Decreto – Indulgência Plenária por ocasião do Ano da Fé

Fonte: Arquidiocese de Olinda e Recife

Arquidiocese de Olinda e Recife
Cúria Metropolitana

DOM ANTÔNIO FERNANDO SABURIDO
Por mercê de Deus e da Santa Sé Apostólica
Arcebispo de Olinda e Recife

Tendo o Santo Padre, o Papa Bento XVI, proclamado, com a Carta Apostólica Porta Fidei – o ANO DA FÉ, para ser vivenciado entre 11 de outubro de 2012 ao fim do dia 24 de novembro de 2013, Solenidade de Cristo Rei, e tendo a Penitenciaria Apostólica concedido a possibilidade de lucrar indulgência plenária por ocasião da celebração desse ANO DA FÉ; pelo presente ato, o Arcebispo de Olinda e Recife revoga o decreto de 11 de outubro de 2012 e

DECRETA

que os fiéis poderão lucrar a indulgência plenária observadas as condições prepostas no Decreto do dia 14 de setembro de 2012 da referida Penitenciaria Apostólica:

1. Cada vez que participarem em pelo menos três palestras e/ou conferências sobre os Documentos do Concílio Vaticano II e sobre os Artigos do Catecismo da Igreja Católica, em qualquer igreja ou lugar idôneo;

2. Cada vez que participarem do Sacrifício Eucarístico na Igreja Catedral, Sé de Olinda, ou, como peregrinos, visitarem a referida Igreja participando de alguma função sagrada, ou pelo menos passando um bom tempo de recolhimento com meditações piedosas ou a recitação da liturgia das horas, concluindo com a recitação do Pai-Nosso, a Profissão de Fé de qualquer forma legítima, e invocações à Bem-Aventurada Virgem Maria. Os fiéis que, por motivos graves, não participam diretamente da Santa Missa, mas acompanham “ao vivo” a transmissão da mesma, seja de modo televisivo seja radiofônico, poderão alcançar a referida Indulgência;

3. Cada vez que, como peregrinos, visitarem as Basílicas: Nossa Senhora Auxiliadora, na Colônia dos Padres Salesianos, Jaboatão dos Guararapes; Nossa Senhora do Carmo, no centro do Recife; Nossa Senhora da Penha, no bairro de São José, Recife; Sagrado Coração de Jesus, Boa Vista, Recife; São Bento, Olinda; os Santuários: Mãe, Rainha e Vencedora três vezes admirável, em Ouro Preto, Olinda; Nossa Senhora dos Prazeres, Montes Guararapes, Jaboatão dos Guararapes; Nossa Senhora de Fátima, na Soledade, Recife; Santíssimo Sacramento, na Matriz da Boa Vista, Recife; as Igrejas mais antigas de cada vicariato: Convento São Miguel, em Ipojuca; Igreja Matriz dos santos Cosme e Damião, em Igarassu; Igreja Madre de Deus, Recife Antigo; Matriz Nossa Senhora da Luz, em São Lourenço da Mata; Matriz Nossa Senhora da Paz, em Afogados; Matriz Nossa Senhora do Rosário, em Muribeca; Igreja Matriz de Santo Amaro, em Jaboatão dos Guararapes, e nesses lugares participarem de alguma função sagrada, ou pelo menos passarem um bom tempo de recolhimento com meditações piedosas ou a recitação da liturgia das horas, concluindo com a recitação do Pai-Nosso, a Profissão de Fé de qualquer forma legítima, e invocações à Bem-Aventurada Virgem Maria;

4. Cada vez que participarem de uma solene celebração eucarística ou na liturgia das horas, acrescentando a Profissão de Fé de qualquer forma legítima nos seguintes dias: Festa do Batismo do Senhor: 13/01/2013; Solenidade de São José: 19/03/2013; Solenidade de Pentecostes: 19/05/2013; Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo: 30/05/2013; Solenidade de São Pedro e São Paulo: 30/06/2013; Festa da Transfiguração do Senhor: 06/08/2013; Solenidade da Assunção de Nossa Senhora: 18/08/2013; Festa da Exaltação da Santa Cruz: 14/09/2013; Solenidade de Nossa Senhora Aparecida: 12/10/2013; Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo: 24/11/2013;

5. Um dia livremente escolhido, durante o Ano da Fé, para a visita piedosa do batistério ou outro lugar, onde receberam o sacramento do Batismo, se renovarem as promessas batismais com qualquer forma legítima;

6. Por ocasião da celebração ad Solenidade de Jesus Cristo Rei do Universo, no dia 24 de novembro de 2013, no encerramento do Ano da Fé, quando será dada a Bênção Papal com indulgência plenária.

Dado e passado na Cúria Metropolitana de Olinda e Recife, aos 09 dias do mês de janeiro de 2013.

Dom Antônio Fernando Saburido
Arcebispo Metropolitano

Pe. Cícero Ferreira de Paula
Chanceler da Cúria

Gays, católicos, e praticantes

A matéria d’O Estado de São Paulo sobre os «[g]ays católicos praticantes [que] buscam seu espaço na igreja» está repleta de baboseiras do início ao fim.

Antes de qualquer coisa e ao contrário do que o artigo insinua de uma ponta a outra, é preciso deixar claro que não existem gays católicos praticantes. Ou o gay é um sujeito sério, católico praticante e, por isso, luta contra as suas tendências sexuais desordenadas sabendo que «[p]elas virtudes de autodomínio, educadoras da liberdade interior, às vezes pelo apoio de uma amizade desinteressada, pela oração e pela graça sacramental» ele pode e deve «se aproximar, gradual e resolutamente, da perfeição cristã», como apregoa o Catecismo (§2359); ou então o sujeito é um gay praticante que vive imundamente chafurdando na lama do pecado contra a natureza e, ao mesmo tempo, quer tumultuar a Igreja incoerentemente alardeando-se “católico” ao mesmo tempo em que defende e vive o contrário do que prega a Doutrina Moral Católica. Et tertium non datur.

Infelizmente, a matéria do jornal só fala sobre esses últimos. Ao invés de citar (p.ex.) os homossexuais sérios que fazem parte do Apostolado Courage (que inclusive já existe no Brasil) e lutam, estes sim, para ajudar de verdade os católicos que são homossexuais a continuarem verdadeiramente vivendo como católicos, citam lixos como o “Diversidade Católica” que apenas servem para ensinar os gays a serem hipócritas e afastá-los do Catolicismo. Só por isso a reportagem já merecia ser tratada com suspeição. Contudo, não satisfeita em fazer esta apresentação seletivamente criminosa das relações entre os gays e a Igreja, a sra. Luciana Leal (que assina a matéria) ainda nos brinda com uma série de informações disparatadas. Veja-se:

Nos últimos anos, eles têm se reunido em espaços como o Diversidade Católica, no Rio, e a Pastoral da Diversidade, em São Paulo.

Como é evidente, não existe nenhuma “Pastoral da Diversidade” na Arquidiocese de São Paulo (a matéria só fala isso no final). Na verdade, o grupo que atende por este nome é formado por leigos que afirmam textualmente não estarem «buscando aprovação ou apoio de nossas autoridades eclesiásticas para nossa pastoral» e, portanto, usam este nome apenas para enganar os incautos. Trata-se, à semelhança do “Diversidade Católica” et caterva, de outro exemplar dos grupos acéfalos que advogam a revogação do princípio da não-contradição como fundamento ontológico da dignidade gay: em suma, é só mais uma fábrica de incoerências grosseiras.

Os grupos têm o apoio de alguns padres, como d. Anuar Battisti (…), que atuam com discrição para evitar sanções da hierarquia da Igreja

… ou seja, que não têm cojones para sustentar as suas posições em público e, aí, fazem-no às escondidas. Em outras palavras: os sacerdotes sabem tão bem que é contraditório defender simultaneamente o Evangelho de Cristo e a permanência na vida de pecado, a santificação por meio da Igreja e a exaltação das práticas homossexuais, que simplesmente não têm coragem de defender esta incoerência diante da Igreja. Fazem-no às escuras, desobedecendo frontalmente tanto à Igreja quanto ao próprio Cristo que mandou os Apóstolos anunciarem as coisas “por cima dos telhados” (cf. Mt 10, 27). Em que mundo esta pusilanimidade pode ser uma coisa louvável?

Para mostrar o outro lado da Igreja, os integrantes do Diversidade Católica recorrem a palavras do próprio Bento XVI: “A Igreja não é apenas os outros, não é apenas a hierarquia, o papa e os bispos; a Igreja somos nós todos, os batizados”.

Ora, usar as palavras de um autor para fazê-las contradizer o que este mesmo autor diz com insofismável clareza em outros lugares é o mais límpido e cristalino exercício de patifaria intelectual. Se o Papa diz com todas as letras que a Doutrina Católica «condena a prática da homossexualidade» e os sujeitos desses grupos sabem disso, como é possível que, em consciência, eles venham se escorar em outras declarações pontifícias genéricas para, contra todo e qualquer respeito que se deve ter às idéias de outrem, insinuar que está “tudo bem” em ser católico e continuar praticando o pecado do homossexualismo? Como esperam ser levados a sério, se visivelmente não levam a sério as declarações do Papa a quem não obstante juram seguir?

Na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em Madri, em 2011, ele encaminhou por escrito, sem esperança de ser atendido, uma pergunta ao arcebispo do Rio, d. Orani Tempesta, sobre como a Igreja lida com a presença dos gays católicos. O rapaz se surpreendeu ao ver que sua pergunta foi respondida por d. Orani, que, segundo ele, pregou a existência de uma Igreja para todos.

É mesmo? Dom Orani chancelou esta hipocrisia gay? Cadê o comunicado assinado pela Mitra? Cadê a gravação desta alegada resposta? Tudo o que a gente tem sobre isso é a narrativa de um gay? Sinto muito, mas não é crível. Afinal de contas, dom Orani foi a público protestar contra o reconhecimento da “união homoafetiva” pelo STF em 2011. E, ao contrário da alegação gay, disso há registros.

Enfim, é este tipo de desinformação que alguns veículos de mídia acham importante divulgar. É profundamente lamentável que o Estado de São Paulo se preste desta maneira grosseira a semear a confusão entre os brasileiros. Quanto às pessoas que possuam tendências homossexuais e estejam sinceramente dispostas a colocar o amor a Cristo acima do amor ao baixo ventre, não se deixem seduzir por este caminho fácil que os jornais divulgam. Ouçam Cristo que fala através da Igreja. Fujam de todos aqueles que desejam ensinar elevados caminhos espirituais enquanto descuidam gravemente de importantes virtudes humanas! E a coerência é uma virtude muito importante. Não dá pra confiar em quem diz que é possível ser, simultaneamente, católico fiel e violador consciente e constante do Sexto Mandamento.

A bebida, o cigarro, as guloseimas infantis

Gostei às avessas da coluna do Gilberto Dimenstein de hoje. Não que eu a tenha detestado; apenas senti um alívio reconfortante ao ver o colunista esbravejar contra o “Lei Seca” que dá nome à nossa legislação que proíbe o álcool no volante. Praticamente todas as sandices que ele diz podem facilmente se transformar em verdades até bem óbvias, bastando que a gente retire algumas negativas. Veja-se: é verdade que a Lei Seca brasileira é «moralista, repressora e ineficiente», que com ela «o poder público está reprimindo um direito individual» e que, portanto, é um dever cívico dizermos em alto e bom som «que [est]a lei é repressora e cretina como a Lei Seca [americana]». Por mais que protestem os colunistas da Folha, parece-me que (graças a Deus) não conseguirão silenciar estes juízos de valor que brotam do bom senso da população brasileira.

Podem usar o apelo emocional que quiserem para justificar o absurdo: nada vai convencer uma pessoa mentalmente sã de que é razoável aplicar uma multa de 2000 reais, prender por (no mínimo) seis meses e proibir de dirigir por um ano um fulano que esteja tranqüilamente voltando pra casa após tomar uma cerveja no almoço. Reduzamos a pó os sofismas midiáticos: não é verdade que “a lei está salvando vidas”, pois as pessoas que põem a vida de terceiros em risco não são as que tomaram um copo de cerveja, e sim as que não têm condições de voltar pra casa sozinhas nem a pé – e para retirar estas da rua não era necessário impedir aquelas de dirigirem. Tampouco é relevante o fato de que “não é a mesma coisa” dirigir mesmo após um gole de bebida que seja, porque existem inumeráveis e inevitáveis outros fatores que afetam o abstrato “pleno gozo das capacidades mentais e físicas” dos quais, idealmente, o motorista deveria dispôr ao sentar-se ao volante: coisas como sono, anti-alérgicos ou preocupações com o trabalho ou a família potencialmente afetam-no muito mais do que uma taça de vinho no jantar, donde se vê que a discussão não deve ser sobre se algo influencia ou deixa de influenciar a capacidade de fulano dirigir e sim a partir de quando esta capacidade está comprometida a ponto de colocar em risco a vida de outros.

Mesmo os que concordam com a lei são praticamente unânimes em dizer que as pessoas normais estão pagando pelas que exageram, o pai de família responsável que tomou uma taça de vinho com a esposa no jantar pelo bêbado que passou a noite enchendo a cara na balada e agora mal consegue ficar em pé. Há, portanto, inocentes pagando por culpados. Isto significa (por mais que o Dimenstein não goste de dizer as coisas às claras) que o Poder Público está sim reprimindo – injustamente! – direitos individuais, está dizendo como as pessoas devem agir ou evitar agir em assuntos que não dizem respeito ao bem público. Algumas pessoas não se importam com isso; eu acho que deveríamos nos importar.

A Lei Seca aqui citada é somente um exemplo de algo muito mais genérico: a noção de que o Estado possa (ou até deva) regular as minúcias da vida individual, dizendo o que as pessoas podem ou não podem fazer em assuntos totalmente alheios (por vezes, até contrários!) à ordem da vida em sociedade que o Estado deveria tutelar. Em uma coisa o Dimenstein está completamente certo: a Lei Seca é «algo do tipo como não fumar em locais fechados». Sim, verdade: é pelo menos tão absurdo quanto, provavelmente até mais grave, mas da mesma espécie depravada de idéia que só pode sair da cabeça de mini-ditadores ávidos por controlar a vida alheia em aspectos que cada vez menos lhes dizem respeito.

É dever do Estado punir os crimes, mas não a mera possibilidade de cometê-los, senão caímos em Minority Report. É justo e razoável que o Estado puna quem cometeu um acidente de trânsito, mas é absurdo autorizá-Lo a punir o (alegado e questionável) risco de provocar um acidente. Nem Deus pune os homens desse jeito! E os burocratas que se deixam inebriar por essa onipotência legislativa não conhecem limites. As ordens tendem a ficar cada vez mais estapafúrdias. Já existe um projeto de lei – aprovado pela Câmara dos Deputados! – que proíbe o motorista de andar com bebidas alcóolicas em qualquer outro lugar do carro que não o porta-malas, ainda que ele próprio não esteja bebendo. O carona tampouco pode beber. O que é isso agora? Certamente o projeto deve estar recheado de floreios retóricos provando por “a + b” a má influência que a cerveja nas mãos do passageiro pode exercer sobre o motorista forçosamente abstêmio; mas punir esta caricatura de ocasiões de pecado evidentemente não é papel dos Poderes Públicos. Como foi possível que nós tenhamos chegado aqui?

Este texto sobre um outro aspecto da mesmíssima doença – agora voltada para a propaganda infantil – dá-nos uma preciosa dica. Vale a leitura na íntegra, mas destaco estes dois parágrafos que são bem representativos do que estamos querendo dizer:

Lembrar aos pais que a responsabilidade sobre a obesidade de seu filho pertence a eles mesmos, que aos pais cabe a decisão de ter ou não ter uma TV em casa, de que o controle do dinheiro da família não é da criança, e que, portanto, não há possibilidade de um filho se encher de gordura sem que o pai não tenha de alguma forma permitido tal lambança, pelo fornecimento de capital e pela falta de autoridade, seria inconveniente e impopular. Seria sincero demais.

[…]

Não, não se trata da defesa dos direitos da criança. Trata-se, mais uma vez, da diminuição da liberdade do cidadão, do enfraquecimento da autoridade dos pais, da ingerência estatal no livre mercado e na mídia, da pulverização das responsabilidades individuais, do fortalecimento e da expansão do aparato estatal sobre as consciências e sobre toda a sociedade.

Trata-se, em suma, da dissolução das responsabilidades individuais por meio da transferência de tudo para o coletivismo – para o Estado. E um povo sem responsabilidades individuais é um povo fraco e medíocre, presa fácil para toda sorte de tiranias que soem medrar em ambientes assim. O cigarro, a bebida, as guloseimas infantis! Para fins de compreendermos a seriedade destas questões, talvez fosse importante perguntarmos onde eles irão parar. Mas, para que saiamos da letargia que retroalimenta esse ridículo “pode-não-pode” estatal, talvez a pergunta mais adequada a se fazer aqui seja até onde nós os deixaremos ir.

“O comportamento de alguns líderes da nossa amada Igreja” – por Lívia Melo

Em todo esse tempo de caminhada dentro da Igreja Católica, nunca antes precisei enfrentar tantos embates tão sérios quanto os de agora. Considero os de agora mais sérios porque antes as divergências com outras pessoas eram até normais, pois não eram da mesma fé que eu; mas, agora, os embates são mais desgastantes, pois são com irmãos de fé, são pessoas católicas que criticam, “alfinetam” e vêem com maus olhos as práticas pelas quais tenho simpatia. Práticas que aprendi com meu bisavô materno, com minha avó, com amigos fiéis à Igreja…

Para ilustrar bem, vou relatar o que houve no último domingo, 27 de janeiro, quando fui à missa na minha cidade natal, Campina Grande, onde vim passar as férias.

Como de costume, levei à missa meu Tratado da Verdadeira Devoção à Ssma. Virgem, o terço e minha mantilha. A missa não era tridentina, mas ainda assim usei a mantilha. Ao meu lado estava uma tia freira e a minha avó.

A celebração não era assim de uma liturgia perfeita, mas ainda assim permaneci serena, pois aprendi a suportar os abusos litúrgicos com o mesmo silêncio de Maria, ao ver Cristo ser abusado na Sua Paixão. Foquei no principal e suportei os erros.

Pois bem… eis que chega a hora da homilia. Foi quando comecei a ouvir comentários do tipo:

“Querem que às missas voltem a ser em latim, com aqueles incensos!”
“Querem que a mulher vá à missa ‘cheia de pano’!”
“Querem que os padres usem batinas, aquelas batinas pretas… essas pessoas não sabem o que é usar isso aqui no nordeste”

Na mesma hora olhei bem para o padre, e ele me olhou. Pode até ser que esses comentários não tenham sido alfinetadas; mas, com toda sinceridade, entendi como indiretas a mim, pois eu era a única que estava de véu, o que remete ao passado, às missas em latim, às comunhões na boca, etc. De qualquer modo, ainda que não tenham sido comentários direcionados a mim, os mesmos estão equivocados da mesma forma. Como pode uma assembléia ser educada desta maneira? Como pode um padre “demonizar” o rito tridentino e as práticas piedosas de tantas pessoas? É realmente muito difícil de compreender.

Minhas observações:

Com relação à crítica nº1: Qual é o problema em ter fiéis querendo que tenham missas tridentinas? Acaso ele está desconsiderando o Motu Proprio Summorum Pontificum? Desde que não se condene o rito novo como inválido, que mal faz querer uma missa bem celebrada na forma extraordinária?

Com relação à crítica nº2: “Cheia de Pano”? Existe pecado em usar um véu na missa? Por que ele não se volta contra as mulheres que vão semi-nuas às celebrações?

Com relação à crítica nº3: Queremos que os padres usem batinas, sim! Se querem andar igual a boyzinhos, por que decidiram seguir a Cristo na Ordem? Cristo nos pede tudo e não metade, portanto, um consagrado deve andar como um consagrado. E, com relação ao calor do nordeste, tinha uma freira ao meu lado, de hábito, NO NORDESTE! E eu nem vou levar em consideração o fato de que, no interior, o calor é muito mais ameno que nas capitais.

Não tive raiva deste padre, ao contrário, tive piedade, mas fico muito triste ao perceber o comportamento de alguns líderes da nossa amada Igreja. Líderes que se comportam mais como leigos ou políticos engajados em uma luta terrena.

Por fim, quero deixar claro que este depoimento não tem intenção alguma de escandalizar este padre cujo nome não foi e não será citado, tampouco a paróquia em que isso ocorreu. Também não tem a intenção de desmerecer qualquer trabalho de boa fé que o mesmo faz. É apenas um desabafo de uma senhorita que busca ser cada vez mais fiel aos olhos do Senhor e que tem encontrado obstáculos diversos dentro da igreja local, onde deveria ser o refúgio dos cristãos.

Nossa Senhora, Auxílio dos Cristãos, rogai por nós!

Lívia Melo é paraibana,
Gestora Financeira e aderida ao Movimento Regnum Christi

Atenção: Ministério da Saúde orienta como fazer aborto usando Cytotec!

[Publico na íntegra esta importante nota do Brasil Sem Aborto, denunciando um folheto do Ministério da Saúde que ensina a fazer aborto com Cytotec. A foto do citado folheto foi publicada no perfil da entidade no Facebook, e a dra. Lenise Garcia – presidente do movimento – o tem em mãos. Não veiculamos a íntegra do documento por razões óbvias: não temos interesse em divulgar o conteúdo de uma cartilha que ensina como fazer um aborto.

Quando a idéia de redução de danos para aborto ilegal foi aventada pelo governo brasileiro, nós protestamos aqui. E repetimos o nosso repúdio a esta agenda abortista que avança às escuras, de maneira sub-reptícia, por debaixo dos panos e longe do olhar crítico da sociedade brasileira. Fazemos coro à nota: em tempos de transparência, causa espécie que certas coisas ainda sejam conduzidas no subterrâneo da política.]

Nota do Movimento Nacional da Cidadania pela Vida
(Brasil Sem Aborto)

Ministério da Saúde orienta como fazer aborto usando Cytotec

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No apagar das luzes de 2012, o Ministério da Saúde mandou imprimir uma cartilha com o título “Protocolo Misoprostol”, com as instruções para o uso desse medicamento abortivo, mais conhecido pela marca Cytotec, cuja comercialização é proibida no Brasil. O responsável pela publicação é o Departamento de Ações Programáticas Estratégicas da Secretaria de Atenção à Saúde e o texto também se encontra disponível na Biblioteca Virtual do Ministério.

Contrariamente ao que é habitual em publicações governamentais, não há, em todo o folheto, nome de qualquer autor ou responsável.

O folheto aparenta destinar-se a público especializado, para a realização do dito “aborto legal” e outros usos. Em sua página 2, explicita: “apresentamos a seguir o Protocolo para Utilização de Misoprostol em Obstetrícia, em linguagem técnica, dirigido a profissionais de saúde em serviços especializados”. Entretanto, alguns aspectos chamam a atenção.

– A 1ª edição tem uma tiragem de 268.108 exemplares, sendo que dados recentes publicados no site da FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) indicamque há no Brasil 22.815 médicos em atividade nessa área. A publicação ultrapassa, portanto, em mais de dez vezes, o número de profissionais aos quais teoricamente se destinaria.

– Contrariamente ao que é habitual em protocolos para atuação médica, o uso de Misoprostol não é comparado a outros medicamentos ou técnicas que seriam possíveis na mesma situação. Por exemplo, indica-se a dose e modo de uso para “indução do parto com feto vivo”, uma utilização não aceita pela FDA (Food and Drug Administration) americana, e para a qual existem alternativas. Os próprios fabricantes do Misoprostol alertaram para o risco de ruptura uterina quando ele é usado como indutor do parto.

– Ao contrário do que se diz na apresentação, a linguagem do folheto, especialmente em sua segunda parte, quando trata do uso, é sintética e direta, facilmente compreensível por público leigo. Praticamente se restringe às doses a serem utilizadas para o“esvaziamento uterino” no primeiro, segundo e terceiro trimestres da gestação.

Assim, mais do que ao médico que precisa tomar decisões de tratamento, o folheto parece dirigir-se a pessoas que já conseguiram ou pretendem conseguir clandestinamente a droga e tem dúvidas sobre como utilizá-la para realizar o aborto. Já em junho de 2012 a mídia brasileira noticiou que o Ministério da Saúde estaria preparando uma cartilha para a mulher que decidisse abortar.

http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2012/06/07/governo-prepara-cartilha-para-mulher-que-decide-abortar.htm

Quando o assunto veio a público, o Ministério da Saúde apressou-se a desmentir que estivesse trabalhando nessa política de “redução de danos”. Entretanto, a publicação desse folheto aponta novamente na mesma direção.

A Dra Lenise Garcia foi pessoalmente protagonista de um curioso fato envolvendo essa negativa do Ministério. Ela foi entrevistada pela TV Brasil, conjuntamente com o Dr. Thomas Gollop, no dia 12/06/2012, em vídeo que pode ser visto aqui:

http://tvbrasil.ebc.com.br/reporterbrasil/video/28470/

No início da entrevista, o Dr. Gollop nega qualquer envolvimento do Ministério da Saúde nessa política de“redução de danos”, pois a cartilha estaria sendo elaborada pelo “grupo de estudos sobre o aborto” da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Entretanto, publicações desse grupo de estudos indicam a sua fonte de financiamentos: “O GEA não é uma organização não-governamental e não tem verbas próprias. Conta com o apoio do Ministério da Saúde e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e seu foco é capilarizar a discussão do tema do aborto sob o prisma da Saúde Pública e retirá-lo da esfera do crime”. Fonte:

http://www.aads.org.br/gea/documentos/GEA_folheto_apresentacao.pdf

Além disso, a reunião estava marcada para acontecer no prédio do Ministério da Saúde, tanto que, ao ser convidada para a entrevista, a Dra Lenise foi informada de que esta ocorreria, às 8h00, em frente ao Ministério. Na noite anterior, recebeu um telefonema urgente da TV Brasil mudando o local da entrevista para o hotel em que estava hospedado o Dr. Gollop.

Em tempos de transparência, e diante do compromisso assumido na época eleitoral pela nossa presidente Dilma Rousseff de que o Executivo não trabalharia para a implantação do aborto no Brasil, os fatos mostram forte contradição entre as aparências e a realidade.

Brasília, 28 de Janeiro de 2013.

Lenise Garcia
Presidente

Jaime Ferreira Lopes
Vice-Presidente

A falta de senso dos maus religiosos e dos ateus fanáticos

Ainda sobre a tragédia ocorrida na madrugada deste domingo em Santa Maria, preciso fazer mais dois comentários sobre as atitudes nonsense que algumas pessoas tiveram diante da catástrofe.

Primeiro: alguns religiosos ignorantes vieram a público insinuar que o incêndio fora um castigo de Deus (veja-se, p.ex., aqui e aqui) por conta dos pecados daqueles jovens. Ora, que me conste, ninguém tem procuração do Todo-Poderoso para afirmar peremptoriamente qual a motivação dos Seus atos em cada caso concreto – de modo que uma afirmação assim configura, no mínimo, um juízo temerário. Depois, escrever este tipo de coisa em público é uma tremenda falta de sensibilidade para com os familiares das vítimas, que já estão sofrendo o suficiente com a perda dos seus entes queridos.

Por fim, semelhante julgamento é fruto de um orgulho demoníaco. Contra aqueles que gostam de encontrar, entre vítimas de tragédias, pecadores maiores do que si próprios, Nosso Senhor já respondeu com bastante clareza nas páginas do Evangelho. São Lucas nos narra o seguinte episódio:

Neste mesmo tempo contavam alguns o que tinha acontecido a certos galileus, cujo sangue Pilatos misturara com os seus sacrifícios.

Jesus toma a palavra e lhes pergunta: Pensais vós que estes galileus foram maiores pecadores do que todos os outros galileus, por terem sido tratados desse modo? Não, digo-vos. Mas se não vos arrependerdes, perecereis todos do mesmo modo.

Ou cuidais que aqueles dezoito homens, sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou, foram mais culpados do que todos os demais habitantes de Jerusalém? Não, digo-vos. Mas se não vos arrependerdes, perecereis todos do mesmo modo.

Lc XIII 1-5

A passagem é suficientemente clara para não permitir tergiversações. Os jovens que morreram tragicamente na boate de Santa Maria não eram mais pecadores do que os outros jovens da cidade; dizer o contrário é ser leviano. Qualquer um pode encarar a tragédia como um castigo de Deus (a este respeito, veja-se aqui e aqui), mas não tem legitimidade alguma para julgar que os que nela pereceram fossem piores do que os que ficaram vivos. Afinal de contas, para todos nós, se estamos vivos hoje, é por graça e misericórdia de Deus. Se incêndio fosse castigo para pecadores, eu próprio já teria morrido queimado há muito tempo.

Segundo: como não existe nada feito por um religioso que um ateu não possa fazer mil vezes pior, o perfil do Facebook da ATEA aproveitou a tragédia de ontem para fazer um estúpido e insensível proselitismo irreligioso. Depois apagaram a imagem sem dar maiores satisfações; mas o pessoal do Anti-Ateísmo guardou. É a imagem seguinte, que aqui vai (naturalmente) cortada na parte de baixo em respeito às vítimas da tragédia de Santa Maria – respeito que os ateus do Facebook não tiveram quando a publicaram ontem integralmente [p.s.: na verdade, parece que a foto era de um outro incêndio fora do país, mas a imagem estava sendo compartilhada como se fosse da boate em Santa Maria – e, independente da fonte exata das imagens, a cretinice da exploração do sofrimento alheio para se fazer piada e propagação do ateísmo permanece]:

deus-cade-voce

Se é errado insinuar que as vítimas do acidente eram mais pecadoras do que a média, é muitíssimo mais errado expôr triunfalmente, em tom zombeteiro, os corpos empilhados para “provar” que Deus não existe. E esta estupidez foi feita pela mesmíssima página que criticou (acertadamente, como falei acima) uma foto que atribuía a tragédia aos pecados dos jovens, dizendo ser isto «[o] [t]ipo de coisa que vc nunca verá um ateu falando». De fato, isto eles não falam, mas falam mil vezes pior quando expõem os corpos amontoados para fazer piada sobre a existência de Deus! Se havia ainda alguma dúvida sobre a estreita correlação entre ateísmo e deficiências morais gravíssimas, o debate está encerrado: a ATEA acabou de demonstrá-la com eloqüência.

Mas fechemos um pouco os olhos à falta de alfabetização de quem nomeia uma página do Facebook como “Ateu Porquê o inferno é piada” e não sabe separar por vírgula o vocativo do restante da oração. Levemos a sua pergunta a sério: cadê Deus, enquanto jovens morrem (às centenas!) asfixiados por fumaça em um incêndio?

Deixemos de lado as respostas acadêmicas mais eruditas e respondamos simplesmente: Deus está na Cruz! Está ferido e sangrando, suspenso num madeiro, para provar que não é insensível aos sofrimentos humanos. Está agonizando, humilhado e sozinho, para fazer-Se próximo das mazelas dos homens como nunca ninguém foi capaz de se fazer. Está morto, nos braços da Virgem Santíssima aos pés da Cruz, para mostrar que Ele entende a injustiça, a morte, a dor e a perda de uma maneira muito mais profunda do que os homens são capazes de entender. Nenhuma página de dor da história da humanidade é alheia a Nosso Senhor Jesus Cristo, e nenhum sofrimento humano é necessariamente vão. O «Evangelho do Sofrimento» – para usar a bonita expressão da Salvifici Doloris – «vai sendo escrito, sem cessar, e fala constantemente com as palavras deste estranho paradoxo: as fontes da força divina jorram exactamente do seio da fraqueza humana» (SD, 27). E ainda: «[q]uanto mais o homem se vê ameaçado pelo pecado, quanto mais se apresentam pesadas as estruturas do pecado que comporta o mundo de hoje, maior é a eloquência que o sofrimento humano encerra em si mesmo e tanto mais a Igreja sente a necessidade de recorrer ao valor dos sofrimentos humanos para a salvação do mundo» (id. ibid.).

Aos que hoje choram, que lhes conforte saberem que, um dia, Deus também chorou. Aos que hoje sofrem, que lhes alivie saberem que, um dia, também Deus sofreu. Quanto aos maus religiosos e ateus fanáticos, que se calem diante da dor alheia – ao menos por consideração aos que sofrem -, já que não são capazes de fazer nada para mitigar-lhes o sofrimento. Ao menos, que não atrapalhem. Se não querem se unir ao coro dos que proclamam o Evangelho de Deus, ao menos que dêem livre trânsito à mensagem que pode efetivamente ajudar aos que sofrem.

E a mensagem é esta: eles têm Alguém que chore junto com eles, porque sofre também! Não estão sozinhos: têm Quem compartilhe com eles a dor, a tristeza e as lágrimas, como se fossem Suas. Porque são Suas, mais ainda do que deles. O alcance místico dos sofrimentos de Cristo na Cruz não conhece limites de tempo ou de espaço: os gritos de dor d’Ele perpassam os séculos e as fronteiras e atingem a cada homem nesta terra, de modo que cada pessoa, desde aquele Dia terrível do Calvário, onde quer que esteja e qualquer que seja a situação pela qual esteja passando, pode ter a mais absoluta certeza de que não sofre sozinha. Este é um conforto que só o Cristianismo é capaz de proporcionar. Esta é uma verdade da qual ninguém deve ser privado.

Tragédia em Santa Maria, no Domingo da Septuagésima

Hoje de manhã eu estava na igreja, em silêncio, aguardando a entrada do sacerdote e o início do Santo Sacrifício da Missa. De repente, o toque da sineta anuncia a pequena procissão de entrada; acto contínuo, as vozes do pequeno coral enchem o templo. Conheço aquele canto; já não o ouvia, creio, desde a Quaresma do ano passado. Reconheci-o hoje e me enchi de compunção.

Attende Domine, et miserere, quia peccavimus Tibi. Ainda não é Quaresma; mas já a Sagrada Liturgia se reveste de roxo, e já os cânticos penitenciais tomam conta dos nossos Domingos. «Ouvi[-nos], Senhor, e tende misericórdia, porque pecamos contra Ti»; esta súplica, tão desgastada pelos séculos, ainda consegue nos comover. E a nós resta a esperança de que o coração do Altíssimo também se deixe tocar por estes versos que já Lhe foram incontáveis vezes dirigidos. Há um capítulo específico da História da Salvação para cada alma que passou por este mundo; e o que existe de extraordinário nisso é que Deus, justamente por ser Deus, consegue escutar estes nossos pedidos já tão gastos como se eles fossem as primeiras palavras amorosas balbuciadas pelos Seus filhos muito amados. Bastando, para isso, que nós nos acheguemos a Ele com um coração inocente, com aquele coração de criança sem o qual o Evangelho garantiu que não poderíamos entrar no Reino de Deus.

Já é Septuagesima, já começa a morte da Liturgia que chegará a seu cume na Semana Santa. Ainda nem é Carnaval e a Igreja já nos acena com a Quaresma; ainda nem nos despedimos do Tempo Comum e já somos privados do Gloria in Excelsis Deo dominical! Esta é a beleza da orgânica harmonia da vida litúrgica católica: cada tempo é precedido pelos seus sinais, e cada acontecimento importante ensaia seus passos mil vezes antes de subir ao palco da vida.

Voltei para casa e, ao chegar na internet, descobri que o mundo real nem sempre é tão benevolente quanto a Liturgia da Igreja; no mundo real, as tragédias por vezes chegam de supetão, qual relâmpago em céu claro, de surpresa, sem avisar e sem dar tempo para que nos preparemos. No interior do Rio Grande do Sul, na cidade de Santa Maria, centenas de pessoas morreram em um incêndio ocorrido na madrugada deste domingo numa boate. No momento em que escrevo estas linhas, o número de mortos já chega a 233; outras centenas estão hospitalizadas, em estados mais ou menos graves.

O número de mortos me espantou: no Brasil, acidentes aéreos não provocam tantas vítimas assim! E a tragédia assume contornos ainda mais dolorosos quando pensamos que, provavelmente, são jovens que perfazem a maior parte destas vítimas. Jovens com uma vida inteira pela frente, ceifada de modo estúpido pelas chamas que iluminaram lugubremente Santa Maria nesta madrugada. Se cada alma tem a sua história de salvação particular, certas páginas dolorosas, lidas de fora, deixam-nos perplexos. Não as entendemos; e por vezes o máximo que podemos fazer é cair de joelhos e suplicar a Deus misericórdia.

O texto do Fabrício Carpinejar sobre a tragédia foi muito comovente; mas momentos assim já naturalmente provocam comoção. As palavras chegam a ser supérfluas, por vezes até ofensivas. A situação toda já é de uma brutalidade atroz; custa-me acreditar que, no meio do incêndio, havia seguranças da boate «impedindo as pessoas de saírem para que pagassem o cartão de consumação». Isto chega a ser surreal; mas os corpos amontoados, esperando identificação, são angustiantemente reais. No Rio de Janeiro, um bloco de carnaval católico foi transformado em procissão de homenagem às vítimas da tragédia. Por toda a internet multiplicaram-se mensagens de luto pelos mortos e de apoio aos familiares que perderam seus entes queridos. Ao menos é reconfortante saber que o ser humano ainda é capaz de se solidarizar com a dor dos seus próximos, mesmo quando estes próximos estão a centenas ou milhares de quilômetros de distância. Na dor, nós ao menos descobrimos o quanto ainda somos humanos.

Quem quiser ajudar de modo mais concreto pode conferir o guia que o Zero Hora preparou. E todos, independente de onde estejam ou da situação na qual se encontrem, podem ajudar elevando uma prece a Deus pedindo o descanso eterno para os falecidos e o conforto para os que ficam. Miserere, Domine! Que a Virgem Santíssima, cujo nome foi dado à cidade onde aconteceu a tragédia, possa olhar com maternal solicitude para todas as vítimas deste incêndio. Que Ela console os que choram a perda dos seus filhos, irmãos e amigos; e que possa receber nas Moradas Celestes os que pereceram entre as chamas do acidente terrível.

É urgente desmascarar este fascismo gayzista

Ainda sobre o bárbaro ataque perpetrado semana passada em Curitiba por militantes gays raivosos contra os católicos que estavam fazendo uma pacífica campanha na cidade de defesa dos valores judaico-cristãos (ver aqui e aqui), vale muito a pena conferir a coluna do Carlos Ramalhete na Gazeta do Povo de hoje sobre o assunto.

Com a clareza de raciocínio que lhe é peculiar, o articulista consegue a proeza – no reduzido espaço hebdomadário que lhe cabe – de realizar dois feitos de extrema importância.

O primeiro, é fazer um honesto exercício de crítica histórica e situar o período da Ditadura Militar brasileira dentro dos estreitos limites numéricos que lhe são próprios. São palavras do Ramalhete: durante a Ditadura Militar no Brasil, «[n]ão houve, contudo, práticas quase genocidas como as que mancharam a história militar dos demais países do Cone Sul, e a Lei da Anistia perdoou os excessos de ambos os lados». Eu mesmo já chamara a atenção para este detalhe no ano passado, quando comentei aqui sobre os mortos e desaparecidos dos anos da Ditadura: «Para fins comparativos, a lista de pessoas assassinadas em Recife no mês de abril de 2008 tinha praticamente o mesmo tamanho da de mortos e desaparecidos em todo o Brasil durante toda a Ditadura Militar». Poupem-se os esquerdopatas do trabalho de me atirarem pedras: os links estão aí. Isto são fatos que precisam ser levados em consideração, obviamente não para condescender com torturas e assassinatos mas para que seja possível manter um razoável senso de proporções capaz de proporcionar um juízo sereno sobre estes tristes fatos da história recente do país.

O articulista da Gazeta do Povo, aliás, vai ainda mais além e afirma que «[p]oucos trabalharam tão acirradamente no combate pacífico às tentativas de estabelecimento de um Estado totalitário quanto a Tradição, Família e Propriedade (TFP), entidade laical de inspiração católica baseada em São Paulo», fazendo assim justiça à atuação política de centenas de milhares de brasileiros (o artigo fala que a TFP já «chegou a contar com mais de 1 milhão de correspondentes e simpatizantes espalhados por todo o país» em seu auge) durante os anos de chumbo. Destarte, não é possível aceitar pacificamente os rótulos odiosos lançados pela esquerda raivosa contemporânea, que procura impedir a ação política atual unicamente por meio da agitação frenética de espantalhos mal cosidos do passado. E ainda que a TFP tivesse tomado posições políticas censuráveis na segunda metade do século XX, isto em nada vetaria aos seus descendentes o acesso aos meios democráticos de manifestação pacífica no Brasil atual. Defender a democracia e dizer o contrário disso é hipócrita e incoerente.

O segundo feito digno de nota que o Ramalhete realiza no seu artigo é classificar, sem papas na língua, o assalto da horda gayzista em Curitiba aos caravanistas do IPCO como aquilo que esta agressão é: «outra demonstração clara da índole fascista deste movimento». Os vídeos já foram vistos e revistos, mas nunca é demais repetir: não se pode tolerar que grupos de pessoas usem violência (moral e física) para impedir a manifestação pacífica de idéias com as quais não concordam. Diferente do que disseram em blogs e redes sociais afora, isto não é uma vitória da democracia, mas muito pelo contrário: é o sacrifício das liberdades democráticas ante a barbárie da intolerância atroz. É urgente desmascarar este fascismo gayzista que está nas graças da imprensa e vem sendo apresentado à sociedade brasileira como o contrário mesmo do que ele é na verdade.

A defesa da tolerância contra o obscurantismo (ou qualquer outro chavão que esteja na moda) não pode ser usada como pretexto para a realização de atrocidades como a que aconteceu em Curitiba no início da semana passada. É fundamental que a sociedade tome consciência do que está acontecendo no Brasil: de como um movimento cínico e depravado está se fazendo de vítima indefesa perante a opinião pública ao mesmo tempo em que age com a mais bárbara truculência contra qualquer um que não se alinhe aos seus interesses degenerados. Esta é uma história que precisa ser contada já, enquanto ela ainda está acontecendo e enquanto é ainda possível fazer alguma coisa para evitar o final trágico que ela anuncia com tanta clareza.

Turba de ativistas homossexuais agride católicos com obscenidades, cusparadas, pedradas: veja o vídeo!

Se a coisa já estava feia para os militantes homossexuais somente com base no vídeo que eles próprios produziram da agressão contra os caravanistas do IPCO que estavam em Curitiba no início da semana passada, agora a coisa ficou ainda mais séria: o Instituto produziu e disponibilizou um vídeo mostrando toda a confusão do ponto de vista dos agredidos. Vejam abaixo:

Eis o texto com o qual ele me foi apresentado:

Ele demonstra bem para onde caminha nosso país se não fizermos algo contra a perseguição pró-homossexual contra a moral católica.

Os defensores do homossexualismo chegaram a jogar uma pedra na cabeça de um dos jovens da caravana, além de provocar, de todas as maneiras possíveis e imagináveis, uma reação violenta dos caravanistas (provavelmente, já organizado com algum elemento da imprensa para causar um escândalo midiático).

O Brasil está caminhando para uma intolerância contra a doutrina católica referente ao homossexualismo. Uma situação semelhante ao que ocorreu em alguns países comunistas, onde o regime totalitário podia até aceitar a presença da Igreja (como na Polônia, por exemplo), mas exigia que os Padres e Bispos silenciassem a doutrina contrária ao comunismo. Aqui no Brasil, no “andar da carruagem”, vão permitir que um católico reze dentro do recinto interno das Igrejas e até que seja publicamente católico, desde que não combata o homossexualismo…

Espero que esse vídeo ajude a despertar a indignação contra essa onda de lama – verdadeira avalanche – pró-homossexualismo. Uma onda que intimida, processa judicialmente, calunia, persegue de todas as maneiras qualquer um que se levante contra ela.

Gostaria de saber como irão se justificar agora as militantes feministas que comemoraram a expulsão da TFP de Curitiba e os comentaristas políticos que ironizaram a agressão sofrida pelos caravanistas, bem como todas as outras pessoas (v.g. o sr. Milton Alves) que dedicaram os últimos dias para louvar a atitude dos ativistas homossexuais baderneiros e para fazer troça dos jovens que estavam, tão-somente, realizando uma manifestação pacífica em defesa dos valores nos quais eles acreditam.

“Tolerância” é uma palavra muito bonita nos lábios de alguns, doce até; mas ela de nada vale se o discurso não corresponde ao juízo moral que se faz sobre fatos concretos ou se, hipocritamente, o nobre ideal só se aplica àqueles com os quais se concorda – os demais, é bom que sejam execrados e humilhados, agredidos e escorraçados dos espaços públicos nos quais é inimaginável que eles possam ser suportados. Os membros do IPCO que estavam em Curitiba suportaram heroicamente as maiores provocações: reitero aqui os meus parabéns a estes jovens, pela fortaleza louçã que demonstraram diante da turba raivosa que com tanta virulência se lançava sobre eles.

É preciso tomar cuidado com o movimento homossexual! Como vem ficando cada vez mais evidente, a “tolerância” que ele prega é somente da boca pra fora, é só um discurso bonito pra inglês ver: na prática, sempre que ele tem oportunidade, age com a mais cínica violência contra aqueles que discordam (ainda que pacificamente) do seu estilo de vida. Eis aí, sem máscaras, mais uma vez, a verdadeira ameaça à civilização que paira sombria sobre a sociedade brasileira. Que ninguém se engane: tempos terríveis se anunciam, e não por causa dos alcunhados “homofóbicos”.

Os reis-magos e o moderno ateísmo à luz da Verdade

Dois excelentes textos do pe. Anderson Alves que foram publicados este mês. O segundo é particularmente interessante, e não merece menos do que a minha enfática recomendação de leitura.

1. Os reis-magos, homens de diálogo em busca da verdade. «Os magos buscaram a verdade, seguindo o caminho do diálogo, que era o mesmo de Sócrates e também de Abraão, que, ao ser interpelado por Deus, saiu de sua pátria, de si mesmo, o que implica sacrifícios. Para os magos, a peregrinação exterior terminou no encontro com o Rei dos judeus que nasceu como uma pobre criança e aí iniciava uma nova peregrinação para eles: aquela Revelação da verdade de Deus era uma luz nova que lhes abria horizontes novos de existência e que devia ser comunicada».

2. O Ateísmo é uma escolha racional? «[É] comum pensar que o relativismo funde o ateísmo; que as pessoas que não aceitam Deus, fazem-no porque não querem aceitar a existência da verdade, à qual deveriam se submeter. Isso é um absurdo. O ateísmo parte de uma afirmação que tem valor de verdade absoluta: Deus não existe. Se essa afirmação não fosse tomada pelos ateus como verdade, eles simplesmente deixariam de ser ateus. O relativismo para eles se dá somente nas “verdades” inferiores e todos deveriam se submeter ao imperativo único da nova moral: é proibido estabelecer regras morais».

P.S.: Não deixem também de ler “É possível um relativismo absoluto?”, do mesmo sacerdote, dando continuidade ao tema.