Bento XVI e a camisinha II: a cretinice dos meios de comunicação

Sou surpreendido por uma matéria do Gazeta Online que tem o seguinte singelo título: “Vaticano: todos podem usar preservativos para evitar HIV”. A chamada: “Usar preservativos é um mal menor que transmitir o vírus HIV para um parceiro sexual – mesmo que isso signifique que uma mulher evitou uma possível gravidez, disse o Vaticano”. Manchetes análogas podem ser encontradas mundo afora. Como é possível tão universal desinformação?

Recapitulemos. O Papa disse ser possível haver alguns casos em que “a utilização do preservativo [por um garoto de programa] possa ser um primeiro passo para a moralização”. O Papa não disse nem mesmo que estes “podem” usá-los! Daí me vem um jornal dizer que “todos podem usar preservativos”, e ainda afirma ser isto “segundo o Vaticano”?

O Papa não falou sobre o que os garotos de programa podem ou não fazer. Apenas constatou um fato: o prostituto que usa preservativos impõe, de algum modo, limites à sexualidade desregrada. Como o Taiguara escreveu na lista “Tradição Católica”:

O que entendi é que, no caso da prostituta que utiliza camisinha, a significação real do uso da camisinha é completamente diversa do “sexo livre” apregoado: o uso da camisinha pela prostituta tem para ela a finalidade de evitar o contágio da doença venérea ao parceiro; para isso, ela mesma se impõe um limite (que ela pensa ser um limite válido, pois acredita que a camisinha realmente barra o contágio) e, desta feita, o próprio condom, símbolo da liberação sexual, ganha no caso concreto a conotação de um limite, contraria o próprio sexo livre.

Isto não é uma autorização para se usar preservativos. A proposição “garotos de programa podem usar preservativos” simplesmente não se encontra no texto do Papa – este é um fato objetivo contra o qual é impossível tergiversar. De onde tirou então o jornal que “todos podem usar preservativos”?

O impressionante fenômeno só revela uma gigantesca contradição dos inimigos da Igreja. Se, por um lado, postulam que Ela deva ser ostracizada e banida da vida pública das sociedades civilizadas, por outro lado saúdam com ânimo e júbilo esta – alegada! – “mudança de posição” da Igreja sobre os preservativos. Aliás, desejam tanto que a Igreja “mude” de opinião que passam a projetar isso na maneira como fazem jornalismo, por meio de um wishful thinking tão forçado, mas tão forçado, que se transforma em falsificação intelectual pura e simples.

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

46 comentários em “Bento XVI e a camisinha II: a cretinice dos meios de comunicação”

  1. Não tenho tanta segurança para afirmar que se trata de cretinice da maioria. Existe muita ignorância mundo afora! Os demônios estão à solta, e eles não são os humanos. Penso que exista muitíssimo mais ignorância do que cretinismo, nesse mundo. O Mal se aproveita desse mal, com eficiência.

  2. Onde escrevi “cretinismo” leia-se “cretinice”.
    Olha a ignorância chegando de mansinho…
    Aí chega alguém abrindo com “esse alienado não sabe nem escrever”. ahauahuahua

  3. Sejamos mais abertos à ação do Espírito Santo. Como nos ensina a radição da Igreja é preciso estar atentos aos sinais dos tempos. É claro que há interesses escusos neste tipo de notícia. Mas também é preciso estar atento às mudanças pelas quais passa a sociedade. Também precisamos admitir que há casos emq ue definitivamente o uso do preservativo é moralmente aceitável, como bem diz o papa Bento XVI.

    Se por acaso, um homem ou mulher sofresse um acidente e precisasse transfusão de sangue e inadvertidamente recebesse sangue contaminado. Sendo ela ou ele casado não seria plenamente aceitável que o contaminado com HIV fizesse de tudo para preservar a saúde do outro cônjuge? Ou será que até neste caso os senhores defendem a abstinência?
    O bom senso deve sempre prevalecer e no meu entendimento está aí um dos muitos casos em que a Igreja deve aceitar o uso do preservativo. Admitir o uso de preservativo nestas circunstância não quer dizer que a Igreja aceite a sexualidade desregrada.
    Se o Senhor tiver bom senso claramente perceberá que há casos em que o uso do preservativo não apenas é aceitável como até se torna imperativo para se evitar um pecado contra o quinto mandamento.

  4. Eu acabei de entrar no Gazeta On Line para ver a situação da greve de ônibus aqui em Vitória, e fiquei embasbacada com a matéria. Sem noção.

    Acho graça que, quando eu era pequena, ouvia falar que para se escrever um texto jornalístico, as pessoas tinham que conhecer o assunto para não falar inverdades, ou meias-verdades. Tinham que apresentar dois pontos de vista num tema polêmico.

    Hoje, todo e qualquer “jornalista” de meia tigela é PHD em doutrina católica. Na Revista Época, já várias vezes alertei, as jornalistas insistem em falar que a Igreja aprova a tabelinha. Nos temas como aborto, o máximo que citam como “referência de pensamento católico” são as Diabólicas e Boff.

    Portanto, Alexandre, acho que não é ignorância não, é preguiça mental e cretinice mesmo.

  5. Sobre camisinhas e prostitutos(as): a moral naturalista em voga

    Sidney Silveira

    Como deveria ser óbvio, a responsabilidade de cada um é proporcional à função que lhe cabe. Se uma fortaleza é invadida, a responsabilidade recairá sobre aqueles que têm o dever de defendê-la, e não sobre as pessoas indefesas assassinadas pelos invasores; se uma empresa faz investimentos equivocados, a responsabilidade recairá sobre os seus dirigentes, e não sobre a moça que serve o café; se um governo aprova leis iníquas, a responsabilidade recairá sobre os legisladores, e não sobre aqueles que passam a viver sob o tacão da iniqüidade; se um edifício não fica de pé, a responsabilidade recairá sobre o engenheiro que fez os cálculos para a construção, e não sobre o mestre de obras; se um bebê morre de inanição, a responsabilidade recairá sobre a pessoa sob cuja guarda estava a criança, e não sobre os vizinhos. E se o mundo não se converte? De quem é a responsabilidade?

    Há dois trechos de sermões do padre Antônio Vieira — o maior prosador da língua portuguesa — que ilustram bem o que se quer dizer. São de arrepiar (os itálicos são meus):

    “Eis aqui o que devemos pretender em nossos sermões: não que os homens saiam contentes de nós, senão que saiam muito descontentes de si; não que lhes pareçam bem os nossos conceitos, mas que lhes pareçam mal os seus costumes, as suas vidas, o seu passatempo, as suas ambições, enfim, todos os seus pecados. Contanto que se descontentem de si, descontentem-se embora de nós” (Sermão da Sexagésima, Pregado na Capela Real de Lisboa, no ano de 1655).

    “Vós — diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores — sois o sal da terra”; e chama-lhes ‘sal da terra’, porque quer que façam na terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção, mas quando a terra se vê tão corrupta, como está a nossa, havendo tantos que têm nela o ofício de sal, qual será, ou qual pode ser, a causa desta corrupção? Ou é porque o sal não salga, ou porque a terra se não deixa salgar. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores não pregam a verdadeira doutrina, ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina que lhes dão, a não querem receber; ou é porque o sal não salga, e os pregadores dizem uma coisa e fazem outra, ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes querem antes imitar o que eles fazem, que fazer o que dizem; ou é porque o sal não salga, e os pregadores pregam a si e não a Cristo, ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes, em vez de servir a Cristo, servem aos seus apetites” (A pregação dos peixes, em São Luís do Maranhão, em 1654).

    Pois bem. A quantidade de coisas esdrúxulas que se têm escrito para defender a fala do Papa Bento XVI sobre o uso da camisinha, assim como sobre vários outros temas que não convém citar neste texto, é de dar inveja a sofistas pagãos como Górgias, que dizia o seguinte: o ser (leia-se o mundo) não existe; e, se existisse, seria incognoscível; e ainda que, existindo, fosse cognoscível sob algum aspecto, seria inexpressável, inexprimível. Uma lindeza! Assim também são alguns argumentos dos defensores da fala do Papa que causou incrível confusão nos meios católicos. Provavelmente, se alguém megulha no mar, logo esses neo-sofistas concluem o seguinte: quem nada é o mar, não o nadador.

    Ø De uns ouvi dizer que o Papa falou como verdadeiro ‘tomista’, e todos os que estudamos a obra do Aquinate há anos, decerto por cegueira mental, não percebemos;

    Ø de outros li que usar camisinha é pecado venial, e não mortal;

    Ø de outros, ainda, que o Papa defendera o uso da camisinha como ‘mal menor’, sem saber que, no tocante à salvação, entre dois pecados mortais distintos não há propriamente mal menor, pois um só pecado mortal, de qualquer natureza, retira as graças atuais eficazes sem as quais ninguém pode salvar-se. Mas, para um modernista, estas são sutilezas teológicas que não cabe escavar;

    Ø houve quem, por sua vez, afirmasse que não sendo aquela uma opinião revestida de carisma magisterial — como aliás frisamos noutro texto —, não haveria problemas, dando a entender com isto que o Papa pode muito bem ter opiniões privadas, em matéria de costumes, contrárias ou alheias aos princípios reitores da doutrina de sempre, desde que não sejam magisteriais. Só mesmo um modernista para pensar que um Papa pode dizer uma coisa como Doutor privado, e afirmar outras distintas ex cathedra, sobre a mesma matéria;

    Ø Para alguns a culpa é toda da imprensa mundial anticatólica, que subverteu as palavras do Papa. Aqui, vale dizer que, apesar das ilações maldosas da imprensa, que em sua quase totalidade simplesmente ignora o que seja a fé, o problema está na idéia expressada de forma explícita pelo Papa: a de que em alguns casos se pode dar um primeiro passo para a moralização usando a camisinha;

    Ø Houve ainda quem, apoiando-se no fato de que o Papa não defendera o uso da camisinha em si mesmo como um ato moralmente bom, pusesse a culpa nos ditos e malditos tradicionalistas, que estariam cometendo um pecado gravíssimo contra a pessoa do Papa, ao imputar-lhe intenções que não teve. Aqui não conseguem entender que se trata de princípios inamovíveis, e não simplesmente de uma casuística aplicada a um dado específico;

    Ø Outros argúem ainda que o Papa disse na sua entrevista ‘prostituta’, e não ‘prostituto’, como se isto mudasse um só jota do problema teológico de fundo.

    Os malabarismos sofísticos são extensos, e enumerá-los a todos seria absolutamente ocioso, além de contraproducente. Mas vale dizer que, por trás de todas essas justificativas, muitas vezes, como diz o meu querido amigo Carlos Nougué, está um grau de ignorância culpável**, a vontade de não enxergar uma verdade evidente: não se pode dar um passo rumo à moralização pecando. A menos que se conceba uma moral totalmente independente da lei divina custodiada pela Igreja, o que é absurdo para um católico.

    O Magistério e os grandes Doutores demonstraram, durante séculos, a existência de um liame inextricável entre a lei natural e a lei eterna. Se se rompe artificiosamente esse liame, a lei natural vai-se corrompendo até o ponto de tornar-se contraditória, absurda. Cai-se, então, no naturalismo condenado de forma solene pela Igreja, a quem sempre coube a responsabilidade — delegada por Cristo — de defender o precioso depósito da fé que salva (com esta última frase, parece respondida a pergunta do final do primeiro parágrafo).

    Ora, defender a vida e a moral por razões meramente humanas (como está pressuposto na idéia de que o uso da camisinha traz, em alguns casos, a noção de que nem tudo é permitido, e que portanto se estaria dando um primeiro passo para a moralização) é ignorar o supremo drama espiritual em que consiste a mesma vida — eliminando do horizonte conceitual as realidades escatológicas: céu, inferno e purgatório. É esquecer-se de que, muito mais do que simplesmente perder a vida, nos importa sobretudo o risco de perder a alma. Não à-toa, Santa Rita de Cássia rogou a Deus pedindo ardorosamente o seguinte: se por desgraça os seus filhos gêmeos fossem tornar-se assassinos vingadores da morte do pai (era a época da vendetta), que morressem. E Deus a atendeu: os dois morreram logo depois, sem levar para o outro mundo a mancha de um pecado tão grave na alma. Uma mãe rezando para os filhos morrerem antes de cometer um pecado mortal! Para a mentalidade dos modernistas, seria tal ato da Santa dos Impossíveis bom, do ponto de vista moral, tendo ela rezado pela morte dos próprios filhos?

    Ademais, se, para um cristão, salvar a vida — sua ou alheia — fosse o fim especificador do ato moral bom, como também está pressuposto na tão propalada fala da entrevista-livro do Papa Bento XVI, o sacrifício da Cruz seria intrinsecamente imoral, o que é um corolário necessário da premissa, e Cristo teria antes salvado-se a Si mesmo. Lembremos aqui da angustiosa oração de Nosso Senhor no Horto das Oliveiras: “Pai, afasta de mim este cálice”, à qual logo aduziu um “Não se faça a minha vontade, mas a Tua” (Lc. XXII, 42). Certamente trazendo em seu coração este divino e voluntário sacrifício, Santa Joana D’Arc disse aos seus algozes: “A viver negando a verdade, prefiro morrer”. E foi queimada.

    Amamos em Cristo o Papa e reconhecemos nele o Primado Apostólico. Mas o amor ao próprio Cristo, à Igreja por Ele instituída e à verdade nos obriga a algo tão incômodo quanto doloroso: defender a Autoridade contra as autoridades, como diz o Pe. Calderón no dramático e profundo livro A Candeia Debaixo do Alqueire. Esse amor, mesmo sendo nós pecadores tão contumazes, traz-nos a triste obrigação de afirmar, de público, que essa opinião papal sobre o uso da camisinha, levada às últimas conseqüências, representa exatamente o naturalismo que deságua numa coisa terrível e anticristã: uma moral sem a Cruz.

    ** Como se afirmou no texto Meandros da ignorância, a teologia moral tipificou os principais casos em que se dá ignorância nos atos propriamente humanos, e, no tocante à ignorância culpável, trata-se daquele tipo de ignorância vencível que sempre implica um grau de voluntariedade e de negligência em averiguar a verdade. Muitas vezes porque a razão está obliterada por paixões do apetite irascível.

    http://contraimpugnantes.blogspot.com/2010/11/sobre-camisinhas-e-prostitutosas-moral.html

  6. Jorge, salve Maria.

    Tudo é feito para justificar as palavras inaceitáveis de Bento. Se existem casos, ainda que extremos em que a camisinha possa (embora não deva) ser usada, então somente esse fato já justifica que existam fábricas de camisinhas e um sistema de distribuição das mesmas, além de uma série de outras consequências lógicas que se depreendem e decorrem desta espúria afirmação ratzingeriana.
    Não, não existem casos em hipótese nenhuma onde a camisinha possa ser usada. O garoto de programa tem que se converter e guardar a castidade, e a prostituta idem. Não é como o homicídio onde a lei divina nos proibe de matar, mas abre a exceção para a legítima defesa. Para a camisinha não existem exceções morais lícitas.

    Abraços a você, Jorge

    Sandro de Pontes

  7. Sandro de Pontes, não existem casos em que a camisinha possa (embora não deva) ser usada, segundo o Papa. Aliás, ele não fez essa distinção, entre poder e dever, porque Bento XVI não aconselhou o uso da camisinha.

    A lei divina nos proibe de matar, e não abre exceção para a legítima defesa. Quem matou em legítima defesa deve sentir a dor de ter “precisado” matar, embora tenha de considerar também que Deus não o cobrará (em pena) por esse pecado, ou o cobrará porquíssimo – por exemplo, na medida em que ainda se poderia ter evitado o pecado de algum modo.

  8. Renato Lima, o blog Contra Impugnantes é fechado a comentários. Sendo assim, já que você aqui reproduziu o texto do Sidney Silveira, e como está parecendo que você assim o fez por concordar com o que ele disse, vou fazer comentários àquele texto me dirigindo a você. Se esse não é o caso, por favor, avise-nos, e eu e os demais poderemos considerar que eu apenas comentei o que Sidney falou.

    Sidney Silveira escreveu:

    de outros li que usar camisinha é pecado venial, e não mortal;

    Fiquei curioso! Se isso pode ser uma distorção do que expressei em outro comentário, aqui no blog Deus lo Vult!, a respeito de existirem pecados mais graves e pecados menos graves.

    Eu gostaria de saber onde e quem falou que “usar camisinha é pecado venial”. A afirmação realmente é uma aberração.

    Sidney Silveira escreveu:

    de outros, ainda, que o Papa defendera o uso da camisinha como ‘mal menor’, sem saber que, no tocante à salvação, entre dois pecados mortais distintos não há propriamente mal menor, pois um só pecado mortal, de qualquer natureza, retira as graças atuais eficazes sem as quais ninguém pode salvar-se. Mas, para um modernista, estas são sutilezas teológicas que não cabe escavar;

    Entre dois pecados mortais não existe simploriamente a justificativa de mal menor, sem se considerar a busca de outra opção válida, é verdade. Mas isso está muito longe de significar que quem fornicou uma vez está necessariamente tão desgraçado quanto que apostatou uma vez. Se a comparação com a apostasia “parece” forçosa, compare então com o assassinato.

    Sidney Silveira escreveu:

    houve quem, por sua vez, afirmasse que não sendo aquela uma opinião revestida de carisma magisterial — como aliás frisamos noutro texto —, não haveria problemas, dando a entender com isto que o Papa pode muito bem ter opiniões privadas, em matéria de costumes, contrárias ou alheias aos princípios reitores da doutrina de sempre, desde que não sejam magisteriais. Só mesmo um modernista para pensar que um Papa pode dizer uma coisa como Doutor privado, e afirmar outras distintas ex cathedra, sobre a mesma matéria;

    Grifo meu. Estou com a impressão de que Sidney colocou palavras na boca de alguém…

    Aliás, eu já estava com essa impressão, que agora, ao chegar nessa parte do texto, foi fortalecida.

    Sidney Silveira escreveu:

    Outros argúem ainda que o Papa disse na sua entrevista ‘prostituta’, e não ‘prostituto’, como se isto mudasse um só jota do problema teológico de fundo.

    E não faz diferença? Cada caso não é um caso?!

    Sidney Silveira escreveu:

    Os malabarismos sofísticos são extensos

    Estou vendo… e no lugar dele eu diria: numerosos.

    Sidney Silveira escreveu:

    Mas vale dizer que, por trás de todas essas justificativas, muitas vezes, como diz o meu querido amigo Carlos Nougué, está um grau de ignorância culpável**, a vontade de não enxergar uma verdade evidente: não se pode dar um passo rumo à moralização pecando.

    Grifo meu.

    Sidney Silveira não peca?

    Ou se é completamente moral ou não se é moral?!

    Sidney Silveira escreveu:

    O Magistério e os grandes Doutores demonstraram, durante séculos, a existência de um liame inextricável entre a lei natural e a lei eterna. Se se rompe artificiosamente esse liame, a lei natural vai-se corrompendo até o ponto de tornar-se contraditória, absurda.

    Ele, por certo, quiz dizer “a compreensão da lei natural vai-se corrompendo”. Porque a lei natural não muda.

  9. Jorge,

    Não me surpreende que tal matéria tenha sido publicada nesse site.

    Eles tem o péssima hábito de publicar as coisas pela metade ou de simplesmente distorcer os fatos.

    O pior foi que eu ouvi um dia desses em um telejornal da Rede TV ou Band (não me lembro). Eles diziam que o Papa tinha liberado o uso da camisinha para as protitutas (os) e para pessoas com o virus HIV.

    Lamentavel

  10. Robson Oliveira escreveu:

    A Graça supõe a natureza. Existe, sim, uma moral sem Cruz. Imperfeita, mas existe.

    Muito complicado isso! Está muito vago. Pode nos explicar? Escrever alguns parágrafos, na tentativa de explicar, pelo menos?

  11. Jorge,

    Concordo inteiramente com você no sentido de que de modo algum o papa “liberou” ou “permitiu” o uso dos preservativos. Contudo, o papa abriu uma brecha para o mundo pagão e a mídia oportunista especular e inventar essas distorções no sentido de que atribuiu uma certa segurança aos preservativos e deixou de falar nas consequências eternas para a alma por parte daqueles que praticam a sodomia.

    Por outro lado, convenhamos que não faz sentido algum dizer que o uso do preservativo por parte de um sodomita pode ser um primeiro passo na direção de uma sexualidade mais humana, visto que a sodomia é contra a natureza. Não há vinculaçao de causa e efeito. Nesse caso, a “sexualidade mais humana” só poderia ser um abandono do pecado e isso não se consegue com o uso do preservativo.

  12. Maria e demais comentaristas, quem dá um primeiro passo na direção de um destino não necessariamente chega a esse destino com esse único passo.

    “Se você dá um primeiro em direção à geladeira de sua casa, não necessariamente você chega a ela, à geladeira, a não ser que você já estivesse perto da tal geladeira, a um passo dela.”

  13. Robson Oliveira, uma moral sem Cruz? O que raios vem a ser isso? Uma moral imperfeita? Como assim?! Acho que você nos deve, sim, um detalhamento de suas palavras, desde já. Perdoe-me, não faço ironia, nem pretenso patrulhamento, eu realmente ignoro o significado disso que você nos disse.

  14. Em “A verdade sobre os preservativos”, por Martin Rhonheimer, no postTeólogo do Opus Dei defende comentários do Papa sobre preservativos. Em artigo de 2004!“:

    A norma moral que condena a contracepção como intrinsecamente má não se aplica a estes casos [das pessoas promíscuas, dos homossexuais sexualmente ativos e das prostitutas, que ignoram o ensinamento da abstinência sexual e correm o risco de contrair o HIV]. Nem pode haver um ensinamento da Igreja sobre isto [de usar, nesses casos, preservativos para impedir a infecção]; é simplesmente um non-senso estabelecer normas morais para tipos de comportamento intrinsecamente imorais.

    Grifo meu. Contéudo entre colchetes “também”.

  15. Alexandre, salve Maria.

    Você escreve:

    “(…) Quem matou em legítima defesa deve sentir a dor de ter “precisado” matar, embora tenha de considerar também que Deus não o cobrará (em pena) por esse pecado, ou o cobrará porquíssimo – por exemplo, na medida em que ainda se poderia ter evitado o pecado de algum modo”.

    Prezado, se Deus “não o cobrará” por “este pecado” é justamente porque não é pecado. Sim?
    Ou a legítima defesa é legítima defesa e não é pecado ou então não é legítima defesa e é pecado. Que confusão a sua, hein? se Deus não o cobrará então não é pecado, ou você defende que Deus não cobre algum pecado cometido pelo homem? E se este homem poderia ter evitado matar ele não agiu em legitima defesa, sendo assim homicida.
    Logo, repito: a legitima defesa não é pecado embora você mate alguém. E onde não há pecado não é necessário reparação e nem sentimento de culpa.
    Outro exemplo diferente da le´gítima defesa: um funcionário público que trabalhe para um Estado Católico que condenou alguém a pena de morte vai lá e aperta o botão que liga a cadeira elétrica. Ora, o condenado então morre. Este funcionário que apertou o botão, bem como o juiz que deu a sentença condenando o fulano a morte, ambos podem dormir tranquilamente, sonhando com os anjos, sem remorço nenhum.
    Abraços,

    Sandro

  16. Mas quando um dos cônjuges é soropositivo? Seria lícito o uso do preservativo?

  17. Caro Sandro de Pontes,
    Só para esclarecer bem, o exemplo citador por você, de um funcionário do governo que aperta o botão da cadeira elétrica para matar um condenado, não é caso de legítima defesa, segundo o Código Penal, mas de estrito cumprimento do dever legal, que a meu ver também escusa de qualquer pecado.
    Um abraço.
    Carlos.

  18. Prezado Carlos, salve Maria.

    Sim, você tem razão. Mas é por isso que antes de dar este exemplo eu escrevi justamente “Outro exemplo diferente da legítima defesa”. Pode conferir acima.

    Abraços fraternos,

    Sandro de Pontes

  19. Caro George,

    Não enrole, George, você como sofista é um ótimo fâ de Paul McCartney.

    O que Bento XVI expõe sobre o uso da camisinha pelo(a) prostituto(a) se trata apenas de um fato e não uma justificativa do seu uso? Ora, Bento XVI tenta se justificar do que afirmou sobre a camisinha para expor um fato em que TODO O MUNDO MODERNO E PAGANIZADO SABE (e aceita)? Bento XVI é Papa mas também um intelectual e não um mongolóíde.

    Seria mais responsável e honesto da sua parte deduzir que Bento XVI tolera APENAS o uso de preservativos por prostitutas.

    E não será Taiguara ou o Padre Fulano NeoConservador que dará a “hermenêutica da continuidade” do que o Papa disse..come on!

  20. Sandro Pontes, Carlos, a lei dos homens não é a implementação perfeita da lei de Deus, pra começar.

    Alguns mártires evitaram a “legítima defesa” e morreram, e isso contribuiu para serem considerados santos. Poderiam eles ter reagido com agressões às opressões que recebiam por causa de sua religião. Não fizeram assim. Por que preferiram seguir todo um conjunto de conselhos, provavelmente da forma mais perfeita que conseguiriam.

    Esses conselhos, de Deus, foram conhecidos por eles principalmente através de suas consciências, em experiências individualíssmas.

    Se tivessem reagido, reclamando a religião com o punho, muitos não estariam na glória dos altares, hoje. No entanto, alguns (muitos?) que mataram em legítima defesa, fazendo guerra em nome de religião, podem sim estar com Deus na eternidade.

    Não estou deixando de considerar que existiu, por exemplo, uma Santa Joana D’Arc. É razoável pensar, em um primeiro momento, que ela matou, e não matou pouco. Todo o contexto histórico em que ela viveu é usado pelo Advogado e considerado pelo Juiz, que, segundo me consta, é o mesmo Cristo.

    (Onde, na lei dos homens, que admitimos podermos ter um tribunal assim, em que o juiz é o advogado?)

    E os homens da Igreja, somente iluminados por Deus – Misericórdia e Justiça, e que tudo sabe -, podem ter em suas pequenas cabeças que ela [Joana D’Arc] é santa. Ela é.

    Agora, chame a democracia (o povo) pra julgar Santa Joana D’Arc, pra ver qual é o lugar que darão a ela! A maioria, pelo menos a maioria de hoje. Certamente não será um lugar no céu! Um julgamento “misericordioso” colocará ela num manicômio eterno.

    O politicamente correto e a cultura mudam com o tempo e o lugar, e alteram os julgamentos humanos. O que alguns homens entendem como legítima defesa outros não entendem. O julgamento de Deus considera o julgamento dos homens, mas é singular, diferente do julgamento preciso de qualquer de nós.

    Lei civil serve para, achando pontos médios, permitir-se o convívio na diversidade – a mais ampla diversidade, tido ao pé da letra, não a “diversidade” que se admite legitimamente dentro da Igreja.

    A lei dos homens não serve como parâmetro para identificar o que é pecado ou não. Matar é pecado. Deus deixa sim de fazer cobranças, porque ele é também Misericórdia, e não apenas Justiça. Além de perdoar, pode dar indulgência.

  21. Alexandre,

    A legítima defesa é um direito e às vezes um dever. Para o policial, por exemplo, que tem como única saída matar o criminoso que está com um refém e o ameaça de morte, é um dever moral no sentido pleno da palavra: se ele, na citada circunstância, julga prudentemente que a única maneira de livrar o refém é matando o agressor, ele peca se se recusa a atirar. O que está em jogo não é a vida dele, portanto, não é simplesmente a legítima defesa, nesse caso, um direito que ele possa sacrificar em vista de um bem maior, como seria se o caso se referisse só a si mesmo.

    Nas palavras do Catecismo da Igreja Católica, parágrafos 2321: “A proibição de matar não ab-roga o direito de tirar a um opressor injusto a possibilidade de prejudicar. A legítima defesa é um dever grave para quem é responsável pela vida alheia ou pelo bem comum”.

    Sugiro a leitura de todo o trecho dos parágrafos 2258 ao 2330 para uma autêntica – e autorizada – compreensão do quinto mandamento.

    Abraço.

  22. Quero saber até quando a mídia vai continuar com essa história das declarações do Papa sobre camisinha. Com certeza, não dura tanto. O que a mídia vai fazer? A caveira do Papa ou a “propaganda” do Papa?

    Dona mídia, tosca e ridícula, mitomaníaca compulsória, está refém de seu próprio vício.

    Estou rindo disso tudo.

  23. Juliano, salve Maria.

    Como vai você? Espero que tudo esteja bem em sua vida.
    Isso que você diz é tão interessante e correto que São Tomás de Aquino ainda dá mais um motivo para nós, católicos, salvarmos nossas vidas diante do perigo de sermos assassinados, além da legítima defesa. Diz ele que, sendo certo que somos católicos e não sendo certo que nosso adversário o seja, ou sendo certo que ele não é católico, então é mais um motivo para que nós lutemos para sobreviver, ainda que para isso venhamos a matar, porque agindo desta forma salvamos nossas vidas (legítima defesa) fazendo com que uma pessoa com a verdadeira fé (no caso o católico que sobrevive) continue no mundo, morrendo aquele que não tem fé ou a tem e não pratica, sendo preferível que este morra, sempre de acordo com São Tomás.
    Será que o Alexandre aceitará estas palavras do santo doutor? Hum, acho que não….o que Alexandre diz sobre os mártires morrerem e optarem por não matar em legitima defesa parece-me inverossímel, porque os mártires eram perseguidos, capturados por grupos e mortos, de modo que não me parecem que eles tinham muita opção a não ser a de morrer santamente nas mãos dos perversos.
    Abraços,

    Sandro de Pontes

  24. Caro Sandro de Pontes,
    Você tem razão. Li muito rápido aquela mensagem e só agora vi que vc ressalvou que o caso do carrasco é diferente da legítima defesa.
    Também concordo que os mártires não tinham a opção de praticar a legítima defesa. Se tivessem essa opção, creio que muitos a teriam usado, justamente porque é legítima. E às vezes até obrigatória.
    Um abraço.
    Carlos.

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