CNBB apóia plebiscito sobre limite da propriedade da terra

A notícia não é tão nova (saiu no Fratres na semana passada), mas nem por isso se torna menos escandalosa. A CNBB divulgou uma carta de apoio a um plebiscito marxista “pelo limite de terra”. O original (no site da CNBB Sul 4) pode ser lido aqui.

Como bem notou um amigo meu, o símbolo do plebiscito, além de “uma pomba entregando uma mensagem”, lembra desconcertantemente a figura de uma foice e um martelo. E eu simplesmente não acredito que o meu amigo tenha sido a primeira pessoa na face da terra a notar a semelhança. Considerando, ainda, o viés fortemente esquerdista da própria proposta que está sendo colocada para apreciação popular no plebiscito, resta extremamente improvável que tudo isso seja somente uma grande coincidência.

Publiquei um comentário no site da CNBB onde foi originalmente divulgada a carta. Até o presente momento, encontra-se “aguardando moderação”. Para não correr o risco de que ele se perca na sanha persecutória da esquerda cnbbêica, publico-o aqui também:

Jorge Ferraz O seu comentário aguarda aprovação.

Publicado em 13 julho 2010 as 23:10

Mas que palhaçada!

O direito à propriedade é um direito natural, e o comunismo já foi incontáveis vezes condenado pela Igreja. Por que Sua Excelência Reverendíssima, ao invés de apóiar um plebiscito de cunho marxista que atenta contra um direito natural, não se preocupa em protestar contra o aborto, contra os jovens que não vivem a castidade, contra a banalização do Matrimônio e da Família, contra as perseguições que sofre a Igreja de Cristo, contra a proliferação das seitas e heresias, contra o relativismo, contra a falta de decoro na celebração da Liturgia da Igreja, e contra tantas outras coisas mais que ele deveria, como bispo católico, ter a coragem de combater?

O fato é que a Doutrina Social da Igreja sofre terrivelmente na mão de alguns de seus “interpretadores” tupiniquins. A despeito de reconhecer a reforma agrária como “além de uma necessidade política, uma obrigação moral” (Compêndio, n. 300), resta evidente para qualquer pessoa semi-alfabetizada que o Brasil não pode ser contado entre os países em que “o latifúndio improdutivo, condenado pela doutrina social da Igreja, representa [um impedimento] a um autêntico desenvolvimento econômico” (id. ibid.). Afinal, como consta no próprio texto oficial do abaixo-assinado, o seu “objetivo final é pressionar o Congresso Nacional para que seja incluído um novo inciso no artigo 186 da Constituição Brasileira, que trata da Função Social da terra, para limitar o tamanho máximo da propriedade em 35 módulos fiscais”. Nem uma palavra sobre “latifúndios improdutivos”. Simplesmente quer-se limitar o tamanho da propriedade privada, pouco importando se a mesma é produtiva ou não. Acaso está palhaçada está de acordo com a Doutrina da Igreja? Acaso a Conferência não tem outras coisas com as quais se preocupar?

Sobre o mesmo assunto, vale a pena ler o artigo publicado pelo Instituto Plinio Corrêa de Oliveira. Destaco: “[h]á alguns dias Bento XVI disse em homilia no Vaticano que nenhum governo pode tentar “modificar” ou “destruir” os princípios da Lei Natural, sob pena de levar o país ao relativismo e ao totalitarismo. Ora, entre os princípios da Lei Natural está o direito de propriedade. (…) Infelizmente, correntes infectadas de comunismo e socialismo se infiltraram nos meios católicos, dando origem ao chamado progressismo. (…) Em nome da paz e da justiça, tal corrente propugna diversas medidas para cercear o direito de propriedade”.

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

21 comentários em “CNBB apóia plebiscito sobre limite da propriedade da terra”

  1. Isso é a plena comunhão, da qual os da FSSPX não tem, infelizmente.

    Plena comunhão.

  2. Viva a CNBB!!! Desse jeito, até eu fico tentado a me tornar católico. Parece-me que os fanáticos, tal como o Jorge e seus cupinchas, são uma minoria, fácil de ser neutralizada, na prática.
    Pensarei no assunto, se for para bloquear esses “iluminados”

  3. Dois comentaristas foram muito felizes em suas posições no site da CNBB, Marcelo e Ricardo Melo. Um escreveu, o outro apoiou o seguinte texto:

    “A terra, pela lei, deve ter função social. A terra, pela pela bíblia, é obra de Deus. A terra, pela ética, deve proporcionar a todos sustento e vida. Não é por tanto, um investimento financeiro ou especulativo. E, também não pode servir ao capital, afinal, não se pode servir a Dois Senhores.

    Como cristãos, servimos a um só Deus. É da natureza humana procurar viver da melhor forma. Não é justo, não é natural, não é ético, que uma pequena quantidade de “fazendeiros” tenham em suas mãos mais terra do que toda uma população de agricultores, e tantos outros vivam na beira do asfalto e nas ocupações.

    A Igreja, por sua missão de justiça e paz, deve mesmo apoiar esta iniciativa. A propriedade privada é útil, em muitos casos, mas não deve ser o direito absoluto, mesmo porque, no caso do latifúndio boa parte dele nasceu, cresceu e se multiplicou de maneira obscutra, ilegal.

    E ainda, que o acúmulo de terra tenha sido “legal”, cabe perguntar se é “moral” deter o monopólio da terra, e se é sustentável usá-la para monoculturas e para a mera exportação e especulá-la no mercado.”

    Seremos muito mais felizes quando houver mais gente como esses dois.

  4. Olegario
    O seu comentário aguarda aprovação.
    Publicado em 14 julho 2010 as 19:03

    isto Mesmo!!
    Apoio os dois comentaristas: Ricardo e Marcelo.

    Essa história de propriedade é mesmo muito retrógrada. Antiga.
    Como é antigo tambem esse negócio de muitos terem duas ous mais casas, com tanta gente morando de baixo da ponte.
    Façamos primeiro a refórmia agrária.
    Adiante, a urbana.

    E viva Cuba!

    Olegário.

  5. “Como é antigo tambem esse negócio de muitos terem duas ous mais casas”

    Qual é mesmo a necessidade de se ter mais de uma casa? Não me venha com propaganda disso e daquilo e responda à pergunta.

  6. “Mas que palhaçada!” e logo depois vem: “Sua Excelência Reverendíssima”

    Sinceramente… esse tipo de coisa que jamais serei!

    Ou quente ou frio!

    Morno, jamais!

  7. Isso, vamos desapropriar as familias com mais de uma casa. O correto seria uma casa por familia … Os carros também, um por familia. Vamos se tornar um país comunista, onde o governo intervem de forma direta na vida da população …

    Estou sendo sarcastico, reforma agraria e seus derivados ja se mostrou ineficas … uma grande parcela de quem ganhava a terra a alugava ou vendia ilegalmente e voltava pro movimento.

  8. Qual a necessidade de uma pessoa ter duas casas?

    Não sei, mas não acho que seja culpa dela que exista pessoas sem casa. Os maiores defensores das ideias comunistas são pessoas que não quererem batalhar na vida.

  9. Jorge, viu a última do nosso querido e estimado Leonardo Marx Stalin Boff? Nossa “otoridade” maior da Igreja da Apostasia Socialista Brasileira disse que o Papa Bento XVI deve renunciar. Não sei em qual revista foi, só sei que a moça no ônibus hoje estava lendo essa brilhante entrevista. Vale um post, não?

  10. Jorge, recomendo a leitura de Del Greco acerca do Direito de Propriedade. Assim ele fala (dissertando sobre o VII e o X Mandamentos):

    “Depois de haver satisfeito todas as suas necessidades legítimas, o homem deve distribuir o excesso de seus bens aos necessitados. A propriedade, por conseguinte, não tem somente uma função individual, mas também uma função social, que não é somente um conselho, mas um preceito; um preceito de caridade que, em certos casos, se torna de justiça.
    É um erro, portanto, conceder demasiado ao direito de propriedade, sem impor os limites e as obrigações necessárias (sistema liberal); como também é um erro negar ou restringir excessivamente este direito propugnando a comunhão dos bens (sistema comunista).
    A respeito da socialização dos bens produtivos, é necessário dizer que, quando está de acordo com um verdadeiro bem comum, não contrasta com os princípios da moral cristão sobre propriedade.”(DEL GRECO, Teodoro da Torre, Pe. Compêndio de Teologia Moral. São Paulo: Paulinas, 1959, p.272)

    Concordo plenamente com você sobre as prioridades que a CNBB deveria dar, como a luta contra o aborto ou casamento gay (a Argentina está aqui do lado), reiterando também que NÃO SOU DO MST E NEM APOIO NEM SIMPATIZO COM ESSE VÂNDALOS INVASORES DE PROPRIEDADES ALHEIAS, mas quero deixar um mero comentário:

    A pergunta que não quer calar é: como julgar isto objetivamente?

  11. Não sei porquê, mas o link da Isto é da entrevista com o Leonardo Boff não está funcionando.

    Mas estes dois outros links estão funcionando.

    Neste aqui podemos obter até as referências da reportagem.

    “O Papa deveria renunciar”

    Data: 30/05/2010
    Veículo: ISTO É
    Editoria:
    Jornalista(s): Débora Crivellaro
    Assunto principal: OUTROS

    http://www.linearclipping.com.br/cnte/detalhe_noticia.asp?cd_sistema=93&codnot=1165470

    E neste outro encontramos a entrevista em PDF:

    http://www.mndh.org.br/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=2311

  12. Alex, muito obrigada! Achei que fosse uma reportagem nova de nossa autoridade socialista maior, com alguma de suas novas abobrinhas, digo, colocações pertinentes.

    Sobre a questão da terra, em si, também não acredito que limitar a propriedade da terra irá trazer mais justiça, porque há uma série de fatores que vão além: a produtividade, os recursos empregados, a renda e os empregos gerados. Não vou muito a fundo, mas não gosto muito da idéia de “fixar limite” pra nada.

    Ademais, se forem fazer desapropriação das famílias que têm mais de uma casa, tô na fila do Movimento dos Sem Casa.

  13. “… VENHA A NÓS O VOSSO REINO…”

    O Direito à propriedade não é absoluto.
    Constituição Federal
    Art. 5º ,inciso XXIII – “a propriedade atenderá a sua função social”;

    Vamos análisar:

    Como se constituiu a propriedade privada no Brasil?
    Num primeiro momento Capitanias Hereditárias;
    Depois as Sesmarias; ( ambos modelos beneficiaram possoas ligadas a Coroa Portuguesa)

    Depois as propriedades se agigantaram com as grilagem (uso da força e da corrupção do poder).

    PARALELO a esse modelo perverso de constituição da propriedade, foi crida leis e alguns doutrinadores, provavelmente movido por interesses próprios, tentaram canonizar o Direito de propriedade, sob a tese que se trata de Direito natural (pensamento esse usado por muitos anos para justificar o latifundio).

    MUITO BEM, se se trata de direto natural, e numa interpretação teleológica a finalidade das leis e o direito é a justiça,
    logo é mais um motivo pra se limitar a propridade privada, para que todos tentam acesso a propriedade POIS É DIREITO NATURAL/FUNADAMENTAL, sem o qual o ser humano não vive com dignidade.

    Esse plebiscito tem meu apoio.

    PESSOAL, SERÁ QUE AINDA NÃO ESTÁ CLARO QUE A VIOLÊNCIA NAS CIDADES ESTÁ INTIMAMENTE LIGADA AO ÊXODO RURAL?

    ATÉ QUANDO FICAREMOS SOB A INFLUÊNCIA DA GRANDE MÍDIA, QUE CUMPRE O PAPEL DE NOS ALIENAR, DESVIANDO O FOCO DO VERDADEIRO PROBLEMA.

    “ENQUANTO A IMENSA RIQUEZA CONVIVER COM A EXTREMA POBREZA, O MUNDO NÃO SERÁ UM LUGAR SEGURO”.

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