11 anos. Estuprada. Deu à luz.

11 anos. Estuprada. Deu à luz recentemente em Fortaleza.

Não tem família (a mãe é acusada de negligência e envolvimento no caso, do pai a reportagem não fala), não tem infância (trabalha catando lixo), não tem moradia (mora num galinheiro (!)), não tem nem mesmo certidão de nascimento. Mas tem um filho. Na UTI, sem previsão de alta, mas graças a Deus nasceu com vida; e a mãe passa bem. O Estado do Ceará também noticiou o caso.

Eu tive uma boa impressão da conselheira tutelar, Marylane Nogueira. Ela lamenta – como é óbvio – a situação, dizendo que “[u]ma criança que deu à luz a outra não tem infância”. Mas, aparentemente, não tentou forçar a menina a exercer o seu “direito” ao aborto, como nós vemos acontecer tantas vezes Brasil afora. A denúncia de estupro foi investigada em abril e o bebê nasceu prematuro; se ele nasceu com [digamos] oito meses, em abril – quando foi descoberta a gravidez da menor – estava com no máximo cinco meses. Se a sra. Nogueira quisesse, poderia ter encaminhado a pequena para algum CISAM cearense, que com certamente existe e teria o maior prazer em trucidar um bebê indefeso; não o fez, contudo, e a menina foi para um abrigo de menores grávidas. Que Deus recompense esta conselheira tutelar!

Imaginar que a história poderia ter sido diferente, e que à menina poderia ser negado inclusive o direito ao seu próprio filho, faz-me estremecer. Por exemplo, caso fosse em Recife. A conselheira tutelar fez a história ser escrita diferente. Uma drama ao qual as autoridades públicas não infligiram ainda mais violência. Um desfecho doloroso, mas que não precisou de mãos sujas de sangue.

Concordo com a sra. Nogueira – quem é mãe na infância, não tem infância -, e reconheço que a situação é obviamente injusta. No entanto, penso que as coisas não podem ser “consertadas” por meio de mais injustiças e de mais violências. Como talvez também pense a sra. Marylane. Bom seria um mundo em que não houvesse assistentes sociais ávidos por assassinar crianças; melhor ainda seria se a infância fosse preservada, a ponto de não ser necessário nem mesmo cogitar o assassinato de bebês. Enquanto este dia não chega, no entanto, pessoas como a conselheira tutelar da Regional II fazem toda a diferença. Que Deus nos conceda mais profissionais que mantenham intacto o seu senso moral, a despeito das modas do mundo.

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

50 comentários em “11 anos. Estuprada. Deu à luz.”

  1. E a tal grande imprensa? Vai dizer o que numa hora dessas? Os hipócritas, quando pegos no contrapé, se calam. O nascimento dessa criança, filha de outra criança, é um problema. Mas enquanto há vida, há esperança. E é necessário que ambas as crianças sejam amparadas nessa hora.

  2. Ainda que seja motivo de regozijo que não se coloque violência sobre violência, é de se lamentar profundamente essas situações dostoievskianas com essas crianças. Que Nossa Senhora conforte e proteja essas crianças.

  3. é mesmo??? e o que dizer da conivencia da igreja romana com aborto praticado por freiras???

  4. Que a Paz esteja com vocês!

    É impressionante o número de casos de violência contra crianças noticiado pela imprensa desde aquele triste caso da criança de Alagoinha até o presente. É por demais preocupante, é estarrecedor!

    Paz e Bem.

  5. “É por demais preocupante, é estarrecedor!”

    Enquanto a igreja continuar com sua postura idiota, tende a aumentar.

    Por falar nisso (lembram-se de que eu disse que a consciencia já estava matematizada, faltando apenas resolver as equações?), continuem – o incrível é ser a maioria constituida de jovens fanáticos – sendo ultrapassados pelos acontecimentos científicos:

    http://ultimosegundo.ig.com.br/bbc/2009/07/23/cerebro+humano+artificial+pode+ser+construido+em+10+anos++diz+cientista+7452948.html

    Ao invés de se atualizarem continuam seguindo idiotices escritas (e deturpadas) há mais de 2 mil anos.

    Vade retro, Satanazes!

  6. Continue a não ver o nexo lógico e seja ultrapassado pelos acontecimentos. É um direito seu.

  7. Esse Argo mistura alhos com bugalhos na tentative de criar algo, uma polêmica. Ou seja lá o que for. O mesmo se pode dizer do tal Joe. A caravana dos tolos tem muitos componentes…

  8. “A caravana dos tolos tem muitos componentes…”

    Voce não faz parte dela, pois não?

  9. Posso até fazer, Argo… mas evito falar bobagens sem nexo. O que você repete, de modo pueril, é que a ciência prevalece sobre a fé. Isso é um discurso velho… e já derramou muito sangue no decorrer da História…

  10. “e já derramou muito sangue no decorrer da História…”

    Quantas guerras já houve tendo como motivo a fé? Alguns tentando forçar outros a seguirem a sua concepção do mundo?

    Argumento pueril foi o utilizado por voce.

  11. Já que você está por aí, por favor, cite-me algum derramamento de sangue MOTIVADO pela fé católica.

  12. “Já que você está por aí, por favor, cite-me algum derramamento de sangue MOTIVADO pela fé católica.”

    Voce está de brincadeira, não?

  13. Quantas guerras já houve tendo como motivo a fé? Alguns tentando forçar outros a seguirem a sua concepção do mundo?

    E quantas guerras já houve no mundo motivadas pela razão? Pela ciência? Pela ideologia da supremacia racial? As teorias eugênicas, do espaço vital e até as socialistas, entre outras, eram consideradas científicas no início do século XX, e deu no que deu.

    Se alguns poderosos utilizam a fé (ou a razão, a ciência, o que seja) para matar, não segue que a fé por si é sanguinária. Seu erro de non sequitur é ingênuo, Argo.

    Aliás, é com ingenuidade semelhante que você acha que simular um cérebro é o mesmo que matematizar a consciência. O que um supercomputador faria seria repetir (“simular”) o funcionamento “elétrico” de um cérebro; não significa que vá imaginar, desenvolver linguagem ou sequer um pensamento abstrato. Quem dirá, então, ter consciência de si. Aliás, lanço a você o mesmo desafio que lancei ao Mallmal (e ele não me respondeu): me dê uma única pista de que é possível matematizar a compaixão. Este sentimento ou atitude é totalmente ilógico do ponto de vista racional e impossível de ser medido matematicamente.

    Até lembrei de uma frase do Chesterton:
    “É inútil falar sempre da alternativa entre razão e fé. A própria razão é uma questão de fé. É um ato de fé afirmar que nossos pensamentos têm alguma relação com a realidade.”

  14. “…me dê uma única pista de que é possível matematizar a compaixão.”

    Leia “Eu, Primata” e voce entenderá.

  15. Argo,

    É um ato de fé afirmar que certas sinapses neuronais provocam certas decisões.

    Tão ato de fé quanto dizer que são certas decisões que provocam certas sinapses neuronais.

    A primeira assertiva parte do pressuposto de que tudo é só matéria (não vou entrar nas problemáticas implicações morais e sociais disso). A outra afirmação admite que há livre-arbítrio, isto é, há o componente não material ou, em outras palavras, há o espírito.

  16. “…me dê uma única pista de que é possível matematizar a compaixão.”

    Leia “Eu, Primata” e voce entenderá.

    Ah, fala sério. Só porque um psicólogo encontrou comportamentos parecidos entre homens e macacos, não quer dizer que os últimos sentem compaixão. Parecem aqueles homossexuais que dizem que a prática homossexual é “natural” porque é encontrada em outras espécies de mamíferos. Você continua ingênuo e cita um cara tão falacioso quanto você (com a diferença de que ele vende livro).

    Nem você, nem Frans de Waal sabem o que é compaixão; confundem com empatia ou pena. Estas, um animal (mesmo não-primata) pode demonstrar com a mesma espécie, até com espécies diferentes — como gatas amamentando filhotes órfãos de cachorro, ou quando meu cachorro me vê com cara triste e vem me lamber. Compaixão é sentir o mesmo que o outro sente, mesmo não tendo nada a ver com o outro, sequer o medo de passar pela mesma situação. Não tem como dizer que um macaco sente compaixão, nem que é possível matematizá-la; De Waal não matematizou, nem você demonstrou (ainda) que pode ser matematizado.

  17. Um comentário meio-off: é engraçado como De Waal, assim como a maioria dos primatologistas interessados em evolução humana e darwinistas ferrenhos (os que não são sérios, mas pseudo-cientistas), partem do pressuposto de que há um ancestral comum entre homens e macacos, mesmo que ele nunca tenha sido encontrado.

    Só existem evidências, e reuni-las nada mais é do que um exercício de imaginação. Já traçaram a árvore evolutiva de dezenas de espécies de hominídeos com os milhares de fósseis e restos encontrados, mas achar o tal “elo perdido”, nada… já houve até farsas (científicas) a respeito. E quem é mesmo que se apóia na fé para explicar o mundo?

    Ainda fico com a citação de Chesterton (que aposto que Argo ainda nem entendeu…).

  18. Matematização da consciência? Incrível como o sujeito insiste nessa asneira, por não querer dar o braço a torcer, afinal ele é a suprema sapiência científica, não é mesmo?

    Ele nem mesmo percebe a contradição tola de exprimir-se de forma conclusiva (“a consciência já estava matematizada”), e logo depois fechar inconclusivo (“faltando apenas resolver as equações”). Risível, conquanto medonho.

    Ah! Mas eis que finalmente chegou a vitória sobre os crentes religiosos “ultrapassados pelos acontecimentos (sic) científicos”. Pronto, tá lá noticiado no link fornecido. O que, mesmo? A matematização da consciência, enfim demonstrada (os cientistas enfim “resolveram as equações” …)

    Bem, então, vamos ler o texto e com o que nos deparamos???

    A notícia é sobre um PROJETO de pesquisa, com previsão para iniciar daqui a dez anos, quando os cientistas esperam a construção do “cérebro humano artificial”. Cérebro humano é modo de dizer, porque adiante lemos que trata-se de uma simulação computadorizada da coluna neocortical. Com esse recurso – daqui a dez anos – esperam estudar mecanismos cerebrais que possam ser expressos em termos de fisiologia neuronal, a exemplo da representação de uma imagem apreendida pelo neocórtex.

    Em resumo: um projeto de pesquisa de fisiologia cerebral, com expectativa de resultados a médio/longo prazo. Não se pretende “resolver” o cérebro, muito menos reduzir a processos meramente fisiológicos instâncias como a consciência, a compaixão, o amor, a fé, que sequer podem ser claramente expressas em linguagem biológica.

    No entanto, acreditem: é com isso que a suprema sapiência científica pretende respaldar a insistente bobagem de que a consciência “já estava matematizada faltando apenas resolver as equações”.

    E a maioria aqui é que seria ultrapassada. Pelos acontecimentos (pfff!) científicos. Com certeza, não somos avançados como ele, que já avançou tanto, tanto, tanto, que ultrapassou a própria noção do ridículo. Geralmente, é o problema de quem se arroga ares de intelecto superior, com uma empáfia desmedida e doentia.

  19. “É um ato de fé afirmar que certas sinapses neuronais provocam certas decisões.”

    Já ouviu falar de experimentação? Se, ao retirar determinadas conexões, deixa-se de se ouvir, por exemplo, automaticamente se prova que elas eram responsáveis pela audição.

    É tão simples, não?

    “Não, Argo. Eu não estou de brincadeira…”

    Voce quer dizer que nunca houve guerras por motivos religiosos? Voce quer que eu apresente um documento do papa declarando guerra, é isso? É cada uma…

    “mas achar o tal “elo perdido”, nada…”

    Fala sério, cara. Sabe o que significa 100 anos no total da história humana? Voce pensa que é muito por seu intelecto não conseguir abarcar um decorrer de tempo maior, raciocina em termos de existencia humana.

  20. “É um ato de fé afirmar que certas sinapses neuronais provocam certas decisões.”

    Ato de fé é uma coisa totalmente diferente. É não se provar a existencia de um ente sobrenatural, aceitá-lo porque sim.

    Não-existência não é necessário provas. Se assim fosse, posso postular a existencia de qualquer criatura, e fim de papo.

    Por falar nisso, sabia que Papai Noel existe? Prove que ele não existe!

  21. “Não vale usar a Inquisição e as Cruzadas…”

    Por quê? Não houve derramamento de sangue nas cruzadas? Não foram motivadas pelo catolicismo?

    Diga-me de uma guerra motivada basicamente pela ciencia.

  22. “E quantas guerras já houve no mundo motivadas pela razão? Pela ciência?”

    Cite uma.

  23. Que bom que a pobre criança deu a luz e ela e o bebe estão bem. Acho que a decisão de levar a gravidez nesses casos de estupro deve ser da criança, da familia e de seu medico. Arriscar a vida de alguém baseado em preceitos religiosos não é certo.
    É um assunto extremamente serio e não deve ser tratado com leviandade, nem por quem é a favor do aborto e nem por quem é contra.
    Acho que todo tipo de extremismo é irracional.

  24. Que a Paz esteja com você!

    Argo,

    Os casos de violência contra crianças e, de modo particular, o caso dessa criança cearense é a personificação do fracasso de TODOS nós enquanto sociedade.

    Como pode uma criança chegar aos 11 anos sem uma certidão de nascimento? Será que em todo esse período de vida ela não necessitou ir a um posto de saúde? Não ficou doente? e ninguém se apercebeu disso? Quantos não passaram por ela ou tiveram a oportunidade de se aproximar e tomar uma atitude? Será que a inação foi só dos organismos públicos de ação social?

    Quer no caso de Alagoinha, quer nesse caso cearense, algo que chama a atenção é o afastamento dos homens do processo de criação, as ausências paternas na construção de laços afetivos com seus filhos(as), como se eles pais não fizessem parte desse processo, como se não fossem igualmente co-responsáveis.

    Vou contar-lhe algo que vivenciei. Numa determinada época, minha irmã havia decidido participar da catequese para adultos que era preparatório para o crisma. Ela me propôs participar também. Aceitei e nesse período fazia parte do processo o engajamento em uma das atividades pastorais. Escolhemos participar de uma atividade exercida por uma entidade católica que auxilia famílias necessitadas e que também acolhe idosos. Pois bem, um rapaz que já realizava trabalho voluntário nesse local veio pedir-nos auxílio para dar banho nos idosos acamados, assim como naqueles com dificuldades de locomoção, pois entre os membros da entidade, ninguém se protificara a ajudar. Alguns idosos, não poucos, estavam com problema de escabiose, no popular, sarna. Lembro-me que na época durante a reunião com membros da entidade relatei a situação, entretanto, não tinham coragem pois o cheiro de urina era uma barreira. Conseguimos formar uma equipe, que não chegava a 5 pessoas. Era uma atividade para ser realizada tão-somente nos finais de semana. Desses voluntários que participaram da higienização dos idosos, nenhum era membro da entidade. O único membro, que ia lá todos sábados, era um senhor que realizava o corte de cabelo e a barba deles e que também nos apoiou na obtenção de sabonetes para o combate à escabiose e dos demais produtos para compor o kit de higiene pessoal para cada idoso. Tivemos posteriormente, do setor de enfermagem da entidade, a disponibilização de um produto para combater o problema. Para concluir, minha irmã se crismou, eu não, no entanto, para aqueles idosos a ação daquele rapaz e do pequeno grupo, que se sensibilizaram com o problema pelo qual passavam, fez a diferença.

    Portanto, Argo, notícias como a dessa criança cearense revelam o fracasso de todos nós!

    Paz e Bem.

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