas, mas é impossível esgotá-la. Não importa o quanto se acumule o conhecimento humano, sempre haverá a possibilidade de nos depararmos com algum fenômeno desconhecido. E um fato raro, que nos provoque admiração, não necessariamente é um fato cujas causas se encontrem para além das virtudes próprias da natureza. Como evitar, assim, que a investigação acerca da ação de Deus no mundo termine num simples argumentum ad ignorantiam, que degenere num apelo ao “Deus das lacunas”?

Não me parece que haja uma resposta definitiva para este problema, senão “apenas” provável. Esta investigação é, portanto, de ordem metafísica e não empírica – esta última presta tão-somente um suporte à razão humana no sentido de fornecer certeza moral para a exclusão de causas naturais na explicação do fenômeno; por isso a necessidade de contar com homens de saber de todos os credos, por isso a necessidade do longo transcurso de tempo antes de que seja dada uma resposta a cada questão concreta apresentada.

Do ponto de vista dos fins concretos para os quais se presta a verificação dos milagres – a beatificação e canonização dos servos de Deus -, esta resposta é suficiente. Afinal de contas, as causas segundas estão sob o império da soberana Providência de Deus e, se Ele permitiu a ocorrência de um fato natural extraordinário precisamente nas circunstâncias em que os Seus filhos estavam rezando e pedindo por um sinal dos Céus, pode-se sem sombra de dúvidas considerar o sinal como concedido, ainda que não se trate de um milagre strictu sensu. Num processo de canonização, esgotadas as diligências humanas para fornecer uma explicação natural para o fenômeno, pode-se certamente considerar ser vontade de Deus que aquele fenômeno seja considerado miraculoso para os fins almejados.

E do ponto de vista dos céticos? Bom, como eu já escrevi aqui há alguns anos, os que partem do pressuposto a priori de que Deus não existe sempre poderão «sacar a capacidade regenerativa do rabo da lagartixa para explicar uma cura de amputação, e uma catalepsia prolongada associada a uma raríssima mutação hibernativa para explicar um morto de quinze anos que retornasse à vida», coisa que certamente não pode ser considerada a posição mais racional do mundo. Mesmo diante do fracasso absoluto da caça aos falsos milagres, os céticos sempre poderão se aferrar a uma “Ciência das lacunas” e fazer o seu ato de fé na capacidade explicativa universal da Ciência. Mas entre este fideísmo pueril e a sensatez da Igreja Católica, eu fico com esta última, obrigado. E, em defesa da nossa posição, basta dizer – como diz D. Rifan no encerramento do seu artigo – que a Igreja leva tão a sério as Suas investigações sobre milagres que «Se mostra, nesses casos, mais rigorosa do que a própria medicina».

A Dios rogando y con el mazo dando

No dia de Santo Antonio María Claret (conforme o Vetus Ordo; no calendário reformado, a festividade do santo é celebrada amanhã, 24 de outubro), julgo bastante oportuno compartilhar este pequeno trecho (abaixo) de uma autobiografia do santo que foi enviado hoje mesmo à lista “Tradição Católica”. O título deste post é uma das frases mais famosas do santo espanhol, e sintetiza de uma maneira extraordinária a vida cristã: oração e luta, graça e livre-arbítrio, ora et labora. Este labor incansável foi bem característico do grande Confessor da Fé hoje celebrado.

À sua época, o campo propício para o apostolado – e, simultaneamente, o terreno pantanoso de onde surgiam os mais insidiosos ataques contra a Fé – era a imprensa. Nos dias de hoje, é bem fácil notar que este papel é desempenhado pelos novos meios de comunicação, máxime pela internet. Se vivesse hoje, é bem provável que o santo se lançasse com todo o seu vigor a este apostolado virtual que cada vez mais se revela tão necessário aos dias atuais. E a nós, a quem aprouve à Providência que vivêssemos à época da internet, cabe colhermos os sábios conselhos de Santo Antonio María Claret e aplicarmo-los à nossa realidade. Porque a Doutrina Cristã não precisa hoje de menos defesa do que à época do Arcebispo de Santiago de Cuba. Mudaram-se os tempos, mas os homens continuam igualmente necessitados do Evangelho de Deus. E cabe-nos empregar com diligência todos os meios ao nosso alcance para que esta Boa Nova alcance a todos os homens.

* * *

Da Autobiografia de Santo Antonio Maria Claret

CAPÍTULO 21
Sexto meio: Livros e folhetos.

310. A experiência me ensinou que um dos meios mais poderoso para a propagação do bem é a imprensa, ao mesmo tempo que é a arma mais poderosa para se propagar o mal, quando dela se abusa. Por meio da imprensa pode-se produzir muitos livros bons e folhetos para o louvor de Deus. Nem todos querem ou podem ouvir a divina palavra, mas todos podem ler ou ouvir a leitura de um bom livro. Nem todos podem ir à igreja ouvir a palavra divina, porém o livro irá à sua casa. Nem sempre o pregador pode estar pregando, porém o livro sempre estará repetindo a mensagem, sem nunca se cansar, sempre disposto a repetir a mesma coisa, quer seja lido pouco ou muito, lido ou deixado uma ou mil vezes, não se ofende por isso, permanece o mesmo, sempre se acomoda à vontade do leitor.

311. Sem dúvida, a leitura de bons livros sempre foi considerada de grande utilidade, hoje, porém, é de suma necessidade. Digo isto porque vejo que há como que um delírio para ler e, se as pessoas não têm bons livros, lerão os maus. Os livros são alimento para a alma. Se ao corpo faminto se oferece uma comida sadia será nutrido, mas se a comida está deteriorada, prejudicará o organismo. O mesmo ocorre com a leitura. Os que lerem livros bons e oportunos, adequados a si e às próprias circunstâncias, se sentirão nutridos e fortalecidos. Porém, se nutridos com livros perniciosos, periódicos e folhetos heréticos, verão corrompidas suas crenças e pervertidos seus costumes, extravia-se o pensamento, corrompe-se o coração e, do coração corrompido, saem os males, como disse Jesus, até chegar à negação da verdade primeira e do princípio de toda verdade, que é Deus: Dixit insipiens in corde suo: non est Deus: Disse o insensato em seu coração: Não há Deus.

312. Em nossos dias há uma dupla necessidade de fazer circular bons livros; estes, porém, devem ser pequenos pelo fato de as pessoas andarem apressadas e com mil e uma coisas para fazer por toda parte e, como a concupscentia oculorum et aurium: concupiscência dos olhos e dos ouvidos aumentou ao extremo, todos querem ver e ouvir tudo, além de viajar. Assim o livro volumoso não será lido, servirá unicamente para sobrecarregar as estantes das livrarias e as das bibliotecas. Por isso, convencido dessa verdade importantíssima e ajudado pela graça de Deus, publiquei inúmeros livretes e folhas volantes.

313. O primeiro livrete que publiquei contém conselhos ou avisos espirituais, dirigido às monjas de Vic, a quem acabara de pregar os exercícios espirituais; para que recordassem melhor o que lhes havia pregado, pensei deixar-lhes por escrito o conteúdo. Antes de entregar o escrito às monjas, para que cada uma o copiasse, mostrei-o ao querido amigo doutor Jaime Passarell, cônego penitenciário daquela catedral. Ele sugeriu que o imprimisse e assim evitaria às monjas o trabalho de copiar e seria utilizado por elas e por outros mais. Acatei a sugestão desse que tanto respeitava e amava por sua virtude, e o livro foi impresso. E assim foi que veio à luz meu primeiro livro.

314. Percebendo os bons resultados do primeiro livro, decidi escrever o segundo: Avisos às moças. Depois escrevi Aos pais; Às crianças; Aos jovens e outros, como se pode ver no catálogo.

315. À medida que ia missionando, percebia as necessidades e, conforme o que via e ouvia, escrevia um livrinho ou um folheto. Se na povoação houvesse o costume de cantar cantos desonestos, fazia imprimir logo um folheto com um cântico espiritual ou moral. Por isso quase todos entre os primeiros folhetos que imprimi eram de cânticos.

316. Desde o começo, publiquei um folheto contendo receitas contra as blasfêmias. Naqueles dias em que comecei a pregar era coisa horrorosa a quantidade e a gravidade das blasfêmias que se ouvia por toda parte. Parecia que os demônios do inferno se haviam disseminado pela terra a fim de provocar os homens a blasfemarem.

317. Também a impureza já ultrapassara seus limites e por isso resolvi escrever mais duas receitas. Como a devoção a Maria Santíssima é remédio muito poderoso contra todos os males, escrevi no início do folheto aquela oração que assim se inicia: Ó Virgem e Mãe de Deus… que se acha em quase todos os livros e folhetos. Estas duas palavras, Virgem e Mãe de Deus, coloquei-as porque ao escrevê-las lembrava que, quando estudante, nas férias de verão, li a vida de São Filipe Néri, escrita pelo padre Conciencia, na qual dizia que o santo gostava muito que se juntassem sempre estas duas palavras, e que com elas se honra muito e se obriga a Maria Santíssima. As demais palavras são uma consagração que se faz a Nossa Senhora.