Reinaldo Azevedo, de novo!

O Reinaldo Azevedo melhorou nas suas colocações sobre a retirada da excomunhão que pesava sobre os quatro bispos da FSSPX comentadas por mim aqui; em particular, ele afirmou claramente que, com ou sem retratação, “a suspensão da excomunhão [de Dom Wiliamson será] mantida” e publicou uma excelente reportagem do Marcio Antonio sobre o assunto. No entanto, hoje ele deu outra grande bola fora.

Comentando o assassinato da italiana Eluana Englaro, disse o jornalista:

Parte da imprensa insiste em tratar como “eutanásia” o desligamento dos aparelhos que mantinham Eluana Englaro viva. Já escrevi e escrevo isso deste o caso Terri Schiavo: trata-se de ortotonásia, que é coisa muito diferente. Num caso, a medicina se mobiliza para criar condições artificiais que apressem a morte de alguém; em outro, evitar-se o uso de artifícios que mantêm um corpo vivo. As diferenças éticas são colossais — já disse o que penso a respeito num post abaixo. João Paulo 2º jamais endossaria o primeiro procedimento — que é, inequivocamente, um assassinato — e deixou recomendações expressas de que sua vida não fosse prolongada com o uso de aparelhos. Não quis, por exemplo, ficar no hospital. A ortotonásia é a morte natural.

E isso é simplesmente falso. O caso de Eluana não é ortotonásia, é assassinato mesmo.  A Pontifícia Academia Para a Vida publicou já em 2004 algumas reflexões sobre o Estado Vegetativo, nas quais é dito claramente que a “eventual decisão de suspender a alimentação e a hidratação, cuja administração no doente em EV é necessariamente assistida, tem como consequência inevitável e directa a morte do doente. Por conseguinte, ela configura-se como um verdadeiro e próprio acto de eutanásia omissiva, moralmente inaceitável”. E, em 2007, a Congregação para a Doutrina da Fé publicou as respostas às perguntas da Conferência Episcopal dos Estados Unidos sobre a alimentação e hidratação artificiais, aprovadas pelo Papa Bento XVI, nas quais é dito muito claramente:

Primeira pergunta: É moralmente obrigatória a subministração de alimento e água (por vias naturais ou mesmo artificiais) ao doente que se encontra em “estado vegetativo”, a não ser que tais alimentos não possam ser assimilados pelo corpo do doente ou então não possam ser subministrados sem causar um significativo incómodo físico?

Resposta: Sim. A subministração de alimento e água, mesmo por vias artificiais, é em linha de princípio um meio ordinário e proporcionado de conservação da vida. Torna-se portanto obrigatória, na medida em que e até quando ela mostra conseguir a sua finalidade própria, que consiste em assegurar a hidratação e alimentação do doente. Assim, se evitam os sofrimentos e a morte por inanição e desidratação.

Segunda pergunta: Se a alimentação e a hidratação são feitas por vias artificiais a um doente em “estado vegetativo permanente”, podem ser interrompidas, quando médicos competentes julgam com certeza moral que o doente jamais retomará consciência?

Resposta: Não. Um doente em “estado vegetativo permanente” é uma pessoa, com a sua dignidade humana fundamental, a quem, portanto, são devidos os cuidados ordinários e proporcionados, que compreendem, em linha de princípio, a subministração de água e alimento, mesmo por vias artificiais.

O Reinaldo Azevedo é católico, apresenta-se como católico nos seus escritos e, portanto, não pode se dar ao luxo de passar a sua própria opinião (que contraria frontalmente o ensino da Igreja) sem deixar claro que está falando em franca oposição ao que a Igreja ensina. Ao contrário do que insinuou o articulista, João Paulo II jamais aprovaria o assassinato de Eluana. E, devido à posição pública que ocupa e para ser coerente com a Fé que professa, o Reinaldo não tem o direito de lançar dúvidas sobre isso.

5 comentários em “Reinaldo Azevedo, de novo!”

  1. Em defesa do Reinaldo Azevedo pode ser alegado que ele, em várias ocasiões, se retratou de opiniões contrárias à doutrina. Além desse episódio do Williamson, lembro, agora, do tema das células-tronco embrionárias que começou defendendo seu uso em pesquisas e, depois, ao aprofundar o assunto se retratou.

    É, indubitavelmente, uma atitude muito mais coerente do que muitos que se dizem católicos e “montam” o seu corpo doutrinário em franca oposição à doutrina e ao Magistério.

  2. Lampedeusa,

    Contra o Reinaldo Azevedo existe o fato dele se retratar depois que suas opiniões de “última bolacha do pacote” não são mais necessárias.

    Ele falou, falou, falou contra a manipulação de células tronco embrionárias humanas e, na época da maior discussão sobre o assunto, quando estava em votação, e a judia Mayana Zatz deu entrevista à resvista do seu patrão judeu da VEJA, ele se derreteu como uma manteguinha em favor da manipulação das células obtidas pós-explosão de seres humanos em estágio embrionário: erra o bichinho, sempre contra! Que coisa, hein? Erra sempre no pior momento?

    O Reinaldo Azevedo é muito cara-de-pau, com o perdão do epíteto, de estar falando isso sobre o caso Eluana, quando jogou todos os pés na Igreja Católica que se posicionou contra a distanásia há um tempo atrás e ele, do alto de seu ser “a última coca-cola do deserto”, disse que era a favor da vida até que, se fosse necessário, deixá-la existindo através da manutenção artificial do sistema cardíaco e a respiração por aparelhos sem perspectiva de cura (o que é distanásia).

    A Eluana estava sendo alimentada. Sua alimentação foi diminuída até cessar completamente no sábado. Na segunda-feira, de tardezinha, ela morreu, o esclarecimento dos motivos de ter morrido tão rápido vão ser dados depois da autópsia do seu corpo.

    Mas dizer que ortotanásia é retirar a alimentação de uma pessoa e, depois, afirmar que “morreu naturalmente”, faz-me rir! Espero que Reinaldo Azevedo faça a experiência, fique sem comer, até menos que um faquir da Índia, hein? Zero de alimentação, e quero saber se vai morrer naturalmente de velhice ou se vai definhar, se não tiver uma parada cardíaca prematura antes de sofrer aos poucos essa “morte doce”.

    Cansei desse Reinaldo Azevedo: no auge da crises de moral em relação à bioética, ele SEMPRE fica contra a Igreja Católica. Ele erra SEMPRE na pior hora! E diz que é católico! Tão católico quando o Lula, tão católico quanto o Temporão! Meu Deus: é muito óbvio. Isso não “acontece” de vez em quando não, é toda vez!

    A pergunta que não quer calar: como alguém pode errar sempre na hora certa para os abortistas?

    Mistério$$$$$$$$$$

  3. Emanuelle,

    Concordo que o Reinaldo errou nessas suas posições açodadas em termos de bioética. No entanto, corrigiu-se e isso demonstra virtude.

    Por outro lado, são muitas as manifestações dele contrárias ao aborto ou em defesa da Igreja em seu blog, mesmo contra a corrente, isto é, mesmo tendo vários leitores seus contrariados com essas posições.

  4. Lampedeusa,

    Isso de agradar gregos e troianos, é o mesmo que querer agradar a dois Senhores. O Sr. Reinaldo Azevedo se passa por católico para, nas horas mais críticas, apunhalar a Santa Igreja pelas costas e ainda ser tido como alguém cheio de virtudes que se retrata dos seus oportunos erros em série.

    O Sr. Reinaldo Azevedo foi o mesmo que fez o maior carnaval em torno daquela história envolvendo o Bispo Cappio. Eu não concordo com a atitude desse Bispo: mas qual a diferença aqui? Se a inanição auto-imposta de Dom Cappio era um atentado de suicídio e se a inanição “a suposto pedido de paciente” é eutanásia que é suicídio e assassinato, quem paga o Reinaldo Azevedo para mudar de idéia com o vento?

    Ele me lembra o Sr. Olavo de Carvalho que já foi contra o “imperialismo ianque” no seu livro “Jardim das Aflições” e, hoje, não faz um artigo sem exaltar a nação norte-americana. Quem paga, hoje, Olavo de Carvalho e quem pagava antes?

    No movimento abortista, a UNICEF financia o aborto. Mas ela também financia campanhas para aleitamento materno e iodação do sal no Brasil. Temos aqui outra situação semelhante. Todos esses patifes precisam de álibes para parecerem “gente boa” e confundirem os incautos. Quem diria que uma instituição que tem um mundo de crianças ao redor, v.g., de um Renato Aragão na GLOBO, pulando alegres como macaquinhos de circo, estaria financiando a morte de inocentes não-nascidos? Ninguém acredita, não é mesmo?

    Se o critério dessas pessoas é financeiro, suas idéias mudam não segundo a verdade dos fatos, mas segundo o fluxo de dinheiro.

    Pessoas inteligentes como Reinaldo Azevedo não são como bobinhos que mal sabem o que estão fazendo e que, realmente por pura ignorância, cometem alguns erros (aqui e acolá). Dar para notar que ele não é burro. E quando ele finge que é, a gente percebe como é perigoso. Ele escolhe os seus delizes de modo impre$$ionante.

    Mas, não sejamos tão malvados. Se a nossa perspicácia não consegue ir tão fundo, pelo menos não julguemos. Mas façamos o favor de não julgar nem para o mal e, muito menos, para o bem. E, desconfiar, não arranca pedaço.

    Desconfio e muito, muito menos de pessoas como Reinaldo Azevedo e sua turminha do barulho.

  5. Emanuelle,

    em relação ao esotérico Olavo de Carvalho, no próprio site do gnóstico, ele diz claramente que recebe dinhero de ”igrejas” para o seu ”trabalho”. Se eu não me engano está até na página do seu site.

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