Benedictus fructus ventris Tui

Et benedictus fructus ventris tui, Iesus (Lc I, 42).

Ontem, celebramos a festa da Virgem Maria Mãe de Deus. Dia santo de guarda. Às vezes, passa despercebido no meio das festividades do Reveillon, e às pessoas parece que estão assistindo “missa de Ano-Novo”. Tecnicamente, não deixa de ser; mas não é esse o nome da festividade nem é o Ano-Novo mais importante que a comemoração da Maternidade Divina de Nossa Senhora. Dia primeiro de janeiro, a Igreja celebra não o novo ano que chega, mas sim Aquela de Quem nasceu Deus.

Como Santa Isabel falou um dia à Virgem Santíssima, e como repetimos todos os dias, todas as horas, na oração da Ave-Maria: bendito é o fruto do Vosso ventre. A excessiva familiaridade com as palavras impede-nos de meditarmos adequadamente no que elas significam. Bendito é Nosso Senhor Jesus Cristo, que é Deus Verdadeiro, e que é Verdadeiro Filho de Maria Santíssima. Que é fruto – como rezamos, muitas vezes sem prestar atenção – do ventre da Virgem Imaculada.

“Bem-aventurado o ventre que te trouxe” (cf. Lc 11, 27), disse certa vez uma mulher do meio do povo. É sem dúvidas uma verdade, que inclusive já havia sido dita por Santa Isabel: afinal, bendito é o ventre cujo fruto é bendito. E, bem diferente do que apregoam alguns protestantes, Nosso Senhor não “desdiz” a mulher na seqüência da passagem bíblica. Ao contrário, louva ainda mais Sua Mãe Santíssima, ao afirmar os Seus méritos próprios: afinal, Ela também é Aquela que ouve a palavra de Deus e a observa (cf. id. ibid., v. 28). Como explica São João Crisóstomo na Catena Aurea, de nada nos vale ter um pai, um irmão ou um filho virtuoso, se nós próprios carecemos de virtude. Respondendo à mulher que louvou Maria Santíssima simplesmente pelo Seu parentesco com o Salvador,  Nosso Senhor afirma que não é somente por isso que Ela é  digna de ser louvada: além de ter sido a Mãe do Salvador, a Virgem também permaneceu sempre fiel. Ouviu sempre a palavra de Deus, e a pôs em prática todos os dias de Sua vida.

Porque, afinal de contas, Nosso Senhor ornou a Sua Mãe Santíssima com todas as virtudes passíveis de serem concedidas a uma criatura. Era a Sua Mãe! Que filho não daria à sua mãe todas as coisas boas que pudesse lhe dar? Acaso Nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus e Deus verdadeiro, o mais perfeito dos filhos, faria por Sua Mãe menos do que um filho terreno qualquer? Se os filhos naturais, que são maus, sabem fazer o melhor para suas mães, o que não faria Deus por Aquela de Quem Ele nasceu?

E, por outro lado, o que Ele, Onipotente, não poderia fazer por Sua Mãe…? Bem-aventurada és, ó Virgem Santíssima, porque o Teu Divino Filho fez de ti a mais graciosa das criaturas. Bem-aventurada és, ó Virgem Santíssima, porque foste escolhida pelo Rei para seres Rainha, e jamais houve majestade que chegasse aos pés desta que Te foi concedida pelo Rei dos reis. Bem-aventurada és, ó Virgem Santíssima, porque Nosso Senhor Te concedeu graças em profusão e, já que foste sempre fiel a Ele, foste e és uma Mãe digna para o Deus que tens por Filho. Bem-aventurada és, ó Virgem Santíssima, porque bendito é o fruto do Teu ventre, porque do Teu ventre nasceu Aquele que foi a Salvação do Mundo e, por isso, todas as gerações até hoje proclamam a Tua  bem-aventurança.

Salve a Santíssima Virgem, salve a Virgem Mãe de Deus, salve a Mãe do Redentor, salve Maria Imaculada. Ó Santa Mãe de Deus, rogai por nós, para que sejamos dignos – ou, ao menos, para que sejamos menos indignos! – das promessas do Vosso Divino Filho.