Vai ficar tudo por isso mesmo?

O Josias de Souza escreveu que o “Braço Agrário” da CNBB apóia o vandalismo no laranjal. Um herege protestante chamou a Igreja de hipócrita, fazendo esta constatação que nos envergonha: “Em situações de gravidade em território nacional como por exemplo, aumento da violência e a corrupção na política, a Conferência Nacional do Bispos do Brasil (CNBB) costuma emitir nota, repudiando tais fatos. Entretanto, quando trata-se de violência promovida pelo MST, como a recente, onde milhares de pés de laranja foram criminosamente destruídos, após a invasão  de uma propriedade particular pelos pobres integrantes do MST, a CNBB omite-se”.

E vai ficar tudo por isso mesmo? Senhores bispos, os senhores irão simplesmente deixar que a Igreja seja escarnecida em público, associada a atos de vandalismo, acusada de hipocrisia, de conivência, de omissão?

Para variar, escrevi sobre o assunto a S.E.R. Dom Dimas Lara Barbosa, Secretário Geral da CNBB, e a S.E.R. Dom Geraldo Lyrio Rocha, presidente da mesma. Para variar, não obtive nenhuma resposta. A mensagem que enviei segue abaixo. Se os bispos não respondem aos seus fiéis, a quem eles podem recorrer?

* * *

[Email enviado em 07 de outubro de 2009]

Sua Excelência Reverendíssima Dom Geraldo Lyrio Rocha,
Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil,

Sua Excelência Reverendíssima Dom Dimas Lara Barbosa,
Secretário Geral da supracitada Conferência,

Foi noticiado recentemente pela imprensa a ação de alguns integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na ocupação da fazenda Santo Henrique, no interior de São Paulo. Em um vídeo que pode inclusive ser visto na internet – cf. http://www1.folha.uol.com.br/folha/videocasts/ult10038u634176.shtml -, é mostrado um trator guiado por integrantes do MST destruindo uma plantação de laranjeiras.

Ao que me conste – posso estar enganado -, não é lícito, segundo a Moral Católica, ocupar uma fazenda produtiva (mesmo que a área seja “pública”) e destruir por conta própria, sem autorização judicial, as plantações de uma produtora legal de suco de laranja. No entanto, tomei conhecimento de uma nota da Comissão Pastoral da Terra protestando contra a divulgação destas cenas de barbárie e vandalismo, que pode ser encontrada no seguinte link:

http://www.cptnacional.org.br/?system=news&action=read&id=3414&eid=8

Isto posto, gostaria de fazer algumas perguntas (às quais, sinceramente, espero respostas):

1. Foi moralmente lícita a ação dos integrantes do MST na fazenda Santo Henrique?

2. Sendo a CPT parte da CNBB, devo concluir que a Conferência concorda com o teor da nota publicada por esta Comissão Pastoral?

3. A CNBB não vai publicar uma nota condenando os atos de barbárie e vandalismo perpetrados pelos integrantes do MST?

Renovando os meus votos de estima,
e rezando pelos Sucessores dos Apóstolos no Brasil,
subscrevo-me, em Cristo,
Jorge Ferraz
Leigo, Recife – PE

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

65 comentários em “Vai ficar tudo por isso mesmo?”

  1. Em primeiro lugar, a Igreja, como Corpo de Cristo, Cordeiro Imolado permanecerá intacta até o fim dos tempos!

    Esta igreja de hoje não é a mesma de sempre. A Igreja de sempre , que é santa, santificadora e incorruptível(cf. Ef 5,27), continua a existir. A Igreja de sempre é aquela fiel à tradição!

    “Ainda que os Católicos fiéis a Tradição se reduzam a um punhado, são eles a Verdadeira Igreja de Jesus Cristo…” – (Santo Atanásio).

    A FSSPX, só para exemplificar, faz parte desse punhado!

    Vocês podem falar o que for mas eu vou continuar a combater esta igrejola pós Vaticano II!

    Essa igrejola perecerá juntamente com todos os abutres que a ela defende!

    Respeitem a memória dos santos mártires que derramaram sangue pela Igeja de sempre e não por esta igrejola de hoje. Os “santos” de pau oco de hoje derramam sangue mas é pela bandeira VERMELHA!

    Fiquem dom Deus! E cuidado!

    (1 Coríntios 10:12)

  2. Caro Lisardo

    Cuidado para não dar munição para aqueles que odeiam a Tradição da Igreja… Sabemos que a Missa de Paulo VI é fruto das elocubrações maçônicas e heréticas de Annibale Bugnini e dos seis pastores protestantes que participaram de sua gênese… Mas daí a negar a Transubstanciação, é algo equivocado! Sabemos que muitas das missas atuais são mais parecidas com espetáculos teatrais ou de circo, mas, apesar destas presepadas, o rito é VÁLIDO se as condições para tal se fazem presentes!

    Em Salvador/Ba, por exemplo, não temos a Missa Tridentina, então as ùnicas opções são viajar para Candeias (a 60 km daqui) ou ir a uma Missa de Paulo VI que seja, pelo menos, respeitosa… Deixar de cumprir o preceito dominical de ir à missa por ela ser a Missa Nova, para mim, é um exagero desnecessário! Pior é que eu vejo alguns dos meus amigos agirem assim! O próprio Lefebvre dizia que a Missa Nova cumpria o preceito dominical, embora fosse inequivocamente heretizante e perigosa para a fé… Então eu vou a ela com o espírito guarnecido e atento, não deixando de participar da Eucaristia!

    Rezar pelo Papa e pela Igreja também é uma boa alternativa, pois ele precisa de todas as nossas orações para enfrentar este clero rebelde e que se fortaleceu após a novidade insana e perigosa da “Colegialidade” do Concílio Vaticano II…

    Vale recordar que a Igreja, mesmo após o Concílio Vaticano II, é a mesma, apesar de desfigurada e escarnecida pelos próprios sacerdotes e bispos… Precisamos tomar cuidado com as palavras e confiarmos em Deus, pois é promessa de Nossa Senhora que “No fim, meu Imaculado Coração Triunfará”!

  3. Isso mesmo Dionísio, o nosso clero atual precisa de muitas orações e não de rebeldia desnecessária contra a “igreja de Paulo VI”.

  4. Dionísio, eu só vou a missa contaminada pela RCC quando preciso PAGAR muita penitencia!

    E mais: Se você acredita que numa missa herética em que há PROFANAÇÃO, há o Cristo(Transubordinação) é um problema extritamente seu e e seus cúmplices. Não me meta neste meio!

    E sobre a promessa de Nossa Senhora que “No fim, meu Imaculado Coração Triunfará”! Veja o que ela mesmo disse em La Sallete:

    “Os sacerdotes, ministros de meu Filho, os sacerdotes, por sua má vida, por suas irreverências e sua impiedade em celebrar os santos mistérios, por amor do dinheiro, das honras e dos prazeres, os sacerdotes tornaram-se cloacas de impureza… não há mais ninguém digno de oferecer a Vítima sem mancha ao Pai Eterno em favor do mundo.”

    VOU REPETIR: “não há mais ninguém digno de oferecer a Vítima sem mancha ao Pai Eterno em favor do mundo.”

    Será que Nossa Senhora é louca? Será ela um dia, uma sedevacantista?

  5. Será que Nossa Senhora é louca?

    Não. O único louco aqui é você! =P

  6. Lisardo,

    Acredito que os comentários referentes (a) ao expediente desonesto (tipicamente protestante, aliás) de jogar nas costas da Igreja a culpa pelos erros de membros do clero, e (b) à validade do Novus Ordo Missae já foram respondidos a contento.

    Mas gostaria de comentar esta loucura daqui: a tua posição, portanto, é que “há duas Igrejas, uma pré-CVII e outra pós-CVII”, e que “o papado continuou e continua”. Como é que pode isso? O Papa, afinal, é Papa de que Igreja? Se é da Igreja de Cristo, então a Igreja continua, e não há portanto uma “Igreja pré-CVII”. Se, ao contrário, o é de uma “igrejola” nascida em 1962, então como é que o papado “continua”?

    Abraços,
    Jorge

  7. Lisardo

    Eu até entendo sua indignação com as aberrações que temos presenciado, mas o método que V. S.ª emprega é algo a ser questionado… e o pior é que leva consigo para o mesmo balaio todos os simpatizantes da Tradição…

    Onde fica a assistência do Espírito Santo à Igreja? Onde fica a promessa de Cristo de que jamais a Igreja seria vencida pelas portas do inferno? Onde está tua fé nas promessas de Nosso Senhor? Será que nâo vê o início do esforço hercúleo do papa em restaurar a Igreja e a forma como ele é tratado e espezinhado pelo Clero Modernista contaminado pelo condenável “espírito do Concílio”? É bem verdade que eu gostaria que ele fosse mais rígido, mas diante da situação, o que nos convém é nãos sermos omissos e rezarmos pelo papa, pela Igreja e pela FSSPX!

    Acho que sua situação é um caso para estudo… Isto se V. S.ª não é um neocon travestido de tradicionalista (quem sabe o Matheus) para sujar a imagem dos que lutam pela Igreja de Sempre! De qualquer forma, não é assim que se luta pela Igreja!

  8. Jorge, se vc acha que esta igreja é a mesma Igreja de sempre problema seu e de todos! Pra mim não o é e ponto final!

    Dionísio: Onde fica a assistência do Espírito Santo à Igreja?

    Foi o Espírito Santo que orientou a Igreja a criar o Comitê Nacional dos Bispos do Brasil?

    Foi o Espírito Santo que orientou ao Arcebispo(Portanto em nome da Igreja, se não fosse a Igreja o puniria e destruiria) a apóiar venda e distribuição de versão protestante das Sagradas Escrituras?

    Foi o Espírito Santo que orientou a um padre para pedir perdão aos pentecostais protestantes e pedir aos mesmos que “orem, a fim de que os católicos se voltem para Deus,”????

    Foi o Espírito Santo que orientou a um Monsenhor a dizer que, “Os protestantes não só terão recebido o Espírito Santo em plenitude, como ainda são santos.” Já não é necessário pertencer ao corpo místico de Cristo, à Santa Igreja Católica, para santificar-se e salvar-se!?

    Foi o Espírito Santo que orientou o Vaticano a prestar homenagem ao herege protestante João Calvino?

    Foi…. etc etc etc

    Se fizeram tudo isso e muito mais, à REVELIA, onde fica a autoridade da Igreja? E me responda:

    O que ACONTECIA com os inimigos internos ANTES do CVII?

    O que aconteceu com Lutero?

    A verdade é o seguinte: Na mente imbecil de alguns, o padre, bispo, cardeal, monsenhor etc só é de fato tratado como herege ou inimigo QUANDO SAI da Igreja. Enquanto permanece ele é tratado como…. um coitadinho, um pecadorzinho que comete uns errinhos!

    Me poupem!

  9. “O que ACONTECIA com os inimigos internos ANTES do CVII? (…)
    A verdade é o seguinte: Na mente imbecil de alguns, o padre, bispo, cardeal, monsenhor etc só é de fato tratado como herege ou inimigo QUANDO SAI da Igreja. ”

    Lisardo, dê uma lida sobre o período da crise jansenista, por exemplo, ANTES de falar tais coisas!

  10. Quando não sabem dar respostas saem pela tangente! Respondam minha msg anterior antes de proporem algo!

  11. Lisardo,

    Cristo não prometeu assistência do Espírito Santo a bispos em particular e muito menos a monsenhores ou sacerdotes.

    E Lutero foi anatematizado.

    Agora você pode procurar se informar sobre a crise jansenista?

  12. Vamos pegar como exemplo este caso:

    “Foi o Espírito Santo que orientou ao Arcebispo(Portanto em nome da Igreja, se não fosse a Igreja o puniria e destruiria) a apóiar venda e distribuição de versão protestante das Sagradas Escrituras?”

    Fez à REVELIA, onde fica a autoridade da Igreja?

    Ai você me diz: “Cristo não prometeu assistência do Espírito Santo a bispos em particular e muito menos a monsenhores ou sacerdotes.”

    Claro! Cristo prometeu à Igreja.

    PERGUNTA 1- E quem são os representantes legítimos dessa mesma Igreja?

    PERGUNTA 2- Esse Arcerbispo, no caso exemplicado é um sucessor dos apóstolos e representante da Igreja ou… apenas um zé ninguém?

    PERGUNTA 3- Se o caso Lutero acontecesse hoje, o que vc acha que esta igreja faria com ele? Olha que tem gente mil vezes pior que Lutero na igreja.

    REPITO: Padres, bispos, cardeal, monsenhor etc só é de fato tratado como herege ou inimigo QUANDO SAI da Igreja. Enquanto permanece ele é tratado como…. um coitadinho, um pecadorzinho que comete uns errinhos!

    Prove o contrário!

  13. O PODER NEFASTO DA CNBB

    Entrevista com o advogado André Falleiro Garcia.

    P – Em que momento a Igreja Católica resolveu encampar as chamadas ‘‘lutas sociais’’ no Brasil?

    André Falleiro Garcia – Até praticamente o final da década de 40, predominava no ambiente religioso brasileiro o catolicismo conservador. A ortodoxia doutrinária era uma característica generalizada que ainda se notava no clero e nas associações religiosas de leigos. A grande controvérsia que houve na Ação Católica, em 1943, serviu como freio para impedir o avanço do esquerdismo. Mas, em 1952, foi fundada a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Teve como primeiro secretário-geral Dom Helder Câmara (falecido em 1999), que era então bispo auxiliar do Rio de Janeiro. Este prelado, de fato, mereceu ser chamado de “Arcebispo Vermelho”. Os anos 50 foram marcados pela intensa fermentação do esquerdismo – no clero e nas associações dirigidas por leigos – promovida pela CNBB e Dom Helder Câmara. De modo que, em 1960, a esquerda católica já estava articulada e pronta para a atuação pública direcionada às ditas “demandas sociais”. Em toda a década de 50, houve acirrada polêmica nos meios católicos. A esquerda católica foi, então, fortemente combatida no plano ideológico. Vale citar a atuação do movimento de leigos ligados ao jornal Catolicismo, dirigidos por Plínio Corrêa de Oliveira. Nesta luta, também se destacaram o bispo de Campos (RJ), Dom Antônio de Castro Mayer, e o de Jacarezinho (RJ), Dom Geraldo de Proença Sigaud. Todos travaram uma calorosa polêmica com os agrorreformistas católicos. Quando estalou a campanha agrorreformista no Brasil, no início dos anos 60, este grupo, por meio dos dois bispos, um líder católico leigo e um economista, lançaram o livro Reforma Agrária – Questão de Consciência. Era o contraponto no mundo católico.

    P — Houve um fato marcante, considerado divisor de águas?

    R – Sim. Há um fato simbólico que pode ser considerado como o início da atuação pública da esquerda católica. De forma bombástica, em 5 de dezembro de 1960, numa transmissão coletiva, as TVs Tupi, Paulista e Record entraram em cadeia para levar a São Paulo e ao Brasil um pronunciamento da mais alta importância, favorável à reforma agrária a ser aplicada no Estado. Participaram e fizeram uso da palavra Dom Helder Câmara, secretário-geral da CNBB, e mais seis bispos. Sob os holofotes da mídia televisiva, Dom Helder leu trechos da Declaração dos Arcebispos e Bispos presentes à Reunião das Províncias Eclesiásticas de São Paulo. De fato, todo o episcopado paulista tinha acabado de se reunir, sob a presidência do cardeal-arcebispo de São Paulo, Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, e havia estudado o Projeto de Revisão Agrária (Projeto de Lei nº 154/60 e seu Substitutivo). Tal projeto fora proposto pelo governador democrata-cristão do Estado de São Paulo, Carvalho Pinto. Os bispos, nessa Declaração, diziam que se sentiam felizes de poder afirmar que se tratava de um projeto de lei de reforma agrária “inspirado nos princípios da doutrina social da Igreja”. Mencionavam a Carta Pastoral Coletiva dos Cardeais, Arcebispos e Bispos do Brasil, de 1951, em que havia um longo trecho sobre reforma agrária, que começava dizendo: “A Igreja não tem o direito de ser indiferente à reforma agrária”. E também citavam outro pronunciamento de todo o Episcopado do Brasil, feito em 1958, sobre a reforma agrária. A meu ver, foi o espetaculoso pronunciamento destes bispos, em 1960, assistido na TV por milhões de pessoas, que marcou o início da ação pública, em larga escala, da esquerda católica engajada na promoção de uma vasta campanha agrorreformista.

    P – O Partido Comunista Brasileiro é o pioneiro da reivindicação da reforma agrária no Brasil, desde os anos 20 do século passado. O que levou a CNBB, desde a sua fundação, a abraçar esta causa revolucionária comunista?

    R – Seria forçado e não corresponderia à realidade brasileira afirmar, simplesmente, que o Partido Comunista (PC) se infiltrou na Igreja Católica e a dominou. Afinal, o PC brasileiro sempre foi um anão, uma coisa liliputiana mesmo. O que se passou, de certo modo, foi o contrário. A força propulsora da esquerda é que proveio do setor católico. Foi significativa a participação católica para a formação do Partido dos Trabalhadores (PT) e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). As Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), nos anos 80, possuíam oitenta mil núcleos e arregimentavam um milhão e meio de ativistas. É a origem de incontáveis ativistas que se engajaram nas “causas sociais”. A Igreja Católica entrou na luta revolucionária, porque houve uma infiltração do esquerdismo em seu interior. O clero esquerdista reuniu leigos e organizou movimentos sociais, os quais, por sua vez, promoveram a agitação social. E essa infiltração ideológica não pode ser atribuída exclusivamente ao PC. Na realidade, desde os anos 50, seminaristas e sacerdotes novos iam à Europa fazer cursos e completar sua formação religiosa. Em geral, voltavam convencidos das idéias esquerdistas. E aqui começavam a colocar em prática os novos métodos de ação apreendidos no exterior. Não se pode desconsiderar, entretanto, a possibilidade de certa infiltração propriamente comunista na Igreja.

    P – O apoio da CNBB a invasões e depredações a propriedades privadas não é imoral, considerando que a Igreja se assenta sobre valores elevados de conduta?

    R – Estes atos são imorais por dupla razão. Primeiro, por violar dois mandamentos sagrados do Decálogo: não roubarás; não cobiçarás as coisas alheias. E, em segundo, por violar frontalmente o instituto da propriedade privada, que o estado democrático de direito protege, conforme previsão constitucional. Assim, é moralmente condenável o ataque a propriedades privadas, feito por grupos do MST e seus congêneres. O apoio que recebem da Igreja, por meio da Comissão Pastoral da Terra (CPT), não legitima moralmente estas invasões. É imoral toda a contribuição que a CPT proporciona para o esbulho das propriedades dos particulares. Como, aliás, também é imoral a desapropriação confiscatória, feita pelo Estado brasileiro, a preço vil e com finalidades socialistas. Sob o ponto de vista da moral cristã, conforme a tradicional doutrina social católica, todos os que executam ou apóiam ações contra os legítimos proprietários cometem pecado mortal. Os que se apossam de terras por esse meio imoral não podem ser absolvidos em confissão, se não as restituem aos seus legítimos donos.

    P – A Igreja assume, então, um esforço deliberado de minar o instituto da propriedade privada?

    R – Eu não diria que toda a Igreja trilha este caminho. Mas é verdade que os maus pastores estão minando o direito de propriedade em nosso país. E isso é muito grave. Não fossem estes, os ditos “movimentos sociais” (MST, Quilombolas, Indigenistas, Ambientalistas) perderiam o melhor do seu dinamismo. Para compreender o que acontece no interior da Igreja, seria preciso levar em conta que ela passa por um processo de autodemolição, conforme alertou o Papa Paulo VI já nos anos 70. Esta crise penetrou nas estruturas da Igreja Católica em todas as nações onde está instalada. Talvez o maior fator de promoção da autodemolição no Brasil seja a CNBB. Cada bispo, em sua diocese, presta contas e está diretamente ligado ao chefe da Igreja, o Papa. Este sistema se revelou o mais apropriado ao longo de quase dois mil anos. Mas, nos anos 50, houve uma mudança na gestão que afetou os pilares da hierarquia: foram criadas as Conferências Episcopais, órgãos colegiados representativos da classe. A CNBB, criada em 1952, não faz parte da hierarquia da Igreja, mas age como se fosse a chefia de fato da Igreja Católica no Brasil. Com isso, usurpa a autoridade dos bispos e exerce sobre eles um férreo controle de opinião e de ação. Ademais, a CNBB — por meio de seu órgão que cuida da questão indígena (o Conselho Indigenista Missionário-CIMI) e do que trata da questão agrária (a CPT) — faz o papel de acelerador da revolução socialista no Brasil. Logo, a Igreja Católica, numa primeira leitura, não está toda ela comprometida com estes crimes. Na agitação agrária, estão engajados a CNBB, com seus braços de agitação social, e alguns bispos marcadamente esquerdistas

    P – O sr. pode citar um exemplo de como age a CNBB?

    R – Exemplos não faltam. Na questão indígena, o aborto e o infanticídio são promovidos nas tribos sob o olhar complacente dos agentes do CIMI. Mas vamos pegar o caso recente da menina de Alagoinha (PE), que foi estuprada pelo padrasto e engravidou de gêmeos. O arcebispo de Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, anunciou publicamente que o Código Canônico previa a pena de excomunhão automática para todos os envolvidos. Excetuou, apenas, a criança de nove anos, por imaturidade. Em seguida, manifestou-se o cardeal Giovanni Battista Re, titular da Congregação para os Bispos do Vaticano e presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina, que considerou como “justa a excomunhão de quem provoca um aborto”. Até aí, nota-se a coragem do arcebispo de Recife, apoiada pelo cardeal romano, que também fez a defesa da cultura da vida. Não bastasse a estrondosa campanha midiática que sobreveio logo em seguida contra Dom José Sobrinho, também a CNBB encarregou-se de demolir o posicionamento dele. Por meio de seu secretário-geral, bispo Dom Dimas Lara Barbosa, a CNBB desautorizou a iniciativa do arcebispo de Recife e Olinda de anunciar a excomunhão. A CNBB atuou como se fosse a chefia da Igreja Católica no Brasil. Assim, desacreditou D. José Sobrinho. Em última análise, prevaleceu a impunidade: não ficam excomungados os envolvidos no aborto dos gêmeos. E, em mais um lance autodemolidor, entrou no jogo outro bispo do Vaticano, Dom Rino Fisichella, presidente da Pontifícia Academia para a Vida. Este, ao invés de condenar a cultura da morte, como seria sua obrigação, também desautorizou e desacreditou Dom José Sobrinho. Assim, acredito que a extinção deste órgão representativo eclesiástico seria uma medida oportuna e salutar, indispensável para que a Igreja Católica vença a grave crise que a aflige.

    P – O Vaticano tem conhecimento da situação? Apóia este viés revolucionário?

    R – O Vaticano tem conhecimento da situação. Chegou a tomar uma atitude, embora tímida, há alguns anos, em relação ao ex-frei Leonardo Boff. Houve também pronunciamentos de João Paulo II a este respeito em Puebla (México). Mas não há, desde o Concílio Vaticano II (outubro de 1962 a dezembro de 1965), infelizmente, uma voz clara e unívoca na Igreja, a respeito da questão socialista e comunista, como nos tempos de Leão XIII, S. Pio X, Pio XI e Pio XII. No plano doutrinário, houve a rejeição do marxismo na encíclica Centesimus Annus, de João Paulo II, editada em maio de 1991. Contudo, no plano prático, nota-se a contradição e a incoerência. Por exemplo: em 1974, o cardeal Agostino Casaroli, então Secretário de Estado do Vaticano, numa visita a Cuba, fez um pronunciamento que levava os católicos a não mais se oporem ao comunismo. Mais recentemente, já no pontificado de Bento XVI, o atual Secretário de Estado, cardeal Tarcísio Bertone, também numa visita a Cuba, emitiu declarações semelhantes às que fez o cardeal Casaroli. O que se observa é que dentro da Igreja Católica há um entrechoque de opiniões. Estas divergências envolvem tanto prelados quanto leigos. Os que discordam da política eclesial de aproximação e favorecimento do socialismo e do comunismo podem, de modo legítimo, se afirmar em estado de resistência.

  14. Renato,

    Apaguei três comentários iguais ao acima que estavam em três posts que não tinham absolutamente nada a ver com o assunto.

    Gostaria de pedir que não multiplicasse desnecessariamente os mesmos comentários em diversos lugares.

    E pediria também que, quando da citação de um texto longo de terceiros, que fosse simplesmente indicado o link, ao invés de copiar-e-colar na íntegra. Para facilitar a leitura do topic.

    Obrigado,
    Jorge Ferraz

  15. Sr. Renato Lima…

    Onde foi poblicada esta entrevista?

    Abraços e até mais ‘ver’.

    André Víctor

  16. “Mas não há, desde o Concílio Vaticano II (outubro de 1962 a dezembro de 1965), infelizmente, uma voz clara e unívoca na Igreja, a respeito da questão socialista e comunista, como nos tempos de Leão XIII, S. Pio X, Pio XI e Pio XII. ”

    “Na realidade, desde os anos 50, seminaristas e sacerdotes novos iam à Europa fazer cursos e completar sua formação religiosa. Em geral, voltavam convencidos das idéias esquerdistas. E aqui começavam a colocar em prática os novos métodos de ação apreendidos no exterior”

    Dado que Pio XII morreu em outubro de 1958 e, portanto, reinando durante praticamente toda a década de 50, como coadunar os dois parágrafos acima da entrevista?

  17. Calaram-se?

    Também depois dessa entrevista….

    Não.

    Calamo-nos porque é mais frutífero discutir com um macaco do que com um rad-trad.

  18. Lisardo,

    Vou tentar mais um pouco:

    “PERGUNTA 1- E quem são os representantes legítimos dessa mesma Igreja?”

    Já foi respondido, caríssimo, Cristo NÃO prometeu assistência do Espírito Santo aos “representantes legítimos”, logo, não entendo o que você quer dizer.

    “PERGUNTA 2- Esse Arcerbispo, no caso exemplicado é um sucessor dos apóstolos e representante da Igreja ou… apenas um zé ninguém?”

    Sim, esse arcebispo é um sucessor dos apóstolos. E daí? Judas era um apóstolo!

    “PERGUNTA 3- Se o caso Lutero acontecesse hoje, o que vc acha que esta igreja faria com ele? Olha que tem gente mil vezes pior que Lutero na igreja.”

    Provavelmente o mesmo que aconteceu com Boff, Lebfreve, Kung, etc. Estariam fora da comunhão eclesial.

  19. “Calamo-nos porque é mais frutífero discutir com um macaco do que com um rad-trad.”

    Eu poderia te dar uma resposta á altura meu caro! Mas não o farei em respeito ao leitores desse blog.

    Infelizmente alguns não sabem debater Ad argumentandum tantum que é o voltado para o campo das idéias tão somente. Quando desespero bate o debate Ad hominim vem à tona!

    Que Deus perdoe a você e outros que me ofenderam nesta discussão!

    Lisardo

  20. Que Deus perdoe a você

    E a nós todos…O que é uma ofensa (real ou imaginária) à sua pessoa, comparada às ofensas proferidas por você à N.S. Jesus Cristo na Eucaristia legalmente consagrada de acordo tanto com a Tradição quanto com o Código de Direito Canônico?

    Eu é que fui rotulado aqui, por você e um dois ou três seus puxa-saco, de “herege”, “modernista” e “carismático” (como se esse adjetivo pudesse ser usado como xingamento); e nem por isso estou vitimizando-me.

    Desça da da torre de marfim, prezado rad-trad. Você verá que a vida até lhe fará mais sentido…

  21. Amigos, vocês são ou não são católicos? Então porque tanta discórdia? É isso que Cristo quer de nós, os verdadeiros seguidores da Sua única Igreja?
    Nada como deixar essas opiniões de lado, com mais ou menos razão para as sustentar. Importa é que amamos verdadeiramente a IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA, com ou sem o (para mim) desastroso concílio pastoral Vaticano II, a verdadeira e única religião do mundo que nos conduz à salvação!
    “Não olheis aos nossos pecados mas à Fé da Vossa Igreja e dai-nos a união e a paz segundo a Vossa vontade, Vós que sois Deus com o Pai na unidade do Espírito Santo. Amém.”

  22. Amém, prezado FireHead!

    Agora convença os rad-trads e sedevacantistas…Para eles, todos nós católicos fiéis, além do próprio Papa, somos aberrações que não deveriam existir…

  23. “Calamo-nos porque é mais frutífero discutir com um macaco do que com um rad-trad.”

    Não! É mais produtivo conversar com um neocon consciente da situação da Igreja como o Jorge do que um neocon cego e inconsequente como você, Matheus. Não coloque todos os católicos apegados à Tradição no mesmo balaio do Lisardo, embora eu compreenda a indignação dele!

    “Eu é que fui rotulado aqui, por você e um dois ou três seus puxa-saco, de “herege”, “modernista” e “carismático” (como se esse adjetivo pudesse ser usado como xingamento); e nem por isso estou vitimizando-me”.

    Pois é… a carapuça coube direitinho, pois os indivíduos como vc são modernistas em marcha lenta! Então os adjetivos estãao corretíssimos!

    “Agora convença os rad-trads e sedevacantistas…Para eles, todos nós católicos fiéis, além do próprio Papa, somos aberrações que não deveriam existir…”

    Acontece que os católicos apegados à Tradição é que verdadeiramente respeitam a figura do papa e a Igreja… Não acatam a lorota da colegialidade do Vaticano II… coisa que vc parece fazer muito bem! Isto sem contar a ginástica que você deve fazer para tentar conciliar os documentos do CV II com o Syllabus (de Pio IX) e a Pascedi (de S. Pio X)… E que história é esta de colocar no mesmo barco os católicos apegados à Tradição com os sedevacantistas? Acorda, cidadão, ponha os pés no chão e acorde para a vida! Alhos não tem nada a ver com bugalhos!

  24. Prezado Dionísio

    Se você, rad-trad, é mesmo muito diferente do seu amiguinho sedevacantista, então por que toma-lhe as dores?

    O maior problema dessa “panela” cismática é esse: ambos os subgrupos subestimam a inteligência de qualquer um que ouse contrariá-los.

    Por fim, digo que não esperava tudo o que escrevi ser ilustrado tão rapidamente.

    E over and out; você não mais me verá aqui.

  25. Dionísio disse: “Mas daí a negar a Transubstanciação, é algo equivocado!”

    Eu não nego a presença de Cristo na Eucaristia. Se assim o fizesse não seria um Cristão Católico e sim um certo “padre” carismático.

    O que eu questionei é que em certas condições onde há PROFANAÇÃO, aliado a ambiente tipicamente protestante, se realmente é válido e se ocorre de fato a transubstanciação. Neste caso(exclusivamente nestas condições)eu acho que não! Qual a base bíblica ou doutrinal que se sustenta tal coisa?

    Mostre-me porque se eu estiver errado saberei reconhecer meu erro. Mas não é assim que ajuda uma alma: Chamando-o de louco, demente etc etc etc.

    Onde está a caridade?

    Onde estão os vários Sacerdotes que frequentam este local? Porque não se manifestaram? Qual a missão de um padre?
    —–

    “Isto se V. S.ª não é um neocon travestido de tradicionalista para sujar a imagem dos que lutam pela Igreja de Sempre!”

    Meu irmão EU NÃO SOU TRADICIONALISTA. Não pertenço a nenhum grupo. Sou apenas um cristão católico que fica indignado com as coisas que estão acontecendo. Não precisa ser rotulado de tradicionalista para defender a Igreja de sempre!

    Minha meta principal é defender a Igreja dos inimigos INTERNOS, além é claro que deixar algumas mensagens simples pois eu não sou nada! Sou um simples leigo que resolveu doar um tempinho em defesa da Igreja de Deus!

    Nada mais!

  26. Eu compreendo que cada cabeça tem a sua sentença, daí a existência desses grupos, uns mais conservadores que outros. Eu próprio suguei muito monfortianismo no passado, mas é justo reconhecer que foi graças a isso que eu retornei à Igreja Católica como filho pródigo.
    Ao contrário do Lisardo, a minha meta é defender a Igreja dos verdadeiros inimigos. Sei que dentro da própria Igreja existem imensos lobos disfarçados de cordeiros, como atestam as profecias, e que são eles que colocarão a Igreja em situação nunca dantes vista, mas, caramba, Jesus Cristo garantiu a Sua assistência infalível e disse que as portas do Inferno não prevalecerão contra a Sua Igreja fundada sobre Pedro! Como tal, eu tenho para mim como garantido a vitória da Igreja Católica no final. Também foi isso que Nossa Senhora disse. Não importa como isso acontecerá. Importa, sim, que acontecerá.
    Quanto às divisões internas no seio da Igreja, há que respeitar as diferentes posições. Mas, diferença na unidade, pois isso é que é verdadeiramente importante: o estarmos todos na barca de Pedro a quem devemos fidelidade.
    Viva a Igreja Católica. O resto são cantigas.

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