Histórias do aborto no Brasil: Elba Ramalho e Dilma Rousseff

Saiu hoje no Youtube. São dois pequenos fatos que não convém deixar caírem no esquecimento. Primeiro, a Elba Ramalho falando sobre o seu cachê cortado pelo Ministério da Cultura quando o então ministro Juca Ferreira descobriu que ela faria um show em Brasília na seqüência da Caminhada pela Vida. E, depois, os famosos vídeos da sra. Rousseff defendendo, com todas as letras, a sua posição de que o aborto deve ser legalizado no Brasil.

Para registro dos tempos estranhos em que vivemos. Parece completamente surreal que o destino de recursos do Ministério da Cultura tenha algum dia sido determinado pelas posições morais dos artistas que os deveriam receber; mas a Elba Ramalho diz que aconteceu. Parece totalmente inacreditável que uma abortista notória tenha se fantasiado de militante pró-vida durante uma campanha presidencial e as pessoas tenham acreditado nisso; mas é um fato amplamente documentado, com registros de declarações da própria presidente – cuja palavra, que ora diz uma coisa e ora o seu contrário, naturalmente não tem valor algum.

Desmentindo o Gabriel Chalita: a Dilma é a favor do aborto SIM, deputado!

Recomendo sem fazer adendos o texto do Wagner Moura a respeito da última entrevista do Gabriel Chalita. A cretinice foi publicada ontem no Portal IG e o vídeo pode ser visto na íntegra lá. A “questão do aborto” é o terceiro tópico. O Sr. Chalita diz, expressamente, que a Dilma nunca falou ser a favor do aborto.

Como assim, Gabriel Chalita, o senhor por acaso não conhece a candidata a quem deu o seu apoio ano passado? Como o senhor fala à imprensa nacional uma coisa que desconhece? Ou será que o senhor sabe, deputado, que a Dilma afirmou, sim, com todas as letras, que era “um absurdo” não haver a descriminalização do aborto no Brasil? Por que o senhor afirma com esta cara tão limpa uma coisa que não é verdade, deputado? A quem o senhor quer enganar? A si mesmo? Ao povo brasileiro?

Vamos mostrar ao deputado Chalita a Dilma falando sobre o aborto. Melhor: vamos colocar os dois vídeos lado-a-lado: o Chalita dizendo que a Dilma nunca se disse a favor do aborto e a Dilma, imediatamente depois, dizendo taxativamente que acha um absurdo o aborto ser crime no Brasil e tem que haver a descriminalização sim. Vamos ver se o deputado vai continuar negando o que está diante de seus próprios olhos.

Não há mais espaço para a mentira em cadeia nacional, deputado! Nós não vamos deixar que os boatos petistas – estes, sim, os verdadeiros boatos, porque totalmente mentirosos – adquiram o status de “verdade” por sua descarada repetição indefinida. As posições da sra. Rousseff em particular (e do PT em geral) sobre o aborto são públicas e notórias e nem o senhor nem ninguém, Chalita, vai conseguir varrê-las para debaixo do tapete. É bom se acostumar.

E termino com as palavras do Wagner Moura, respondendo ao deputado que acha que somos um “grupo restrito” de radicais ultraconservadores fazendo um uso “desonesto” da religião na internet [é uma piada! Se nós, que estamos dizendo a verdade e agindo com coerência com a nossa Religião somos os desonestos, o que é o Chalita que profere inverdades em cadeia nacional e apóia um Partido que tem incontáveis posições políticas frontalmente contrárias ao que manda a Igreja que ele diz seguir? Somos nós os desonestos, porventura?!]:

É um erro grotesco imaginar, como faz no vídeo acima, que somos “um grupo restrito”, um monte de “fundamentalistas perigosos”, “uma parte”, “espalhadores de ódio”… A boca fala do que está cheio o coração. E de um coração que quer vingança para ter respeito de seus desafetos políticos não nos surpreende que partam tantas palavras que visam simplesmente desqualificar pessoas.

Nós somos belos, Chalita. E por certo há um perigo na beleza. O perigo da verdade! Mas em nada esse perigo se assemelha ao fundamentalismo grotesco o qual você infelizmente nos imputa.

Nós somos belos, Chalita. Somos pais, somos mães, somos irmãos, somos filhos, somos poetas, somos matemáticos, somos professores, somos esportistas, somos estudantes, somos namorados, somos jovens, adultos, idosos e crianças, somos carismáticos, somos das pastorais sociais da Igreja, somos de outras religiões, somos políticos… Somos muito mais que os rótulos de desqualificação que criam para nós e que em breve sequer servirão para enquadrar, fichar e deter a multidão que somos.

Somos a primavera, Chalita. E quem poderá nos ferir sem espalhar todo nosso perfume e nossa beleza?

Sim, Chalita, aceite. Nós somos o futuro porque queremos reproduzir no mundo a imagem d’Aquela Beleza que é tão Antiga e tão Nova, da Qual o mundo jamais se farta porque é uma imagem ínfima d’Ela e por Ela anseia. Nós somos o futuro porque queremos estar radicalmente unidos à Videira Verdadeira que dá frutos – e fora da qual não há senão sarmentos secos que são levados pelo vento. Nós somos o futuro, Chalita, porque queremos ser a casa edificada sobre a rocha – sobre a Pedra, sobre Pedro – que resiste aos assaltos das intempéries da natureza e a única que permanece de pé ao final. Nós somos o futuro, Chalita, porque não queremos nos deixar levar pela cupidez de coisas novas já incontáveis vezes condenada e que já deu incontáveis provas de não produzir senão desgraças. Nós somos o futuro porque temos ao nosso lado a promessa da Virgem em Fátima de que, ao final, o Seu Imaculado Coração triunfará. Aprenda a conviver com isso.

Mais uma vela para o demônio (Canção Nova dá programa a inimigo da Igreja)

Eu ano passado cheguei a defender abertamente um boicote explícito à Canção Nova. Na ocasião, a pusilânime emissora havia censurado o corajoso discurso do pe. José Augusto contra o abortismo do PT: para vergonha desta Terra de Santa Cruz, a maior emissora “católica” do país veio pedir desculpas e dizer que não endossava as palavras proféticas do reverendíssimo sacerdote. Uma emissora que cala a palavra de Deus não se pode pretender católica e não merece receber apoio algum dos católicos verdadeiros que tratam a sua Fé com a seriedade exigida.

Hoje, dando continuidade aos escândalos e fazendo mais um agrado a Satanás (que zomba e ri dos católicos graças à Canção Nova), a emissora tem a coragem de lançar um programa com um deputado petista, gayzista e perseguidor manifesto da Igreja! Remeto ao Fratres in Unum para a leitura completa da denúncia. Mas cito aqui os dois principais pontos:

1. «O Partido dos Trabalhadores de Araraquara realizou no último final de semana seu 1º Encontro LGBT. […] O presidente do Diretório Estadual, Edinho Silva, enviou uma saudação aos presentes e reiterou o apoio do Partido nos debates envolvendo o movimento.» (site oficial do Deputado Estadual Edinho Silva)

2.1. «Uma gráfica no bairro do Cambuci, região sudeste da capital paulista, estava imprimindo, na manhã deste sábado, panfletos com um texto de um braço da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) contra o PT e a presidenciável Dilma Rousseff. […] Segundo o presidente do PT paulista, Edinho Silva, os advogados da campanha irão à Justiça Eleitoral para impedir a continuidade da impressão.» (Folha de São Paulo, 16/10/2010)

2.2. «O presidente estadual do PT, deputado Edinho Silva, contou como o partido descobriu os milhões de panfletos. Segundo ele, um cidadão foi encomendar um serviço da gráfica, viu os panfletos e resolveu denunciar. Ele telefonou no sábado para o secretário de comunicação do partido e, como o diretório estadual estava reunido, foi possível fazer a mobilização. “Queria parabenizar esse cidadão que não se silenciou diante de uma situação que enfraquece a democracia e desrespeita o povo brasileiro. Quero também reconhecer a determinação da militância que montou uma verdadeira vigília na gráfica para resguardar os panfletos até a chegada da Polícia Federal”.» (site oficial do Edinho Silva, 19/10/2010)

2.3. «Em coletiva, lideranças petistas falam sobre denúncias que mostram a ligação entre a Gráfica Pana que imprimiu mais de 1 milhão de panfletos ilegais, fazendo ataques ao PT e à Dilma, com o PSDB» (foto do Edinho Silva na citada coletiva de imprensa)

Não se trata, portanto, de um simples “deslize”, de um engano justificável, de uma falha normal que todas as pessoas (e portanto também as emissoras) podem inocentemente cometer, ou nem mesmo de um pecado passado já arrependido e pelo qual se faz penitência. Nada disso. Trata-se de uma orientação sistemática para o mal, de uma política durável de militância contra a Igreja por parte da emissora – ao mesmo tempo em que posa de católica e, diabolicamente, no meio de uma programação mais ou menos católica (dentre a qual, justiça seja feita, é possível encontrar materiais excelentes), dá vez e voz a declarados inimigos de Cristo. Isto porventura vai ficar assim? Não está mais do que na hora de alguém – nem que sejam os colaboradores da Canção Nova – exigir um pingo de coerência da emissora? Não está mais do que na hora das pessoas dizerem à Canção Nova que ela não pode continuar acendendo uma vela para Deus e outra pro Demônio?

Dom Luiz Bergonzini, o terror dos inimigos da Igreja

Vi n’O Possível e o Extraordinário esta reportagem sobre Dom Luiz Bergonzini, o grande herói das eleições de 2010. “Dom Bergonzini lembra que durante a campanha [eleitoral] de 2010 recebeu mais de mil e-mails. Nem 10% foram de críticas. As pessoas me falavam parabéns. Escreviam: ainda bem que o senhor teve coragem de falar, nós temos um bispo que usa calça comprida, nessa linha, relata”.

A matéria é bastante ruim, mas identificar as colocações do bispo de Guarulhos no meio dela vale o esforço. Não é sempre que nós temos um sucessor dos Apóstolos falando claramente aquilo que os brasileiros precisam ouvir! No meio da mediocridade geral, Dom Bergonzini levanta a sua voz para repetir o que a Igreja ensina, sem se preocupar com afagos ou com pedradas. Repetindo coisas que alguns não sabem e que outros esforçam-se por esquecer.

Por exemplo, a sua atuação nas eleições presidenciais no ano passado: dela se querem esquecer o próprio PT, os católicos pusilânimes, o movimento gay, as feministas e abortistas, os esquerdistas e, de um modo geral, toda a caterva de indivíduos ou de associações que, em maior ou menor escala, têm por inimiga a Moral da Igreja Católica e, contra ela, fazem pressão. Estes, não apenas querem esquecê-la como também que os outros a esqueçam. Foi, no entanto, em defesa dos valores perenes da Igreja que Dom Bergonzini se levantou, e a vergonha foi tão grande para os seus adversários que eles até hoje não se recuperaram. Ainda não aceitaram que um velho bispo do interior de São Paulo pudesse, virtualmente sozinho, ter feito o que fez. E ainda não conseguiram conviver com este [aliás justíssimo temor]: se a força de um velho bispo sozinho é tão grande, o que não acontecerá se mais e mais bispos – ou, melhor ainda, se todos em uníssono! – levantarem-se com vigor e determinação para protestar contra os descalabros do mundo moderno?

Dom Bergonzini impõe terror aos anti-clericais de todas as matizes porque é um símbolo. Um símbolo da força da Igreja, da Sua vitalidade, um símbolo que é simultaneamente um convite para que mais e mais prelados tenham a coragem de falar o que deve ser falado – do alto dos telhados! Desacostumados com as sentinelas da Igreja, os Seus inimigos foram pegos de surpresa pelo velho bispo de Guarulhos, e ainda não se recuperaram do susto. Ainda têm medo. E devem ter mesmo, porque coisa terrível é combater contra o Senhor dos Exércitos. Coisa desesperadora é enfrentar o Deus de Israel. Aterrador é ser inimigo do Crucificado. Apavorante é ver marchar contra si o estandarte d’Aquela que avança terrível como um exército em ordem de batalha.

A única possibilidade de vitória dos inimigos de Deus é na recusa ao combate dos soldados de Cristo – este é o único êxito que os adversários de Cristo são capazes de lograr! E eles sabem perfeitamente disto. É exatamente por isto que importa combater. É exatamente por isto que nos querem silenciar – tanto pela ditadura escancarada quanto pela falsa política de boa vizinhança. E é exatamente por isso que impõe tanto terror aos inimigos da Igreja a figura de um bispo velho e cansado, mas de lança em riste.

Obrigado, Dom Luiz Gonzaga Bergonzini – é o preito de gratidão dos que, junto a vós, queremos lutar por Cristo e pela Igreja. Dos que nos sentimos acolhidos e aliviados com as vossas palavras tão impopulares. Dos que não nos deixamos seduzir pelo canto-de-sereia do mundo moderno. Dos que reconhecemos a importância crucial de seguir os passos do Crucificado.

Cresce a confiança na Igreja

Deu no Estadão: Igreja dá salto no ranking da confiança. O subtítulo da matéria diz ainda que, “para pesquisadora, polêmica do aborto na campanha eleitoral impulsionou índice”:

Para Luciana Gross Cunha, professora da Direito GV e coordenadora do ICJ Brasil, a controvérsia sobre o aborto travada entre o primeiro e o segundo turno das eleições presidenciais pesou decisivamente para o aumento do índice de confiança na Igreja.

O gráfico abaixo foi publicado no site da CNBB, e mostra a evolução no “Índice de Confiança na Justiça” (ICJ) do segundo trimestre de 2010 para cá. Segundo o mesmo site, “[a]ntes a Igreja ocupava a 7ª posição, com 34%. Houve, portanto, um aumento de 60% no terceiro trimestre deste ano em comparação com os três meses anteriores”.

O “Voto Católico” também noticiou, e apresentou um gráfico equivalente retirado da Folha de São Paulo. Este site trouxe também a nota oficial de apresentação dos resultados emitida pela Fundação Getúlio Vargas, responsável pela pesquisa. Desta, cito:

A Igreja – que também marcou a disputa à presidência da republica no segundo turno das eleições – passou do 7º lugar no ranking de confiança nas instituições para a 2ª posição. Nesse trimestre 54% dos entrevistados disseram que a Igreja é uma instituição confiável em comparação com o segundo trimestre de 2010, quando 34% dos entrevistados deram essa resposta.

Vale a pena ver também o relatório ICJ Brasil 3º semestre/2010; o objetivo principal da pesquisa era “retratar sistematicamente a confiança da população no Poder Judiciário”. Interessante que, na pesquisa, o Judiciário só se mostrou mais confiável do que o Congresso e os Partidos Políticos; e isto é sintomático. Enquanto isso, as duas instituições mais confiáveis são as Forças Armadas e a Igreja Católica.

O Wagner Moura também comemorou: “o salto da Igreja no ranking se deve à luta contra o aborto travada por Dom Luiz Bergonzini, bispo de Guarulhos. Não há a menor dúvida que esse bispo é um marco na história do movimento pró-vida, no Brasil. Embora uma minoria barulhenta e pouco católica se atreva a desqualificá-lo e minimizar suas ações à mera política partidária, sabemos que ser fiel ao Cristo e seu Evangelho da Vida nada tem a ver com política partidária”.

Esta é a maior prova de que, quando os bispos fazem o que deve fazer e anunciam com destemor o Evangelho de Jesus Cristo, o povo reconhece na voz da Igreja a voz de Cristo, o Bom Pastor, e a Ela se achega com confiança. Uma lição que a CNBB deveria aprender. Porque, a despeito dos esforços da Conferência em calar a voz profética de D. Luiz Bergonzini e dos bispos da Regional Sul 1, a sua voz levantou-se com firmeza; e o povo sentiu o seu ânimo renovado. O Brasil precisa de mais bispos como o de Guarulhos. Que Deus digne-Se conceder-nos santos pastores.

La Iglesia Amordazada

Créditos ao Wagner Moura: cliquem na figura abaixo para terem acesso ao documento “La Iglesia Amordazada”. São 240 páginas de extensa e detalhada documentação, referente à tentativa de se silenciar os bispos brasileiros sobre o tema “aborto” durante as eleições presidenciais de 2010. Está tudo registrado!

Os autores do dossiê são de Belo Horizonte, MG. Estado que elegeu a sra. Rousseff presidente da República, mas que – com este excelente trabalho – mostra que deseja ser lembrado também por suas nobres atuações neste ano de 2010. A eles, nossos parabéns e nosso muito obrigado. E pedimos ampla e irrestrita divulgação.

Ministério Público dá razão à Mitra de Guarulhos

Como já era de se esperar, a Justiça considerou ilegal a apreensão dos folhetos da CNBB Sul 1 sobre as eleições. Obviamente, isso foi feito só no dia 30 de outubro, véspera do pleito, quando os panfletos devolvidos não tinham mais razão de ser. Via Wagner Moura:

O Ministério Público Federal, por meio da Vice-Procuradora-Geral Eleitoral, Sandra Cureau entendeu ILEGAL a apreensão de 1,1 milhão de documentos da Igreja Católica (os panfletos anti-aborto da CNBB Sul1), por violação de vários dispositivos constitucionais e da lei eleitoral.

A íntegra do documento está disponível para download aqui. Livre cópia e difusão!

Dois resultados óbvios desta calhordice:

1. o objetivo da GestaPTo – de impedir a circulação das orientações dos bispos católicos sobre as eleições – foi perfeitamente atingido, pois os panfletos ficaram duas semanas ilegalmente retidos, tempo suficiente para que fosse inviabilizada a sua distribuição antes do pleito; e

2. a petralhada vai aparecer, com a cara mais cínica deste mundo, para dizer “tá vendo, que não existe ditadura nenhuma, que o TSE não está emparelhado pelo PT coisa nenhuma, tanto que a PGE deu até mesmo parecer contrário ao PT!”.

Mas vale a pena. Para esfregar na cara dos petralhas que ninguém estava cometendo crime eleitoral nenhum. Para registrar a arbitrariedade ditatorial da qual foi vítima a Igreja Católica no Brasil, nas eleições de 2010. Para envergonhar os bispos covardes que não se levantaram em defesa de um seu irmão no episcopado. Para calar a boca da sra. Rousseff, que teve a pachorra de acusar a Igreja de um crime que sabia que Ela não estava cometendo.

Do parecer da Procuradoria Geral Eleitoral, destaco:

  • “No entanto, esse regime jurídico não impede que grupos sociais manifestem suas opiniões ante ao pleito eleitoral e ao posicionamento dos candidatos a cargos eletivos e seus respectivos partidos. Admitir isso seria o mesmo que incompatibilizar a legislação eleitoral com o próprio regime constitucional” (p. 4).
  • “Dessa forma, afronta o regime democrático caracterizar qualquer manifestação política como propaganda eleitoral e, por essa via, submetê-la ao crivo do poder de polícia da Justiça Eleitoral, que, repita-se, deve ser exercido em caráter excepcional” (pp. 4-5).
  • “A manifestação de pensamento sobre o aborto ou qualquer outro tema – seja expressando posicionamento favorável ou contrário – é assegurada pela ordem constitucional vigente e nada há de ilegal em escrutinar os posicionamentos dos partidos políticos, candidatos, apoiadores, sobre temas polêmicos, apenas porque se trata de período eleitoral” (p. 5).
  • “Por todo o exposto, manifesta-se o Ministério Público Eleitoral, pela revogação da medida liminar concedida, com devolução de todo material apreendido à  Mitra Diocesana de Guarulhos” (p. 7).

E, ao menos, jurisprudência firmada. Ao menos.

Comentários políticos – de fora da cidade

Escrevo nas mesmas condições de ontem; mas não queria deixar de fazer algumas considerações que, aqui em retiro, e após apagarem-se as chamas da euforia (e da decepção) provocadas pelo resultado das eleições de domingo, vieram-me à mente.

Na verdade, nós vencemos. Porque vencemos as batalhas mais importantes, e aquela que perdemos foi precisamente a que tem menor relevância, porque era a única que não constitui novidade alguma no cenário político oficial.

É muito fácil explicar a vitória da sra. Rousseff nas urnas. Entre tantos outros motivos, podem-se destacar os seguintes:

1. A gigantesca (e ilegal, mas esse “detalhe” não interessa à petralhada) mobilização da máquina do Estado em favor da candidata petista, inclusive com o senhor presidente do Brasil abandonando as suas atribuições de Chefe de Estado para virar – palavras dele – “um cabo eleitoral da Dilma”, dizendo até mesmo que os que votassem na sra. Rousseff estariam votando também “um pouquinho” nele.

2. A grande farsa dos institutos de pesquisa, que passaram os últimos meses anunciando a vitória da Dilma em um país onde a população vota maciçamente como se estivesse apostando em uma corrida de cavalos e, caso vote – “aposte” – no candidato que perder a eleição, estará “perdendo o voto”.

3. A completa ausência de uma oposição que não seja composta em sua maior parte (ou, pelo menos, em sua parte reponsável pela tomada de decisões a nível estratégico) por companheiros dos criminosos que ora se encontram no poder e que, desde antes da campanha eleitoral ter início até, literalmente, a véspera do pleito, empenhou-se em assegurar a vitória da candidata do Governo.

4. O conservadorismo do povo brasileiro que, na análise do Carlos Ramalhete em lista de email, está paradoxalmente sendo empregado em favor da Revolução, uma vez que oferece natural resistência a mudanças políticas e, assim, favorece a perpetuação no poder da quadrilha que, hoje, lá já se encontra.

A vitória da sra. Rousseff, assim, apresenta-se como nenhuma novidade, nada de novo sob o sol. As novidades introduzidas foram exatamente aquelas sobre as quais já falei aqui e que, estas sim, ganhamos todas. Tiramos as questões morais do “submundo da política” para trazê-las às manchetes dos jornais. Comprovamos o enorme poder das novas mídias de comunicação. Revelamos o racha na Igreja no Brasil, forçando os lobos em pele de cordeiro (ou de pastor) a uivarem em público, arrancando-lhes assim as máscaras. Obtivemos apoio pontifical à luta que travávamos no Brasil há anos. Estas foram as nossas vitórias, estes são os nossos troféus dos quais devemos nos orgulhar, são os nossos trunfos que, doravante, poderemos e devemos utilizar.

Houve quem falasse em fazer as pazes, em depôr as armas agora que as eleições terminaram. Às vezes, eu fico impressionado com a capacidade dos meus leitores não entenderem nada. Nunca se tratou de uma querela político-partidária, o problema nunca esteve circunscrito às eleições. Trata-se da usurpação do governo brasileiro por uma cambada de criminosos que têm a intenção manifesta de transformar o Brasil (aliás, a América Latina como um todo) em uma versão aggiornata da antiga União Soviética, em um projeto que inclusive está já em estágio avançado de realização. Não começou com a eleição da sra. Rousseff e não estaria derrotado caso o sr. Serra tivesse saído vitorioso.

O combate sempre esteve além, muito além, das questiúnculas partidárias. E, portanto, é lógico que não terminou domingo passado. Há ainda muita coisa por ser feita, e é preciso fazê-las, aconteça o que acontecer.

Presidente Dilma

Escrevo do celular, longe de casa, onde os meus crismandos estão em retiro desde o sábado último. Escrevo nas escassas horas vagas das quais disponho, e por ambas estas coisas não me vou alongar demais.

Ontem foi um dia triste, um dia de luto para esta Pátria que amamos e cujo bem desejamos. Ontem houve festa no Inferno – e alguns comentários impublicáveis recebidos aqui no Deus lo Vult! são uma prova eloqüente disso. Ontem, riu-se Satanás, escarnecendo da Terra de Santa Cruz que se entregou, mais uma vez, nas mãos de governantes iníquos.

Confesso que eu cheguei a ter esperança… cheguei a acreditar. Não que o PSDB fosse fazer enfim alguma coisa; mas que conseguiríamos empurrar os desgraçados que estavam se empenhando, desde o início, em não ser eleitos. Não deu. Não dá para fazer sempre, pelos outros, as coisas que são obrigações deles. Forçamos um segundo turno. Esperar mais do que isso, talvez fosse realmente utopia demais.

Mas temos o presidente que merecemos. Claro que temos. Claro que o Brasil merece uma ditadura petista, e o motivo pelo qual lutamos contra ela foi porque esperávamos na Misericórdia Divina, que sempre nos castiga com uma intensidade menor do que de fato merecemos. Dilma Rousseff usurpou o poder desta Terra de Santa Cruz propter peccata nostra, não há dúvidas disso. Bendito seja Deus, que dá e que tira.

No fim… o que temos? Uma derrota nas urnas, sim, mas que – embora amarga – não se pode dizer que tenha sido uma surpresa. Aliás, nem foi um revés no sentido próprio da palavra, pois não houve mudança alguma, e sim a continuidade da iniqüidade. Mas, continuemos. Contra quem necessário for, como estamos já acostumados a fazer. A resistência continua, porque é o nosso dever e não temos o direito de desanimar.

Hoje é dia de Todos os Santos. Que a Igreja Triunfante inteira interceda pelo Brasil, posto que vamos precisar. Nossa Senhora Aparecida, salvai-nos. Nossa Senhora Aparecida, livrai o Brasil do flagelo do comunismo.

Os votos que fazem a diferença

Faltando pouco menos de uma dezena de horas para o início do segundo turno, escrevo cansado. Muita coisa foi feita ao longo dos últimos meses. Muitos combates foram travados. Inimagináveis vitórias foram alcançadas. Terríveis traições vieram a lume. Importantes manifestações foram proferidas. Entre desânimos e esperanças, entre as dores de consciência e a prostração exausta ante a realidade inexorável, chegamos aqui. Ao último dia antes do pleito.

Não existe mais nada a ser discutido. Não há mais tempo, e estamos exaustos. Mas importa saber onde foi que chegamos: quais os frutos dos meses de trabalho intenso, de orações intensas. Eis a previsão para amanhã:

Não sei quem é este cara e nem de onde ele tira os números dele. Sei que ele twittou isto aqui, no dia 02 de outubro passado (véspera do primeiro turno), e acertou em cheio os três percentuais (Dilma, Serra e Marina) do dia seguinte – feito que nenhum dos institutos de pesquisa tradicionais conseguiu obter.

Ao contrário do que dizem as pesquisas, estas eleições não estão definidas. E a margem é mínima, tão assustadoramente pequena que cada voto individual faz, sim, diferença. O Peruzzo diz que o que vai definir este pleito são as abstenções, e isto é bizarro.

Tenho visto gente deixando de viajar no feriado para votar. Gente, ao contrário, pegando avião para votar. Gente que não ia votar mudando de idéia na última hora. Tenho visto de tudo, e tamanha mobilização assusta.

Faço coro ao professor de Curitiba: “acredite, nada está definido”. Assim, pelos motivos que já expus aqui, vou votar amanhã. Com uma angustiante sensação – pela primeira vez nos meus vinte e tantos anos – de que isso realmente faz diferença.

Como eu já disse, amanhã celebramos a festa de Cristo Rei no Calendário Tradicional. Que Ele possa reinar nesta pátria que é d’Ele. Que a Virgem Aparecida tenha compaixão desta Terra de Santa Cruz e, aconteça o que acontecer nas urnas, salve o Brasil. Da intercessão d’Ela dependemos, à Sua proteção é que recorremos neste momento difícil.