C’est fini mais pas trop

Qui non congregat cum Ecclesia, spargit.

Coloquemos a frase acima como corolário da profecia de Nosso Senhor: quem não ajunta com a Igreja, espalha. É a primeira coisa que me veio à cabeça quando terminei de ler a entrevista que Mons. Fellay deu no escopo de uma carta redigida pelo Mons. Williamson, que por sua vez comentava a decisão do Santo Padre de perdoar as excomunhões de ambos e dos outros dois bispos da Fraternidade.

O mons. Williamson — que a imprensa brasileira, canalha como sempre, deu-lhe logo o título de “bispo que nega o holocausto” — descreveu o decreto papal como um grande passo à frente para a Igreja sem que fosse uma traição da FSSPX. Reparem bem como o decreto papal, à williamsoniana, é um grande passo para a Igreja. Ele explica: o problema da Igreja, depois do Concílio Vaticano II, é a separação entre a Verdade Católica e a Autoridade Católica. A Igreja — autoridade católica — com esse decreto, estaria mais próxima  da reunião com a verdade católica. Mons. Williamson também faz questão de confrontar a tripla relação entre modernistas, tradicionalistas e papa em dois momentos. Um, anterior ao decreto de “re-comunicação” e outro posterior:

1. Papa e conciliaristas x tradicionalistas.

2. Conciliaristas x tradicionalistas, com o papa ou fora da equação ou do lado dos tradicionalistas.

O problema desse raciocínio está na oposição que o papa anteriormente ao decreto faria aos tradicionalistas. Isso não é verdade. O diagnóstico mais preciso se impera: in medio, Papa. Seja antes ou depois de qualquer decreto, o papa é o sinal visível da unidade da Igreja e não se alinha, ipso facto, com quem quer que seja, conciliarista ou tradicionalista. O dever do papa é com a Igreja de Nosso Senhor e com a salvação das almas.

Para o monsenhor, Roma precisaria ser reconstruída em muitos dias. E acusa, de fato, os — como ele chama — neo-modernistas (sem dizer quem são, é claro. Legio, quia multis sunt!) de errarem na fé. Mas, numa lógica de quem aceita caçar com gato, na falta de cachorros, o monsenhor agradece a Deus, à Virgem e ao Papa a guinada da Igreja Conciliar!

E o monsenhor responde aqueles zelosos pela super-tradição que se perguntavam, aflitos, se seria esse o momento da Fraternidade se render ao conciliarismo: “De jeito nenhum!”, garantindo apenas a participação da FSSPX em discussões, coisa que a Fraternidade já havia feito em 2000, quando levantou algumas condições. Certamente, conclui o monsenhor, as discussões não estão livres de perigo. Mas regozija-se da oportunidade de dar razão à esperança. A esperança de resgatar a Igreja do erro!

Felizmente, tal postura — embora não condenada — não é endossada pelo superior da Fraternidade, Mons. Fellay, que numa entrevista dada ao jornal suíço Le Temps, diz não ser a visão da fraternidade a impressão daquilo que falou Mons. Williamson. É verdade que, em essência, ambos guardam a mesma visão do “problema” da Igreja: sobre o “Ecumenismo” (o que eles dizem que o Vaticano II diz), a liberdade religiosa, o Novus Ordo Missae.

No entanto, o último trecho da entrevista do Mons. Fellay é que nos dá a razão da nossa esperança. Quando a repórter pergunta o que acontecerá se a negociação terminar:

“- [Fellay:] Estou confiante. Se a Igreja diz algo hoje que contradiz o que ensinava ontem, e somos forçados a aceitar esta mudança, então [a Igreja] tem de explicar a razão. Eu acredito na infalibilidade da Igreja, e acho que vamos alcançar uma solução verdadeira”.

A diferença, embora acidental, nos discursos é flagrante. Primeiro, Mons. Fellay fala da contradição da Igreja em termos condicionais. Se a Igreja diz algo hoje que contradiz o que ensinava ontem. E se não diz? O espírito do debate também é o mais excelso e altaneiro: alcançar uma solução verdadeira, porque a Verdade é o que deve prevalecer no debate. Não vir a Roma corrigi-la, mas para alcançar a Verdade. Se Mons. Fellay condiciona a Verdade  da solução — como bom católico que é — à infabilidade da Igreja e diz que a “autoridade católica”, para usar a expressão de Williamson contradiz o que a Igreja dizia, então houve uma ruptura no Magistério. Pela ruptura, é que se dá o descompasso entre “verdade” e “autoridade”. Se não há — como sabemos — ruptura alguma, se o Magistério autêntico é, subsiste e continuará a ser o Magistério da Igreja, ininterrupto ao longo de 265 pontificados, então a Fraternidade poderá unir-se às fileiras do Exército do Senhor Jesus sem reservas, sob o manto da Santíssima Virgem e o cajado do Santo Padre Bento XVI — Deus o quer! Deus lo vult!

36 comentários em “C’est fini mais pas trop”

  1. Caro Jorge, vejo que está equivocado em suas análises. O Papa retirou as excomunhões de 4 bispos que rejeitam publicamente o Concílio Vaticano II e o Ecumenismo nos moldes atuais. Caso essa rejeição dos 4 bispos fosse considerada pelo Papa uma posição fortemente negativa, totalmente contrária à doutrina católica e sob pena de excomunhão ou cisma, seria uma contradição o Papa ainda assim levantar as excomunhões dos 4 bispos.

    Os próximos passos da Fraternidade S Pio X , depois de pedir a liberação total da Missa Tridentina e o levantamento das excomunhões, são três: 1) fim do ecumenismo nos moldes atuais; 2) revogação (ou algo similar) do Vaticano II; 3) Consagração da Rússia ao Coração Imaculado. Essas campanhas visam por fim à crise na Igreja: apostasia , protestantização, modernismo, corrupção geral do clero e dos fiéis, etc. Aos poucos, com muita paciência e oração, estamos conseguindo tudo.

  2. Gabriel,

    Só um detalhe: o post não é meu, mas do Erickson.

    Quanto aos “próximos passos” da FSSPX, de onde você os tirou?

    Abraços,
    Jorge

  3. Gabriel,

    As respostas às suas objeções estão no próprio texto. Quer isso dizer que eu não disse nada do que você disse que eu disse. É mandatório lembrar 3 vezes no dia que Lefebvre e Castro Mayer foram excomungados não por falar mal do Concílio, não por falar mal da Missa Nova, não por querer a consagração da Rússia ao Coração de Maria, não por falar mal do Ecumenismo, mas por ter ordenado bispos sem mandato pontifício. Se não foi causa da excomunhão, não poderia ser por ela retida o levantamento.

    Quanto ao Papa e a interpretação absurda do meu texto, eu não vejo como uma mente com o raciocínio plenamente são acredita que o mesmo papa que usa o Concílio em seus textos pontificais vai simplesmente “revogá-lo”. Até porque seria interessantíssimo a revogação de uma constituição dogmática, por exemplo…

    O Ecumenismo nos molde atuais é o quê, meu senhor? Servir-se do sincretismo praticado por uns de má fé, e por outros por pura ignorância é o mesmo que querer comparar o mais alto grau de doutrina mística com a superstição que mistura elementos católicos e elementos espíritas, pagãos etc. que é muito mais antiga que o Concílio Vaticano II e o “Ecumenismo nos moldes atuais”.

    O único molde de Ecumenismo é o molde da salvação das almas. E extra Ecclesia nulla salus. O ecumenismo visa à converter, como fica muitíssimo claro no Magistério dos papas, cujo conteúdo os tradicionalistas — os radicais — picam e escolhem o que os apraz como se o ensinamento dos papas fossem um grande balcao self-service.

  4. Sobre o Ecumenismo, lembro que jamais se viu na história, a não ser após o Vaticano II, um Papa beijar o alcorão (um sinal de afeição a um livro que conduz à condenação eterna ). Isso é inaceitável e precisa ser mudado: http://www.capela.org.br/Crise/assis.htm Isso sim parece um balcão self-service onde qualquer um pode se servir da religião que mais gostar.

    É bom lembrar que não os 4 bispos que ordenaram. Eles foram ordenados por Dom Lefebvre e Dom Mayer. De qualquer maneira, as excomunhões foram levantadas por ocasião da ordenação dos 4 bispos. O fato é que os 4 bispos não são mais excomungados, apesar de criticarem a Missa Nova, apesar de serem contrários ao Ecumenismo nos moldes atuais, apesar de falarem contra o Vaticano II. Ou então acredita, apesar do Decreto papal, que os 4 continuam excomungados?

    Sobre sua opinião da impossibilidade do Papa de alguma maneira rejeitar o Concílio, trata-se apenas de uma opinião sua, assim como o caso inverso também é uma opinião minha, mas, de qualquer maneira, é algo possível, pois o Papa é soberano e pode fazê-lo. Sobre as próximas campanhas da FSSPX, encontrei em periódicos digitais da Fraternidade (DICI, laportelatine, etc), mas já os apaguei dos meus emails.

  5. Eu confesso que também não gosto do que João Paulo II fez em nenhuma dessas ocasiões. Mas a pergunta que não quer calar: o Concílio dá brecha a esse tipo de coisa? Aonde? Eu disse o que tu disseste, não entendo onde há contradição. Excomungados morreram mons. Castro Mayer e mons Lefebvre. C’est fini.

    De fato, é uma opinião minha, baseada em inúmeras (inúmeras mesmo) vezes em que o papa endossou o Concílio e utilizou-se dele. Enfim…

  6. Não me lembro de nenhum Papa antes do Vaticano II ter feito o que JP II fez. Sobre a relação entre os textos dos documentos do Concílio ( particularmente a “Unitatis Redintegratio”, “Dignitatis Humanae” e a “Lumen Gentium”) e o Ecumenismo, é possível encontrar mais detalhes aqui:

    http://www.capela.org.br/Crise/Vaticano2/mayer.htm

    http://www.beneditinos.org.br/atualidades/documentos/erros_vaticano2.htm

    http://www.beneditinos.org.br/atualidades/documentos/ecumenismo_lib.htm

  7. Não me lembro de nenhum Papa antes do Vaticano II ter feito o que JP II fez. Sobre a relação entre os textos dos documentos do Concílio ( particularmente a “Unitatis Redintegratio”, “Dignitatis Humanae” e a “Lumen Gentium”) e o Ecumenismo, é possível encontrar mais detalhes aqui:

  8. Nota: infelizmente não consigo postar os sites que com as indicações. O sistema não aceita.

  9. Erickson,

    O senhor leu todos os documentos do CVII?

    Se leu, como pode fazer uma perguntas dessas? O sr, Gabriel tem razão; precisamente nesses documentados citados o senhor terá certeza do que ele disse aqui.

    Em Cristo,

  10. Senhores,

    A relação entre o Vaticano II e a crise pós-conciliar só existe numa leitura seletiva do Concílio, por meio de uma interpretação particular não-autorizada e deliberadamente amputada de toda a Tradição da Igreja.

    Com este tipo de hermenêutica miraculosa, dá pra tirar até Feeneysmo da Unam Sanctam.

    Abraços,
    Jorge

  11. Corretíssimo Sr. Jorge!

    Acho esta discussão já bastante delongada por demais.

    Para alguns, lêem o CVII como uma ‘carta de alforria’ se achando no direito (e uns até mesmo no dever) de fazer a ‘farra do boi’ que quiser dentro da Santa Igreja.

    Para outros, também com um olhar (leitura) seletivo ao extremo, e chegando ao extremo da seleção, o que temos? A Exclusão de tudo!

    Para ambos, deveríamos ler e acolher a verdadeira interpretação do CVII, sempre com uma hermenêutica de continuidade e oriundo do Sagrado Magistério. Quando não se tem (ainda) a interpretação exata e clara do Sagrado Magistério, podemos então ‘solicitar’ para o mesmo nos privilegie com a verdadeira e autêntica interpretação.

    Mas, sabe! Pessoalmente gostaria (e isso é bastante pessoal e então, muito passível de erro, deixo bem claro aqui) que o Santo Papa pudesse ‘reeditar’ o CVII, reescrevendo suas linhas com tal clareza, a ponto de não deixar ‘brecha’ para um ou outro fazer delo (o CVII) um instrumento de desunião.

    Seria mais colocar as coisas mais ou menos assim: o ‘preto no branco’; sim é sim e não é não; isso pode e ‘ponto’; isso não pode e ‘ponto’. Um bom exemplo poderia ser o modelo seguido no Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, onde se descreve a Sã Doutrina, formulando questões objetivas, diretas e com respostas também objetivas e diretas.

    Em minha, imensa ignorância, acredito que seria necessário isso uma possível solução para tanta desavença que fazem em torno do CVII. Acho mesmo, seja uma questão de primordial importância e de caráter urgentíssimo para a unidade ‘interna’ da Santa Madre Igreja.

    Se um dia tiver a graça de me encontrar com o Santo Padre, acho que sugeriria isso a ele (quanta presunção a minha não é mesmo? (rs).

    Enfim! Irmãos de ambos os lados: a favor ou contra o CVII. Esforcemo-nos para nos dialogar, mas com muita… mas muita caridade e humildade para que, juntos, possamos contribuir com a unidade da Santa Igreja de Cristo, que já tem sofrido de mais com tantas rupturas ao longo dos séculos. Só com caridade e humildade recíprocos poderemos colaborar, como batizados que somos, e amantes que somos da Santa Madre Igreja, para que vivamos juntos, unidos, a diversidade na UNIDADE, e assim darmos um verdadeiro testemunho de CRISTÃOS que somos e devemos ser.

    Que Deus, nosso Senhor Jesus Cristo, pela poderosa intercessão de sua e nossa Mãe Santíssima, nossa Senhora de Fátima, possa nos cumular e nos envolver com seu amor incondicional, nos motivando assim a buscar sempre e cada vez mais a verdadeira felicidade de sermos filhos e filhas de Deus Pai todo poderoso. “Que bom é ver os irmãos assim juntos”.

    Abraços e verdadeiro apreço por todos aqueles e aquelas que muito amam a Santa Igreja Católica Apostólica Romana. Até mais ‘ver’.
    André Víctor

  12. “Para alguns, lêem o CVII como uma ‘carta de alforria’ se achando no direito (e uns até mesmo no dever) de fazer a ‘farra do boi’ que quiser dentro da Santa Igreja.”

    Quando diz “Para alguns” está se referindo, por exemplo, ao Papa JP II que beijou o alcorão ou ao Papa Paulo VI que usava símbolo dos sacerdotes judeus?

  13. Gabriel,

    Queira por gentileza abster-se de fazer comentários maledicentes – que em absolutamente nada contribuem para a solução do problema – contra os Vigários de Cristo. Estas insinuações não são “correção fraterna”, não são “amor e respeito filial devidos ao Romano Pontífice”, não são prudência, enfim, não são nada que se possa considerar como genuinamente católico.

    Sugiro que medite este texto de Santa Catarina de Sena.

    Abraços,
    Jorge

  14. Caro Gabriel,

    Sobre os documentos do Concílio, aconselho, em ordem:

    Sobre a Dignitatis Humanae:

    http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_decl_19651207_dignitatis-humanae_po.html

    Sobre a Unitatis Redintegratio:

    http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_decree_19641121_unitatis-redintegratio_po.html

    E sobre a Lumen Gentium:

    http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19641121_lumen-gentium_po.html

    E ainda os textos da CDF:

    http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_20070629_responsa-quaestiones_po.html

    http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_20000806_dominus-iesus_po.html

    http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_20000630_chiese-sorelle_po.html

    http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_28051992_communionis-notio_po.html

    Um pouco de obediência filial e uma hermenêutica “da continuidade” e verás que não há nada de errado no Concílio.

    Quanto a todos os abusos que se observa hoje em dia, tu não podes provar que o Concílio é causa de nada deles, pelo simples fato de não constar no Concílio nada que os fomente ou os aprove. O fato de um filho desobedecer o pai não quer dizer que o pai aprove tal comportamento… Sei de todas as objeções, porquanto eu mesmo já fui “anti-conciliarista”, não há necessidade de me mostrar os argumentos anti-concílio.

    Oremos pela unidade da Igreja,

  15. Claro que o objetivo do comentário acima é fazê-lo ler o Concílio e não o que dizem dele os que o deturpam :) A interpretação que vocês dão ao Concílio é exatamente a interpretação que os modernistas dão, justamente porque tomam a interpretação deles como legítima, o que é absurdo, fantasioso.

    O Santo Padre na audiência geral de ontem comentou:

    “Cumpri este ato de misericórdia paterna [conceder a remissão da excomunhão], porque repetidamente estes prelados me manifestaram seu vivo sofrimento pela situação na qual se encontravam. Auguro que a este gesto meu siga o solícito empenho por sua parte de levar a cabo ulteriores passos necessários para chegar à plena comunhão com a Igreja, dando testemunho assim de fidelidade verdadeira e verdadeiro reconhecimento do magistério e da [b]autoridade[/b] do Papa e [b]do Concílio Vaticano II.[/b]”

  16. Caríssimo Gabriel…

    Eu posso estar errado, e isto é bastante claro e obvio, sendo eu, um simples leigo e limitado em minhas capacidades físicas e psíquicas, e ainda sujeito incondicionalmente a concupiscência decorrente do pecado original,… mas dizer que os Romanos Pontífices, fazem ou fizeram em seu COMPORTAMENTO, e em determinados ambientes e momentos, em seus relacionamentos com outrem, tiveram uma interpretação e aplicação errada do CVII, agindo desta ou daquela forma,… é por demasiado problemático.

    Para não dizer mesmo um problema sem solução e sem fim, pois confundir o pessoal com o Doutrinal, e levando isso a um valor absoluto e supremo,… estamos mesmo num ‘mato sem cachorro’! Pois, se os Romanos Pontífices não fosse eles também passiveis de erros e imperfeições (se é que o que está em questão é mesmo erro!) humanas, sendo humanos que são,… não nos restaria a ‘seguir’ e acolher nada nem ninguém neste mundão de Deus.

    Que, aliás, seria o mundo, se agirmos desta forma, concebendo e confundindo o pessoal pelo doutrinal,… então uma ‘terra de ninguém’, onde não pudéssemos confiar e seguir nada nem ninguém.

    Percebes que não poderíamos nem mesmo nos confiar mutuamente, ouvindo um ao outro. Sim, porque se eu fosse te ‘olhar’, em seu comportamento e mesmo no que diz, sem separar o essencial e substancial do objeto em questão, que é sempre a verdade,… confundindo o pessoal (falho e limitado já explicito acima!) com o doutrinal, não seria você fidedigno para que eu se quer, lhe volvesse minta atenção. E a recíproca é verdadeira, pois você também poderia se voltar para mim da mesma forma.

    Temos sim, irmão, de ter um alicerce firme onde podemos, com toda a certeza e confiança, nos ‘acomodar’ (coloco aqui em aspas literalmente por não querer dizer se tratar em omissão e conivência, viu?). E este tal alicerce é bastante obvio e claro, deva ser aquele a quem foi entregue por nosso Senhor Jesus Cristo a ‘chave do céu’, e ainda prometido sua assistência até o ‘fim dos tempos’ pela visível e eficaz ação do Santo Espírito de Deus.

    Devemos tomar cuidado irmão, pois podemos achar ou nos levar a crer que este alicerce seja, no final das contas, nós mesmos. Ou melhor dizendo: o nosso EU, acarretando assim, num total egocentrismo, onde nos colocamos no lugar do escolhido de Jesus Cristo para dirigir sua Santa Igreja Católica (Sacramento Universal da Salvação humana), a rocha onde edificou-a, que é Pedro: o Santo Padre o Papa. E indo um pouquinho além, só um pouquinho mesmo, nos colocaríamos no lugar até mesmo do próprio Deus.

    Com minhas observações e conhecimentos, não quero me colocar no lugar de nenhum e nem de outro. Você o quer?! Acredito certamente que não.

    Naquilo que não concordo e não entendo,… procuro exercitar um ato de fé e esperança (confiança) naquele que tem por missão, nos unir e não nos separar.

    Que Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo, pela poderosa intercessão de sua e nossa Mãe Santíssima, nos ajudar a sempre olhar ‘além’ e desapegarmos dos acidentes e nos fixando no que é substancial e essencial.

    Abraços e até mais ‘ver’.

    André Víctor

  17. Existem vários trechos desses documentos do Concílio Vaticano II que dão vazão à atitudes dos Papas Paulo VI, JP II, etc, caso contrário os Papas anteriores ao Concílio já teriam alguma vez beijado o alcorão. Curiosamente, apenas os Papas pós-conciliares dão esse testemunho inédito na história da Igreja, o qual é seguido por milhares de sacerdotes ao redor mundo, participando de cerimônias ecumênicas com pastores protestantes, monges budistas, rabinos, etc.

    Jorge,
    Não faço “comentários maledicentes”, faço apenas comentários. Ao invés de me pedir o que me pediu, não seria melhor dizer “Queira por gentileza abster-se de fazer comentários nesse blog?”

  18. Caro André, agradeço suas palavras! Desculpe, tenho que sair, não posso comentar agora. Concordo com o que disse anteriormente a respeito da reedição do Concilio. Os documentos da Igreja sempre fizeram reminiscência aos documentos antigos de maneira a compatibilizar as doutrinas, algo que não se repetiu com exaustão nos documentos do Concílio, silenciando-se a respeito de documentos importantíssimos já existentes a respeito da liberdade religiosa, de pensamento, etc. Dessa maneira, talvez uma reedição do Concílio, esclarecendo qual a única doutrina da Igreja, seria uma maneira de salvá-lo.

  19. Caro Gabriel

    Não confie nas palavras dos profetas da Crise, tanto de um lado como do outro.

    Porque foi por interferência de profecias como estas, ou seja previsão de passos definidos anteriormente, sendo que o diálogo entre o Papa e os Bispos estão sendo discutidos em segredo, justamente para evitar interferências externas que preferem que a crise continue indefinidamente.

    É o caso daqueles que continuam a repetir suas próprias verdades e opiniões em dissonância com o grande passo que foi dado tanto por Bento XVI como pela FSSPX.

    Não aja você também como um destes falsos profetas.

    Jesus te ama.

  20. Sobre as acusações de ser um profeta da crise (!!!), estar centrado muito no meu próprio eu, etc, não há nada o que falar. Somos seres racionais, devemos orientar nossas condutas com fundamento na razão, e não em temores, ameaças ou emoções.
    Sei que as pessoas são ocupadas, não há tempo para nós leigos fazermos pesquisas exaustivas. Mas, apenas não deixar um vazio à colocação do Jorge, digo que um dos principais problema sdo Concílio foi que ele empregou expressões para supostamente designar o Magistério da Igreja que são ambíguas e dão vazão para atitudes como, por exemplo, a citei do Papa João Paulo II. Nos links que citei acima, em vários periódicos da FSSPX, de Campos antigamente, etc, há exames detalhados dessas questões e dos pontos e expressões controvertidas, com comparações do Magistério da Igreja e do Concílio.
    Apenas como exemplo dessas várias questões, cito esse trecho da Lumen Gentium que trata do problema do “subsistit in”: “Esta é a única Igreja de Cristo, que no Símbolo confessamos uma, santa, católica e apostólica. (…) Esta Igreja, constituída e ordenada neste mundo como uma sociedade , subiste na Igreja católica, governada pelo sucessor de Pedro e pelos bispos.” (Lumens Gentium; 8,2) Essa expressão a “Igreja de Cristo subsiste na Igreja católica” é ambígua, pois a Igreja de Cristo não é outra senão a Igreja católica, como ensina o Magistério tradicional.
    Mais um exemplo: “Por conseguinte, ainda que creiamos que as igrejas (…) e comunidades separadas tenham seus defeitos, elas não estão desprovidads de sentido e de valor no mistério da salvação, porque o Espírito de Cristo não recusou-se servir-se delas como meios de salvação, cuja virtude deriva da mesma plenitude de graça e de verdade que se confiou à Igreja católica” (Unitatis Redintegratio, 3) Evidentemente que um alemãozinho que vai com seus pais na seita luterana até pode se salvar, desde que não siga fielmente sua religião. Mas esse texto é inaceitável, porque o magistério tradicional da Igreja sempre afirmou que só a Igreja Católica é o meio de salvação necessário e suficiente desejado por Deus, e não uma seita luterana; fora dela podem se encontrar efeitos salvíficos, mas não outros meios de salvação: “quem a abandona [a cátedra de Pedro] não se pode esperar continuar na Igreja. Quem saboreia o Cordeiro estando foora dela não tem relação alguma com Deus (Pio IX, Amantissimus).

    Algumas expressões, como essa do “subsistit in”, dão vazão para que muitos sacerdotes, fiéis, etc, se tomarem atitudes absurdas, semelhante ao do ósculo papal no alcorão, que são contrárias ao Magistério tradicional. De fato, essas expressões dão vazão para isso e não é, portanto, sem fundamento nos documentos da Igreja que eles tomam tais atitudes. Acredito, como um colega sugeriu acima, que reescrever o Concílio, ou reeditá-lo em uma edição comentada e anotada com documentos tradicionais da Igreja pode ajudar a salvar o Concílio. Mais importante de tudo é que todos pratiquem corretamente a religião católica, sem se entregarem a “modas” protestantes , budistas, etc, adotas em tantos lugares pelo mundo, e possam assim ter a certeza que estão fazendo o correto para que suas almas sejam salvas.

  21. Hoje, Sr. Jorge Ferraz, hodie, Dom Galarreta em companhia de três sacerdotes da Fraternidade São Pio X, estão em Roma, em audiência com o santíssimo Padre Bento XVI. Não pretende a Fraternidade aderir às disposições do Concílio Vaticano II. pretendem manter fidelidade à antiga ordem estabelecida naturalmente anterior ao Concílio. As novas diretrizes colocam em relevo o ecumenismo, inclusive, muitos padres durante suas homilias afirmam que o ecumenismo deve estar em primeiro lugar. Por exemplo, O senhor já sabe sobre a questão ATUAL do Anglicanismo em face ao Ecumenismo Católico-Romano? Não se pretende aqui colocar em primeiro lugar o pessoal em detrimento do doutrinal. Claro que o Concílio Vaticano II, embora pastoral é valido e vigente, contudo, é verdade que a antiga ordem estabelecida não deve estar abaixo do Concílio Vaticano II, porque o concílio de Trento & o antigo catecismo romano não ensinam coisas parecidas com as normas atuais da Igreja, contidas nos documentos do Concílio Pastoral Vaticano II. Nem estou aqui para dizer que a dessacralização e os abusos cometidos livremente hoje em dia sejam frutos estragados tirados das conclusões pós-conciliares. Mas, verdade seja dita, após o concílio é que elas ocorreram e continuam sendo disseminadas em muitos lugares, muitos mesmo. A Fraternidade São Pio X está empenhada em manter diálogo com o Papa, e é recíproco este desejo e necessidade. A liturgia de Paulo VI, DESLOCOU o Mysterium fidei das palavras consecratórias. Ficou bem diferentwe do que consta da tradição Bíblico-litúrgica. Missas com oração de cura e libertação, muito semelhantes aos cultos protestantes. Na diocese de Campos, em muitas paróquias, antes do término da Missa, no último domingo de cada mês, há o chamado “passeio do Santíssimo”, em que as pessoas caem ao chão (no templo), ao som de músicas evangélicas. Prega-se fortemente idéias novas e modernos rituais. Por outro lado, na arquidiocese do Rio, por exemplo, quantos padres defendem a teologia da libertação e pregam livremente estas idéias em suas homilias, e afirmam serem novas conclusões tiradas dos documentos conciliares (Vaticano II), naturalmente. E isto, não ocorre só no Rio ou em Campos dos Goytacazes, ocorre pelo mundo afora. Senhor Jorge, o céu se inclina diante da voz de um Homem, vede quão grande é a responsabilidade de um Vigário de Cristo! É O PODER DAS CHAVES. Ninguém quer que crises continuem existindo indefinidamente, mas, Dom Lourenço, deixa bem claro aos seus fiéis que a fraternidade não está disposta à adesão incondicional ao Concílio Vaticano II. Posso ser franco com o senhor, porque frequento a Capela da Imaculada Conceição, em Pendotiba, Niterói, Rio de Janeiro. E concordo com o comentário do senhor Gabriel, do dia 29 de Janeiro de 2009, 12:22 pm. Ele não parece ser maledicente, parece bem realista, inclusive.

    Por favor, Senhor Jorge, que poderíamos fazer com os seguintes documentos pontifícios a saber:

    Pio XII – SOBRE A FUNÇÃO DA IGREJA na restauração do mundo que fala sobre a solidez e segurança, a Igreja E O IMPERIALISMO MODERNO.

    Sobre os erros contemporâneos e o modo de os combater, de Pio IX. O que diria o Papa Pio IX, por exemplo, se presenciasse entre seus súditos e clero o desejo por um ecumenismo avassalador e desprezo às normas litúrgicas e propagação de correntes dentro da Igreja…

    Sobre o Sagrado Coração de Jesus, Pio XI. (MISERENTISSIMUS REDEMPTOR). Coloca como temas o Coração de Jesus e os tempos modernos, a Festa de Cristo Rei, último domingo do mes de outubro, segundo o antigo calendário. O reinado social de Jesus Cristo. E o que não dizer sobre o ato de desagravo ao Sagrado Coração de Jesus. N

    Não devo esquecer de falar sobre o Reino de Maria, que embora o ofício parvo da Imaculada Conceição, que nos diz que Ela deve ser não só Rainha dos Céus, mas Senhora do mundo, ou seja, do mundo Cristão. Não rainha daqueles que propagam heresias, não me refiro somente aos heresiarcas protestantes, mas, daqueles católicos tíbios que defendem o modernismo, progressismo e este ecumenismo que acha que toda religião salva. Adeptos do ecumenismo pós-conciliar, alguns destes sacerdotes, estavam lá em Copacabana, no Rio de Janeiro, de mãos dadas com “pais e mães e santo” que nada de tem de pais ou de mães, muito menos de santos! Este encontro não foi promovido pela Igreja, todavia, haviam alguns sacerdotes do rito romano lá também. Isto ficou abafado.
    Mas, voltando ao tema central, não é saudável este ecumenismo “oficial” tão recomendado como prioridade no Reinado de João Paulo II, estaria eu por acaso mentindo ou maldizendo a memória do Papa João Paulo II? ELE DE FATO PRIORIZOU O ECUMENISMO NA IGREJA.

    SEGUNDA QUESTÃO – A liturgia pós-conciliar. Houve uma mudança radical da liturgia. Assunto que todos aqui conhecem bem, dispensa os comentários.

    Ao confrontar tudo o que foi ensinado pela Igreja até meados do século XX com o que ESTÁ escrito no Concílio, há claramente um afastamento chocante em mutíssimos aspectos, não diria todos, mas numa porcentagem altíssima. Diante disto, o que fazer senão rezar, como faz a Fraternidade São Pio x, nesta campanha do Rosário para que o papa faça a Consagração da Rússia em união com todos os Bispos do Mundo ao Imaculado e santíssimo Coração de Maria. Não só ao seu físsico e amantíssimo Coração, mas por tudo que Ela representa para nós seus Filhos amados. Creia, senhor Jorge, não é disputa, não é querer estar por cima, tão somente é nosso desejo ver a Igreja amada e respeitada.

  22. Caríssimo sr. André,

    Concordamos obviamente que é necessário manter a Fé Católica. Concordamos igualmente que a Fé Católica é imutável. Concordamos sem sombra de dúvidas que a Fé Católica está expressa em diversos documentos pontifícios como os que você citou.

    O que não dá para concordar – porque é falso – é que haja “um afastamento chocante em mutíssimos aspectos” entre “o que foi ensinado pela Igreja até meados do século XX com o que ESTÁ escrito no Concílio [Vaticano II]” – grifos meus.

    O senhor poderia elencar sumariamente este “afastamento chocante” – em uma “porcentagem altíssima” – entre o que está escrito no Vaticano II e o que a Igreja sempre ensinou?

    Abraços,
    Jorge

  23. Prêmio “Coveiro do Ano” ao sr. André. Vai gostar de desenterrar tópicos assim, lá na China.

  24. Seria falso dizer que existe um afastamento chocante em muitíssimos aspectos se de fato o Concílio Vaticano II fosse mais rígido em suas diretrizes, o que há na verdade é uma grande flexibilidade em matéria de liturgia e todas as coisas ligadas ao culto divino sobretudo. Sem contar que o Concílio deixa muitas coisas a critério das Comissões e conferências episcopais. Daí vem as novidades tão incompatíveis com a sacralidade que se deve prestar na casa de Deus. No nosso caso, no Brasil, quanta novidade traz a CNBB! Ao invés de zelarem pela ortodoxia…
    Não vou citar aqui os textos do Concílio, seria até desnecessário, já que se encontra qualquer livraria católica de grande porte. Por exemplo, a constituíção sobre liturgia e música sacra do concílio Vaticano II, por um lado visa manter o patrimõnio do Canto Gregoriano e polifônico, mas, dá abertura para que novas composições musicais sejam elaboradas, de forma a encarnar as culturas locais. Encarnaram sim a “cultura” gospel protestante e africana, sobretudo cá no Brasil, onde Beneditinos inventaram o canto gregoriano em vernáculo, algo extremamente equívoco, segundo afirma o Reverendíssimo Frei José Luis Prim, doutor em música sacra. Quanto à Sagrada Liturgia, “nós” devemos estar a serviço dela e não o contrário. Uma das características do Concílio foi a reforma litúrgica desnecessária. O Missal de São Pio V, por Ele codificado esteve aberto em nossos altares durante séculos até a década de 60. João XXIII manteve o Missal, o Breviario, o Ritual. Apenas houve uma leve mudança, ou seja, algumas simplificações de rubricas, segundo seu Motu próprio. A reforma empreendida por Paulo VI foi avassaladora em matéria litúrgica. O senhor conhece muito bem a Missa Tridentina e sabe que o novo Missal é muito diferente, não só pelo deslocamento grave do Mysterium Fidei das palavras consecratórias, mas, dele como num todo. O concílio deu abertura as conferencias episcopais para decidirem sobre as coisas ligadas ao culto. Basta dizer que hoje é permitido que uma mulher seja admitida ministra da Eucaristia para que suba ao altar para auxiliar um sacerdote, revestida de opa. Para nós que seguimos a antiga ordem estabelecida isto é absurdo. Elas apenas podem preparar o altar, antes da missa, exceto o Cálice, que é da alçada dos Sacerdotes e clérigos. Muitas religiosas levantaram as bainhas dos hábitos, reduzindo-os a meros vestidos semelhantes as vestes laicais. O clero pode ou não revestir-se de batina. É comum atualmente ver padres tomando banho de sol nas prais de sunga. Não que estas loucuras sejam ditadas pelo concílio, não é o que estou afirmando, mas, são fruto da abertura excessiva que ele dá, com isto, surgem as variadíssimas novas conclusões tiradas do Concílio. ELE DÁ AO LEIGO, ISTO É FATO, VÁRIOS PODERES QUE SÓ OS CLÉRIGOS POSSUEM. o RITUAL é praticamente um livro que serve a leigos e padres. Norma do Concílio. Poderia desenterrar mais tópicos (Documentos gravísssimos dos Santos Padres), como o Motu próprio de São Pio X SOBRE MÚSICA SACRA E LITURGIA. É MUITO DIFERENTE do que estabelece não como regra, no Concílio Vaticano II, SEM CONTAR COM A IMPRESSIONANTE CARTA aos Sacerdotes do Padre Eduardo Poppe (1890-1924).

    OS ESCÃNDALOS INCONTÁVEIS QUE OCORREM EM MUITOS LUGARES são sim fruto destas novas diretrizes pós-conciliares.

  25. Senhor Lúcio, Prefiro desenterrar as coisas santas, é , está certo, precisam ser desenterradas e a novidade sepultada, no mínimo na atenosfera.

  26. Caríssimo sr. André Araújo,

    Sem dúvidas que as coisas que o sr. cita são lamentáveis e sem dúvidas que estou de acordo com o senhor em repudiá-las. A questão não é essa.

    A questão é: dado que “estas loucuras” não estão “ditadas pelo concílio”, por qual raciocínio se conclui – sem possibilidade de erro – que elas “são fruto da abertura excessiva que ele dá”?

    Abraços,
    Jorge

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