Apontamentos sobre as Escrituras Sagradas e inerrância bíblica

A propósito de alguns comentários recentes sobre as Escrituras Sagradas feitos aqui no blog, aproveito o ensejo para esclarecer:

– A inspiração do Espírito Santo deu-se nos autores originais e em relação aos textos originais, inexistindo no geral a “inspiração do tradutor” e – com muito mais razão! – uma suposta “inspiração” de traduções apócrifas e desautorizadas das Escrituras Sagradas como o são as traduções protestantes.

– Inexistindo ou sendo difícil o acesso aos originais, o Concílio de Trento (e, repetindo-o, a Divino Afflante Spiritu de Pio XII) afirma «que devem reconhecer-se “como sagrados e canônicos os livros inteiros com todas as suas partes conforme se costuma ler na Igreja católica e estão na antiga Vulgata latina” (Concílio de Trento, Sessão IV, decr. l; Ench. Bibl ., n. 45)» (DAS 1).

– Assim sendo, a inerrância bíblica não se estende a todas as traduções e a todos os manuscritos, mas é característica dos textos originais (por desconhecidos que sejam nos dias de hoje, e ainda que tenham sido perdidos) e, para fins práticos, da Vulgata latina, como ensina o mesmo Pio XII: «esta autoridade preeminente ou autenticidade da Vulgata decretou-a o concílio não principalmente por motivos de crítica, mas antes pelo uso legítimo que dela se fez na Igreja durante tantos séculos; uso que prova estar ela, no sentido em que a entendeu e entende a Igreja, completamente isenta de erros no que toca a fé e aos costumes; de modo que, como a mesma Igreja atesta e confirma, se pode nas disputas, preleções e pregação alegar seguramente e sem perigo de errar» (DAS 14).

– Este lugar proeminente ocupado pela Vulgata não desmerece os textos originais; o estudo deles é não apenas legítimo como também encorajado, mas em estreita colaboração com a Vulgata e jamais em oposição a ela. Ainda Pio XII: «[n]em a autoridade da Vulgata em matéria de doutrina impede, – antes nos nossos dias quase exige – que a mesma doutrina se prove e confirme também com os textos originais, e que se recorra aos mesmos textos para encontrar e explicar cada vez melhor o verdadeiro sentido das Sagradas Escrituras» (id. ibid.).

– A inerrância bíblica deve ser entendida em sentido absoluto, e não apenas em um “sentido espiritual” (p.ex., que as Escrituras Sagradas apenas não contenham “erros contra a fé”). Assim pontifica Pio XII remetendo a Leão XIII: «Enfim é absolutamente vedado “coarctar a inspiração unicamente a algumas partes da Sagrada Escritura ou conceder que o próprio escritor sagrado errou”, pois que a divina inspiração “de sua natureza não só exclui todo erro, mas exclui-o e repele-o com a mesma necessidade com que Deus, suma verdade, não pode ser autor de nenhum erro. Esta é a fé antiga e constante da Igreja”» (id., 3).

– A esse respeito, peço vênia para uma citação um pouco mais longa de Leão XIII na Providentissimus Deus:

[N]ão é absolutamente permitido restringir a inspiração só a algumas partes da Sagrada Escritura, ou admitir que o mesmo autor sagrado tenha errado. Com efeito não se pode admitir o método dos que resolvem essas dificuldades sem hesitar em conceder que a inspiração divina se aplique às coisas que dizem respeito à fé e aos costumes e [a] nada mais, julgando erradamente que em se tratando do verdadeiro sentido dos trechos escriturísticos, não se deve tanto procurar o que Deus possa ter dito, mas antes sopesar o motivo pelo qual o tenha dito. Com efeito todos os livros, na sua integridade, que a Igreja recebe como sagrados e canônicos em todas as suas partes, foram escritos sob a inspiração do Espírito Santo, e, portanto, é impossível que a inspiração divina contenha algum erro, que ela, pela sua própria natureza, não somente exclui até o mínimo erro, mas o exclui e rejeita tão necessariamente, como necessariamente Deus, verdade suma, não pode, da maneira mais absoluta, ser autor de algum erro.

Essa é a antiga e constante fé da Igreja, definida também com sentença solene pelos Concílios Florentino e Tridentino e, finalmente, confirmada e declarada mais expressamente no Concílio Vaticano [I] que assim decretou, da maneira mais absoluta: “É preciso ter como sagrados e canônicos os livros inteiros do Antigo e do Novo Testamento com todas as suas partes, como são elencados pelo decreto do mesmo Concílio (Tridentino) e como se encontram na antiga edição [da] Vulgata latina. E a Igreja os tem como sagrados e canônicos, não porque, compostos unicamente pelo talento humano, tenham sido depois aprovados por sua autoridade, e tampouco pelo simples fato de conter a revelação sem erros, mas porque tendo sido escritos sob a inspiração do Espírito Santo, têm Deus como autor”. Por isso não tem valor aqui dizer que o Espírito Santo teria tomado alguns homens como instumentos para escrever, como se algum erro possa ter escapado não certamente ao autor principal, mas aos escritores inspirados. (…) Conseqüentemente deriva que os que admitem que nos lugares autênticos dos Livros sagrados se possa encontrar algum erro, certamente estes ou pervertem a noção católica da inspiração divina ou fazem o próprio Deus autor do erro. Todos os Padres e doutores estavam de tal modo convencidos [de] que as Cartas divinas, assim como foram compostas pelos hagiógrafos, estão absolutamente imunes de todo erro, que não poucos daqueles trechos que parecem apresentar alguma coisa de contrário ou diverso (isto é, quase os mesmos trechos que agora são propostos como objeções sob o nome de ciência nova) procuraram de maneira não menos sutil e religiosamente compô-los e conciliá-los entre si, professando à humanidade que aqueles livros, quer inteiramente, quer nas suas partes singulares, eram igualmente inspirados divinamente e que o próprio Deus que falou por meio dos autores sagrados não pôde absolutamente inspirar algo falto de verdade. Sirva para todos o que o próprio Agostinho escrevia a Jerônimo: “Eu, com efeito, confesso à tua benevolência que aprendi a prestar tal veneração e honra somente aos livros das Escrituras, que já são chamados canônicos, e que creio firmissimamente que nenhum dos seus autores tenha cometido erro algum ao escrever. E se, por acaso, encontrasse neles alguma coisa que parecesse contrária à verdade, não tenho a mínima dúvida de que isso dependa ou do códice defeituoso, ou do tradutor que não interpretou retamente o que foi escrito, ou que a minha mente não conseguiu entender” (PD, 41-42).

– Não obstante, o verdadeiro sentido das Escrituras Sagradas encontra-se nos modos de dizer próprios dos tempos e lugares nos quais foram escritos os diferentes livros sagrados. Ensina Pio XII: «Ora, qual o sentido literal de um escrito, muitas vezes não é tão claro nas palavras dos antigos orientais como nos escritores do nosso tempo. O que eles queriam significar com as palavras não se pode determinar só pelas regras da gramática e da filologia, nem só pelo contexto; o intérprete deve transportar-se com o pensamento àqueles antigos tempos do Oriente, e com o auxílio da história, da arqueologia; etnologia e outras ciências, examinar e distinguir claramente que gêneros literários quiseram empregar e empregaram de fato os escritores daquelas épocas remotas. De fato os antigos orientais, para exprimir os seus conceitos, nem sempre usaram das formas ou gêneros de dizer de que nós hoje usamos; mas sim daqueles que estavam em uso entre os seus contemporâneos e conterrâneos. (…) Nenhum dos modos de falar de que entre os antigos e especialmente entre os orientais se servia a linguagem para exprimir o pensamento, pode dizer-se incompatível com os Livros Santos, uma vez que o gênero adotado não repugne à santidade e verdade de Deus. Advertiu-o já o doutor angélico com a sua costumeira perspicácia por estas palavras: “Na Escritura as coisas divinas nos são apresentadas ao modo usual, humano”. Como o Verbo substancial de Deus se fez semelhante aos homens em tudo “exceto o pecado”, assim também a palavra de Deus expressa em línguas humanas assemelhou-se em tudo à linguagem humana, exceto o erro» (DAS 20).

– Portanto, «não há erro absolutamente nenhum quando o hagiógrafo falando de coisas físicas “se atém ao que aparece aos sentidos” como escreveu o Angélico, exprimindo-se “ou de modo metafórico, ou segundo o modo comum de falar usado naqueles tempos e usado ainda hoje em muitos casos na conversação ordinária mesmo pelos maiores sábios.” De fato “não era intenção dos escritores sagrados, ou melhor – são palavras de santo Agostinho [-] do Espírito Santo que por eles falava, ensinar aos homens essas coisas – isto é, a íntima constituição do mundo visível – que nada importam para a salvação”. Esse princípio “deverá aplicar-se às ciências afins, especialmente à história”, isto é, refutando “de modo semelhante os sofismas dos adversários” e defendendo das suas objeções a verdade histórica da Sagrada Escritura. Nem pode ser taxado de erro o escritor sagrado, “se aos copistas escaparam algumas inexatidões na transcrição dos códices” ou “se é incerto o verdadeiro sentido de algum passo”» (DAS 3).

– Por fim, cabe lembrar que «a Sagrada Escritura deve ser lida e interpretada com o mesmo espírito com que foi escrita» (Dei Verbum, 12); e, portanto, «não menos atenção se deve dar, na investigação do recto sentido dos textos sagrados, ao contexto e à unidade de toda a Escritura, tendo em conta a Tradição viva de toda a Igreja e a analogia da fé» (id. ibid). O Magistério da Igreja permanece a única instância competente para precisar, sem possibilidade de erro, o verdadeiro sentido [de qualquer parte] das Sagradas Escrituras.

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

48 comentários em “Apontamentos sobre as Escrituras Sagradas e inerrância bíblica”

  1. Concordo contigo…

    “- Assim sendo, a inerrância bíblica não se estende a todas as traduções e a todos os manuscritos, mas é característica dos textos originais”

    “E se, por acaso, encontrasse neles alguma coisa que parecesse contrária à
    verdade, não tenho a mínima dúvida de que isso dependa ou do códice
    defeituoso, ou do tradutor que não interpretou retamente o que foi
    escrito, ou que a minha mente não conseguiu entender” ”

    “Nem pode ser taxado de erro o escritor sagrado, “se aos copistas
    escaparam algumas inexatidões na transcrição dos códices” ou “se é
    incerto o verdadeiro sentido de algum passo”»”

    Eu gostei do esforço da Igreja em revisar a Vulgata com os textos originais e entregar a NeoVulgata. Hoje é comum encontrar bíblias protestantes que são fiéis à vulgata na forma entregue por São Jerônimo, e Bíblias católicas fidedignas à Neo Vulgata.

    Para quem puder entender, abaixo apenas um versículo, pode parecer pouco mas para mim a substituição de “hæc in ecclesiis” por “haec super ecclesiis” transforma o apocalipse em certidão de nascimento da Igreja.

    Apocalipse 22,16
    Vulgata latina
    “ego Jesus misi angelum meum testificari vobis hæc in ecclesiis ego sum radix et genus David stella splendida et matutina”

    Neo Vulgata latina
    “Ego Iesus misi angelum meum testificari vobis haec super ecclesiis. Ego sum radix et genus David, stella splendida matutina”.”

  2. Wilson Ramiro, você poderia indicar algumas ”
    Bíblias católicas fidedignas à Neo Vulgata”, se possível em português?

    Desde já agradeço,

  3. Adam como a nova vulgata é a versão oficial da Igreja e dela devem ser feitas as traduções nacionais, você verá que apenas as versões protestantes são traduções (mal feitas) da vulgata.
    ex
    Malaquias
    Neo Vulgata e católicas tem 3 (tres) capítulos
    Vulgata e protestantes tem 4 (quatro) capítulos.

    Obs a Vulgata Latina não contém erros doutrinários.

  4. Caro senhor Wilson
    Responda-me, por favor: em que o senhor se baseou para afirmar que a simples mudança da preposição latina “in” para “super” foi suficiente para transformar o “apocalipse em certidão de nascimento da Igreja”?
    Isso porque, para mim, o que essa mudança gerou foi uma alteração de sentido na tradução, já que a preposição “in” tem sentido de “em” (dentro, recinto, ambiente) enquanto “super” tem o sentido de “sobre, a respeito de”; daí a diferença entre a tradução protestante, com base na Vulgata, e a católica, com base na Neo Vulgata, segundo o senhor.
    Vamos ver o que dizem as traduções das duas versões.
    Vulgata (protestante): “Eu, Jesus, enviei o meu anjo, para vos testificar estas coisas NAS igrejas. Eu sou a Raiz e a Geração de Davi, a resplandecente Estrela da manhã.”
    Neo Vulgata (católica): “Eu, Jesus, enviei o meu anjo para vos atestar estas coisas A RESPEITO das igrejas. Eu sou a raiz e o descendente de Davi, a estrela radiosa da manhã.”
    O senhor poderá perguntar: onde está a diferença entre os dois textos?
    Respondo:
    a) enquanto na Vulgata (protestante), o “recado” de Jesus é no sentido de que Ele enviou o Seu anjo a todas as igrejas para testificar sobre o que é descrito nos versos anteriores;
    b) na Neo Vulgata (católica) o sentido é o de que Jesus mandou o Seu anjo a todos os seus seguidores para testificar que as coisas descritas nos versos anteriores iriam acontecer nas igrejas.
    Como se vê, meu caro, pela Vulgata podemos deduzir que o “recado” de Jesus é no sentido de mostrar o que aconteceu no passado, para evitar que pudesse vir acontecer no futuro.
    Já pela Neo Vulgata, o “recado” é no sentido de que essas coisas irão acontecer futuramente nas igrejas, semelhantemente ao acontecido com outro “recado”, que é o da existência dos falsos profetas (Mt 24,11; Mc 13,22 e Lc 6,23).
    Daí, uma indagação maior aflora: qual das traduções latinas é a verdadeiramente inspirada – a Vulgata entregue por São Jerônimo, ou a Neo Vulgata, já que o Espírito Santo que as inspirou é o mesmo?
    Ah! Ia-me esquecendo de perguntar: para onde foi o “sangue do Cordeiro” em que os bem aventurados lavam suas vestes, constante do verso 14 da Vulgata e que sumiu no da Neo Vulgata?
    Será que o inspirado revisor o engoliu para adquirir forças e poder cumprir sua extenuante tarefa?
    Abraços. Frazão

  5. Como foi explicado à exaustão e com profusão de detalhes neste texto (que, não obstante, parece não ter sido sequer lido…), nem a Vulgata e nem a Neo Vulgata são “inspiradas” porque inspirado é o texto bíblico original e tanto a Vulgata antiga quanto a nova são traduções. Por questões por assim dizer jurídicas, diz-se que a Vulgata de São Jerônimo é uma tradução segura (o que não significa que seja “inspirada”) que não contém erros. Das demais traduções, até onde me conste, ninguém disse nada. Elas são tão boas quanto melhor reflitam a Doutrina Católica.

  6. Caro Jorge.
    O meu comentário foi calcado na afirmação feita pelo Wilson, no seu comentário, independente do que está escrito no teu texto.
    Isso porque, se a tradução, seja ela da Vulgata, seja da Neo Vulgata, não reflete o texto original que você afirma ser o inspirado pelo Espírito Santo, como podemos considerar o texto e contexto bíblicos, baseados na Vulgata ou na Neo Vulgata, como sendo a palavra de Deus, conforme informam por aí, se não todos, pelo menos boa parte dos católicos e adeptos de um sem número de seguimentos protestantes?
    Ora, meu caro, se o tradutor ou tradutores (no caso da revisão) não foram fiéis à inspiração do texto original, não é muita pretensão dizer tratar-se da palavra de Deus um livro que tem duas traduções, sendo que uma delas baliza o entendimento de um seguimento religioso e outra (a primeira) baliza o de um sem número de seguimentos religiosos, todos eles denominados de cristãos e seguidores do mesmo mestre – Jesus?
    Agora, fica a pergunta maior: qual das duas traduções uma pessoa não cristã deve considerar para ler e entender o verdadeiro cristianismo? Ou deve ler as duas e tirar suas próprias conclusões, e seguir os ensinamentos de Jesus, embora não se filiando a nenhum seguimento religioso? Mas, mesmo assim, restará uma dúvida: qual das duas traduz o verdadeiro cristianismo?…
    Abraços. Frazão

  7. Frazão,

    Em primeiro lugar, entre “o que é inspirado é o texto original, e não a tradução” e “a tradução não reflete o texto original” / “os tradutores não foram fiéis ao texto original” vai uma diferença absurda. Você está lendo o que estou escrevendo? Eu disse no texto (e repeti no comentário) que a Vulgata latina não contêm erros!

    É CLARO que São Jerônimo foi fiel aos textos originais, é precisamente isto o que a Igreja sempre afirmou. Como Pio XII disse (e eu repeti): «como a mesma Igreja atesta e confirma, se pode nas disputas, preleções e pregação alegar [a Vulgata de San Jerônimo] seguramente e sem perigo de errar».

    Uma pessoa “não-cristã” que queira conhecer o verdadeiro Cristianismo deve ouvir a Igreja Católica, que foi fundada por Cristo para ser a “coluna e sustentáculo da Verdade”, e não ficar escarafuçando textos antigos em discussões bizantinas sobre a alegada discrepância entre in e super. Isto só interessa para quem já tem um referencial, e não para quem está perdido no mundo.

  8. Caro Jorge.
    Não sei se você me entendeu, mas o meu problema não é se a vulgata de São Jerônimo é a correta, mas que, em função da existência da Neo Vulgata, qual das duas é a tradução verdadeira, pois, conforme li há algum tempo e gravei, “onde há divergência, há dúvida; onde há dúvida, não há certeza; onde não há certeza, não há verdade. Assim, meu caro, como há duas vulgatas (a de São Jerônimo e a outra, denominada de Neo Vulgata) ainda subsiste a dúvida sobre qual delas é a verdadeira, pois há diferença entre o texto de uma e o da outra.
    Ainda com relação a tua afirmação de que São Jerônimo foi fiel aos textos originais, por que, então, a Igreja católica mandou elaborar um novo texto e adotar esse novo texto, hoje denominado de Neo Vulgata?
    Não discuto, e nem duvido, que São Jerônimo, com seus conhecimentos, tenha procurado ser o mais fiel possível aos originais; entretanto, se a sua tradução era fiel ao originais por que, então, foi mandado elaborar um novo texto? Será que foi para adaptar algumas expressões “dos originais” à mentalidade da cúpula católica da época?
    Já com relação à afirmação de que a Igreja Católica foi fundada por Jesus, estimaria saber onde está escrito na palavra de Deus que Jesus a fundou? Isso porque, o Próprio Jesus afirmou “Não pensem que eu vim abolir a Lei e os Profetas. Não vim abolir, mas dar-lhes pleno cumprimento.” (Mt 5,17) Ora, meu caro Jorge, uma pessoa que diz umas palavras dessas em relação à religião no meio da qual nasceu, viveu e morreu, estava com intenções de fundar uma nova religião?…
    Abraços. Frazão

  9. Frazão,

    Tu tá ligado que esta tua pergunta não faz o menor sentido? Que é a mesma coisa de que perguntar qual é a tradução “verdadeira” da Odisséia, se a da Ediouro ou a da Martin Claret?

    Não existem traduções “verdadeiras”, existem traduções melhores e piores. Mesmo aqui, não existe a bobagem maniqueísta de “uma-é-a-melhor-e-todas-as-outras-são-ruins”. Há traduções ruins, mas há também traduções fiéis não necessariamente coincidentes. P.ex., traduzir “the book is on the table” por “o livro está na mesa”, “o livro está sobre a mesa” ou “o livro está em cima da mesa” não faz com que não exista a verdade da posição relativa entre a mesa e o livro, ou que uma das traduções seja verdadeira e, as outras, falsas. Insinuar isto é uma bobagem sem tamanhos.

    A Igreja mandou revisar a Vulgata pela mesma razão que está escrita neste texto (sério cara, tu farias muito bem se o lesses): «[n]em a autoridade da Vulgata em matéria de doutrina impede, – antes nos nossos dias quase exige – que a mesma doutrina se prove e confirme também com os textos originais, e que se recorra aos mesmos textos para encontrar e explicar cada vez melhor o verdadeiro sentido das Sagradas Escrituras». Em se tratando das Escrituras Sagradas, quanto mais traduções fiéis houverem. E, como já explicado, essas coisas não se desmerecem umas às outras.

    O Cristianismo é o cumprimento das promessas do Judaísmo; este exige aquele e é somente em relação àquele que existe. Que Nosso Senhor fundou uma Igreja está aqui:

    E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela (Mt 16, 18).

    Mas já adianto que não tenho nenhum interesse em discutir exegese bíblica com um espírita, cuja autoridade para interpretar as Escrituras Sagradas é ainda menor do que a minha para ensinar Física Teórica ao Stephen Hawking.

  10. Jorge,

    Deve se adiantar que a neo -vulgata é apenas uma tradução mais acessível,posto que a tradução da vulgata para o português é extremamente erudita e a esmagadora maioria da população brasileira não entende a linguagem erudita e culta.Não estou afirmando que a linguagem da neo vulgata é “chula” ou coloquial,antes estou afirmando que é uma linguagem correta,porém menos formal e mais acessível.

  11. Álvaro, a Neo Vulgata da que se está falando é a original. Ela é em latim. Se é num latim mais adequado às reformas que a língua sofreu do séc. IV pra cá, eu não sei dizer.

    O que eu sei é que a Neo Vulgata faz o (imenso) favor de colocar os sinais de pontuação no texto, inexistentes à época de S. Jerônimo.

  12. Sim,foi mal!Eu estava falando era da tradução para o português que difere um pouco as duas.

    Eu desafio os que sustentam a {alegada} adulteração a achar uma passagem contrária,opostas semanticamente entre a Vulgata e a Neo Vulgata.

  13. Caro Jorge.
    Tô ligado sim! E a minha pergunta faz sentido, sim; como não se trata de saber se uma tradução é verdadeira, ou não, se os originais são os mesmos em que se baseiam as duas traduções?! A não ser que você queira deturpar o sentido de verdadeiro, que é o de corresponder à realidade dos fatos descritos nos originais!…
    E tanto tem cabimento, que demonstrei o sentido de cada texto nas respectivas traduções, embora você me tenha vindo com o sofisma do posicionamento físico do livro diretamente em relação à mesa, bem diferente da minha colocação em relação aos dizeres de sentidos diversos contidos na Vulgata e na Neo Vulgata, já que, na Vulgata, em função da preposição “in”, o recado de Jesus tem o sentido de que os seus enviados devem mostrar “nas” igrejas o que aconteceu no passado, como uma forma de alerta, visando evitar que se repitam no futuro, enquanto, na Neo Vulgata, o recado é no sentido de que o recado de Jesus é de que, o que Ele fala nos versos anteriores ao 16, do Capítulo 22, do Apocalipse, vai acontecer no futuro, como, de forma semelhante, Ele alertou sobre a existência dos falsos profetas, mencionados em Mt 24,11; Mc 13,22 e Lc 6,23.
    Tanto o sentido contido nos dois é diferente do teu exemplo do livro, em relação ao posicionamento físico dele na mesa, que a preposição “super”, latina, foi traduzida no seu sentido de “a respeito de”, “a cerca de”; bem diferente, portando, do teu exemplo do livro sobre a mesa. Veja as duas situações: fulano colocou o evangelho sobre a (na) mesa; e fulano dissertou a respeito do (sobre o) evangelho. Veja, meu caro, que a preposição “na” (sobre), no caso da mesa, tem o sentido de em cima dela (físico); já no caso do evangelho, tem o sentido de “a respeito de”, ou de “acerca de” (conteúdo).
    E tanto assim entendeu o tradutor da Neo Vulgata que não traduziu a preposição latina “super” como “sobre”, mas como “a respeito de”. Ou vai negar?
    Quanto à tua resposta informando que Jesus fundou a Igreja com base no que está escrito em Mateus 16,18, onde Jesus diz que sobre “esta pedra” edificarei minha Igreja, não se deve esquecer que esse verso está diretamente ligado ao verso 16, onde Pedro responde a Jesus quem Ele era, em função da pergunta por Ele feita aos apóstolos no verso 15, do seguinte teor: “E vós quem dizeis que eu sou?”.
    Caso assim não seja entendido, mas no sentido de que seria no homem Pedro, seremos obrigados a entender que a Igreja foi fundada, também, sobre Satanás, já que no verso 23, desse mesmo capítulo 16, é dito: “Mas Jesus, voltando-se para ele, disse-lhe: Afasta-te, Satanás! Tu és para mim um escândalo; teus pensamentos não são de Deus, mas dos homens!”. Ou não é isso o que está escrito?!
    Quanto a você ter interesse ou não de discutir exegese bíblica com espírita, você não acha que nós, espíritas, também não entendemos que os católicos e protestantes também não têm condições de discutir espiritismo conosco? Ou a arrogância é tanta que se julgam capazes de discutir qualquer religião com quem quer que seja? Não é muita pretensão (para não dizer arrogância)?…
    Abraços. Frazão

  14. Frazão,

    Em primeiro lugar, nós nem sempre temos acesso aos originais nos dias de hoje.

    Em segundo lugar, é próprio das línguas antigas comportar uma polissemia que absolutamente não cabe nas modernas, de tal modo que o sentido original, para ser alcançado, permite multiplicidade de construções lingüísticas no idioma-destino. Às vezes, aliás, é impossível traduzir e, então, é necessário colocar notas de rodapé desenvolvendo exegeses absolutamente intradutíveis sobre os termos originais. Qualquer pessoa que já tenha tentado traduzir um texto, p.ex., do inglês para o português percebe isso. Tu, no entanto, na tua arrogância característica, pegaste na internet uma tradução sabe-se lá de onde de uma Bíblia protestante e, com base nela, pensas estar fazendo crítica literária séria sobre os textos da Vulgata e da Neo Vulgata! Ora, meu caro, ponha-se no seu lugar.

    Em terceiro lugar, a tua «colocação em relação aos dizeres de sentidos diversos contidos na Vulgata e na Neo Vulgata» é tão-somente uma tagarelice maçante e sem sentido. Nem tu tens acesso aos textos originais nos quais se basearam as traduções da Vulgata e da Neo-Vulgata, nem tu entendes o grego antigo, nem o latim e, a julgar pela besteira que tu estás falando, nem o português. A tua idéia de que a tradução protestante fala de coisas passadas e a tradução católica fala de coisas futuras é tão-somente uma fantasia louca da tua cabeça; nenhuma gramática vai concordar com esta idiotice de que o pronome demonstrativo utilizado altera o tempo verbal do período (!!). Outrossim, como eu expliquei acima, ainda que estas elucubrações tivessem alguma lógica, é perfeitamente possível que o texto original tivesse os dois sentidos.

    Em quarto lugar, guarde a tuas trapalhadas exegéticas para ti. O que tu achas que Nosso Senhor quis dizer na passagem citada do Evangelho de São Mateus não me interessa nem um pouco, porque os devaneios espíritas sobre as Escrituras Sagradas não valem o desgaste das teclas do meu notebook necessário para os digitar.

    Em quinto lugar, o espiritismo – até onde me conste – não reserva a interpretação da tagarelice dos Espíritos Superiores a uma suposta hierarquia sacerdo-espiritual, ao extremo contrário da Igreja Católica, que diz e repete que a interpretação dos Seus textos sagrados é privilégio exclusivo da Igreja de Roma. Portanto, a tua comparação com o meu gabarito para discutir espiritismo, pra variar, não procede e só mostra o quanto tu ignoras terrivelmente a Fé da Igreja – não obstante pareças ter um prazer mórbido em meter os pés pelas mãos quando vem discorrer sobre ela. Na verdade, chega a ser patético, mas fazer o quê? Já dizia vovó que é melhor ler besteira do que ser analfabeto…

    Abraços,
    Jorge

  15. Ei Jorge,

    Sua resposta ficou excelente.Discordo apenas da questão do Magistério,mas NÃO quero entrar neste mérito.Apenas quero ressaltar algo que tu escrevestes:

    “de onde de uma Bíblia protestante”…

    Não sei de qual tradução o Frazão tirou a passagem,mas sei que o NT é exatamente igual nas duas Bíblias(católica e protestante).É claro que pode haver expressões sinônimas e polissêmicas,mas o CONTEÚDO É O MESMO NAS DUAS BÍBLIAS independente da FORMA.

    HÁ VARIEDADE DE TRADUÇÕES (TANTO CATÓLICAS QUANTO PROTESTANTES),MAS O NT POSSUI O MESMO CONTEÚDO EM AMBAS.

  16. É não, Álvaro. Embora algumas coisas sejam iguais, as traduções protestantes merecem desconfiança a priori.

    Pra ficar em um só exemplo, eu não conheço nenhuma que traduza o Kecharitomene (grego) ou Gratia Plena (latim) pela expressão correta cheia de graça, na saudação angélica à Virgem SSma. Todas as traduções protestantes botam um genérico “agraciada” que nada tem a ver com a singularidade da expressão que o Anjo Gabriel usou para se referir a Maria Santíssima.
    Abraços,
    Jorge

  17. Caro Jorge.
    O idioma-destino, no caso, é o Latim, para o qual foi traduzida a Bíblia e, como tal, foi nele em que, por coincidência, houve a aplicação das duas preposições em relação ao mesmo fato descrito nos originais, sobre os quais você afirma que nem sempre temos acesso. Portanto, meu caro, o erro vem desde a origem, já que, como fato passado, a situação torna-se irreversível, podendo variar as palavras na forma de descrever o fato, mas, jamais, alterando o sentido do fato ocorrido, como o ocasionado com a substituição da preposição, hipótese em que, na Vulgata, em função da preposição “in”, o sentido é o de que Jesus mandou o anjo testificar (dar testemunho, como costumam falar alguns fiéis), NAS Igrejas; Já na Neo Vulgata, em função da preposição “super”, o sentido é o de A RESPEITO DE, ou seja, testificar (assegurar) algum acontecimento em relação às Igrejas.
    Veja, apenas, o seguinte exemplo; suponha que José, seja um amigo comum nosso, e eu te diga que ele está escrevendo um livro EM João Pessoa; suponha, agora, que eu te dissesse que José está escrevendo um livro SOBRE João Pessoa. No primeiro caso, garanto que você não terá dúvidas onde o José está escrevendo o livro e deduzirá que ele está na cidade de João Pessoa; já na segunda suposição, em função da polissemia por você alegada, fatalmente, você poderá entender que ele está em um balão, um helicóptero, ou outro veículo aéreo qualquer, em função da situação espacial em relação à cidade de João Pessoa, já que ele não está EM, mas, sim, SOBRE; já se eu disser que José está escrevendo A RESPEITO da cidade de João Pessoa, você não terá dúvidas que o José está escrevendo um livro em que serão abordados alguns aspectos relacionados à cidade de João Pessoa; desculpe-me pela repetição de palavras, mas é para não restarem dúvidas sobre o (a respeito do) assunto.
    Quanto à origem da bíblia protestante, a que você procura menosprezar, esclareço que se trata de um DVD de nome BIBLIOTECA DIGITAL DA BÍBLIA, produzido sob encomenda da SBB, como consta na caixa do DVD; portanto, deduzo tratar-se de uma edição confiável e não de qualquer “uma tradução sabe-se de onde de uma bíblia protestante”, conforme você afirma nesse comentário sob resposta.

    Com relação ao teu “em terceiro lugar”, peço que você me mostre onde eu disse que a tradução protestante fala de coisas passadas e a católica fala de coisas futuras!… O que eu disse, isto, sim, conforme consta do meu primeiro comentário, dirigido ao Wilson, foi:
    “Como se vê, meu caro, pela Vulgata podemos deduzir que o “recado” de Jesus é no sentido de mostrar o que aconteceu no passado, para evitar que pudesse vir acontecer no futuro.
    Já pela Neo Vulgata, o “recado” é no sentido de que essas coisas irão acontecer futuramente nas igrejas, semelhantemente ao acontecido com outro “recado”, que é o da existência dos falsos profetas (Mt 24,11; Mc 13,22 e Lc 6,23).”
    Como se vê, meu caro, o que eu disse foi que uma coisa já acontecida serviu de base para que um recado de Jesus tomasse dois sentidos, em função da modificação da preposição; numa (a Vulgata) o sentido é de que Jesus previne para que seja evitado o já acontecido uma vez, e na outra (a Neo Vulgata) o sentido é o de que o já acontecido irá acontecer novamente, a exemplo do recado que Jesus deu a respeito da vinda dos falsos profetas. (Mt 24,11; Mc 13,22 e Lc 6,23)
    Peço, também, que me informe onde eu me referi a respeito de pronome demonstrativo e que tal categoria de pronome tem o condão de alterar o tempo verbal do período, pois só me referi às duas preposições latinas “in” e “super”, mostrando que a primeira tem sentido de “em” (dentro, recinto, ambiente) enquanto a segunda “super” tem o sentido de “sobre”, “a respeito de”; e o significado da preposição é que leva o leitor a deduzir qual o sentido que deve ter o período, para, então, entender o fato; o sentido da preposição, este sim, é que vai indicar a situação do fato.
    Veja o que eu disse ao Wilson no meu primeiro comentário, desculpe-me pela repetição:
    “Isso porque, para mim, o que essa mudança gerou foi uma alteração de sentido na tradução, já que a preposição “in” tem sentido de “em” (dentro, recinto, ambiente) enquanto “super” tem o sentido de “sobre, a respeito de”; daí a diferença entre a tradução protestante, com base na Vulgata, e a católica, com base na Neo Vulgata, segundo o senhor.[Wilson]
    Vamos ver o que dizem as traduções das duas versões.
    Vulgata (protestante): “Eu, Jesus, enviei o meu anjo, para vos testificar estas coisas NAS igrejas. Eu sou a Raiz e a Geração de Davi, a resplandecente Estrela da manhã.”
    Neo Vulgata (católica): “Eu, Jesus, enviei o meu anjo para vos atestar estas coisas A RESPEITO das igrejas. Eu sou a raiz e o descendente de Davi, a estrela radiosa da manhã.”
    O senhor [Wilson] poderá perguntar: onde está a diferença entre os dois textos?
    Respondo:
    a) enquanto na Vulgata (protestante), o “recado” de Jesus é no sentido de que Ele enviou o Seu anjo a todas as igrejas para testificar sobre o que é descrito nos versos anteriores;
    b) na Neo Vulgata (católica) o sentido é o de que Jesus mandou o Seu anjo a todos os seus seguidores para testificar que as coisas descritas nos versos anteriores iriam acontecer nas igrejas.
    Como se vê, meu caro, pela Vulgata podemos deduzir que o “recado” de Jesus é no sentido de mostrar o que aconteceu no passado, para evitar que pudesse vir acontecer no futuro.
    Já pela Neo Vulgata, o “recado” é no sentido de que essas coisas irão acontecer futuramente nas igrejas, semelhantemente ao acontecido com outro “recado”, que é o da existência dos falsos profetas (Mt 24,11; Mc 13,22 e Lc 6,23).”
    Veja, meu caro Jorge, que em nenhum lugar eu falei em pronome demonstrativo.

    Em relação ao teu “Em quarto lugar”, em que você considera ter havido trapalhadas exegéticas de minha parte, acho que você as denomina assim para evitar que outros entendam que foi você quem ficou atrapalhado, por você ter dito que a Igreja foi fundada por Jesus, com base no que Ele disse a Pedro, que este era pedra, e que sobre essa pedra Ele edificaria Sua Igreja; acontece que eu apresentei um outro verso em que, logo após ess por você citado, Jesus chama Pedro de Satanás, mandando-o afastar-se Dele; em função disso, afirmei que, nesse caso (Pedro sendo também Satanás), Jesus, então, teria edificado Sua Igreja, igualmente, sobre Satanás; portanto, quando Jesus diz “sobre esta pedra edificarei minha Igreja, a “pedra” tem que ser entendida como a afirmação que Pedro fez sobre ser Jesus o Cristo (Ungido). E é sobre esta afirmação que devemos entender que Jesus fundamentaria Sua Doutrina, já que Ele já tinha uma religião, sob a qual ele nasceu, viveu e morreu – o judaísmo… Portanto, meu caro, o que Jesus pretendia era modificar a moral do povo judeu naquela época e não criar uma nova religião, religião essa que foi criada, mas por Paulo e os apóstolos, estes sim deram rudimentos de uma estrutura organizada de uma instituição que resultou em uma igreja, como o protestantismo decorreu da dissidência de Lutero em relação ao catolicismo. E agora você me vem com essa atitude de deboche?… Poupe-me…

    Quanto ao teu “Em quinto lugar”, onde você diz que o espiritismo “não reserva a interpretação da tagarelice dos Espíritos Superiores a uma suposta hierarquia sacerdo-espiritual”, esclareço que, pelo menos no meu ponto de vista pessoal, se fosse como acontece na Igreja Católica, todo o arcabouço do Espiritismo cairia por terra, já que, por ele não possuir uma estrutura hierarquia de poder, mas, sim, uma hierarquia evolutiva, tendo os Espíritos Superiores a função, grosso modo, de meros instrutores e conselheiros, já que o livre arbítrio é que vai balizar as atitudes do indivíduo, passando a sua salvação a depender do esforço de cada um, de acordo com suas obras, conforme consta em Mt 16,27 Ap 2,23, apenas para citar o primeiro e o último livros do Novo Testamento.
    Finalmente, em relação à fé, católica ou não, pouco me interessa a fé de quem quer que seja, pois a Doutrina Espírita ensina que seja respeitado o direito de cada um ter a sua, desde que não venha interferir na minha; daí ninguém ver um espírita acusando alguma religião, a não ser como defesa em decorrência de ataques contra a Doutrina Espírita; pelo menos é o que procuro fazer, obedecendo ao princípio de liberdade de crença.
    Abraços. Frazão

  18. Oi, Álvaro.
    Não digo alteração, mas divergência entre as duas vulgatas no texto a respeito do qual estamos discutindo o uso das preposições “in” e “super”.
    Vou começar com um exemplo; suponha que você diga: hoje eu vou falar “na” minha igreja; suponha, agora, que você diga: hoje eu vou falar “a respeito da” minha igreja; pergunto: o sentido de ambas as frases é o mesmo?
    Para mim, a primeira suposição corresponde ao sentido do que está escrito em Ap 22,16 da Vulgata (protestante) e o da segunda é o sentido do que está escrito no mesmo da Neo Vulgata (católica); ou não é?
    Logo, pergunto: será que esses dois tipos de sentido não denotam uma diferença (para não dizer divergência) entre as duas traduções?
    Como vou tirar férias de uns 15 dias, a partir de hoje, você terá tempo suficiente para apresentar seus argumentos, pois só eventualmente acessarei a internet já que a lan house mais próxima fica a 12 Km.
    Abraços. Frazão

  19. Frazão,

    À parte o teu já característico palavrório vazio, cabe colocar:

    1. O sentido temporal da passagem na Vulgata e na Neo Vulgata não se altera com a mudança da preposição, ao contrário do que tu insistes em dizer (e depois negar e aí dizer de novo, na mesma frase (!!!)). As tuas desastrosas analogias em português são, além de (pra variar…) maçantes, totalmente sem sentido. Não estamos discutindo “nas” e “a respeito de”, estamos discutindo “in” e “super” ou, melhor ainda, estamos discutindo epi taiV ekklhsiaiV e o(s) sentido(s) que esta expressão grega tem. Ou melhor, não estamos discutindo nada: tu estás somente tagarelando coisas sem sentido, enquanto eu tento explicar coisas óbvias como a inexistência de uma correspondência biunívoca palavra-a-palavra entre o grego antigo e o português moderno.

    2. O texto bíblico original certamente admite as duas preposições no latim, é exatamente isto o que eu falei sobre a polissemia dos textos originais (que, por isso, comportam multiplicidade de construções no idioma-destino). Tu, no entanto, “travaste” na tua cômica fantasia de especialista em textos antigos e pareces achar que vais desconstruir dois mil anos de crítica textual séria munido de um DVD brilhante da SBB numa mão e do Google na outra. É uma verdadeira piada, e ainda te irritas quando eu digo que não vou bater palmas pra palhaço.

    3. Não existem bíblias protestantes confiáveis, por definição. Pouco importa se ela vem embrulhada pra presente em uma caixa fosforescente da SBB.

    4. De fato, in e super não são pronomes demonstrativos (que burro, dá zero pra mim), mas preposições. O que o erro da classe gramatical específica muda do mérito do comentário? Nada. Assim como os pronomes demonstrativos, as preposições também não mudam o tempo verbal dos períodos, porque este – mamma mia! – é identificado pelo verbo!

    5. Como eu já disse e repeti à exaustão, as tuas “exegeses” desautorizadas e medíocres sobre o Evangelho de São Mateus não têm valor e não me interessam. Aliás, entre traduções espúrias das Escrituras Sagradas, as tuas bazófias exegéticas e o resultado da última copa do mundo de corrida sobre lixeiras, sem dúvidas esta última é muitíssimo mais relevante para o assunto que estamos discutindo.

    6. O “arcabouço do Espiritismo” é um lixo tão grande, mas tão grande, que tu precisas ficar neste lenga-lenga sobre traduções de textos bíblicos – que evidentemente não entendes nem no caso geral e nem neste particular – para que não precises te debruçar a sério sobre as baboseiras de Kardec. Ao contrário, preferes ficar passando atestado de ignorância aqui.

    – Jorge

  20. Prezado Jorge Ferraz,

    Responderei apenas sobre a adulteração da passagem citada

    Lucas 1:28

    E entrando, lhe disse: «Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo».

    Estas palavras do anjo Gabriel a Maria constituem a saudação prévia à anunciação. As palavras “cheia de graça” da Bíblia de Jerusalém correspondem ao termo grego kecharitômenê, do verbo charitoô, “favorecer” ou “encher de favores”. Os católicos sustentam que esta era uma plenitude extensiva e intensiva que, portanto, devia incluir a excepção do pecado original. Contudo, deve notar-se que as palavras do anjo não guardam referência alguma à concepção de Maria nem à sua condição prévia à visita do anjo. De fato, perante a perplexidade de Maria, no versículo 30 Gabriel diz: “Achaste graça diante de Deus”.

    Além disso, este verbo somente aparece outra vez em todo o Novo Testamento, em Efésios 1:6, e nesta ocasião se refere a todos os cristãos: “para o louvor da glória da sua graça, com a qual nos encheu de favores (ou “nos encheu de graça”, echaritôsen) no Amado”. Se esta expressão implicasse por si mesma a concepção imaculada, então este seria um privilégio de todos os crentes.

    É perfeitamente correto e mais fiel traduzir Kecharitomene com “agraciada”, “favorecida” ou “muito favorecida” (e há bíblias católicas que traduzem assim) do que com a expressão “cheia de graça”. A palavra cheia não se encontra no original grego. Onde se encontra textualmente a expressão “cheia de graça” é em João 1:14 referindo-se a Jesus, e em Atos 6:8 referindo-se a Êstevão. Os católicos querem traduzir exclusivamente com “cheia de graça” porque acham que com essa expressão justificam a imaculada conceição de Maria. Mas como vimos a Bíblia afirma uma condição realmente “cheia de graça” só para Jesus e Estevão, não para Maria. Para Maria a Bíblia afirma uma condição de “agraciada” ou “muito favorecida”. Portanto, se alguém adultera a Bíblia são as traduções católicas ao traduzir Kecharitomene com “cheia de graça”.

    Além deste versículo e do outro sobre Pedro(“Presíbtero=ancião=consenior) o qual debatemos em outro post,podes me apontar outra “adulteração” na Bíblia da SBB ?

  21. Álvaro,

    Em primeiro lugar, San Jerónimo traduziu por gratia plena e, portanto, no mínimo, vocês não traduzem a Vulgata, e sim a[du]lteram a Vulgata.

    Depois, Kecharitomene é uma palavra usada única e exclusivamente para SSma. Virgem na saudação angélica, e não consta em lugar nenhum das Escrituras a não ser na saudação angélica. A carta aos Efésios não usa “Kecharitomene”, e sim *echaritosen*, que é outra forma verbal distinta. Aliás, se você tivesse olhado o link que eu pus antes ia ver esta discussão.

    Por fim, em bom português, “agraciado” é um termo comum e banal que pode se referir indistintamente a qualquer pessoa que recebeu qualquer graça. Ao contrário das palavras do Anjo, nas quais o “Cheia de Graça” é empregado quase que como um título da SSma. Virgem, cujo nome não é mencionado na saudação (diferentemente do que acontece alguns versículos antes, quando o Anjo visita outra pessoa e fala “Não temas, Zacarias, etc.”). Enquanto “agraciado” é um adjetivo corriqueiro, Kecharitomene é o título usado por Deus para tratar com a Santíssima Virgem por intermédio do Arcanjo Gabriel. A tradução protestante para o português, portanto, amputa de maneira criminosa o sentido do texto inspirado.

    Quanto às outras adulterações das traduções protestantes, eu não sei agora e nem interessa. Basta saber que estas traduções, como foi mostrado, não têm vergonha em adulterar a Vulgata de São Jerônimo e, portanto, merecem desconfiança a priori. Pelo exposto, também fica demonstrado ser mentira que «o CONTEÚDO É O MESMO NAS DUAS BÍBLIAS [católica e protestante] independente da FORMA», como foi falsamente alegado.

    Abraços,
    Jorge

  22. Excelente Jorge, excelente!

    Aprendi um pouco mais neste seu esclarecimento. Assim, agradeço a ti e a Deus por sua capacidade.

    Abraço
    Ygor

  23. Mas quem é que quer traduzir a Vulgata? O Novo Testamento é traduzido do texto grego de referência.

    A Vulgata de Jerónimo tem reconhecidamente alguns erros de tradução, e quando Jerónimo traduziu por “gratia plena” certamente que não estava a pensar na imaculada conceição de Maria que naquela altura era uma doutrina inexistente.

    A passagem de Efésios usa exatamente o mesmo verbo charitoô, só muda o tempo verbal. Mas os tempos verbais não alteram os significados do verbos como é óbvio.

    O resto de Kecharitomene ter um significado profundo por trás da palavra que implica a imaculada conceção de Maria é pura mistificação papista.

    Abraço

  24. Posso postar aqui as traduções católicas que não traduzem “cheia de graça” e “nem por isso amputam de maneira criminosa” o sentido do texto?

  25. Não, não pode, porque o que interessa não são traduções pretensamente “católicas” de nada e sim o texto latino da Vulgata, tradução autorizada pela Santa Igreja de Deus.

  26. Se os hereges protestantes não querem traduzir a Vulgata então a primeira coisa que tu devias dizer é que não existe nenhuma tradução protestante da Vulgata. A segunda, é reconhecer que a alegação (feita por você!) de «que o NT é exatamente igual nas duas Bíblias(católica e protestante)» é confessadamente falsa e mentirosa, porque os católicos seguimos a Vulgata de San Jerónimo e os protestantes seguem as bobagens da cabeça deles.

    Depois: para avaliar qual a melhor tradução de um termo grego, entre a autoridade de San Jerónimo e a de algum herege protestante desconhecido de mil e quinhentos anos depois, é óbvio que qualquer pessoa sensata vai preferir a do grande santo católico, e não a do herege.

    A Imaculada Conceição da Virgem Santíssima é uma Doutrina que sempre foi conhecida pelos cristãos, embora não com este termo, e os hereges protestantes só vieram negá-la com mil e quinhentos anos de distância dos fatos originais. Pra ficar em um só exemplo, Santo Agostinho (apud Lepanto):

    “Exceto a Santa Virgem Maria, da qual não quero, por honra do que é devido ao Senhor, suscitar qualquer questão ao se tratar de pecados, pois sabemos que lhe foi concedida a graça para vencer por todos os flancos o pecado, porque mereceu ela conceber e dar à luz a quem não teve pecado algum. Exceto, digo a esta Virgem, se tivéssemos podido congregar todos os santos e santas que aqui viviam e perguntássemos se jamais tinham pecado, o que teriam respondido? (…) Não é verdade que teriam unanimemente exclamado: ‘Se dissermos que não pecamos, enganamo-nos, e a verdade não está em nós’?” (Santo Agostinho, De Natura et Gratia 36,42. 325 DC).

    Por fim, os tempos verbais não alteram o significado dos verbos (como se alguém tivesse insinuado semelhante besteira, ou como se a diferença entre “ter recebido uma graça” e “ser cheia de graça” estivesse no significado da palavra “graça”!!), mas alteram sim (é óbvio) a forma como eles se aplicam e, principalmente, o tempo em que eles se realizam. Se você tivesse lido o texto linkado, ia ver esta explicação:

    Entretando, Lucas 1, 28 usa uma conjugação especial de “charitoo“. Ele usa “kecharitomene“, enquanto a Carta aos Efésios 1, 6 usa “echaritosen“, que é uma forma diferente do verbo “charitoo“. Echaritosen significa “ele agraciou” (ou concedeu graça). Echaritosen significa uma ação momentânea, uma ação vinda para passar (Blass and DeBrunner, Greek Grammar of the New Testament, p. 166). Ao contrário, Kecharitomene, o particípio perfeito passivo, mostra uma plenitude com um resultado permanente. Kecharitomene denota continuidade de uma ação completada (H. W. Smyth, Greek Grammar [Harvard Univ Press, 1968], p. 108-109, sec 1852:b; também Blass and DeBrunner, p. 175).

    A Virgem Santíssima já estava repleta da Graça (charitoo) de Deus antes que Nosso Senhor Se fizesse carne! Ora, depois do Sacrifício da Cruz é bem sabido que Deus derramou a Sua Graça sobre o mundo; mas e quanto a antes d’Ele descer dos Céus? Mesmo quando mundo inteiro estava no pecado, mesmo enquanto Satanás ainda detinha todos os reinos da terra, mesmo antes de Deus Se Encarnar, a Virgem Maria já resplandecia Kecharitomene! Esta é a infalível palavra de Deus. As únicas “mistificações” aqui, portanto, são as adulterações toscas que os hereges protestantes fazem com as Escrituras Sagradas.

  27. Tudo é uma questão de história da bíblia que está a favor de nós católicos. Em um próximo post, explicarei com mais detalhes.

  28. Caro Jorge.
    Como tive um tempinho extra, vai aqui meu comentário.

    Em ponto nenhum eu falei em alteração do sentido temporal. Agora, se a discussão é com relação à Vulgata de São Jerônimo e a Neo Vulgata, o que me interessa o grego, se a mudança de uso da preposição ocorreu nas duas traduções para o Latim? Mesmo porque eu não entendo nada do grego, muito menos o da época em que foi escrito o novo testamento; mas, uma coisa eu tenho certeza: as duas preposições latinas não têm o mesmo sentido; tanto assim, que a sua mudança levou a duas traduções – uma com o sentido de “em” e a outra com o sentido de “sobre”, “a respeito de”, conforme as respectivas traduções para o Português. Além disso, os fatos mencionados em ambas as traduções continuam no passado, conforme se lê nos dois textos; o que varia, repito, sem essa de lengalenga, é o sentido que a preposição dá a cada texto – enquanto um (vulgata) usa, relacionados ao futuro, repito outra vez, “in”, que tem sentido de “em” (dentro, recinto, ambiente), o outro (Neo Vulgata) usa “super”, que tem o sentido de “sobre” (a respeito de); daí a diferença entre a tradução protestante, com base na Vulgata, e a católica, com base na Neo Vulgata; assim, pergunto: onde eu disse que a preposição alterou o sentido temporal, se em ambas as traduções Jesus se refere a coisas acontecidas no passado relacionando-as ao futuro? O que eu disse, isto sim, foi que o uso da preposição “in”, repito mais outra vez, tem o sentido de “em” (dentro, recinto, ambiente), no caso, NAS IGREJAS; já a “super” tem o sentido de “sobre” (a respeito de, em relação a), o que leva ao entendimento de que o recado de Jesus continua com relação ao futuro, só que o recado na Vulgata deve ser entendido como um alerta para que procurem evitar a repetição dos fatos no futuro, enquanto o outro recado (na Neo Vulgata) leva o leitor ao entendimento de ser uma “profecia”, isto é, de que essas coisas irão acontecer no futuro; daí a minha conclusão no sentido de um alerta para que se evite acontecer fatos semelhantes, e a outra afirma que esses fatos irão acontecer nas Igrejas. Portanto meu caro Jorge, não há que se falar em mudança de sentido temporal, já que, em ambos os textos, o sentido temporal não é alterado, isto é, fatos passados relacionados ao futuro; sendo um como alerta, para que se tente evitar tais fatos, e outro afirmando que tais fatos irão acontecer; e o sentido desses fatos independe em que língua eles foram narrados originariamente, já que, quando traduzidos para o Latim, um leva ao sentido de alerta e o outro ao sentido de que os fatos irão se repetir.

    Quanto a tua tentativa de fazer uma correlação entre o grego antigo e o português moderno e tendo em vista que a discussão gira em torno da Vulgata, a Neo Vulgata e as suas respectivas traduções para o português, essa correlação fez-me lembrar de uma pergunta, que popularmente é feita em situações semelhantes: O que aquela parte do corpo tem a ver com as calças?

    Com relação a “O texto bíblico original CERTAMENTE ADMITE AS DUAS PREPOSIÇÕES no latim, (caixa alta para mero destaque) é exatamente isto o que eu falei sobre a polissemia dos textos originais (que, por isso, comportam multiplicidade de construções no idioma-destino).”, é bom que se diga que, ainda que tivesse esses dois sentidos, o da primeira tradução “in”, constante da Vulgata, não poderia ter sido alterado, por ter sido a tradução feita POR UM SANTO, (mero destaque) pois, pelo tratamento dado pela Igreja aos seus SANTOS, ESTES NÃO ERRAM (mero destaque); consequentemente, o verdadeiro sentido seria o utilizado por São Jerônimo; a não ser que, para justificar a mudança posterior da preposição (de “in” para “super”) você venha justificar que, quando São Jerônimo traduziu para o Latim, ele ainda era um ser humano normal; aí eu pergunto, se ele é espírito de um ser humano normal, apesar de ter sido “promovido” a santo por seres humanos comuns como nós, como você pode debochar dos Espíritos Superiores que nós, espíritas, denominamos como tais os espíritos evoluídos, inclusive alguns santos do catolicismo? Ou vai dizer que foram demônios que se comunicaram através dos médiuns espíritas, usando o nome desses santos católicos? Ou esse tipo de comunicação só é considerado como de santo se for através de algum médium católico como o “famoso” “profeta” Cláudio Heckert, de Porto Belo – Santa Catarina?

    Quanto a eu ser especialista em textos antigos, em oportunidade alguma eu me atribuí tal qualidade, nem fiz citação qualquer que pudesse levar a esse teu entendimento, o que começa a me levar a deduzir que você está partindo para o lado pessoal, objetivando tornar a discussão insustentável sobre o assunto em foco, sem mostrar o real sentido decorrente da substituição da preposição “in” por “super”.

    Já quanto a você dizer “É uma verdadeira piada, e ainda te irritas quando eu digo que não vou bater palmas pra palhaço.”, faço a seguinte pergunta: você gostaria se eu te dissesse que você age como um fantoche doutrinário, para não dizer fiel fanático da Igreja? Ou vai dar aquela de que em nome do catolicismo aceita qualquer sorte de tratamento depreciativo, dando uma de “mártir”? Coisa que na prática não acontece, face às palavras por você utilizadas aqui, em relação aos que têm a “ousadia” de te contestar…

    Quanto à confiabilidade das bíblias protestantes, é bom que se diga, eu não estou me referindo a nenhuma tradução especificamente, mas, sim, à transcrição da Vulgata pela SBB que, para mim, se trata de uma entidade idônea, a exemplo de qualquer editora sujeita à hierarquia da Igreja católica é para você, e para mim também; a não ser que você, como especialista em Latim, ao que demonstra ser, tenha feito uma análise comparativa entre o texto da Vulgata protestante e o da Vulgata católica; assim, da mesma forma que você considera a da SBB uma caixa fosforescente, posso considerar a edição em DVD da Paulus, já que, para mim, só existe uma Vulgata; esta de autoria de São Jerônimo; o resto é transcrição, ou adulteração; e nem eu, nem você, temos o original da Vulgata para dizer qual delas é transcrição ou adulteração do texto verdadeiro.

    Quanto a tua confusão entre pronome demonstrativo e preposição você mesmo reconheceu o erro; agora, só falta reconhecer o erro quanto à alteração de sentido, em decorrência da substituição da preposição “in” por “super”. Já com relação à mudança dos tempos verbais, é bom esclarecer que eles não foram mudados; o que foi mudado foi o SENTIDO DO ENTENDIMENTO DECORRENTE DA ALTERAÇÃO DA PREPOSIÇÃO (mero destaque), pois, em ambas as vulgatas, Jesus fala sobre fatos passados, relacionando-os ao futuro, conforme já expliquei nos comentários anteriores, que não os repito aqui para evitar que você me chame de prolixo. Agora, se você não quer entender…

    Quanto a você dizer “Como eu já disse e repeti à exaustão, as tuas “exegeses” desautorizadas e medíocres sobre o Evangelho de São Mateus não têm valor e não me interessam”, a única conclusão a que se pode chegar, sobre essas tuas palavras, é que você está atingindo um ponto tal de que a única religião verdadeira é o catolicismo, esquecendo-se de que o catolicismo nasceu com a dissidência de Paulo, em relação ao Judaísmo; claro, que com base na Doutrina transmitida por Jesus; dissidência essa que serviu de exemplo para que Lutero tomasse uma atitude igual em relação ao catolicismo; e agora você me vem com essa de que a tradução portuguesa da bíblia, baseada na Vulgata (protestante), é espúria, esquecendo-se de que Lutero foi um proeminente membro do catolicismo, a exemplo do que Paulo fez em relação ao Judaísmo, só que 1500 anos antes, ao instituir o catolicismo, e não o Cristianismo, já que naquela época os ensinamentos de Jesus ainda não possuíam um arcabouço doutrinário próprio, e nem uma estrutura hierárquica, em que só valem as decisões tomadas pela cúpula, manipulando as decisões de cunho doutrinário, como acontece no catolicismo, sob a desculpa de “uniformização” de entendimento. Pelo menos é o que entendo e você demonstra aqui, em outro comentário, quando diz em relação à bíblia: “a interpretação dos Seus textos sagrados é privilégio exclusivo da Igreja de Roma”; ou seja, ou é como a sua cúpula decide, ou não é Cristianismo (eu diria catolicismo).

    Além disso, se religião fosse o único caminho para se chegar a Deus, Jesus não teria usado como exemplo de amor ao próximo a parábola do samaritano que, mesmo sendo despresado por ser considerado como um herege, socorreu um desconhecido que havia sido assaltado.

    Já com relação à tua afirmação de que o “”arcabouço do Espiritismo” é um lixo tão grande, mas tão grande, que tu precisas ficar neste lenga-lenga sobre traduções de textos bíblicos”, sem mostrar um motivo em que você se baseia para dizer isso, esclareço que a minha lengalenga, por você alegada, não existe; assim, sinto-me no direito de perguntar: e o Catolicismo é o que, senão outro lixo, maior ainda, por divulgar história de carochinha, como a da arca de Noé? Digo isso porque, segundo a lenda bíblica, Noé colocou um casal de cada dos animais impuros (não identificados) e sete casais de cada dos puros, sem considerar sete casais de cada ave.
    Daí, surgem-me as seguintes indagações:
    a) será que todos esses casais puderam ser acomodados em uma só arca com as dimensões fixadas na bíblia, sem falar no espaço destinado ao armazenamento da alimentação deles?
    b) como foram alimentados os animais carnívoros, inclusive as aves de rapina? ou
    c) para caberem na arca, e consumirem menos ração, foram todos eles miniaturizados, como nos modernos filmes de ficção científica?

    Por favor, não me venha dizer que estou praticando uma heresia, pois estou partindo de um princípio de lógica, de que o conteúdo não pode ser maior do que o continente; ou pode?! Ou você vai dizer que, como assim Deus quis, assim foi feito, não cabendo a nós duvidar dos mistérios das Suas determinações?…
    Abraços. Frazão

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