O Papa e o Summorum Pontificum

Eu havia estranhado a resposta dada pelo Santo Padre a um jornalista, no avião que o levava à França, sobre o Motu Proprio Summorum Pontificum (cuja entrada em vigor completa um ano amanhã). No entanto, o Fratres in Unum traduziu a versão oficial das respostas do Papa, publicadas na Sala de Imprensa da Santa Sé.

A diferença fundamental entre os dois textos está na pergunta. Veja-se:

Na Radio Vaticana: Respondendo a outro jornalista, que lhe perguntou sobre o motu proprio, que permite celebrar a Missa em latim, como um passo atrás ao Concílio (…).
Na Sala de Imprensa da Santa Sé: O que vós dizeis aos que, na França, temem que o Motu proprio `Summorum pontificum’ marque um passo atrás sobre as grandes intuições do Concílio Vaticano II? Como vós podeis tranqüilizá-los?

Ou seja, a resposta do Papa não é uma “consideração particular” sobre o motu proprio que ele julgou necessário expôr; é, ao contrário, uma resposta tranquilizadora provocada por uma pergunta de um jornalista sobre o temor de alguns franceses. Faz toda a diferença.

Marcha pela Vida

Ontem ocorreu a II Marcha Nacional da Cidadania pela Vida, promovida (entre outras entidades) pelo Movimento Brasil Sem Aborto. O Correio Braziliense noticiou de maneira bastante sucinta:

A 2ª Marcha Nacional da Cidadania pela Vida aconteceu nesta quarta-feira (10/09), na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Organizada pelo Movimento Nacional da Cidadania em Defesa da Vida – Brasil sem Aborto, entre outras entidades, o evento está mobilizando as pessoas em defesa da vida e contra a legalização do aborto no país.

Vou tentar obter relatórios mais detalhados, feitos por pessoas que lá estavam presentes. Por enquanto, fiquem com a pequena seleção de fotos abaixo feitas a partir do álbum de um amigo que lá esteve presente. E que Nossa Senhora nos abençoe a todos.

Deputados retiram assinaturas

Uma boa notícia: lembram do PL 1135/91, que tenciona descriminalizar o aborto no Brasil, que sofreu duas derrotas estrondosas este ano, que ia ser arquivado, e só não o foi porque o José Genoíno, junto com mais uma penca de deputados abortistas, apresentou um requerimento para que ele fosse deliberado em plenário?

Esta semana, dois deputados apresentaram requerimentos para que as suas assinaturas fossem retiradas do recurso que permitiu o não-arquivamento do projeto. Um deles, o sr. Carlos Abicalil (PT-MT); o segundo, o sr. Carlos Santana (PT-RJ). Acredito que a pressão feita pelos eleitores surtiu efeito, graças a Deus.

A lista continua grande e, salvo engano, a retirada dos dois nomes não vai mudar o fato de que, por ter sido apresentado um recurso, tal projeto perdeu a chance de ser definitivamente encerrado. Mas não ia ser bonito se mais deputados seguissem os passos dos dois petistas? Escrevam aos dos seus Estados (a lista está no primeiro link – não tem o email, tem apenas o nome, perdão)! Lutemos para que os deputados sejam, realmente, representantes da vontade do povo brasileiro – que é em sua esmagadora maioria contrário ao aborto.

Parlamento Europeu e aborto

Saiu na sexta-feira passada: Parlamento Europeu deplora posição da Igreja sobre contracepção. Não tem quase nada de novo na resolução votada pelo Parlamento; é o mesmo blá-blá-blá criminoso de sempre, onde se confessa pela milésima vez que um dos objetivos da ONU é a disseminar a prática do aborto a nível mundial. No entanto, pelo menos para mim, é inusitada a fixação de datas: em 2015, o Parlamento Europeu quer que o acesso ao aborto seja universal:

Segundo reconhece a edição de hoje de L’Osservatore Romano, nesta resolução se propõe chegar em 2015 ao «acesso universal à saúde reprodutiva», que inclui explicitamente o recurso ao aborto, especialmente nos países em vias de desenvolvimento.

Aborto não é direito, o crime não pode ser legalizado, não importa o que digam a Organização das Nações Unidas, o Parlamento Europeu, o José Gomes Temporão et caterva. Criminosos permanecem sendo criminosos, não importa quanto poder detenham. É uma vergonha que a humanidade permaneça inerte enquanto doentes mentais propagam suas ideologias assassinas como se fossem a coisa mais normal do mundo. Kyrie, eleison!

Encerramento da Pergunte & Responderemos

É com pesar que comunico o encerramento da revista católica “Pergunte & Responderemos”, criada, escrita, editada e dirigida pelo saudoso Dom Estêvão Bettencourt, monge beneditino e maior teólogo católico brasileiro contemporâneo, falecido no dia 14 de abril último.

Durante meio século, Dom Estêvão esteve sozinho à frente do projeto, que tanto bem fez às almas sedentas de um oásis de Doutrina Católica no meio do relativismo dos nossos dias. A profícua atividade intelectual do monge contrastava com a sua compleição física, a ponto de maravilhar os que cotejavam o vigor dos seus escritos com a fragilidade de sua figura encurvada. Com a sua passagem à Casa do Pai, a Igreja Militante perdeu um valoroso general e, com o encerramento da revista, perdeu uma poderosa arma na defesa da Sã Doutrina.

O último número da revista – produzido, como as demais edições após a sua morte em abril, a partir dos artigos prontos que o monge deixou em sua escrivaninha – será o 555, de setembro de 2008; o Mosteiro de São Bento – e, acrescento eu, o Brasil como um todo – não possui ninguém com envergadura suficiente para dar prosseguimento à obra do santo teólogo.

Para quem não conhece a revista, o Veritatis Splendor disponibiliza uma edição eletrônica no seguinte endereço:

Pergunte & Responderemos On-Line

Que o legado de Dom Estêvão possa sucitar católicos dispostos a procurar, cada vez mais, o conhecimento das coisas de Deus, a fim de desempenharem o melhor possível o papel a ele assinalado pela Divina Providência na História.

Ó tempos! Ó costumes!

Imaginar que a Igreja de Cristo se fundamenta numa contínua perseguição à autoridade eclesiástica, é querer transformar a real pregação de Jesus.

Jesus afirmou trazer a espada (Mt 10, 34), porque a Sua palavra se fundamenta, sempre, no amor e este não tem sentido na vida dos que amam o prazer, o poder, a fama e a riqueza. Alguns que se intitulam cristãos autênticos, mergulharam em uma contínua discordância à Lei de Deus. Jamais deixaram de publicar slogans, querendo desmoralizar o Arcebispo, aviltando a sua imagem por métodos desumanos e cruéis, como os apresentados no Jornal do Commercio.

“Passou um vento impetuoso e violento, que fendia as montanhas e quebrava os rochedos: mas o Senhor não estava naquele vento. Depois do vento, a terra tremeu; mas o Senhor não estava no tremor da terra. Passado o tremor da terra, acendeu-se um fogo; mas o Senhor não estava no fogo. Depois do fogo, ouviu-se um murmúrio de uma brisa suave, e Deus ali estava” (1Rs 19, 11ss).

A injustiça, o desamor, a impiedade não são brisa suave.

Como é triste o menosprezo às pessoas, como é desolador uma perseguição sem tréguas. Quem poderia, impunemente, estender a mão contra um ungido do Senhor (1Sm 26, 9)?

Santos de hoje? Uma “santidade” sem amor, sem caridade e sem justiça?!

“Ó tempos! Ó costumes!”

[Monsenhor Romeu Gusmão da Fonte,
“Ouve-me”, Jornal Informativo da Paróquia Nossa Senhora do Rosário – Torre,
Ano XXXVIII, junho-julho-agosto de 2008, nº3

Recife, PE]

Comentários – ainda – sobre o Ir. Roger Schutz

Excelente esclarecimento postado no Fratres in Unum, traduzido de uma publicação de hoje do Rorate Coeli, sobre a “conversão” do fundador da Comunidade de Taizé já comentada aqui anteriormente. Acessem o artigo completo. Apenas destaco:

Irmão Roger gostava de dizer: ‘Encontrei minha própria identidade Cristão ao reconciliar em mim mesmo a fé do meu passado com o mistério da Fé Católica, sem ruptura de comunhão com ninguém’ (de uma alocação do Papa João Paulo II em 1980, na época de seu encontro  com a Juventude Européia em Roma).  A expressão, repetida novamente em seu último livro (Deus apenas pode dar amor), pode ser julgada como muito insatisfatória, pois não diz nada sobre as retratações necessárias para uma conversão. Mas Irmão Roger não era um teólogo.

É verdade que o segredo de sua conversão não tem a clareza e a solenidade de uma abjuração. Mas quem ousa duvidar de sua sinceridade? Cardeal Ratzinger, dando a ele a comunhão em abril de 2005, certamente agiu com pleno conhecimento dos fatos. E é falta de modos acusá-lo ainda hoje de ter “dado comunhão a um Protestante”.

E saliento ainda o fato (que eu não sabia) de que Taizé foi fundada por duas pessoas (Roger Schutz e Max Thurian). De acordo com as histórias sobre a conversão do Ir. Roger, ambos foram recebidos pela Igreja ao mesmo tempo. Max Thurian é hoje padre católico. E, passando a vista por este texto, parece-me um bom padre católico.

As intenções, só Deus conhece. Que a Virgem Maria, Janua Coeli, pela misericórdia de Deus, possa ser em favor do Ir. Roger.

Requiem aeternam dona ei, Domine,
Et lux perpetua luceat ei.

Requiescat in Pace.
Amen.

Aborto – más notícias

Foi com pesar que recebi hoje as duas notícias abaixo.

Primeiro, o Ministro do Ataúde, José Gomes Temporão, disse que a anencefalia de Marcela de Jesus era uma farsa:

O ministro José Gomes Temporão (Saúde) disse que a avaliação de médicos de que Marcela Ferreira não era anencéfala desvenda uma farsa.

Segundo, a Corte Suprema de Justiça mexicana julgou ontem que o aborto no país é constitucional:

A Corte Suprema de Justiça do México considerou ontem, por oito votos a três, constitucional a lei vigente desde abril de 2007 na capital, Cidade do México, que permite o aborto até a 12ª semana de gestação.

Rezemos. Para que Deus tenha misericórdia de nós todos.

Acaso será eterna contra nós a vossa cólera? Estendereis vossa ira sobre todas as gerações?
Não nos restituireis a vida, para que vosso povo se rejubile em vós?
Mostrai-nos, Senhor, a vossa misericórdia, e dai-nos a vossa salvação.
[Sl 84, 6-8]

Cretinice explícita

Meu Deus, como é cretino o Marco Mello!

Primeiro, ele diz claramente que as audiências públicas sobre o aborto dos anencéfalos não servem para nada, já que canta vitória de “onze a zero” antes mesmo do fim dos debates:

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello acredita que a descriminalização do aborto em casos de anencefalia será aprovada por “onze a zero” na votação, prevista para ocorrer até fim deste ano.

Depois, ele afirma expressamente que o motivo da não-aprovação deste tipo de aborto até agora era Marcela de Jesus:

Segundo o ministro, “não se terá mais o gancho para não se interromper a gravidez, que era o caso Marcela”.

E, por fim, reafirma que a “porta” para o aborto destas crianças deficientes foi aberta no julgamento sobre as células-tronco embrionárias:

“O que me incentivou a tirar o processo dos fetos anencéfalos da prateleira foi a visão do Supremo com as pesquisas com células-tronco” disse ele a jornalistas no final da audiência.

A quem quiser ver a reportagem completa, está aqui. Tenha Deus misericórdia de nós todos, e seja em favor do Brasil a Virgem Soberana, Nossa Senhora da Conceição Aparecida.