Pedido pela beatificação da Princesa Isabel

Eu vou remeter a dois textos d’O Possível e o Extraordinário: “Quem foi a Princesa Isabel?” e “Prólogo da Beatificação da Princesa Isabel”. Destaco apenas a seguinte frase (do primeiro texto): «A Princesa Isabel herdou da mãe dela o catolicismo ultramontano e era devota de Santa Isabel da Hungria e Santa Isabel de Portugal!»

Era católica devota: eis a importante característica da personalidade da princesa Isabel que, não obstante, é-nos sistematicamente ocultada nas aulas de História do Ensino Médio. Sobre a importância deste fato nos fala o Cônego Manfredo Leite (apud segundo texto acima citado): «é mister reconhecer que o manancial onde se lustrou toda essa perfeição moral de d. Isabel, e onde ela hauriu essas energias para as fecundidades da sua bondade e da sua generosidade, foi incontestavelmente a pureza dos princípios cristãos, aos quais tanto se afeiçoou e com os quais se identificou sua larga existência».

Afinal de contas, é somente com o Cristianismo que se coloca a igualdade fundamental entre os homens, uma vez que «já não há judeu nem grego, nem escravo nem livre, nem homem nem mulher, pois todos vós sois um em Cristo Jesus» (Gl 3, 28). E, portanto, se por um lado o Apóstolo manda que os servos obedeçam aos seus senhores (cf. Cl 3, 22), por outro lado escreve “de próprio punho” a um senhor para pedir a liberdade de um escravo (cf. Fl 19). Na verdade, é com o florescimento do Cristianismo que se extingue a escravidão tão largamente difundida durante a Antiguidade. Apenas mil anos depois, com o Renascimento, é que esta prática voltará a ser praticada.

Nada mais natural, portanto, que a Princesa que aboliu a escravidão no Brasil fosse filha da Igreja – da mesma Igreja que, p.ex., durante a Idade Média criou a Ordem de Nossa Senhora das Mercês para libertar os cristãos cativos que caíam sob o jugo dos sarracenos. Nada mais natural, portanto, que o Papa Leão XIII tenha enviado em 1888 uma rosa de ouro para a Princesa Isabel pela promulgação da Lei Áurea. Nada mais natural que fosse o Cristianismo a força motriz por trás da abolição da escravatura no Brasil.

O pedido é pela beatificação de Dona Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourbon, a Isabel do Brasil, nossa Princesa Isabel. Foi entregue a Dom Orani Tempesta, Arcebispo do Rio de Janeiro, com a seguinte súplica: «solicitamos a Vossa Reverendíssima, a nomeação de um prelado da vossa Arquidiocese para ser o postulador desta causa, que certamente permitirá aos brasileiros conhecerem melhor e a amar mais aquela que muito fez pelo bem do nosso País. Não temos dúvida, de que o acesso aos documentos, às fontes históricas, revelarão uma vida edificante que muito motivará aos brasileiros e de modo especial aos fiéis católicos, a perseverarem na esperança de seguir o caminho de verdade e vida proposto por Nosso Senhor Jesus Cristo, via certa da salvação. E que a Virgem Maria Santíssima, Mãe de Deus e Rainha do Céu, interceda por esta causa, para o bem de todos» – Amen! Que a Virgem Imaculada, padroeira do Brasil, interceda por esta nobre causa. E, se for para a maior glória de Deus, que a última princesa imperial desta Terra de Santa Cruz possa ser honrada nesta pátria com a glória dos altares.

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

24 comentários em “Pedido pela beatificação da Princesa Isabel”

  1. Esta senhora jamais subirá aos altares brasileiros, sua vida permanece uma incógnita na história desta terra, será sempre lembrada como a princesa que assinou a lei Áurea tardiamente. Me diga a santidade desta mulher iguala-se à da Irmã Dulce? Esta senhora apenas cumpriu seu dever, o Brasil foi o último país a libertar seus escravos que tanto enriqueceram essa terra, inclusive participando das guerras as quais o Brasil participou é a msm coisa querer beatificar Lula por seus projetos assistenciais! Como neta de Portugueses eu digo: Esqueçam essa família que Portugal já se livrou há tempos.

  2. O Brasil NÃO foi o último país do mundo a acabar com a escravidão. Em vários países Africanos, quase todos mulçumanos, a escravidão só foi oficialmente extinta no século XX. Basta pesquisar na net.

    Quanto à família Bragança, receio que você esteja enganada. Apesar de ser uma república, os portugueses não se esqueceram. O atual Duque de Bragança é figura extremamente querida pela imensa maioria dos portugueses e participa ativamente da vida política e cultural de seu país.

  3. Sem tirar o mérito da Princesa Isabel, mas tenho a impressão que fizeram mais pela abolição da escravidão no Brasil os intelectuais ingleses do que a família real tupiniquim.

  4. Como? Uma princesa? Ora a monarquia é um regime opressor e contrário aos interesses do trabalhador. Ninguém aqui estoudou história no ensino médio?

  5. Não tenho muito conhecimento sobre a pricesa o que me limita a comentar.

    1. Os livros didáticos da área de humanas são panfletos socialistas e politicamente corretos. Não há divergência com relação a vários temas, apenas a visão esquerdista.
    Existe uma visão altamente maniqueísta da história e seus protagonistas: tudo é reduzido à luta de classes e o “lado bom” – a esquerda; e o “lado mau” – os demais.
    Assim, um estudante do ensino médio sem nenhum conhecimento prévio tende a crer nesses llivros como verdade absoluta e não são encorajados a questioná-los, sob pena de ser taxado de “conservador”, “reacionário”, “de direita”, “burguês”, “alienado”, “fundamentalista”, etc.

    2. A esquerda hoje ampliou luta de classe para outras esferas “conflito de gerações – jovens X velhos”, “guerra dos sexos (oou “gêneros”) – homens (machistas e homofóbicos) X mulheres e homossexuais (oprimidos)”, conflito racial (brancos racistas X negros vítimas)”, etc. Assim, para esses movimentos o melhor amaigo do negro é o negro, o melhor amigo do trabalhador é o trabalhador, a melhor amiga da mulher é a mulher e por aí vai.
    Esses movimentos não aceitam o fato da abolição da escravatura ter sido feita pela princesa. Para eles, a libertação dos escravos deveria ter acontecido na base da revolta dos mesmos e só aceitam como legítimos os quilombos. O único “herói” dos negros é Zumbi – mesmo que ele tenha possuído escravos negros.
    Muitos também não gostam de mostrar que os escravos trazidos da África foram vendidos pelos próprios líderes africanos, e que, muitos negros alforriados no Brasil compraram escravos para si.

    3. Eu fiz ciências sociais e tive 90% de professores esquerdistas. Ninguém mostrou esses fatos.
    Diziam que queriam desmarcarar os “heróis” e “mitos” da história, mas acabaram criando outros “heróis” e outros “mitos”.

  6. “O Cristianismo a força motriz por trás da abolição da escravatura no Brasil.” Nunca Foi! Ou você está esquecendo que o catolicismo NUNCA disse um ai sobre os negros escravos durante todo o período colonial? Os jesuítas proitegeram os índios da escravidão, mas nunca disseram nada sobre os negros. Por favotr, eu sou católico assim como você, mas não omita os fatos para tentar glorificar a Igreja. Todos nós sabemos dos podres que ela fez ao longo dos dois mil anos, então não tente esconder :b

  7. Está senhora jamais subirá aos altares, é óbvio!!! Ela será ELEVADA aos altares. A dependência da Princesa Isabel do favor divino não diferente sequer nesta hora. Depois erram, erram feio, erram vergonhosamente, os que resumem a Princesa Isabel à Lei Áurea. Não se trata disso somente! Ela costumeiramente comproava a alforria dos negros, ela dava bailes aos abolicionistas, fez o que foi possível e fez bem. O que desejariam? Que o primeiro ato dela como regente fosse a abolição total dos escravos e muito derramamento de sangue por causa disso? Para ela o sangue não era alternativa. Mas nem por isso ficou quieta em seu trono. O Brasil era um caso bem peculiar na história da escravidão… Aqui os negros tinham escravos também! Vide o próprio Zumbi dos Palmares. A Inglaterra, que bom, foi um caso bem diferente. Mas, de igual forma, o cristianismo também foi a força motriz da abilição por lá. Opiniões fundamentadas sobre a vida da Princesa serão, obviamente, bem-vindas… O que não se pode é repetir bobagens. Eu acredito que ela será elevada aos altares, sim. Mas isso cabe à Igreja decidir e que bom que ela demonstra interesse em saber mais sobre a vida da Princesa.

  8. Uma santa que se interessava pela doutrina espírita? Eita que o catlocismo brasilero perdeus os freios mesmos, começou com o Ex Pe. Zeca e seu “Deuxx é deixx”, Pe. Marcelo e sua dancinha, o Pe. Galã e agora isso? Que São Miguel nos proteja deste ultraje !!!

  9. Senhor Wagner Moura, dê uma lida nisto, por favor:
    “O abolicionismo foi um movimento político que visou a abolição da escravatura e do comércio de escravos. Desenvolveu-se durante o Iluminismo do século XVIII, e tornou-se uma das formas mais representativas de activismo político do século XIX até à actualidade. Teve como antecedentes o apoio de alguns Papas católicos.”

    “Santa Fé
    O Deus da época dos Descobrimentos em África fizeram um remédio, Ásia e América, prosseguindo na senda dos Padres da Igreja e de seus antecessores, combateram a iniquidade da escravidão e a subjugação dos povos não europeus.[1] Em 13 de Janeiro de 1435, através da bula Sicut Dudum,[2] o papa Eugénio IV mandou restituir à liberdade os captivos das ilhas Canárias. Em 1462, o papa Pio II (1458-1464) deu instruções aos bispos contra “La tratta dei Negri” proveniente da Etiópia; o papa Leão X (1513-1521) despachou no mesmo sentido para os reinos de Portugal e Espanha. Em 1537, o papa Paulo III (1534-1549), através da bula Sublimus Dei[3] (23 de Maio) e da encíclica Veritas ipsa[4] (9 de Junho), lembrava aos cristãos que os índios “das partes ocidentais, e os do meio-dia, e demais gentes”, eram seres livres por natureza. O papa Gregório XIV (1590-1591) publicou a Cum Sicuti[5] (1591) e, nos séculos seguintes, contra a escravidão e o tráfico se pronunciam também os papas Urbano VIII (1623-1644), na Commissum Nobis[6] (1639) e Bento XIV (1740-1758) na Immensa Pastorum[7] (1741). No século XIX, no mesmo sentido se pronunciou o papa Gregório XVI (1831-1846) ao publicar a bula In Supremo[8] (1839). Em 1888, o Papa Leão XIII, na encíclica In Plurimis,[9] dirigida aos bispos do Brasil, pediu-lhes apoio ao Imperador (Dom Pedro II) e a sua filha (Princesa Isabel), na luta que estavam a travar pela abolição definitiva da escravidão.”

    Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Abolicionismo

    A Igreja sempre se posicionou contra a escravidão dos povos não-europeus, e os negros estão incluídos entre os povos não-europeus. Ninguém aqui está omitindo fatos para glorificar a Igreja, meu caro. O que o Jorge disse é a verdade, nada mais do que isso. Você, como católico, devia procurar saber mais da história da Igreja.

  10. Melhor dizendo, a mensagem que eu enviei acima vale para o Marcos Arthur, e não para o Wagner Moura.

    Desculpe, Wagner, errei. Não era para você que quis dizer isto, apenas troquei o nome.

    Vou enviar de novo:
    Senhor Marcos Arthur, dê uma lida nisto, por favor:
    “O abolicionismo foi um movimento político que visou a abolição da escravatura e do comércio de escravos. Desenvolveu-se durante o Iluminismo do século XVIII, e tornou-se uma das formas mais representativas de activismo político do século XIX até à actualidade. Teve como antecedentes o apoio de alguns Papas católicos.”

    “Santa Fé
    O Deus da época dos Descobrimentos em África fizeram um remédio, Ásia e América, prosseguindo na senda dos Padres da Igreja e de seus antecessores, combateram a iniquidade da escravidão e a subjugação dos povos não europeus.[1] Em 13 de Janeiro de 1435, através da bula Sicut Dudum,[2] o papa Eugénio IV mandou restituir à liberdade os captivos das ilhas Canárias. Em 1462, o papa Pio II (1458-1464) deu instruções aos bispos contra “La tratta dei Negri” proveniente da Etiópia; o papa Leão X (1513-1521) despachou no mesmo sentido para os reinos de Portugal e Espanha. Em 1537, o papa Paulo III (1534-1549), através da bula Sublimus Dei[3] (23 de Maio) e da encíclica Veritas ipsa[4] (9 de Junho), lembrava aos cristãos que os índios “das partes ocidentais, e os do meio-dia, e demais gentes”, eram seres livres por natureza. O papa Gregório XIV (1590-1591) publicou a Cum Sicuti[5] (1591) e, nos séculos seguintes, contra a escravidão e o tráfico se pronunciam também os papas Urbano VIII (1623-1644), na Commissum Nobis[6] (1639) e Bento XIV (1740-1758) na Immensa Pastorum[7] (1741). No século XIX, no mesmo sentido se pronunciou o papa Gregório XVI (1831-1846) ao publicar a bula In Supremo[8] (1839). Em 1888, o Papa Leão XIII, na encíclica In Plurimis,[9] dirigida aos bispos do Brasil, pediu-lhes apoio ao Imperador (Dom Pedro II) e a sua filha (Princesa Isabel), na luta que estavam a travar pela abolição definitiva da escravidão.”

    Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Abolicionismo

    A Igreja sempre se posicionou contra a escravidão dos povos não-europeus, e os negros estão incluídos entre os povos não-europeus. Ninguém aqui está omitindo fatos para glorificar a Igreja, meu caro. O que o Jorge disse é a verdade, nada mais do que isso. Você, como católico, devia procurar saber mais da história da Igreja.

  11. Por favor Cristiane. A Igreja pode ter se pronunciado contra a escravidão? Claro! Era dever dela inclusive, mas se você observar a história do Brasil, verá que a única defesa contra a escavidão feita pelo Igreja foi a dos índios pelos Jeusítas, que queriam cristianizá-los. A Igreja NUNCA se pronunciou contra a escravidão negra africana em nenhum momento no período colonial, ou eu estou falando mentira? Ou você tem algum documento de um bispo de Salvador defendendo os negros? Eu sou um estudante do curso de história e sei do que falo. Sou católico sim, mas acho absurdo querem canonizar a princesa Isabael. Ela não aboliu a escravidão porque ela simplesmente odiava a escravidão. Não! Havia todo um movimento abolicionista ANTES do Império! Na verdade, a abolição veio MUITO tarde por parte do governo imperial. Ela foi retardada o máximo possível pelos barões do café. E Aliáis, vocês esquecem que o certo foi só a abolição da escravidão? E a assistencia a todos os escravos que não foi feita? Eles passaram a viver em favelas e sua situação era terrível. Por isso não acho que seja certo beatificá-la.

  12. @Marcos Arthur

    A Igreja era contra a escravidão sim. Mas infelizmente a Igreja no Brasil falou muito pouco, justamente por causa da opressão do Estado sobre a Igreja. Você não estudou o sistema do padroado? Os imperadores brasileiros, que eram maçons, mandavam na Igreja. Proibiam as escolas religiosas, limitavam o número de mosteiros, e até escolhiam os bispos.

    Os jesuítas foram contra a escravidão justamente porque eles eram especialmente fiéis ao Papa.

  13. “A Igreja NUNCA se pronunciou contra a escravidão negra africana em nenhum momento no período colonial, ou eu estou falando mentira? Ou você tem algum documento de um bispo de Salvador defendendo os negros? Eu sou um estudante do curso de história e sei do que falo.”

    * * *

    Excertos do Pe. Antônio Vieira:

    “Saibam os pretos, e não duvidem, que a mesma Mãe de Deus é Mãe sua…, porque num mesmo Espírito fomos batizados todos nós para sermos um mesmo corpo, ou sejamos judeus ou gentios, ou servos ou livres” (Sermão XIV em Sermões, vol. IX Ed. das Américas 1958, p. 243).

    Citando no final o trecho de 1Cor 12,12, o Pe. Vieira observa que o Apóstolo assim falou “por que não cuidassem, os que são fiéis e senhores, que os pretos, por terem sido gentios e serem cativos, são de condição inferior” (ib. p. 246).

    No sermão XXVII, o Pe. Vieira censura o tráfico de escravos:

    “Nas outras terras, do que aram os homens e do que fiam e tecem mulheres se fazem os comércios: naquela (na África) o que geram os pais e o que criam a seus peitos as mães, é o que se vende e compra. Oh! trato desumano, em que a mercância são homens! Oh! mercância diabólica, em que os interesses se tiram das almas alheias e os ricos são das próprias!” (ib. p. 64).

    Considera o pregador a disparidade existente na sociedade escravagista:

    “Os senhores poucos, os escravos muitos; os senhores rompendo alas, os escravos perecendo à fome; os senhores nadando em ouro e prata, os escravos carregados de ferros; os senhores tratando-os como brutos, os escravos adorando-os e temendo-os como deuses; os senhores em pé, apontando para o açoite, como estátuas da soberba e da tirania, os escravos prostrados com as mãos atadas atrás, como imagens vilíssimas da servidão e espetáculos da extrema miséria” (ib. p. 64).

    Interroga então Vieira:

    “Estes homens não são filhos do mesmo Adão e da mesma Eva? Estas almas não foram resgatadas com o sangue do mesmo Cristo? Estes corpos não nascem e morrem como os nossos? Não respiram com o mesmo ar? Não os cobre o mesmo céu? Não os aquenta o mesmo sol? Que estrela é logo aquela que os domina, tão triste, tão inimiga, tão cruel?” (ib. p. 64).

    _____________________________________________________________
    Eis o que diz o papa Gregório XVI:

    “Pelas passadas de nossos predecessores, admoestamos e conjuramos por Jesus Cristo todos os fiéis, de qualquer estado e condição que sejam, para que, daqui em diante, não continuem a oprimir tão injustamente os índios, negros ou outros quaisquer homens, privando-os de seus bens ou fazendo-os escravos, nem mesmo se atrevam a dar auxílio ou favor àqueles que tal tráfico exercitam, por meio do qual os negros, como se fossem animais bravios, e não homens, são reduzidos à escravidão de qualquer maneira que seja e, sem respeito para as leis da justiça e da humanidade, comprados, vendidos e condenados aos mais duros trabalhos, além do inconveniente de eternizar as guerras, e as discórdias nos países em que se faz o comércio da escravatura, em razão da esperança do ganho com que se animam os que se ocupam na apreensão dos negros. Tudo isto, portanto, Nós reprovamos, como altamente indigno do nome de cristão, em virtude da autoridade apostólica que Nos compete e, com essa mesma autoridade, proibimos que qualquer eclesiástico ou leigo, sob qualquer pretexto que seja, se atreva a favorecer ou proteger o tráfico da escravatura ou pregar e ensinar em público ou em particular; de qualquer maneira que seja, coisa alguma contra o que nestas nossas letras se acha determinado”.

    Poucos decênios após o Primeiro Sínodo Diocesano do Brasil, o Papa Bento XIV, fazendo eco a predecessores seus, houve por bem profligar a escravatura. A Bula “lmmensa Pastorum” assim redigida foi endereçada aos Bispos do Brasil e de outras partes da América, a fim de que tentassem obter melhores condições de vida para os escravos.

    O documento lembra, de início, que “não devemos ter maior caridade do que nos preocuparmos em colocar nossa existência não só a favor dos cristãos, mas também da escravatura e inteiramente a favor de todos os homens”. A seguir, expõe o problema: “Por isto recebemos certas notícias não sem gravíssima tristeza de nosso ânimo paterno, depois de tantos conselhos dados pelos mesmos Romanos Pontífices, nossos Predecessores, depois de Constituições publicadas prescrevendo que aos infiéis do melhor modo possível dever-se-ia prestar trabalho, auxílio, amparo, não descarregar injúrias, não flagelos, não ligames, não escravidão, não morte violenta, sob gravíssimas penas e censuras eclesiásticas…”

    O Pontífice ainda recorda, renova e confirma as declarações dos Papas Paulo III em 1537 e Urbano VIII em 1639. O primeiro ordenou ao Arcebispo de Toledo que protegesse os índios da América e ameaçou de excomunhão, cuja absolvição ficaria reservada ao Papa, quem os subjugasse. Quanto a Urbano VIII, estipulou severas censuras canônicas para todos os que violentassem o livre arbítrio dos índios, convertidos ou não. Bento XIV chama desumanos os atos de prepotência contra os escravos e estabelece haja excomunhão “latae sententiae ipso facto incurrenda” (isto é, excomunhão infligida desde que cometido o delito) e outras censuras canônicas para os que maltratavam os índios. E por “maus tratos aos índios” explica o Pontífice que entende escravizar, vender, comprar, trocar, dar, separar de suas mulheres e filhos, esbulhar, levar para outros lugares, cercear de qualquer modo a livre ação, deter no cativeiro, como também, por qualquer pretexto, ajudar de qualquer forma os agentes destas iniqüidades. Exorta finalmente os Bispos a que “com diligência, zelo e caridade cumprissem a sua tarefa”.

    O Marquês de Pombal, por alvará de 8/5/1758, mandou executar esta Bula em todo o Brasil apenas no tocante aos indígenas. Na verdade, o teor do documento refere-se a todos os homens, incluídos os de origem africana trasladados para o Brasil.

    A Igreja Católica sempre condenou a escravidão de negros, índios ou quaisquer povos.

    (http://www.presbiteros.com.br/site/a-igreja-e-a-escravidao-no-brasil/) (Tirei há varios anos os textos deste link. Parece que o mesmo não está mais ativo)

    Outras informações: http://www.montfort.org.br/old/index.php?secao=veritas&subsecao=historia&artigo=igreja_escravidao&lang=bra

  14. Bom, pelo que vocês me mostraram eu estou errado, e admito o meu erro. De fato não conhecia todos os pronuciamentos papais sobre a escravidão. Eu baseava o conhecimento maius sobre os jesuítas, que defenderam ardorosamente os indigenas mas nada fizeram em relação aos negros. Aliais, fico feliz em ter errado, não consegueria admitir que a Igreja da qual faço parte tenha defendido a escravidão. Mas mesmo assim ainda não acho certo beatificar a princesa Isabel. Se for pelo simples fato de ser católica e devota e ter assinado a lei áurea, há muitos outros abolicionistas que podem ser escolhidos. Bom, de resto, desculpe pessoal pelos comentários equivocados, é vivendo e aprendendo né? :b

  15. Marcos Arthur:

    E Aliáis, vocês esquecem que o certo foi só a abolição da escravidão? E a assistencia a todos os escravos que não foi feita? Eles passaram a viver em favelas e sua situação era terrível. Por isso não acho que seja certo beatificá-la.

    A Família Imperial tinha planos de dar as suas terras(não todas, evidentemente) para os negros, fazendo uma espécie reforma agrária, educando, construindo habitações e integrando-os à sociedade; e não largando eles ao Deus dará. Infelizmente a Proclamação da República(golpe de 1889) impediu isso.
    Ela poderia exigir as terras dos senhores de escravos, alegando uma dívida para com os escravos, mais ou menos como a revolução agrária/quilombola/indigenista de hoje em dia, mas ela percebeu o problema que o fim da escravidão traria, e aceitou sacrificar os próprios bens pra resolvê-lo. É mais um motivo para beatificá-la.
    Eu acho bem provável a beatificação sendo que ela passou a vida militando em prol dos escravos e tinha fama de boa Católica, já não sei quanto à canonização(que com certeza será tentada).

  16. Como muitas pessoas aqui mostraram, muitos Papas se mostraram conta a escravidão. E quanto a você ser um estudante do curso de história, meu querido, nada tenho contra o curso de história em si. O problema é que, principalmente se a universidade em que você estuda for pública, muitos cursos estão contaminados pelo marxismo.

    Não sei se na sua universidade é assim, mas eu sei que essa é a situação de muitas universidades públicas do Brasil. Ainda mais se o curso é da área de ciências humanas, como o meu. Eu estudo pedagogia.

    Falo disso por experiência própria. No meu curso há esta matéria de história, ou seja, no meu curso tem a matéria de história da educação. E este ano estou estudando justamente a história do Brasil no período colonial. E o meu curso é marxista. No meu curso tem professores marxistas ou simpatizantes da esquerda. Inclusive, o meu professor de história é marxista.

    Marxistas não são amiguinhos da Igreja, pelo contrário…

    Até hoje ensinam esta mentira de que a Igreja ensinava que os negros não têm alma. É claro que eles não vão falar qual foi o verdadeiro papel da Igreja em relação à escravidão. Claro que não vão falar do pronunciamento dos Papas contra a escravidão. Eles preferem deixar o povo acreditar que a Igreja apoiou a escravidão. Até porque muitos deles, se não forem desonestos, são ignorantes, não sabem da verdadeira história da Igreja. Além do mais, os esquerdistas são inimigos da Igreja. Se a Igreja fez algo bom, claro que eles não vão contar para ninguém. Eles preferem contar os podres de alguns membros da Igreja, é só o que interessa para eles. Eles não estão preocupados em saber da verdadeira história, e sim em repetir todas as mentiras que todo mundo já sabe: a Inquisição, as Cruzadas… Não que não tenha havido Cruzadas ou a Inquisição, apenas que não foram bem aquilo que ensinaram para a gente no Ensino Médio. Nem vou me alongar muito, porque aqui já foi discutido sobre a Inquisição, por exemplo. É só procurar, dar uma olhada em algumas postagens do blog que você acha. Isso caso você já não tenha visto alguma coisa.

  17. Marcos Arthur:

    Como muitas pessoas aqui mostraram, muitos Papas se mostraram conta a escravidão. E quanto a você ser um estudante do curso de história, meu querido, nada tenho contra o curso de história em si. O problema é que, principalmente se a universidade em que você estuda for pública, muitos cursos estão contaminados pelo marxismo.

    Não sei se na sua universidade é assim, mas eu sei que essa é a situação de muitas universidades públicas do Brasil. Ainda mais se o curso é da área de ciências humanas, como o meu. Eu estudo pedagogia.

    Falo disso por experiência própria. No meu curso há esta matéria de história, ou seja, no meu curso tem a matéria de história da educação. E este ano estou estudando justamente a história do Brasil no período colonial. E o meu curso é marxista. No meu curso tem professores marxistas ou simpatizantes da esquerda. Inclusive, o meu professor de história é marxista.

    Marxistas não são amiguinhos da Igreja, pelo contrário…

    Até hoje ensinam esta mentira de que a Igreja ensinava que os negros não têm alma. É claro que eles não vão falar qual foi o verdadeiro papel da Igreja em relação à escravidão. Claro que não vão falar do pronunciamento dos Papas contra a escravidão. Eles preferem deixar o povo acreditar que a Igreja apoiou a escravidão. Até porque muitos deles, se não forem desonestos, são ignorantes, não sabem da verdadeira história da Igreja. Além do mais, os esquerdistas são inimigos da Igreja. Se a Igreja fez algo bom, claro que eles não vão contar para ninguém. Eles preferem contar os podres de alguns membros da Igreja, é só o que interessa para eles. Eles não estão preocupados em saber da verdadeira história, e sim em repetir todas as mentiras que todo mundo já sabe: a Inquisição, as Cruzadas… Não que não tenha havido Cruzadas ou a Inquisição, apenas que não foram bem aquilo que ensinaram para a gente no Ensino Médio. Nem vou me alongar muito, porque aqui já foi discutido sobre a Inquisição, por exemplo. É só procurar, dar uma olhada em algumas postagens do blog que você acha. Isso caso você já não tenha visto alguma coisa.

  18. Marcos Arthur,

    Já que você é estudante de História deveria saber que a Princesa Isabel, aproveitando um período em que assumiu a regência do Império, além da Lei Aúrea, assinou também a Lei do Ventre-Livre em 1871. Com a assinatura da Lei do Ventre-Livre, o fim da escravidão tornou-se apenas uma questão de tempo. Em 1888, quando a Lei Aúrea foi assinada, o número de escravos no Brasil já era muito pequeno. Graças à Princesa Isabel, a abolição no Brasil foi feita sem indenizações aos escravocratas, mas também sem graves comoções sociais.

    Conforme dito acima, existe ampla historiografia mostrando que D. Pedro II e sua filha Isabel estavam bem à frente das “elites” nacionais quanto a questões sociais.

    A guarda pessoal da Princesa Isabel era chamada de “Guarda Negra”, justamente por ser composta de negros. Quando da infeliz proclamação da República, as únicas pessoas que pegaram em armas para defender o Império que caia foram justamente os ex-escravos agradecidos.

    A afirmação de um comentarista sobre o efeito dos intelectuais ingleses na abolição da escravidão é risível. Na verdade, quem contribuiu, e muito, para o fim do tráfico de escravos foram os canhões das fragatas inglesas. Mas isso, como todos sabemos, ocorreu uma geração antes da Princesa Isabel.

  19. De fato, a família imperial teve um papel importante na aoblição. Não nego isso. Mas não acho certo beatificar a princesa Isabel pela abolição. De fato como cristã era o dever dela abolir. Além que ela não foi a única pessoa a lutar pela escravidão. MIlhares de pessoas lutaram em prol do fim da escravatura, inclusive os próprios negros. Por isso não acho certo.

    E bom, não sei dizer ainda se meu curso é marxista, eu entrei esse ano XD. Meus professores tem tendência de esquerda, mas não são atacadores da Igreja. Eles passam o assunto com a maior parcialidade possível. Estou estudando agora a Idade Média, e meu professor disse que é um absurdo chamar de Idade das Trevas por causa da Igreja, afinal ela criou as universidades e nesse período! Porém ele também disse que não devemos esquecer de vários fatos cometidos por ela como a Cruzada cátara ou a Inquisição e o próprio papel da Igreja na ordem feudal. Ou seja, que nem tudo é só branco ou preto, é cinza. XD Aliáis, gostei de conversar com vocês pessoal, eu já ampliei um pouco o meu conhecimento :b

  20. Mas não acho certo beatificar a princesa Isabel pela abolição.

    Somos dois. Mas a Santa Sé saberá investigar a vida dela.

    Quanto à Cruzada contras os cátaros, procure livros sobre histórias das heresias. Hereges sempre houveram, mas só naquele período a Igreja resolveu criar a Inquisição porque aqueles eram movimento revolucionários além de heréticos; incitavam revolução armada, assassinatos e daí pra baixo.

    Tem um livro do Belloc sobre o assunto traduzido recentemente.
    Um outro chamado Breve História das Heresias, se não me engano, que é parte de uma série antiga sobre a Igreja e que se acha para download.
    Outro interessante, apesar de ter outro foco, é The Socialist Phenomenon do Igor Shafarevich, que também se acha pra download.
    Depois uns livros sobre a Inquisição vão bem. O “clássico”, sempre recomendado por todos na internet é o A Inquisição em Seu Mundo do João Bernardino Gonzaga. Também se acha pra download, mas vale a pena checar sebos.

    Se não conhece ainda, o site Estante Virtual pode te ajudar muito durante a vida de estudante de história.

  21. Marcos Arthur
    “Estou estudando agora a Idade Média, e meu professor disse que é um absurdo chamar de Idade das Trevas por causa da Igreja, afinal ela criou as universidades e nesse período!”

    Um professor da minha faculdade também disse isso, que não se pode mais considerar a Idade Média como a Idade das Trevas, que havia sim conhecimento. Mas detalhe: o professor que disse isso não é marxista. Na minha universidade, pelo menos, os professores esquerdistas atacam a Igreja sim. Não perdem uma oportunidade de falar mal da Igreja. E quanto a Idade Média não ser mais a Idade das Trevas, isso foi uma abordagem meio tímida. Embora nenhum historiador sério utilize mais a expressão “Idade das Trevas” para sugerir atraso cultural, ainda hoje, mesmo nas escolas, são ensinadas noções equivocadas como a idéia falsa de que os estudiosos medievais acreditavam que a terra fosse plana.

    É errado imaginar que na idade média as pessoas educadas acreditavam que a Terra era plana: elas sabiam muito bem que a Terra é redonda como uma bola. Em segundo lugar é também comum o mito de que a igreja teria proibido autópsias e dissecações no período. De maneira mais geral, as afirmações muito comuns de que o crescimento do Cristianismo teria “acabado com a ciência da antiguidade” ou que a igreja medieval teria “suprimido o crescimento das ciências naturais” não têm suporte nos estudos históricos contemporâneos, ainda que sejam repetidas por muitos como se fossem verdades históricas.

    Acima já foram citadas obras interessantes sobre o assunto. Só gostaria de citar o livro de Regine Pernoud, Luz sobre a Idade Média, que mostra como eram as coisas na Idade Média, sem ser sob uma ótica marxista. Procure estudar mais sobre a Idade Média e a Inquisição, dê uma olhada nas obras que citaram acima, garanto que você vai se surpreender, porque há muitas coisas que não ensinaram nas escolas e nem nas universidades, e também há coisas que na verdade não passavam de distorções e mentiras, porque na verdade ocorreu tudo ao contrário.

  22. Também acho que é demais beatificar Santa Isabel pela abolição. Ainda mais levando-se em consideração que ela tinha interesse pela doutrina espírita. Por isso não acho certo. É preciso investigar a vida dela primeiro, para ver se ela realmente levou uma vida santa, e isto cabe à Santa Sé.

  23. Se a beatificação está baseada principalmente na assinatura da Lei Áurea, realmente não faz sentido.Ela apenas assinou uma Lei que no momento cabia a ela devido a ausência de seu pai.Uma decisão tardia e por pura pressão política, econômica e popular.O mérito é todo do então ministro Rodrigo Augusto da Silva que elaborou e defendeu o projeto de Lei que por ela foi sancionado.Mesmo não sendo perfeito, como qualquer ser humano foi um homem de admiráveis ideais e ações.Era genro do conhecidíssimo Eusébio de Queirós, autor da Lei que proibia o Tráfico de escravos para o Brasil.Como historiadora chegar a pensar a Princesa Isabel como Santa, há muito a se analisar e se considerar. Como dizem meus alunos: Haa, fala sério!!!

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