Sim, defender a vida vale a pena

Comento, apenas brevemente, um parágrafo de um texto de D. Odilo Scherer publicado este fim de semana no Estadão, que merece uma leitura na íntegra. O parágrafo é o seguinte:

Não é por demais inglório manifestar-se sobre essa questão antipática, recebendo o carimbo de “conservador” e “mente fechada”? Dia mais, dia menos, o aborto será aprovado; existem pressões muito fortes sobre os legisladores e diversos interesses estão em jogo. Vale mesmo a pena? Eis o problema. A questão delicada da dignidade humana e do direito à vida é demasiado séria para ficar refém da pressão ideológica.

Eu penso já ter dito aqui que o valor das causas não está simplesmente na sua possibilidade de sucesso, mas que lhes é intrínseco. A verdade não deixa de ser verdade ainda que todo mundo dê crédito a mentira, e uma causa justa não deixa de ser justa (muito pelo contrário, aliás) se todo mundo estiver comprometido com a injustiça. Há muito de verdade no famoso bordão atribuído a Santo Atanásio: «se o mundo estiver contra a Verdade, Atanásio estará contra o mundo».

Isto não significa fechar por completo as possibilidades de diálogo (palavra tão mal entendida nos dias de hoje!); significa apenas ser capaz de manter uma sadia intransigência em certos princípios inegociáveis. Conversar com as pessoas que não pensam como nós é não somente possível como necessário: é somente dessa maneira que será possível a estas pessoas mudarem de idéia, afinal de contas. Não sei por que cargas d’água a palavra “diálogo” parece evocar na mente de alguns uma igualdade absoluta entre os interlocutores. Ora, isto absolutamente não é verdade e, se é necessário estabelecer um terreno comum entre os dialogantes como condição mesma para a existência do diálogo, isso de modo algum significa colocar em pé de igualdade as posições defendidas pelos dois lados antagônicos no debate de idéias. Santo Tomás já dizia que usava a razão contra os pagãos, o Antigo Testamento contra os judeus e as Escrituras inteiras contra os hereges; não penso que isso se distancie muito daqueles «círculos concêntricos, em que a mão de Deus nos colocou» sobre o qual Paulo VI fala na sua Encíclica sobre o Diálogo (Ecclesiam Suam, nn. 54ss).

Em uma palavra, por fim: o (justo) desejo de não ser antipático não pode levar à entrega de territórios cuja defesa não nos é lícito abandonar. Precisamos nos fazer ouvir, é certo; mas se os nossos interlocutores só nos concederem o beneplácito de sua atenção em troca de abandonarmos as nossas mais profundas convicções doutrinárias e morais, então não poderemos aceitar as suas condições porque, se o fizermos, nada mais teremos a lhes dizer. É essa a pertinente resposta que D. Scherer dá no seu artigo: há questões que são «demasiado séria[s] para ficar[em] refém da pressão ideológica». Se não nos querem ouvir, precisamos continuar falando; se a derrota é inevitável, então somos obrigados a morrer defendendo aquilo que sabemos ser certo.

Sim, lutar contra o inevitável pode parecer inglório, mas é somente aparência. A verdadeira glória está em defender o que é certo, independente das pressões que porventura soframos no caminho. Sim, defender a vida vale a pena. Por mais que o horizonte se nos descortine fechado e por mais que não pareça haver luz no fim do túnel, não temos o direito de duvidar jamais disso.

Há espaço para as Universidades Católicas num mundo pluralizado?

A direção da PUC-SP negou pela segunda vez a decisão do Conselho Universitário de rejeitar a nomeação da profa. Anna Cintra para a reitoria da Universidade [1]. A nota foi clara: «Sendo a PUC-SP uma universidade comunitária-privada, somente o grão-chanceler [no caso, o arcebispo Dom Odilo Scherer], como instância de deliberação máxima, tem poderes para revogar a nomeação da Reitora, nos termos de seus estatutos». Os professores suspenderam a greve [2].

Anteontem, uma liminar da Justiça havia suspendido a nomeação da reitora [3] até que o Conselho Universitário julgasse um pedido de anulação feito pelos alunos. O julgamento foi feito ontem, quando «representantes de professores, alunos e funcionários, que formam o conselho, aprovaram um recurso dos estudantes de direito da PUC, que pedia a suspensão da lista tríplice dos candidatos à reitoria» [1]. Mesmo assim, «a direção da PUC julgou “incoerente” a decisão do conselho suspendendo a lista tríplice, pois há quase 90 dias o mesmo órgão havia aprovado os três nomes» [1]. Tendo havido o julgamento, a liminar perde a validade [3]; a direção da PUC rejeitando a decisão do Conselho Universitário, a profa. Anna Cintra permanece na reitoria [1]; sendo suspensa a greve [2], espera-se que os ânimos se pacifiquem e os grevistas (ao menos por enquanto) aceitem a nomeação da nova reitora. Mas eu não me arrisco a prever o desenrolar deste imbroglio todo.

Mais do que as questões de fato (que inclusive já haviam sido comentadas no Deus lo Vult!), interessam-nos aqui os princípios por trás desta disputa toda. Em artigo publicado na Folha de São Paulo, o Cardeal Odilo Scherer, grão-chanceler da PUC-SP, fez uma aberta defesa da missão da Universidade Confessional e Católica dentro de uma sociedade democrática e plural:

Para um pesquisador cristão, a coerência com a sua fé não o faz sobrepor ao seu trabalho critérios alheios à ciência; sua própria fé leva-o ao amor à verdade e ao respeito pela dignidade da pessoa humana.

Num contexto relativista, como o atual, uma universidade católica contribui para mostrar que há valores inegociáveis, como a busca da verdade, o valor da vida humana em todas as suas etapas e a dignidade da mulher.

[…]

Por isso, mesmo, num mundo que parece esquecer-se de Deus, uma universidade católica tem uma importante função social, também como contribuição para o pluralismo e a liberdade de pensamento. E isso não parece irrelevante para o convívio democrático!

A posição de Dom Odilo está perfeita e responde com maestria à pergunta que intitula este texto. Esta firmeza do Cardeal de São Paulo, contudo, provocou a ira de outros colunistas da Folha de São Paulo. Na última terça-feira, o Vladimir Safatle reservou o seu espaço hebdomadário no jornal para criticar não apenas a posição de D. Odilo, como também o próprio lugar de uma Universidade Confessional dentro de um Estado Democrático. As idéias do colunista são francamente absurdas; para ficar em só dois exemplos:

1. «Desde o seu início, ela [a Universidade] foi uma ideia vinculada à constituição de um espaço crítico de livre pensar. Ela era a expressão social do desejo de que o conhecimento se desenvolvesse em um ambiente livre de dogmas, sem a tutela de autoridades externas, sejam elas vindas do Estado, da igreja ou do mercado».

Conversa fiada pura e simples. As Universidades foram inventadas pela Igreja Católica na Idade Média. Elas nunca pretenderam ser um espaço livre das influências da Igreja, primeiro porque o homem medieval não conseguia conceber nada de útil que pudesse existir à margem das influências benéficas da Igreja de Cristo, e segundo porque foi a própria Igreja a responsável pela criação do Sistema Universitário. O que o Safatle está falando é simplesmente uma inverdade histórica grosseira.

2. «A universidade, mesmo particular, é uma autorização do poder público que exige, para tanto, a garantia de que valores fundamentais para a formação livre serão respeitados».

Isto é uma meia verdade que, no contexto do artigo, se transforma em uma mentira completa. Televisão é concessão pública, Universidade não.

É verdade que a Constituição Federal exige da iniciativa privada «I – cumprimento das normas gerais da educação nacional; [e] II – autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público» (Art. 209). No mesmo sentido, o Decreto 5.733 de 2006 diz que «o funcionamento de instituição de educação superior e a oferta de curso superior dependem de ato autorizativo do Poder Público» (Art. 10), mas – atenção! – isto é «nos termos deste Decreto» (id. ibid.), e não na concepção do articulista da Folha. E os termos dispostos na lei não justificam, nem de longe, a ameaça velada que o Safatle faz: não há absolutamente nada aqui (nem na 10.861/2004, nem em lugar nenhum) que impeça um Instituto de Ensino Superior de ser Confessional. O Decreto fala da regulação pelo MEC, dever legal com o qual a PUC-SP – até onde conste – está em dia.

Os «valores fundamentais para a formação livre» exigidos pelo Poder Público brasileiro para o funcionamento das Universidades não exigem sua “aconfessionalidade”. Muito pelo contrário aliás, a Lei de Diretrizes e Bases reconhece explicitamente a existência das Universidades Confessionais (Art. 20, inciso III), contrariando frontalmente o articulista da Folha que diz não haver, «no interior da República, (…) espaço para universidades católicas, protestantes, judaicas ou islâmicas». E o sujeito me vem falar em “formação livre”! Que formação livre, se ele deseja impôr a todas as Universidades brasileiras – tanto públicas como privadas – uma orientação político-ideológica particular que nem a própria legislação brasileira impõe?

Por fim, a bravata do final do artigo é somente isto: uma bravata pueril e cínica. O MST mantém mais de 1500 escolas em todo o país. No dia em que o Vladimir Safatle vier a público exigir que nestas escolas se ensine a propriedade privada, o agronegócio e o latifúndio, aí a gente pode começar a pensar em levá-lo a sério. Enquanto isso, o seu discurso sobre o dever das instituições católicas de promoverem valores contrários aos da Igreja não passa de hipocrisia mal-disfarçada.

Crise nas Universidades Católicas: PUCPR e PUCSP

– Foi amplamente noticiada, no final do mês passado, a polêmica envolvendo críticas à Doutrina da Igreja proferidas por um membro do Corpo Docente da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Para quem não se lembra (ou não acompanhou):

A polêmica começou depois que uma carta de um aluno seminarista, que não se identificou, foi publicada em um blog religioso. No texto, o autor acusa o professor de Filosofia Francisco Verardi Bocca de dizer blasfêmias e desrespeitar os dogmas da Igreja. O professor teria dito que “a eucaristia é um baseado, que o padre vai passando de mão em mão… É uma droga lícita…”. Em outro trecho, diz: “Esse papa é tão ruim que nem Deus gosta dele”. O post foi publicado no blog fratresinunum.com em 18 de outubro e recebeu quase 60 comentários de apoio.

A matéria do Estadão disse ainda «que um representante do papa chegou a pedir esclarecimento da direção da universidade»; a PUC negou. No entanto, uma nota conjunta sobre o assunto assinada pelo reitor da PUC e pelo Arcebispo de Curitiba (que não consegui encontrar nem no site da Universidade e nem no da Arquidiocese) parece ter sido escrita em resposta a este (não admitido) questionamento vaticano, pois ela diz que «[a] PUCPR segue integralmente a Constituição Apostólica Ex Corde Ecclesiae de Sua Santidade o Papa João Paulo II, dada a sua condição institucional de Pontifícia Universidade Católica». Como praticamente nenhum jornalista sabe o que é a Ex Corde Ecclesiae (que nem sequer foi citada pela mídia secular, e o foi somente en passant pelo  texto original do Fratres in Unum), o destinatário da mensagem me parece claramente ser o Vaticano – embora a Universidade o negue.

Sobre o assunto, a Gazeta do Povo publicou dois textos: um escrito pelo sr. Bortolo Valle, «professor titular do programa de Pós-Graduação em Filosofia da PUCPR», e outro da lavra do sr. Joel Pinheiro, «mestrando em Filosofia» e «editor da revista cultural Dicta&Contradicta». Deste último, destaco: “assim como a instituição reconhece o benefício de ter professores diversos, eles também deveriam reconhecer o mérito da instituição, comprometendo-se a respeitar seus valores, ainda que discordem deles. A ofensa verdadeira não está na manifestação da descrença, mas no intuito de ridicularizar a crença – intuito que nunca parece ser grande coisa para quem faz a brincadeira, mas que é percebido como grave pelos ouvintes afetados”.

* * *

– Também em São Paulo há uma Universidade Pontifícia no olho do furacão. Alguns cursos da PUCSP estão em greve desde o último dia 13 de novembro por conta da «indicação da professora Anna Maria Marques Cintra para assumir a reitoria, nomeada pelo cardeal dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo e grão-chanceler da universidade». A professora foi a terceira mais votada nas eleições internas da Universidade; o Estatuto Universitário prevê que a escolha do reitor é feita pelo grão-chanceler a partir de uma lista tríplice elaborada pela comunidade acadêmica. Os grevistas querem que a professora renuncie à reitoria.

Houve recentemente uma encenação, num dos campus da PUC (Perdizes), em protesto contra a eleição da nova reitora. A matéria nos dá alguns importantes detalhes a respeito da tolerância dos grevistas:

  • O sacerdote [um boneco de 3m de altura – na verdade é um bispo], que dizia “querer a PUC”, teve partes do corpo mutiladas até perder a cabeça. Morreu ouvindo a frase derradeira: “O senhor também não pode querer ter tudo. Muito menos a PUC”.
  • Zé Celso iniciou o espetáculo com frases provocativas: “Fora Anna Cintra!”; “O Vaticano tem que entrar pelo cano! Chega!”.
  • “O movimento político da PUC ficou forte e vai tocar o mundo. O papa é um ditador. A Igreja castra e o catolicismo é antropófago”, disse Zé Celso, após o ato.

O Legado d’O Andarilho também publicou o fato, e é deste blog que retiro a foto abaixo, retratando a pacífica e educada manifestação artística na PUC:

Segundo consta, o cardeal Odilo Scherer garantiu que não volta atrás. Que Santo Tomás de Aquino interceda pelas Pontifícias Universidades, e conceda aos que fazem parte dela – administrando, lecionando ou estudando – a sabedoria necessária para resgatarem a sua identidade católica, tão esquecida e tão necessária nos tempos modernos.

A Fé decorre da própria inteligência humana, e não de suas limitações

Muito bonito este artigo de D. Odilo publicado sábado no Estadão, que vale a leitura na íntegra e do qual destaco:

Nossa inteligência é “capaz de Deus” e não está fechada para Ele. Crer é um ato humano livre por excelência, mediante o qual nos abrimos ao supremo Tu, ao Deus pessoal, e podemos alcançar uma certeza interior não menos importante do que aquela que nos vem das ciências exatas ou naturais. Reduzir nossa capacidade racional às certezas verificáveis seria diminuir essa mesma capacidade.

E isto vem ao encontro de várias coisas que costumamos falar aqui no Deus lo Vult! a respeito da capacidade humana de crer e da arbitrariedade irracional da resposta atéia ao problema de Deus. Para além de quaisquer limitações da moderna ciência paira o Onipotente, e reconhecê-Lo é um dever imperioso da consciência sincera, é decorrência da própria capacidade humana de questionar o Universo.

Sim, crer ainda faz sentido, porque este ato decorre da própria essência do ser humano, e não – como os paladinos do ateísmo gostam de fazer acreditar – de limitações intelectuais contingentes próprias de determinadas épocas históricas.

Cardeal e bispos brasileiros em defesa da vida – Wagner Moura

[Reproduzo na íntegra o post do Wagner Moura, que traz uma importante coletânea de pronunciamentos – graças ao bom Deus, por vezes bem duros! – de prelados brasileiros contra o aborto de anencéfalos. O caso, como sabemos, será julgado depois de amanhã pelo STF. Não estão em jogo alegadas liberdades individuais nem supostas opressões injustas sofridas pelas mulheres; o que está em jogo é o respeito à vida humana, a recusa ao caminho (mais fácil e mais cômodo, concordamos sem dúvidas) da eliminação dos deficientes, a firme rejeição de toda eugenia: rejeição que é condição fundamental para que se possa falar em sociedade civilizada.]

Cardeal e bispos brasileiros em defesa da vida

Contra permissão para aborto de bebês com anencefalia, tanto o cardeal Dom Odilo Scherer quantos alguns bispos do Brasil estão se manifestando publicamente por meio dos veículos católicos, especialmente, como ACI Digital.

Cardeal Dom Odilo Scherer:É preconceituoso e fora de propósito afirmar que a dignidade da mãe é aviltada pela geração de um filho com anomalia; tal argumentação pode suscitar, ou aprofundar um preconceito cultural contra mulheres que geram um filho com alguma anomalia ou deficiência; isso sim, seria uma verdadeira agressão à dignidade da mulher.”

Dom Orani João Tempesta:Eu faço um apelo aos senhores Ministros do STF para que possam refletir sobre esta enorme responsabilidade que têm, primeiramente em defender a própria Constituição Brasileira, que valoriza a vida em todas as circunstâncias; depois, sua responsabilidade em relação à História, pois todos seremos julgados sobre as decisões que tomamos.”

Dom Alberto Taveira:Nossa convicção é muito clara e muito forte de que não há qualquer argumento que justifique o aborto diretamente provocado. Nossa manifestação é diametralmente contrária porque nos baseamos no Mandamento da Lei de Deus e numa clareza do Magistério da Igreja em toda sua História.”

Dom Fernando Arêas Rifan:Pela porta do povo não se consegue porque a esmagadora maioria do povo é contra a legalização do aborto; pelo executivo não haverá essa tentativa; pelo legislativo ainda não se conseguiu, então, tenta-se agora o Judiciário. É uma porta pela qual vão tentar entrar.”

Dom José Antonio Peruzzo:Pedimos aos senhores Juízes do Supremo Tribunal Federal que a vida não seja desrespeitada e que nessa Casa o primeiro direito de todos, que é o direito de viver, seja contemplado e apreciado. Que Deus os ilumine senhores Juízes do STF”.

Dom Dimas Lara Barbosa:No caso específico dos anencefálicos, primeiramente é preciso que se diga que a própria terminologia é inadequada. Não é verdade que a criança não tenha cérebro, pois se assim o fosse ela seria natimorta. O que acontece são graus diferenciados de má-formação em partes do cérebro que, sim, vão dificultar e muito uma vida normal dessas crianças mas que, de forma alguma, permitem que elas sejam qualificadas como “cadáveres”, como “seres inanimados”.

Dom Antônio Augusto Dias Duartes:Diante da questão ponderada pelos ministros do STF a respeito das crianças que estão se desenvolvendo no útero materno com mal-formação denominada anencefalia, eu, como bispo auxiliar do RJ e também como médico, compreendo perfeitamente todas as circunstâncias que envolvem esta gravidez. Porém, por cima de todas elas, existe uma realidade que é intocável: em primeiro lugar, a dignidade da maternidade feminina, que dá à nossa sociedade a certeza de que qualquer ser humano, independentemente de suas circunstâncias de saúde ou circunstâncias sociais é amado desde o útero materno.”

Dom Airton José dos Santos:Aos Ministros do STF e a todo o povo do Brasil, nós defendemos o direito à vida de todas as pessoas. Acreditamos naquilo que deve ser feito por aqueles que têm autoridade no País, neste caso, os juízes do STF: a vida humana não se restringe aos anos que vivemos nem ao tipo de vida que levamos. A vida humana é vida humana, independentemente de qualquer condição. Nós devemos protegê-la, favorecê-la e dar-lhe condições para que seja valorizada e respeitada. Não importa se ela há de durar um minuto ou cem anos”.

Dom Jacyr Francisco Braido:Este apelo eu quero dirigir aos Ministros do Supremo Tribunal Federal para que repensem este assunto. Dirijo-me também a todos os cidadãos brasileiros para que se manifestem em favor da vida, acima de tudo. Temos que tomar muito cuidado com certos passos que vamos dando de forma inconsequente e que levam, ao final, a comprometer a existência humana e a disponibilidade das mulheres em gerar novos filhos para a sociedade contemporânea.”

Dom Henrique Soares:É como filho da humanidade, como filho da pátria brasileira e como bispo da Igreja que eu peço a atenção dos senhores Ministros e peço ao povo brasileiro que não baixe jamais a guarda na discussão dessas questões. E que grite em defesa dos grandes valores humanos que forjaram e que norteiam nossa sociedade, nossa cultura”.

“Nossa Senhora do Crack” (?!)

A Virgem Santíssima é sem dúvidas a Mãe dos Desvalidos. Isto, contudo, não significa que se Lhe possa conferir arbitrariamente títulos desrespeitosos sob o pretexto de promover uma “aproximação” entre Nossa Senhora e as misérias da vida humana.

A proposta de se fazer uma imagem de “Nossa Senhora do Crack” é absurda e irracional, e só poderia encontrar defensores nestes tempos de miséria religiosa nos quais vivemos. Todos os títulos da Virgem Santíssima honram locais de aparições marianas (Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora de Lourdes), dogmas a Ela referentes (Nossa Senhora da [Imaculada] Conceição), virtudes d’Ela (a virtual totalidade da Ladainha Lauretana) ou súplicas para necessidades diversas (Nossa Senhora do Bom Parto, Nossa Senhora da Boa Viagem, Nossa Senhora da Vitória). Nunca existiu um título da Virgem que fizesse referência direta a pecados ou a objetos que praticamente só têm uso pecaminoso.

Não obstante, sempre foram feitas diante da Virgem Santíssima (e inclusive utilizando-Lhe o nome) referências a situações difíceis que os filhos d’Ela atravessam neste Vale de Lágrimas. Assim, p.ex., diante da escravidão imposta pelos infiéis muçulmanos aos católicos durante a Idade Média, nasceu Nossa Senhora das Mercês; e, como padroeira daqueles que eram forçados a viver longe de sua pátria natal, popularizou-se o título de Madonna degli Emigranti (aqui, Nossa Senhora do Desterro). Assim – e só assim – talvez fosse possível discutir a conveniência de se invocar a Santíssima Mãe de Deus sob um título de “Nossa Senhora dos Viciados” ou coisa parecida – e, mesmo assim, lembrando que nunca houve uma “Nossa Senhora dos Ladrões”, uma “Nossa Senhora dos Assassinos” ou uma “Nossa Senhora dos Adúlteros”…

Mas, simplesmente “do crack”, não. O título raia à blasfêmia (se é que não cai nela completamente!), uma vez que sugere que a Virgem Santíssima possa ter alguma relação com esta droga terrível. Qualquer pessoa consegue perceber isso; até mesmo, para surpresa nossa e vergonha dos nossos dirigentes religiosos, usuários de crack dos arredores do local onde a tal imagem foi colocada. Eles disseram:

“Achei ridículo. Na minha opinião é um pecado sem tamanho. Pusesse um outro nome, Nossa senhora da Apa, rogai por nós”.

“Quem fez isso aí errou, não devia ter feito porque, queira ou não, não pode envolver uma santa com o crack, que é uma santa da igreja, coisa de Deus, então nós tem que respeitar”.

“Nós quebramos porque é a santa do mal, é como se fosse a santa do mal. A santa do crack”.

“Porque o crack não é bom, o crack não é de Deus e a santa é uma santa divina, uma coisa boa”.

No entanto, o pe. Lancelotti disse “que a idéia do artista foi louvável por levar uma esperança para quem vive no mundo das drogas”. E o cardeal de São Paulo, dom Odilo Scherer, dedicou uma série de tweets para defender a estátua [veja-se, p.ex., aqui, aqui, aqui e aqui]. E arremata:

Estes desvalidos em questão – os dependentes químicos – já têm uma Mãe que rogue por eles, e não aceitam estas invencionices modernas que juntam, na mesma invocação à Virgem Santíssima, o nome da Mãe de Deus e o do crack. Os viciados entendem a absurda diferença existente entre o bem e o mal, entre Nossa Senhora e as drogas. Melhor fariam os nossos pastores se ignorassem “artistas” modernos de gosto bastante duvidoso e dessem mais atenção àqueles que pretendem defender.

Assuntos Ligeiros

–  Questão do Enem promove o ateísmo, no Mídia Sem Máscara. A questão pode ser encontrada aqui (é a oitava). Apresentam-se duas posições distintas, de Dom Odilo Scherer e do ateu americano Daniel Dennet. Todas as alternativas são toscas, mas a resposta correta – segundo o gabarito – diz o seguinte: “o arcebispo usa uma lacuna da ciência para defender a existência de Deus, enquanto o filósofo faz uma ironia, sugerindo que qualquer coisa inventada poderia preencher essa lacuna”. Maravilha de educação, não?

– Um texto anti-comunista no site da CNBB – Deo Gratias! Dom Aldo Di Cillo Pagotto reproduziu o Decálogo de Stalin. Verdade seja dita, não consta que Stalin o tenha realmente escrito, mas tais diretrizes deduzem-se, sim, da praxis histórica dos comunistas. Procurando a fonte dele na internet, deparei-me com o seguinte comentário de encantadora lucidez: “esse decálogo está sendo seguido à risca por Lula e sua petralhada”…

– Triste notícia número 1: padre colombiano diz que Igreja é o armário dos gays. “Segundo o padre, 30% dos 120 sacerdotes de Cali são gays”. Rezemos pelo clero.

– Triste notícia número 2: La “triple vida” de Marcial Maciel. No Fratres in Unum: novos filhos buscam direitos hereditários nos bens da Legião de Cristo. “[T]rês filhos de Marcial Maciel nascidos no México disputarão com os Legionários de Cristo para que se reconheça sua existência, assim como seus direitos hereditários sobre os bens do fundador da ordem religiosa”. Rezemos, rezemos mais, pelo clero.

– Manifesto da Associação Causa Imperial: A República cai de podre. “Hoje, a política brasileira é indissociável do desvio de dinheiro público, da sonegação fiscal e do uso da má-fé. Praticamente ninguém acredita que seja possível ocupar um cargo eletivo sem recorrer a meios espúrios, antes mesmo das eleições, dentro dos nossos asquerosos partidos políticos, verdadeiras quadrilhas nos quais o saque e a pilhagem são a única lei”. O desabafo da nobreza! Nossa Senhora Aparecida tenha compaixão do Brasil.

Quando as autoridades se calam

Algumas coisas me surpreendem verdadeiramente. A missa do dia primeiro de maio, celebrada na Catedral de São Paulo, deveria este ano – segundo disse Dom Odilo Scherer, cardeal arcebispo, no ano passado – fugir da politização e “reunir trabalhadores e empresários em torno do altar”, conforme esta notícia que foi dada no Estadão. No entanto, será – de novo! – uma missa voltada só para os trabalhadores, porque “a Pastoral Operária, da Arquidiocese de São Paulo, resistiu à mudança”!

Quem diabos pensa a “Pastoral Operária” paulista que é, para resistir à determinação de seu Cardeal Arcebispo? Por que misterioso motivo o senhor Cardeal – data maxima venia – não fez valer o báculo que carrega e a púrpura que veste, ao invés de permitir esta absurda insubordinação? Acaso a Igreja Católica virou agora uma democracia moderna, onde a voz do povo é a voz de Deus, ao invés de precisar se conformar à voz de Deus? Acaso agora as ovelhas gritam e os pastores condescendem? Tempos terríveis! O povo católico – as pessoas têm que entender isso – precisa de pastores! Se os legítimos pastores se calam, não vão faltar oportunistas usurpadores do lugar deles.

Escândalo! O “metalúrgico aposentado Waldemar Rossi, militante da Pastoral Operária”, que foi ouvido pelo Estado de São Paulo, chegou ao cúmulo de afirmar: “Os sindicatos e movimentos comprometidos com a luta por Justiça repudiam as atividades com caráter de conciliação com o empresariado, em conluio com o capital explorador”. Desde quando as pessoas que trabalham em pastorais são chamadas de “militantes”? E de onde vem o absurdo sem tamanhos de que um católico, com vida paroquial ativa, venha a público dizer que repudia “as atividades com caráter de conciliação”?! É este espírito que anima a “militância” da Pastoral Operária, repudiar a conciliação? Ninguém nunca disse ao sr. Rossi que tal espírito imundo não é o dos Evangelhos?

São essas as ovelhas [?] que mandam na Igreja em São Paulo, ousando afrontar publicamente a autoridade do bispo diocesano? No entanto [não sei se para o bem ou para o mal], dom Odilo não irá celebrar esta missa. Não sei se como sinal de discordância das “exigências” da Pastoral Operária. Não sei se isso é bom porque preserva a dignidade cardinalícia desta palhaçada, ou se é ruim porque abre espaço para que o sacrilégio alcance patamares ainda maiores.

Quem celebrará a Missa será Dom Pedro Stringhini, bispo da Região Episcopal Belém, que – já o afirmou – aproveitará as sugestões dadas pela Pastoral Operária para a homilia. Quais são elas? “Que os ricos paguem pela crise que eles criaram, não nós”, que seja feita “uma análise sobre acumulação de riquezas, especulação financeira e distribuição de lucros com acionistas, desfalcando as empresas”, que se denuncie o “assalto ao dinheiro público para ‘salvar’ empresas que se dizem em crise”, e ainda que Sua Excelência “defenda os direitos dos trabalhadores, aponte a precarização do trabalho (contratos temporários, bicos), fale do achatamento de salários e a pressão dos poderosos contra o movimento social”. Está de bom tamanho? Quando as autoridades se calam, os delinqüentes fazem a festa!

Ao Estadão, Sua Excelência ainda “informou que a nota [da CNBB] sobre o 1.º de Maio, que a Assembleia Geral de Itaici vai divulgar, seguiu a mesma linha da Pastoral Operária de SP”. Desgraçadamente, é verdade; este excremento de nota tornada pública ontem (sim, que o lixo seja chamado por aquilo que é, com todo o respeito devido à dignidade episcopal dos senhores bispos cuja parcela de responsabilidade na publicação desta porcaria eu não sei e nem quero saber, a qual a benedicência me obriga a considerar que foi nula ou quase nula) fala nos “direitos sociais do povo”, nas “conseqüências do atual modelo capitalista de desenvolvimento, incapaz de assegurar a dignidade humana, garantir os direitos sociais básicos e preservar a vida em nosso planeta”, no “sistema neoliberal globalizado”, no “clamor dos trabalhadores por vida e dignidade”, etc. Nas últimas cinco linhas (e somente nelas), o documento cita “Jesus Cristo Ressuscitado”, “Nossa Senhora Aparecida e São José Operário”. Quando os mestres se calam, os idiotas desandam a falar (e a escrever). Isto é uma vergonha. Senhores bispos, por Cristo Crucificado, tenham misericórdia para conosco! Como podem os católicos brasileiros seguirem o ensino da Igreja e condenarem o socialismo, se as exatas mesmas coisas por nós (e pela Igreja) condenadas estão presentes nos documentos emanados pela Conferência Episcopal dos Bispos do Brasil?

Que Nosso Senhor Se compadeça da Sua Igreja, e dos Seus fiéis que estão como ovelhas guiadas por lobos. E, amanhã, rezemos a São José Operário, em desagravo por estes descalabros perpetrados por nossos bispos. Que a Virgem Santíssima, Mãe da Igreja, santifique o clero. Que o Deus Altíssimo tenha misericórdia desta Terra de Santa Cruz.

P.S.: Sobre o assunto, ler também:

  1. Quando a CNBB publicará declarações sobre algo que importa?
  2. Trabalhadores vetam empresários em Santa Missa
  3. Bispos do Brasil – Reféns da própria teia

Animadoras notícias de Roma

Três notícias publicadas nos últimos dias em ZENIT são excelentes e merecem ser divulgadas.

Primum, “houve aqueles que tentaram fazer a destruição histórica do Papa Pio XII”, segundo explica o historiador brasileiro José Pereira da Silva. A descomunal onda de difamação que se lançou sobre a figura deste grande Papa da Igreja é já bastante conhecida nos meios históricos sérios. No entanto, e infelizmente, a maior parte das pessoas só conhece o “lado negro” da história, falso e deliberadamente caluniador, que ainda hoje, cinqüenta anos após a morte de Pio XII, apresenta-se como se fosse a mais límpida e cristalina verdade histórica. Nas palavras do professor José Pereira, “domina ainda hoje em alguns meios o lugar-comum que a Igreja não teria feito muito pelos judeus, no contexto da perseguição nazista”.

Achei muitíssimo interessante o professor ter trazido um fato, ocorrido na Holanda, que eu desconhecia:

O historiador cita o exemplo dos bispos holandeses, que protestaram abertamente contra a perseguição dos judeus em 1942. Isso provocou a deportação de todos os católicos de origem judaica, como Edith Stein.

«Com toda probabilidade os judeus-católicos teriam sobrevivido, como aconteceu com a maioria dos judeus-protestantes holandeses, se os bispos tivessem agido de outra maneira.»

Portanto, carece completamente de fundamento as acusações de que as coisas “seriam melhores” para os judeus se Pio XII tivesse agido de maneira aberta; é pura “futurologia do passado”, contradizendo inclusive os fatos observados em outros países nos quais tal posição foi tomada. Note-se ainda ser muitíssimo provável que a trágica experiência na Holanda tenha chegado ao conhecimento do então Pontífice, influenciando assim na decisão que ele tomou.

Secundum, foi publicada uma interessante entrevista na qual chama-se a atenção para a fidelidade à Igreja que os párocos devem ter nas suas homilias. Trazendo à tona uma lembrança muito pertinente, o professor Salvatore Vitiello, que leciona Teologia em Turim e em Roma, recordou que a homilia “não por acaso está reservada aos ministros sagrados e não pode ser pronunciada por fiéis leigos, [e nela] exercita-se, de modo particular, o que a Igreja chama de munus d[o]cendi, o dever de ensinar”.

Os fiéis têm o direito, participando da Santa Missa, de escutar o que a Igreja ensina, não o que um sacerdote, em certo momento, pensa ou acha justo.

Que bom seria se este direito dos fiéis não lhes fosse nunca negado! Certamente o mundo em que vivemos seria melhor, se os fiéis católicos tivessem sempre acesso, nas homilias que ouvem, à pureza límpida da Doutrina Católica, fonte de vida verdadeira. São também dignas de menção as seguintes palavras do professor Vitiello:

É absolutamente necessário sair, também no que diz respeito à pregação, do «túnel do relativismo», dessa ditadura que impede anunciar a diferença entre verdade e falsidade, bem e mal, pecado e virtude.

Senhor, dai-nos santos pregadores!

Tertium, para orgulho desta Terra de Santa Cruz, o cardeal Odilo Scherer fez, no Sínodo dos Bispos, pertinentes questionamentos sobre o que é a Palavra de Deus. Empenhando-se no trabalho de destruir o “lugar-comum” (tão disseminado quanto equivocado) que afirma ser a palavra de Deus unicamente a Bíblia, o cardeal lembra que “a Palavra de Deus, por excelência, é o próprio Jesus Cristo”, e que “a Palavra passou aos homens através da Bíblia e também através da Tradição da Igreja”. São, portanto, como sempre ensinou a Igreja, dois os canais da Revelação: as Sagradas Escrituras e a Sagrada Tradição. Disse ainda o cardeal brasileiro:

Nesse contexto, segundo o cardeal, o Sínodo parte de uma preocupação: «que o inestimável tesouro da Palavra de Deus presente na Sagrada Escritura e na Tradição viva da Igreja continue a ser comunicado à humanidade».

«Embora a Bíblia seja o livro mais editado e divulgado, ela ainda é muito desconhecida, ou lida e interpretada de maneira inadequada», escreve.

Que o Espírito Santo continue a iluminar o Sínodo dos Bispos, a fim de que a Doutrina Católica, claramente proclamada, possa atingir todos os homens sedentos da Verdade, para que estes, movidos pela Graça de Deus, convertam-se à Igreja de Jesus Cristo, a Igreja Católica Apostólica Romana, Única Esposa de Nosso Senhor, Única depositária fiel da Revelação, “Coluna e Sustentáculo da Verdade” (1 Tm 3, 15).

Miscellaneous

Amanhã é a última audiência do Supremo Tribunal Federal sobre o assassinato eugênico de crianças deficientes no ventre de suas mães. De acordo com o que está agendado no site de notícias do Supremo, irão falar ainda:

16 de setembro de 2008

1. Dra. ELIZABETH KIPMAN CERQUEIRA
Titulo de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia, Professora Adjunta por 2 anos na Faculdade de Ciência Médicas da Santa Casa de São Paulo, Secretária de Saúde do Município de Jacareí por 4 anos, Co-fundadora do Hospital e Maternidade São Francisco de Assis em Jacareí onde foi Diretora Clínica por 6 anos, Gerente de Qualidade do Hospital São Francisco, Diretora do Centro Interdisciplinar de Estudos Bioéticos do Hospital São Francisco, CPF: 422 080 098 00, RG 2 561 108, CRM-SP: 14 064.

2. CONECTAS DIREITOS HUMANOS E CENTRO DE DIREITOS HUMANOS
Representante: ELEONORA MENECUCCI DE OLIVEIRA
Socióloga, Professora Titular do Departamento de Medicina Preventiva da Universidade de São Paulo, Coordenadora da Casa da Saúde da Mulher Prof. Domingos Deláscio, Relatora Nacional pelo Direito Humano à Saúde da Plataforma Brasileira de Direitos Humanos Econômicos Sociais e Culturais/ Organização das Nações Unidas no período de 2002 a 2004.

3. CONSELHO NACIONAL DE DIREITOS DA MULHER
Representante: MINISTRA NILCÉIA FREIRE, Presidente do Conselho Nacional de Direitos da Mulher

4. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSIQUIATRIA
Representante: DR. TALVANE MARINS DE MORAES, médico especializado em Psiquiatria Forense; Livre-docente e Doutor em Psiquiatria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ; Professor da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro – EMERJ (Cadeira de Psiquiatria Forense); Especialista em Medicina Legal e em Psiquiatria pela Associação Médica Brasileira; Membro de duas Câmaras Técnicas do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro – CREMERJ -, a saber: Perícia Médica e Medicina Legal.

Rezemos.

* * *

Não há argumentos religiosos por parte dos que defendem a inviolabilidade da vida das crianças deficientes. Os únicos que invocam questões religiosas são os partidários da eugenia. Isto precisa ser denunciado claramente. Veja-se, por exemplo, este belíssimo artigo de um religioso – Dom Odilo Scherer, cardeal-arcebispo de São Paulo – publicado no ESTADÃO no último sábado:

Fico feliz quando vejo a posição da Igreja Católica associada à defesa da estrita inviolabilidade da vida humana, mesmo ainda não nascida. Que isso fique registrado para o futuro. Mas aqui não se trata de defender um interesse da Igreja: a proteção da vida humana inocente e indefesa deveria interessar a todos, acima de concepções religiosas ou ideológicas; é questão de humanidade, não apenas de religião. Também por isso a postura da Igreja Católica não se fundamenta somente no seu pensamento religioso e suas convicções não se chocam necessariamente com o bom direito ou a ciência, nem estão fechadas para valores universais, compartilhados também com outros grupos religiosos e mesmo com ateus. Na defesa da vida não se deveria cair no ardil de contrapor argumentos de “religiosos” e de “não-religiosos”; a desqualificação imediata do interlocutor “religioso” poderia ser discriminação religiosa.

Importa defender a vida, desde a concepção até a morte natural. Esta é a posição da Igreja Católica. Mas não é uma posição religiosa. Alhos não têm nada a ver com bugalhos.

* * *

Não tinha visto ainda, mas o prof. Felipe Aquino fez uma bonita coletânea de mensagens do Papa Bento XVI aos jovens, por ocasião da última Jornada Mundial da Juventude. Vale a pena ler. Em particular:

20. “A sociedade contemporânea passa por um processo de fragmentação devido a uma forma de pensar que é, por sua natureza, de curto alcance porque deixa de lado o horizonte completo da verdade, verdade relativa a Deus e a nós. Por sua mesma natureza, o relativismo não consegue ver o quadro inteiro. Ignora os princípios que nos fazem capazes de viver e crescer na unidade, na ordem e a harmonia”.

Viva o Papa!

* * *

Uma atriz italiana mandou o Papa pro inferno e pode ser processada. O motivo? Protestar contra umas leis aprovadas para a educação (que, sinceramente, eu nem sei o que tem a ver com o Sumo Pontífice). O Sucessor de Pedro incomoda profundamente. Mas acho bom que os inimigos da Igreja estejam saindo das trevas e destilando o seu veneno ao sol do meio-dia.

Rezemos pelo Doce Cristo na Terra.