Diário d’O Grito dos/as Excluídos/as 2013

– Chego à Praça Oswaldo Cruz bem cedo, pouco antes das 09h00 da manhã para a qual estava marcada a concentração.

– Só há um punhado de gatos pingados. Todos ou quase todos de vermelho. Bandeiras do MST; vejo dois ônibus, que – imagino – devem ter sido utilizados para transportar os militantes. Aguardo.

– Dois mini-trios e um carro de som. Ao lado do maior daqueles, umas meninas tocando alfaias cantam versões próprias de músicas populares. Por exemplo, «ô Eduardo, Eduardo ó! / Não é só por dez centavos, / nossa luta é maior!» (ao som de “Cirandeiro”).

– Vejo uma senhora de hábito. Encontro o pe. Reginaldo Veloso. Vejo outro sacerdote, à paisana, que desaparece e durante a marcha não o torno a encontrar. Um ou dois padres de clergyman (ou coisa parecida com isso). Não vejo religiosos de hábito.

– Panfletos são distribuídos, e continuarão sendo ao longo de todo o percurso d’O Grito. Um se diz contra o Estatuto do Nascituro; outro, alardeia «[t]odo apoio às ocupações dos terrenos urbanos no Recife por parte dos Trabalhadores Sem-Teto». Entre outras coisas afins.

– Chega o pessoal da ONG Gay Leões do Norte. O imenso bandeirão multi-colorido é estendido numa das pontas da praça.

– Encontro os ciclistas nus. São só meia dúzia, e não estão propriamente nus: vestem roupas de banho. Preparam-se para sair à frente d’O Grito.

– Procuro o Arcebispo e não o encontro. Dou graças a Deus.

– Em um dos mini-trios, o rapaz que estava em cima pede que as pessoas que vão falar pelos movimentos sociais se aproximem. Pela “juventude”, fulana, pela “saúde”, sicrano, pela Arquidiocese de Olinda e Recife, Fernando. Estremeço. Penso com os meus botões quem raios é Fernando.

–  Neste mesmo mini-trio, em baixo, perto das escadas, está afixado um cartaz. Leio-o. O Fernando é, sim, Dom Fernando Saburido. Ele é chamado por diversas vezes ao longo da caminhada. Não aparece.

– Em respeito à diversidade de gênero, agora o nome do evento mudou. É “Grito dos/as Excluídos/as”. Nos trios, por diversas vezes, é citado o seu nome completo: “Grito dos Excluídos e das Excluídas”.

– A marcha sai às ruas. Começa a chover. À frente, o carro de som, seguido pelo pessoal do Levante Popular da Juventude. Mais algumas pessoas, e o enorme bandeirão gay. Depois, o pessoal do MST com outras diversas bandeiras vermelhas, por “direito à saúde”, “respeito à diversidade sexual” e outras coisas do tipo. Em seguida o mini-trio, atrás o pessoal da Frente de Luta pelo Transporte Público, e o segundo mini-trio no fim. A chuva dá uma trégua.

– Duas bandeiras se destacam n’O Grito. Em número, as bandeiras vermelhas do MST. Em tamanho, a bandeira de arco-íris da Leões do Norte. Há outras menores: CUT, PCB, PSTU. Algumas pessoas protestavam por melhores salários, contra a corrupção, contra Eduardo Campos, contra um sem-número de coisas.

– Penso em ir pra casa. Mas tomo a sério o espírito penitencial: vou até o fim.

– Já no final da Conde da Boa Vista, um dos mini-trios quebra. Olho para o pequeno cartaz, que se transformara num checklist: Dom Fernando ainda não aparecera. Seguem o carro de som e o segundo mini-trio para a grande apoteose no Carmo.

– Chego no Carmo. Mais uma vez, o Festival das Flores montado defronte à Basílica – Deo Gratias – impede que o espaço seja usado para desfraldar a bandeira de Baal, como aconteceu em 2010.

– O pessoal da Leões do Norte esconde a bandeira e some. Não os vejo mais.

– O Arcebispo, Dom Fernando, está no Pátio do Carmo. Sorri e cumprimenta os presentes. Bate fotos.

– Chamam Dom Fernando para falar. Ele fala. Parabeniza os participantes. Fala sobre o dia de jejum e oração que o Papa Francisco convocou. Disse que planejou chegar ao Grito justamente na sua conclusão, e que o tema do Grito era muito «necessário» e muito «profético». Disse que o Grito dos Excluídos só vinha «reforçar este apelo» do Papa, e que era «bonito essa unidade», com «todos voltados para o mesmo objetivo, a mesma meta». O vídeo está abaixo:

– Depois que ele fala, o rapaz diz que vai haver um momento de “mística”. Penso que é alguma oração, ou coisa do tipo.

– Ele chama o pessoal das pastorais da Juventude. A “mística”, na verdade, é uma encenação. Uma menina começa a gritar as palavras de ordem que estavam nas bandeiras vermelhas (neste momento abertas no chão). Fala, no microfone, em alto e bom som: «nós, juventude popular, gritamos pelo respeito à diversidade sexual». O Arcebispo saíra de fininho pouco antes, e estava por detrás do carro de som, falando com alguém.

– Começa uma ciranda. Começa a chuviscar. Volto pra casa. Abaixo, algumas fotos do evento, na ordem em que eu as tirei (e, por conseguinte, na ordem do desenrolar do próprio evento, da praça Oswaldo Cruz ao pátio do Carmo).

Comento: O Grito dos Excluídos não é um evento popular em prol do povo sofredor. É um evento revolucionário e elitista (como o são todos os eventos revolucionários), onde militantes enganados ou comprados, munidos de uma ideologia fracassada, vão às ruas lutar pelas mesmas velhas carcomidas bandeiras do Príncipe deste mundo: o comunismo, a sexualidade livre, a luta de classes, o homossexualismo e toda uma caterva de imoralidades que escravizam e em tudo são contrárias ao Evangelho da Liberdade. O Papa Francisco certamente jamais apoiou e nem apoiaria uma passeata pró-comunismo ou a favor do vício contra a natureza, e portanto não é correto que se diga que este evento veio ao encontro dos pedidos do Romano Pontífice – aliás, “não ser correto” é pouco: trata-se de um escândalo e de uma blasfêmia. Não precisamos de mais pessoas para aplaudir os pecados e louvar a defesa dos vícios – essas, nós já temos de sobra. O verdadeiro profetismo sempre consistiu em denunciar as mazelas do mundo; mazelas que contavam com fervorosos sequazes nas ruas da cidade do Recife esta manhã, sem ninguém que as contradissesse – muito pelo contrário, aliás. Há algo de muito errado em nossa Arquidiocese. Não me consta que ser profeta tenha jamais significado fazer um conluio espúrio com inimigos declarados de Deus Nosso Senhor.

Deus, o verdadeiro excluído

Ontem (07/09) fez um ano que a Arquidiocese de Olinda e Recife foi envergonhada mundialmente, por conta da ultrajante presença do senhor Arcebispo e de vários membros do clero no famigerado “Grito dos Excluídos” – caminhando e cantando e seguindo a canção ao lado dos mais ferrenhos inimigos da Igreja Católica: comunistas, abortistas, gayzistas et caterva. Ontem foi, portanto, dia de cobrir-se de pó e de cinza, em memória da infâmia da qual esta Sé foi palco. Ontem foi dia de luto e de penitência para suplicar ao Altíssimo que tivesse piedade de nós, pelo opróbrio lançado em 2010 sobre a Igreja Santa de Deus.

E, graças à misericórdia divina (e, penso, à terrível repercussão negativa do evento do ano passado), este ano a promiscuidade sacrílega entre os filhos de Deus e os inimigos da Igreja foi bem menor do que no ano passado. Voltei ontem ao centro da cidade para acompanhar o Grito dos Excluídos. Este ano não houve (como houvera no ano passado) comunicados oficiais da Mitra convidando as paróquias e movimentos a tomarem parte do evento blasfemo; mesmo assim, voltei um pouco temeroso porque o site da Arquidiocese de Olinda e Recife noticiou a “mobilização nacional pelos direitos do povo brasileiro”, informando a data e a hora do manifesto. Mas as coisas não foram tão ruins quanto eu temia que fossem. Este ano, graças ao bom Deus, as coisas foram infinitamente melhores do que no ano passado.

O senhor arcebispo não estava presente. Também não vi nenhum dos vigários gerais ou episcopais. Não havia religiosos de hábito (à exceção de algumas poucas freiras) nem a presença da Arquidiocese foi registrada em nenhum momento em que eu estivesse presente. Não houve invasões de prédios, os homossexuais estavam em número menor e mais contidos e eu não vi o aborto ser defendido publicamente. Insista-se: em comparação com o ano passado, isto é uma mudança da água para o vinho. Agradeçamos à Virgem Santíssima – Nossa Senhora do Carmo, padroeira da Cidade do Recife e da Província Eclesiástica de Pernambuco – por este milagre da natureza e da graça.

Não obstante, ainda havia a incômoda presença de muitas pessoas e grupos ligados à Igreja Católica. Destaco as pastorais: Pastoral Carcerária, da Criança, Vocacional. Houve inclusive um momento em que o sr. Arnaldo Martins, da Pastoral Carcerária, subiu no trio elétrico para falar “em nome de todas as pastorais sociais da Arquidiocese”. Duvido que a maior parte das pastorais sérias desta Arquidiocese tenha delegado um representante para o Grito dos Excluídos, ou mesmo que aceitasse a presença de um representante em tal evento.

Havia também algumas religiosas de hábito e, para nosso horror, vários membros da “Conferência dos Religiosos do Brasil” (vestidos à paisana; imagino que sejam religiosos, mas não dá para ter certeza). As meninas (freiras? Sabe-o Deus!) da Pastoral Vocacional dançavam, acompanhando a marcha com animação. Bem pouco atrás tremeluzia a grande bandeira do Grupo Gay Leões do Norte. E assim seguia o cortejo.

Quis a Divina Providência que houvesse um evento de flores no Pátio do Carmo, destino final da Marcha, de modo que não foi possível aos homossexuais repetirem o deboche do ano passado. Algumas cirandas, depois os brados de “pela vida grita a terra / por direitos, todos nós” (tema do evento deste ano) e c’est fini: as pessoas voltavam para casa, eu com elas, dando graças a Deus pelo escândalo deste ano ter sido infinitamente menor do que em 2010.

O Grito trata-se, na verdade, de um verdadeiro saco de gatos, cachorros e papagaios onde tem espaço para todos os temas: homossexuais, agrotóxicos, primavera árabe, etc. – havia até um descontente torcedor do Santa Cruz (sério!) pedindo a imediata expulsão de Ricardo Teixeira. Mas o que verdadeiramente marca neste evento é a visão horizontal que ele possui.

A faixa da foto acima é bem representativa do manifesto: eles não aceitam Deus, não querem o Messias. Querem construir tudo sozinhos, por suas próprias mãos. Na verdade, Deus é o verdadeiro excluído a priori deste evento materialista – a faixa acima o diz com todas as letras! E, em um evento onde Deus não é bem-vindo, o que faziam os religiosos de Recife? Qual o sentido da participação das pastorais da Arquidiocese? O que fazem católicos em uma marcha para a qual o Todo-Poderoso não foi convidado e onde, aliás, é expressamente proibida a Sua entrada? E não me consta que as coisas sejam diferentes Brasil afora! Até quando os católicos caminharão de braços dados com os que zombam do Deus Altíssimo?

Permita o bom Deus que os católicos brasileiros, guiados por santos pastores, aprendam que não nos é permitido sentar à roda dos escarnecedores. E que a Fé exige uma coerência de vida que, infelizmente, ainda não enxergamos em manifestações como as que ocorreram ontem. Que elas sejam condenadas com zelo e determinação, e que a presença de católicos em eventos assim seja expurgada definitivamente – ad majorem Dei gloriam. Que a Virgem Santíssima nos livre dos escandalosos conluios entre os Seus filhos e os inimigos da Igreja do Seu Filho. Abaixo, algumas fotos de ontem.

Ó Pátria amada, idolatrada, salve, salve!

Nosso Brasil… triste Brasil! Triste Ilha de Vera Cruz, gigante colosso acorrentado qual Gulliver em Lilliput… o que frustra mais – diz uma velha frase de efeito – não é tanto o impossível, mas o possível não realizado. E, em contrapartida, o mais degradante não é o ataque certeiro bem-conduzido, e sim a punhalada pelas costas… nosso Brasil, traído, reduzido à insignificância, humilhado e escarnecido pelos seus inimigos! Quem poderia imaginar que esta Nação gigante poderia chegar a tão baixo…?

No vídeo acima, os militares entoam o Hino Nacional. E não titubeiam; rufam os canhões e explodem os obuses, permanecem intrépidos. No meio do bombardeio, no meio da tempestade. O povo brasileiro é um povo corajoso…? O que comemoramos no dia de hoje? Afinal, o que é independência – é meramente uma palavra que possa justificar a covardia institucionalizada? Independência é a possibilidade de se resfolegar na lama, humilhando-se e capitulando diante dos adversários? Afinal de contas, o hino nacional hoje tantas vezes entoado – “mas se ergues da justiça a clava forte / verás que um filho teu não foge à luta / nem teme, quem te adora a própria morte” – é letra morta? Uma mera formalidade, resquícios de um passado alheio ao nosso presente, no qual somos já incapazes de nos reconhecer?

Se o Hino Nacional fosse composto nos dias de hoje, poderíamos escrevê-lo sem corar de vergonha com a flagrante mentira? E, ainda – podemos cantá-lo hoje, sem que o rubor suba-nos à face? Algum dia, este hino já foi cantado com orgulho – vejam os soldados brasileiros em solo inimigo. O som dos bombardeios não foi capaz de abafar o brado das tropas brasileiras: ó Pátria amada, idolatrada, salve, salve! E que vergonha é essa que, hoje, o hino esteja completamente destituído do seu conteúdo, qual cadáver sem vida, qual porta de madeira imponente toda carcomida de cupins! Como poderemos olhar nos olhos do povo brasileiro que cumpriu a sua quota de heroísmo? Ser-nos-á possível fitá-los sem baixar os olhos de vergonha?

Povo brasileiro, povo católico! Se o amor à pátria é importante e inegociável, quão mais importante não é o amor à Religião, à Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, à nossa Mãe? E que vergonha é esta que uma grande nação católica possa abrir mão de tudo e se entregar passivamente diante dos inimigos de Nosso Senhor? Como poderemos olhar para Cristo in die iudicii e dizer-Lhe que fomos tão pusilânimes? Que escondemos sob o alqueire a luz da Fé que Ele nos comunicou? Como olhar-Lhe nos olhos e dizer-Lhe que lançamos fora as nossas espadas e, covardemente, permitimos que toda sorte de desgraças crescessem exuberantes no campo que Ele nos deu por cuidado? Que os lobos dispersaram o rebanho, que o joio sufocou o trigo, que as pragas e as aves devastaram a plantação… volto à frase de efeito acima evocada. Acaso estamos falando de alguma tarefa impossível… ?

Acaso é impossível que uma Nação faça valer os seus anseios? Acaso é alguma coisa de extremamente difícil que um colosso sacuda o pó e levante-se com a força que tem por natureza (gigante pela própria natureza / és belo, és forte, impávido colosso / e o teu futuro espelha essa grandeza) para construir um futuro digno de si? Nação católica! Vergonha que vivamos como se não tivéssemos Fé. Vergonha que o Estado Brasileiro não guarde semelhança com o seu povo! Vergonha que o povo não se importe com a sua Pátria! Vergonha que esvaziemos de significado o Hino Nacional, e o entoemos hipocritamente, com a mesma negligência com a qual entregamos o Brasil aos seus inimigos! Vergonha, que pareça não haver aurora no horizonte, não haver luz no fim do túnel, não haver esperança à qual se aferrar.

Para os montes levanto os olhos: de onde me virá socorro? O meu socorro virá do Senhor, criador do céu e da terra (Sl 120, 1-2). Levantai-vos, brasileiros, recobrai o ânimo, católicos. O filho não foi criado para a lavagem dos porcos, a Terra de Santa Cruz não veio à existência para ser repasto de chacais. Neste 07 de setembro, dia da Pátria, rezemos pela Pátria Amada. A fim de que ela desperte. A fim de que ela possa, dos filhos deste solo, ser Mãe gentil. A fim de que possamos entoar de cabeça erguida o Hino Nacional. E o nosso Brasil amado faça valer a sua história, e a Santa Cruz que um dia nomeou esta terra possa ser levantada bem alto pelo nosso povo brasileiro. Nossa Senhora da Conceição Aparecida, padroeira do Brasil, rogai por nós!