Dom Dadeus e os Judeus

Fiquei sabendo que o Arcebispo de Porto Alegre, Dom Dadeus Grings, em entrevista à PRESS (trechos aqui), uma revista gaúcha, teria dito que “morreram mais católicos do que judeus no holocausto”. Em resposta às declarações de Sua Excelência, a Federação Israelita do Rio Grande do Sul publicou uma nota oficial (também reproduzida no site da revista Press) em resposta às declarações do Arcebispo.

Comentando rapidamente: a despeito de não ter lido a entrevista na íntegra (por ela não estar disponível no site), o que se sabe do que foi publicado é que o Arcebispo de Porto Alegre nem sequer questionou o número de seis milhões de judeus mortos durante o regime nazista; ele apenas afirmou que foram assassinadas outras pessoas que não judeus. O que a Federação Israelita do Rio Grande do Sul quer dizer, então, com “o religioso se refere ao Holocausto de forma distorcida”? Qual foi, exatamente, a distorção nas palavras de Dom Dadeus?

Os judeus acaso querem negar que foram assassinadas pelo regime de Hitler outras pessoas que não judeus? Católicos, ciganos [para ficar só nos citados pelo Arcebispo de Porto Alegre], esses não morreram nas garras do nazismo? Ou não se pode falar neles? A coisa adquire aqui uma mentalidade doentia: parece que os judeus querem, a todo custo, ter o topo do pódio na categoria “vítimas da Segunda Guerra”.

“Reduzir ou relativizar o Holocausto agride a memória de milhões de mortos numa guerra iniciada pelo fanatismo e pela intolerância”, diz ainda a Federação Israelita. Não subscrevo integralmente, pelos motivos que já expus aqui à exaustão quando do “caso Williamson”, mas não é isso que interessa aqui. O ponto é: onde Dom Dadeus “reduziu” ou “relativizou” o Holocausto? Ou será que a mera afirmação da existência de outras vítimas do regime nazista fora os judeus é já “reduzir” e “relativizar” o Holocausto?

A própria nota da Federação, aliás, reconhece que “[m]orreram menos judeus na II Guerra”. Se ela não discorda de Dom Dadeus, qual é o motivo da “surpresa” expressa no início da nota e da condenação às declarações de Sua Excelência? Onde estão os “estereótipos criados pelos nazistas” reproduzidos – segundo a Federação Israelita – pelo Arcebispo de Porto Alegre? Porque os judeus podem caluniar assim um sucessor dos Apóstolos, lançando-lhe publicamente a pecha infamante de “anti-semita”, sem que ninguém pareça se preocupar?

Está fora de qualquer discussão – nunca é demais repetir – que qualquer violência injusta contra um povo, mais ainda por motivos raciais, é profundamente condenável e absolutamente inadmissível. É evidente que nos solidarizamos com as vítimas da Segunda Guerra, cujos horrores obviamente não queremos que se repitam. Por esse motivo concordo, in totum com a nota da Federação Israelita do Rio Grande do Sul, quando ela diz que é preciso “respeitar sempre a memória, com seriedade, fraternidade e honestidade”. Infelizmente, porém, parece que os judeus amiúde supervalorizam e distorcem a fraternidade, em detrimento da seriedade e da honestidade, através de uma postura intransigente de simplesmente bater o pé e rasgar as vestes quando se faz qualquer referência ao Holocausto que não seja para fazer o papel de carpideira dos judeus. Isso, sim, é de se lastimar.

P.S.: sugestão de leitura: Judeus tradicionalistas afirmam: A religião do Holocausto é uma criação fraudulenta sionista.