As esquerdas e a bandeira dos pobres

No momento em que as más notícias a respeito da desastrosa administração do PT vêm finalmente à tona – a mais recente é esta informando que o número de miseráveis, olha só, a despeito de toda a maquiagem petista, voltou a crescer no país -, cumpre dizer duas ou três coisas sobre o assunto.

Antes de mais nada, sobre o significado do pleito, é óbvio que ele não significa (à exceção de nos depravados devaneios do sr. Mantega) que o governo atual conta com apoio popular. De maneira alguma; e é necessário insistir nesse assunto. Não o significa

  1. porque a diferença entre os votos (51,64% x 48,36%) foi mínima, como já falei aqui;
  2. porque o povo brasileiro optou antes pela “não-concessão” de um mandato a Aécio Neves que pela chancela do da sra. Rousseff; e
  3. porque a vergonhosa ocultação, durante o período eleitoral, do estado calamitoso no qual se encontra o Brasil (como, por exemplo, o já citado crescimento da miséria, o aumento dos juros nos dias seguintes à eleição e o recorde no rombo das contas públicas, entre outros), com a liberação torrencial das informações somente após o pleito, caracteriza evidente caso de estelionato eleitoral.

O regime petista não conta com o beneplácito da população brasileira – importa não deixar que, à força de repetição, o contrário disso venha a prevalecer no discurso público. Porque o Partido dos Trabalhadores já emitiu uma resolução absurda (leiam na íntegra) no último três de novembro (i.e. anteontem), baseando-se em uns tais «milhões de brasileiros e brasileiras que saíram às ruas para apoiar Dilma Rousseff», para apresentar suas propostas políticas escabrosas. Não vou nem me deter sobre a cantilena a respeito de «democracia direta» e «mídia democrática»; quero apenas chamar a atenção para um período que está lá na terceira página do documento:

É urgente construir hegemonia na sociedade, promover reformas estruturais, com destaque para a reforma política e a democratização da mídia.

Devo entender que isso foi um ato falho e, por hegemonia, o partido quis simplesmente dizer que se deve construir consenso social a respeito de temas importantes? Ou preciso interpretar ad litteram (como os próprios petistas fazem quando lhes é conveniente; por exemplo, quando o «vamos enfrentar essa minoria [de homossexuais]» nos lábios do Levy Fidelix se entende não como inscrita num processo democrático de discussão pública a respeito dos privilégios atualmente concedidos aos pederastas e às safistas (ler aqui a sensacional «Eremildo vai ao casamento de Suzane»), mas sim como se fosse uma conclamação a que os heterossexuais espancassem homossexuais nas ruas) e concluir que o PT quer se estabelecer como Partido Único na sociedade brasileira, fora do qual não existe governo e nem política?

O atual governo, por fim, e isso é talvez o mais importante, não conta tampouco com o monopólio do combate à pobreza. O Papa Francisco, muito recentemente, afirmou que a bandeira dos pobres foi roubada pelos comunistas aos cristãos; e isso significa não que o Papa seja comunista, como alguns absurdamente interpretaram, mas sim que o cuidado dos pequeninos, antes de ser privilégio das esquerdas modernas, é uma nota evangélica de vinte séculos. É um apanágio do Cristianismo! E o combate à revolução pretendida pela sra. Rousseff (não leram lá na resolução que «para transformar o Brasil, é preciso combinar ação institucional, mobilização social e revolução cultural» – grifos meus?) precisa passar pela reconquista do que é nosso. Por mais absurdo que pareça, tem [muita] gente que sinceramente associa um eventual governo PSDBista com um retrocesso a tempos obscuros de miséria e escravidão. E não nos enganemos: foi com o diferencial dessas pessoas que o PT emplacou o aviltante tetracampeonato que hoje amargamos.

Importa limpar a sujeira que o PT passou os últimos anos espalhando; e isso precisa ser feito com cuidado. Porque é fundamental que, ao atacarmos o PT, não ataquemos desavisadamente os valores positivos que as pessoas honestas projetam nele. Ser contra o Partido dos Trabalhadores não é o mesmo que ser contra aqueles que o PT diz proteger, nem contra aqueles que se sentem representados pelo partido! É com base nessas falsas identidades que o atual governo vem se perpetuando; e, no meu entender, este é o ponto onde é preciso melhor trabalhar para que os nossos interlocutores sejam melhor receptivos a nós.

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

14 comentários em “As esquerdas e a bandeira dos pobres”

  1. Aplausos!

    Excelente artigo sobre esta verdadeira hecatombe cultural que é o governo do PT. Dia após dia vivenciamos, silentes, a bolivarização de nosso país, de nossas instituições e de nossas famílias. Um artigo como este promove o bom combate, o clamor dos justos.

    E temos que ser claros nisso: não somos contra os humildes, os pederastas e os nordestinos. Apenas queremos combater os superdireitos, estes verdadeiros privilégios de casta que receberam como ESMOLA do lulopetismo. Também devemos lembrar que a verdadeira cultura brasileira não é adepta de gayzismo, nordestinismo e esmolismo.

    Abraços fraternos,

  2. Mais adiante na resolução está escrito:

    “Cabe ao Diretório Nacional do PT, convocado para os dias 28 e 29 de novembro de 2014, aprovar uma agenda congressual que preveja debates abertos a toda a militância que se engajou em defesa da candidatura Dilma, bem como um momento final que possibilite a síntese e o salto de qualidade tão necessários para que o Partido seja capaz de, tanto quanto superar seus problemas atuais, contribuir para que o segundo mandato de Dilma seja superior ao primeiro.”

    Notem que a agenda congressual prevê “debates abertos” que devem possibilitar a:

    “síntese e o salto de qualidade para que o Partido (com P maiúsculo mesmo) seja capaz de, tanto quanto superar seus problemas atuais, contribuir para que o segundo mandato de Dilma seja superior ao primeiro”.

    É o malfadado “salto qualitativo” que coroa os avanços graduais das reformas políticas. Quer dizer que até agora só estavam sendo realizados avanços graduais… Agora vem a “síntese”!

    Características principais do salto?

    – Reforma política através de uma Constituinte exclusiva
    – “Democratização da mídia”

    De quebra:

    – Construção da hegemonia mediante revolução cultural
    – Desmilitarização da polícia

    O tal salto qualitativo está mais, senhores, para salto no abismo!

  3. Bom dia, Jorge. Os argentinos (moro em Buenos Aires há 10 anos) dizem que seu país é a Venezuela com alguns anos de atraso, e é verdade: todas as medidas (e suas catastróficas conseqüências) implementadas na Venezuela, um par de anos depois aparecem aqui. Considerando que o PT é da mesma linhagem, creio que se pode dizer que o Brasil é a Argentina atrasada. Eu obviamente não votei na Dilma exatamente por isso, infelizmente agora vão ter mais quatro anos para seguir por esse caminho. Se aí estão com rombo orçamentário e agora o governo propõe “democratizar” os meios de comunicação, se preparem que a coisa vai ficar feia, como aqui já está.
    Quanto ao papa Francisco, não se iludam – não sei se é comunista (no sentido marxista do termo), mas sim é um peronista completo, emulando perfeitamente os discursos e atuações do caudilho argentino. E não pára de hospedar líderes peronistas no Vaticano.

  4. Não há nenhuma ilusão em relação ao papa Francisco.

    Ele é a CNB do B no poder supremo da Igreja.

    Resta rezar para que o Espírito Santo o ilumine e que ele seja dócil a sua “graça de estado”.

  5. Prezado Jorge Ferraz. Descobri o seu site nas indicações do site “O camponês” – e agora estou lendo tudo, desde o início. Já estou em fevereiro de 2010… Esse texto, “As esquerdas e a bandeira dos pobres”, é brilhante! E o parágrafo final é luminoso, um princípio para nortear o nosso diálogo: é importante falar para as pessoas que estão convencidas, mas é importantíssimo falar para os que não estão convencidos. A maioria dos petistas é apenas refém dos “ladrões da generosidade alheia”. Precisamos ajudar essas pessoas a fugir dessa “prisão de uma ideia só” – como diz Chesterton. Eu sei o que é essa prisão – vivi nesse cárcere por mais de 30 anos. E imagino que muitos dos seus leitores passaram também por essas grades. Vamos, portanto, desmontar essas “falsas identidades”. Muitíssimo obrigado! Fique com Deus! Grande abraço do seu leitor Francisco Marques (Diretamente de Minas Gerais, Belo Horizonte – esse mar de montanhas.)

  6. Um país continental e complexo como o Brasil,marcado durante séculos,por desigualdades e injustiças contra os pobres,teve sim muitos avanços sociais,com o governo do PT. Uma igreja,que se afasta do povo,principalmente os mais pobres,naõ está sendo fiel à Jesus Cristo,e o nosso Papa Francisco naõ cansa de reafirmar isso.”Quem naõ ouve o clamor do pobre,clamará e naõ será ouvido.” Provérbios.

  7. CHAME OS OUTROS DO QUE V É
    ACUSE OS OUTROS DO QUE V FAZ – Lênin.
    V já notou que tudo que o PT quer fazer acusa os outros de projetarem realizar?
    Se o PT está no poder – até Lula já o admitiu – foi graças aos vermelhos “religiosos” da TL e CNBB, pois o PT nasceu nas CEB.
    Comunismo no Brasil pode ser castigo merecido para nós por apostasia à fé cristã, mais crença em ideologias niilistas, aceitação de um partido como o PT que tem o aborto como plano oficial de governo – apoiado por seus eleitores e silentes ou coniventes da hierarquia da Igreja – e de dar voto de confiança nas doutrinas marxistas, prometedoras de um mundo feliz, de liberdade, de fraternidade e paz, porém sem o Senhor Deus!
    Crer, apoiar, ajudar os comunistas é o mesmo que confiar em Satã como protetor nessa vida e salvador da alma após a morte!

  8. A democracia está falha. Temos uma “presidenta” não aceita pela maioria do povo (somando-se os votos nulos com os do Aécio). Parabéns pelo excelente blog e pela sua recuperação física. Fiquei contente.

  9. O dramático é o espírito que conduz o PT estar convencido de que faz o bem. Aliás, assim foi com todos os outros comunistas.

  10. Amigo Jorge,

    Eu sugiro depois você fazer mais outro artigo dando RELEVO, ENALTECENDO essa sábia fala do Santo Padre, o Papa Francisco.

    O Santo Padre está repleto do Espírito Santo.

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