Comentando o adeus do Arcebispo – 01

Comentei aqui no BLOG sobre o especial do Jornal do Commercio do dia 04 de julho, que consistiu em um caderno de oito páginas voltadas para atacar Dom José Cardoso Sobrinho, arcebispo metropolitano da Arquidiocese de Olinda e Recife. O assunto foi comentado também no blog do Marcio Antonio, jornalista de Curitiba e meu amigo. Neste post e em subseqüentes, tecerei comentários sobre os artigos que constam no especial “O adeus do arcebispo”, seguindo o índice aqui disponível e que reproduzi no BLOG na sexta-feira última. Os artigos comentados ficarão sempre em anexo, no fim do post. Comecemos.

1 – O fim da era da discórdia?

Sob este título está a introdução do caderno especial do JC. Já no título fica patente o “julgamento” que o jornal faz do arcebispado de Dom José: uma “era da discórdia”. Mesmo que os responsáveis pelo caderno tenham conhecimento zero ou próximo de zero sobre a Doutrina Católica, sentem-se no direito de proferir sentenças sobre casos que não competem a eles e sobre os quais eles não foram consultados: assim funciona a mídia recifense. O primeiro pressuposto do caderno especial – gratuito e colocado como se fosse um axioma – é o de que Olinda e Recife vivem uma “era da discórdia”.

[O] papa João XXIII ensinou que era preciso “abrir as janelas do Vaticano para que os ventos da história soprassem a poeira que entulha o trono de Pedro”

Eu já tinha lido que João XXIII tinha falado em “abrir as janelas da Igreja”, mas o objetivo seria deixar “entrar n’Ela um ar fresco do mundo exterior” (segundo a citação de segunda mão deste site), e não soprar a poeira que entulha o trono de Pedro. A citação do JC, embora esteja com as aspas no original, não indica a fonte deste “ensinamento”.

O arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, trilhou o caminho contrário.
[…]
Sob a complacência de Roma, desmontou tudo o que havia sido erguido no espírito da Teologia da Libertação e do Concílio Vaticano II

Aqui, o autor do texto parece um “católico” modernista. Dizendo que Dom José trilhou o caminho contrário ao que havia ensinado João XXIII, e dizendo que isto foi feito sob a complacência de Roma, o que está dito é que Roma caminha “ao contrário” do que ensinou o Bem-Aventurado João XXIII.

E, não, eu não aceito que as coisas santas sejam colocadas em pé de igualdade com o lixo! A “Teologia da Libertação” é uma heresia e o Concílio Vaticano II é uma legítima expressão do Magistério da Igreja! “Heresia” e “Magistério” estão tão separados entre si como trevas e Luz; a Teologia da Libertação está tão distante do Vaticano II quanto o erro está distante da Verdade. Ao ler que esta “teologia” está relacionada com o espírito […] do Vaticano II, impossível não pensar que o modernismo está fazendo escola até nas redações dos jornais recifenses.

Por que o articulista não foi procurar o que a Igreja diz sobre a Teologia da Libertação e sobre o Vaticano II? Porque ele impõe de novo, mais uma vez como se fosse um axioma, que andam ambos de mãos dadas, quando o contrário disto é que é verdade? Será que ele ignora os incontáveis pronunciamentos de Roma contra a Teologia da Libertação e a favor do Vaticano II? Ou é mais provável que ele só queira desinformar?

Na última segunda-feira, dom José completou 75 anos e foi obrigado a pedir a renúncia do cargo, gesto há muito aguardado por uns e lamentado por outros.

A construção da frase induz a duas coisas: a provocar compaixão pelos que “aguardavam” há muito a renúncia, e a acreditar que há um “racha” na Arquidiocese entre os que estão contra o Arcebispo e os que estão a favor dele. Esta idéia – já presente em gérmen no título da introdução do caderno – vai ser explorada ad nauseam pelo jornal. Para o leitor que não conheça os fatos, aliás, ficará a clara impressão de que só estão do lado do Arcebispo três ou quatro reacionários malignos; e as coisas são bem diferentes disso, conforme será visto adiante.

Em todos esses anos, parte das ovelhas já se sentia sem pastor.

Que “parte das ovelhas” é esta? O jornal não o diz claramente. Induz-se, pelas páginas subseqüentes do especial, que são:

  1. a prefeita comunista de Olinda;
  2. frei Betto;
  3. Ivone Gebara, “teóloga feminista” e (no mínimo) simpatizante das Católicas pelo Direito de Matar;
  4. padre Reginaldo Veloso e outros padres afastados;
  5. o “teólogo” Inácio Strieder e o pessoal do “Igreja Nova”;
  6. afins.

Esta “trupe” está sem pastor há muito tempo, porque não é católica. O problema deles não é com dom José – e sim com o Papa e com a Igreja. Não são ovelhas, e sim lobos.

Dom José sairá deixando o legado de uma Igreja distante dos temas sociais e silenciada pelo medo.

Mais uma dupla agressão velada ao arcebispo: ele é “alienado” e “autoritário”. Mais uma vez, de maneira completamente gratuita. De novo, a parcialidade do especial tendencioso fica evidente.

Nas próximas páginas deste caderno especial (…)

Em próximas entradas deste BLOG, serão comentadas as páginas do caderno especial do Jornal do Commercio de 04 de julho.

Dom José já avisou que ficará longe do Recife. Vai se refugiar num convento carmelita, onde aguardará o julgamento da história e do rebanho que ele deixa dividido.

O Julgamento que dom José aguardará não é o “da história”, e sim o do Justo Juiz; e quanto ao rebanho, a “divisão” que existe é aquela que foi citada acima: entre católicos e hereges, entre ovelhas e lobos.

* * *

Anexo – .O adeus do arcebispo

O fim da Era da Discórdia?
Publicado em 04.07.2008

[O] papa João XXIII ensinou que era preciso “abrir as janelas do Vaticano para que os ventos da história soprassem a poeira que entulha o trono de Pedro”. O arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, trilhou o caminho contrário. Em seus 23 anos à frente da arquidiocese, fechou portas, expulsou padres, criou arestas e voltou os olhos da Igreja para si mesma. Tinha uma missão nas mãos e a cumpriu com obediência cega e o peso da autoridade. Sob a complacência de Roma, desmontou tudo o que havia sido erguido no espírito da Teologia da Libertação e do Concílio Vaticano II – herança semeada pelo antecessor, dom Hélder Câmara. Na última segunda-feira, dom José completou 75 anos e foi obrigado a pedir a renúncia do cargo, gesto há muito aguardado por uns e lamentado por outros. Em todos esses anos, parte das ovelhas já se sentia sem pastor. Se o pedido for aceito pelo papa Bento XVI, será o fim de um ciclo marcado pelo confronto e por um arcebispado que preferiu o rito dos altares à prática pastoral. Dom José sairá deixando o legado de uma Igreja distante dos temas sociais e silenciada pelo medo. Nas próximas páginas deste caderno especial, o Jornal do Commercio faz uma análise sobre os polêmicos anos de seu arcebispado, revela documentos confidenciais da Igreja e investiga o nome do provável sucessor. Dom José já avisou que ficará longe do Recife. Vai se refugiar num convento carmelita, onde aguardará o julgamento da história e do rebanho que ele deixa dividido.

Comentários Diversos

A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania deve votar, nesta semana, o PL do aborto. Há divergências entre os deputados. Atento para a – já comentada aqui – tentativa de se “religiosizar” o debate:

Para um debate democrático, seria bom ouvir outras pessoas de outras crenças, uma mãe de santo, um xamã, adventistas, judeus, e, por que não, ateus.

Aborto não é questão religiosa. É Universal. Ele não pode ser reduzido a uma “questão de foro íntimo” – isto teria resultados trágicos. Escrevamos para os deputados do nosso estado que fazem parte da CCJ; peçamos a eles – nossos representantes, afinal – que representem fidedignamente nossa vontade. A lista segue abaixo, em anexo.

E rezemos: Nossa Senhora Aparecida, livrai o Brasil da maldição do aborto!

* * *

Falando em Nossa Senhora Aparecida, há aquele projeto de Lei que deseja tirar-Lhe o título de “padroeira do Brasil”. Se, sob a proteção da Virgem Santíssima, as coisas estão como estão… não quero nem imaginar como elas ficariam se esta Terra de Santa Cruz rejeitasse os favores da Mãe de Deus e cometesse a terrível ofensa de negar um simples título de “padroeira” Àquela que já é, de fato e de direito, Rainha dos Céus.

O parecer do relator é pela rejeição. Deo Gratias. Para manifestar-se contra este projeto:

Contra o Projeto de Lei que retira a expressão “Padroeira do Brasil” da lei que aprova o Dia de N.Sa. Aparecida
Eu digo NÃO ao Projeto que tira de Nossa Senhora Aparecida o título de Padroeira do Brasil !

* * *

Lei seca tem grande aprovação; segundo pesquisa Datafolha publicada Domingo último,

86% dos moradores de São Paulo e do Rio aprovam a lei seca. O índice de aprovação foi alto (79%) até entre os entrevistados que declararam tomar bebidas.
[FOLHA online, “Fiscalização da lei seca em estradas federais detém 17 em 3 Estados” – 06/07/2008 – 20h52]

O povo parece caminhar de cabeça erguida para o abismo. Tenha Deus misericórdia.

* * *

A Igreja não pode mais pregar a Sua Doutrina!! O livro do Monsenhor Jonas Abib, contra o espiritismo, foi recolhido na Bahia. Leiam: a mordaça espírita.

Até quando ficaremos inertes?

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Anexos:

RELAÇÃO DOS DEPUTADOS DA CCJ POR ESTADO


ALAGOAS
2º Vice-presidente (AL)
Titulares (AL)
(não há suplentes de AL)
AMAZONAS
Suplentes (AM)
(não há titulares do AM)
BAHIA
Titulares (BA)
Suplentes (BA)
CEARÁ
Titulares (CE)
Suplentes (CE)
DISTRITO FEDERAL
Titulares (DF)
Suplentes (DF)
ESPÍRITO SANTO
Titulares (ES)
(não há suplentes do ES)
GOIÁS
3º Vice-presidente (GO)
Titulares (GO)
Suplentes (GO)
MARANHÃO
Titulares (MA)
Suplentes (MA)
MATO GROSSO
Titulares (MT)
Suplentes (MT)
MATO GROSSO DO SUL
Titulares (MS)
Suplentes (MS)
MINAS GERAIS
Titulares (MG)
Suplentes (MG)
PARÁ
Titulares (PA)
Suplentes (PA)
PARAÍBA
Titulares (PB)
Suplentes (PB)
PARANÁ
Suplentes (PR)
(não há titulares do PR)
PERNAMBUCO
Titulares (PE)
Suplentes (PE)
PIAUÍ
Titulares (PI)
Suplentes (PI)
RIO DE JANEIRO
Presidente CCJ (RJ)
(Este foi o relator, cabe cumprimentá-lo pelo relatório)
Titulares (RJ)
Suplentes (RJ)
RIO GRANDE DO NORTE
Titulares (RN)
Suplentes (RN)
RIO GRANDE DO SUL
Titulares (RS)
Suplentes (RS)
RONDÔNIA
Titulares (RO)
Suplentes (RO)
RORAIMA
Titulares (RR)
(não há suplentes de RR)
SANTA CATARINA
Suplentes (SC)
(não há titulares de SC)
SÃO PAULO
1º Vice-presidente (SP)
Titulares (SP)
Suplentes (SP)
SERGIPE
Titulares (SE)
(não há suplentes de SE)

Os ataques não param

Para minha profunda indignação, descobri que a edição de hoje do Jornal do Commercio – jornal de grande circulação aqui em Recife – trouxe um caderno especial, de oito páginas, com uma cobertura sobre a renúncia do nosso Arcebispo, Dom José Cardoso.

O título? “O Adeus do Arcebispo” (para assinantes do jornal ou UOL). O índice, por si só, revela a que veio o caderno:

  • O fim da Era da Discórdia?
  • Forjado na disciplina e obediência
    • – Eminência parda do poder
  • O desabafo secreto
    • – Sem auxiliares por perto
  • O desmonte sob a bênção da Santa Sé
    • – Punição a padres semeou medo
    • – O dia em que a prefeita não pôde comungar
    • – “Colocá-lo após dom Hélder foi uma grande burrice”
  • A caixa-preta da Pastoral Imobiliária
  • Pensar no que se crê…
  • Ações voltadas só para a Igreja
  • Um difícil arcebispado
  • E agora, dom José?
    • – À espera da entrevista que não houve

Haja paciência para suportar tamanha cretinice. Não tenho tempo para entrar em mais detalhes agora; mas volto a tratar sobre o assunto em breve.

Levantai-vos, ó Deus, defendei a vossa causa. Lembrai-vos das blasfêmias que continuamente vos dirige o insensato. (Sl 73,22)

Liberdade e direitos

Da série “notícias bizarras”: parlamento sueco vai debater se um menino de oito anos provocou ou não alguma ofensa intolerável ao não convidar dois colegas de escola para a sua festa de aniversário. A situação é tão surreal que, mesmo lendo, o primeiro instinto é o de rechaçar a notícia como sendo alguma piada ou algum engano. No entanto, parece que aconteceu mesmo. A notícia foi publicada em jornais mundo afora (como, p.ex., aqui e aqui). Pelo que foi noticiado,

[o] menino distribuiu os convites durante o horário das aulas e quando o professor percebeu que dois alunos haviam sido excluídos, os convites foram confiscados.

O que dizer? É, realmente, o fim do mundo. Agora, uma criança não pode nem mais escolher quais os amigos que quer ter junto a si na sua própria festa de aniversário, pois isso é discriminação para com os não-convidados.

Conhecem o ditado que diz: “é de pequenino que se torce o pepino”? Aquilo que sempre foi usado para a educação, formando as pessoas na virtude desde a mais tenra idade, tem agora uma aplicação reversa: o Estado Totalitário (que uma intromissão dessas na vida privada dos cidadãos não pode ser atribuída senão a uma mentalidade totalitária mostrando as garras) quer criar pepinos tortos em série, através da aplicação de leis já em si nonsenses a situações onde tais leis atingem o ápice do irracionalismo.

As leis “anti-discriminação” são quase todas absurdas. Por motivos os mais diversos: porque falta de educação não é assunto de polícia, porque é difícil separar, no caso concreto, as discriminações justas das injustas, porque não faz sentido resolver um problema discriminatório criando outras discriminações “para o lado contrário”, etc. Mas o problema que, às vezes, passa despercebido nessa brincadeira toda, é de ordem mais conceitual: afinal de contas, quais os direitos que as pessoas têm? Será que o garoto que não foi convidado para a festa tinha realmente direito de ir à festa?

Chesterton tem um exemplo muito eloqüente sobre o assunto no seu livro “Ortodoxia”, tirado dos contos-de-fadas. Em resumo, o insigne escritor inglês traz à baila o conto de Cinderela, onde a protagonista ganha, da sua fada madrinha, roupas e carros para poder ir ao baile para o qual ela queria muito ir. O detalhe é que, à meia-noite, o encanto seria quebrado. Se Cinderela fosse partidária do “direito-de-ir-ao-baile”, poderia reclamar com a fada: “mas por que somente até à meia-noite”? Ao qual a fada, segundo Chesterton, retorquiria: “e por que você pode ir até à meia-noite”?

Oras, Cinderela não iria ao baile, e ganhou a possibilidade de ir gratuitamente; se é assim, por que ela estaria em condições de fazer exigências? A resposta da fada à suposta Cinderela moderna coloca-a no seu devido lugar: ao invés de reclamar por ter somente isso, ela deveria parar e pensar por que tem tudo isso.

As crianças suecas não têm mais direito de ir ao aniversário do colega do que Cinderela tinha de ir ao baile. A mentalidade moderna, assim, gera desequilibrados dependentes de supostos “direitos” às coisas mais bizarras. O pobre do menino – que não pode nem fazer uma festa de aniversário em paz – é, assim, educado com uma “ética” diferente daquela que se encontra nos contos-de-fadas: eu sou obrigado a convidar para a minha festa fulanos e sicranos, ainda que eu não queira.

E, onde é instaurado o reino do “direito-a-tudo”, o homem é desumanizado. Por um lado, o egoísmo impera e o sujeito, “mimado” com direitos inventados desde criança, termina por reinvidicar outros pretensos direitos bem mais injustos do que o de participar de uma festa de criança: não é coincidência o fato de que, na Suécia, onde algumas crianças têm direito inalienável a ir aos aniversários mesmo que não sejam amigas do dono da festa, outras não têm sequer o direito de nascer, pois o país detém um dos mais elevados índices de aborto da Europa. Por outro lado, desaparece a noção de caridade: afinal, se tudo é “direito” de fulanos e sicranos, o que sobra para se fazer de graça? Se dar uma festa, ao invés de ser generosidade de alguém que está feliz e quer comemorar com algumas pessoas, é fazer valer o direito dos colegas… qual o mérito de se fazê-las? No final das contas, qual a graça de se viver num mundo desses? Certamente não vale a pena!

Haverá, todavia, um Dia no qual o Senhor da História chegará para julgar o mundo. E, então, ele convidará alguns a se sentarem à Mesa, junto a Ele; e, a outros, dirá que não os conhece. Neste Dia, pode até ser que alguns se levantem contra esta gritante e despótica violação do direito universal ao Céu – mas não adiantará, porque o Justo Juiz aproxima-se muito mais da Fada Madrinha do que do Parlamento Sueco.

“Combati o bom combate”


[Foto:
Arquidiocese de Olinda e Recife]

“Bonum certamen certavi cursum consummavi fidem servavi” (2Tm 4, 7)

Bem pode repetir essas palavras, hoje, Dom José Cardoso Sobrinho, Arcebispo Metropolitano de Olinda e Recife. Sua Excelência Reverendíssima completa hoje 75 anos – idade em que, segundo o Direito Canônico, a entrega do pedido de renúncia é exigida, ficando o tempo de permanência ainda na (Arqui)diocese nas mãos do Sucessor de Pedro. Para as comemorações do natalício de Sua Excelência, temos uma missa festiva, agora às 10:00, seguida de um almoço; depois de hoje, SS Bento XVI decidirá o futuro desta Arquidiocese.

Parabéns, Dom José, por terdes sido verdadeiro pastor fiel do povo católico de Olinda e Recife, que pela Divina Providência foi colocado sob o vosso cajado!

Parabéns, Dom José, por terdes sacrificado todo o amor-próprio para guardar a fidelidade à Igreja de Cristo, Mãe e Mestra, para cujo serviço fostes constituído bispo!

Parabéns, Dom José, por terdes permanecido sereno e inabalável, enquanto sofríeis perseguições e maledicências, acusações injustas e calúnias, ofensas e ataques gratuitos, por parte daqueles que se portavam como verdadeiros inimigos de Cristo e de Sua Igreja!

Parabéns, Dom José, por terdes tido a coragem de anunciar o Evangelho em Sua integridade, sem fazer concessões ao mundo moderno e sem transigir um pouco que fosse na Doutrina da Igreja, único remédio para os males do mundo de hoje!

Parabéns, Dom José, porque sempre ecoastes fielmente a voz da Igreja, nesta Arquidiocese de Olinda e Recife!

Parabéns, Dom José, porque fostes perseguido, mostrando assim que sois verdadeiramente seguidor de Jesus Cristo – o Qual disse que os Seus seriam perseguidos (cf. Jo 15, 20) – e ensinando-nos com exemplos de vida o caminho de Cruz que é apanágio do cristão!

Enfim, parabéns, Dom José! E obrigado!

Congregação extinta pelo Vaticano

O Vaticano extinguiu uma Congregação [ao que me consta, somente] recifense, as Religiosas Beneditinas da Virgem Maria. Dom José Cardoso, Arcebispo de Olinda e Recife, foi na última terça-feira [24 de junho, dia de São João] entregar uma notificação à direção do Colégio Maria Imaculada, localizado no bairro do Cordeiro e administrado pelas religiosas.

As irmãs [beneditinas] tiveram ocasião de dialogar conosco (…), a coisa vem de longe, e agora chegou a palavra final da autoridade da Santa Sé. (…) Eu tentei duas vezes fazer uma auditoria – já faz alguns anos – e, infelizmente, aquela que está à frente não permitiu, fechou as portas. Então chegamos a um momento em que temos que tomar uma decisão. A decisão foi esta, de acordo com as leis da Igreja.
[Dom José Cardoso, na Rádio Jornal]

Segunda-feira próxima, dia 30 de junho, Sua Excelência Reverendíssima completa 75 anos de idade e deve apresentar a sua carta de renúncia ao Papa. É um herói, um santo bispo, como poucos, infelizmente, que há hoje em dia.

Abaixo, a íntegra da matéria publicada no site do Jornal do Commercio [só para assinantes]. Desnecessário alertar para o viés anti-clerical que já é praticamente conditio sine qua non para a publicação de notícias relacionadas à religião:


Dom José fecha congregação
Publicado em 24.06.2008

Por solicitação do arcebispo de Olinda e Recife, o Vaticano extinguiu a Congregação das Religiosas Beneditinas da Virgem Maria, localizada no Cordeiro

Há uma máxima muito conhecida no meio eclesiástico segundo a qual de Roma vem o que para Roma vai. Pois bem, somente essa doutrina poderia explicar o decreto assinado pelo Vaticano, no dia 30 de abril último, extinguindo a Congregação das Religiosas Beneditinas da Virgem Maria, localizada no Cordeiro, Zona Oeste do Recife. A dissolução do grupo foi solicitada pelo arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho. Ele já fez isso com outras entidades.

No documento, assinado pelo cardeal Franc Rodé, prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, e pelo arcebispo Gianfranco Gardin, secretário da mesma entidade, as Beneditinas da Virgem Maria são acusadas de “graves irregularidades e afrouxamentos no tocante à disciplina religiosa e às Constituições, sobretudo no que diz respeito ao exercício do governo.” Sem entrar em detalhes, os dois representantes do Vaticano destacam a “exigüidade numérica” e a “situação bastante delicada e crítica” do instituto, criado em 1951.

Amparado pelo decreto, dom José Cardoso Sobrinho enviou uma notificação com nove itens, da letra A à I, à coordenadora da congregação, Irmã Cleide Maria de Moura, com data de cinco de junho último, informando que o grupo “não existe mais como Instituto de Vida Religiosa na nossa Igreja Católica.” Ele reforça que também foram dissolvidas as três casas religiosas vinculadas ao instituto.

As religiosas deixarão de administrar o Educandário Maria Imaculada, instalado no Cordeiro, e o Instituto Sant’Ana, situado no município de Bom Jardim e ligado à Diocese de Nazaré da Mata, interior de Pernambuco. Os estabelecimentos de ensino passam a funcionar sob responsabilidade direta do arcebispo e do bispo de Nazaré, dom Jorge Tobias de Freitas.

Dom José entregou a direção do Maria Imaculada a dois funcionários da Cúria Metropolitana. O Instituto Sant’Ana ficará com o padre José Mariano da Silva, indicado pelo bispo de Nazaré.

No item F o religioso estabelece prazo “improrrogável” de 48 horas, a contar do recebimento da nota, para Irmã Cleide Maria entregar todos os bens móveis e imóveis, além de livros contábeis e documentos bancários da congregação a “pessoas indicadas pelo arcebispo de Olinda e Recife.” Avisa, no item H, que o conteúdo da notificação têm o apoio dos bispos de Nazaré e de Pesqueira, dom Francisco Biasin.

Católicos leigos ouvidos pelo JC afirmam que as denúncias contra a Congregação das Religiosas Beneditinas não têm fundamento. “Roma tomou uma decisão a partir de informações repassadas do Recife. As religiosas não tiveram chance de defesa”, destacam. “O arcebispo despreza toda a vida de dedicação das irmãs, algumas já idosas. É preciso saber porque ele se zangou com as religiosas.”

O cardeal Franc Rodé e o arcebispo Gianfranco Gardin informam, no decreto, que tomaram a decisão “após haver examinado atentamente as razões expostas pelos excelentíssimos bispos interessados”. Eles se referem a dom José Cardoso, dom Jorge Tobias e dom Francisco Biasin. No texto, os dois religiosos do Vaticano dizem ter constatado “a gravidade da situação, avaliado o perigo de um dano maior que pode resultar para a vida consagrada e para a igreja, bem como a falta de uma fundada esperança de que o instituto em questão possa recuperar-se.”

Ao acionar o Vaticano, como expressam o cardeal e o arcebispo, dom José Cardoso garante que tentou, em vão, restabelecer a ordem na congregação. O Vaticano pede a dom José para facilitar a migração das religiosas para a Congregação das Beneditinas Missionárias de Tutzing, que deu origem às Beneditinas da Virgem Maria, se forem aceitas. E para prover a acomodação daquelas que prefiram ser dispensadas dos votos.

Dom José completa 75 anos no próximo dia 30, idade-limite para exercer o cargo, e deverá pedir renúncia à Santa Sé. Ontem, uma funcionária da Arquidiocese disse que ele estava ausente e pediu para a reportagem entrar em contato amanhã. As religiosas não falaram sobre o assunto.

Pais e filhos gays

Caiu-me às mãos um artigo de João Pereira Coutinho, intitulado “Pais, filhos e gays” (aqui para assinantes da FOLHA ou aqui para os demais), no qual o articulista tece algumas considerações sobre a homossexualidade enquanto fato natural e a licitude de se buscar, para ela, alguma espécie de tratamento terapêutico. Recomendo a leitura do artigo completo (em um dos links acima), sobre o qual eu pretendo fazer alguns comentários. Os itálicos deste post – retroativamente – são excertos do artigo ora em discussão.

Vou começar pelo fim, i.e., pela conclusão do Coutinho, com a qual eu concordo inteiramente: a vida humana é, em si, digna de respeito, e deve ser protegida da vaidade, soberba e tirania de seus progenitores. Isso é uma questão de princípio, que não pode ser negociada sob hipótese alguma, posto que a dignidade do ser humano – de todos e de cada um deles – é-lhe intrínseca, e não pode ser violada nem mesmo por uma boa causa. Assim, é imoral uma manipulação genética que ambicione “criar” artificialmente um ser humano ao gosto do freguês, montado pelos pais que, como clientes de um self-service, escolham as características que desejam e descartem as que não lhe apetecem.

Todavia, não dá para subscrever sem ressalvas todo o artigo. Nele, misturam-se coisas que não deveriam ser misturadas. Por exemplo: diz o articulista que a maioria das pessoas, se pudesse identificar a orientação sexual do filho por meio de um exame pré-natal, não hesitaria em recorrer ao ABORTO ou à “reprogramação” caso a sexualidade da criança apontasse para o lado “errado”. Oras, o aborto é clara e absolutamente imoral. Já o que é chamado de “reprogramação”, precisa ser melhor analisado.

João Pereira Coutinho refere-se a um estudo sobre diferenças de anatomia cerebral entre homossexuais e heterossexuais (provavelmente o mesmo estudo que já foi comentado aqui neste BLOG) e sobre a influência de certos hormônios (durante a gestação e pouco depois dela) na formação do sistema nervoso do indivíduo. E prossegue: se os hormônios desempenham papel principal, abre-se a porta prometida: “reorientar” os hormônios, “reorientar” a preferência sexual do bebê. Antes de continuar, é preciso deixar claro que não pode ser aceitada simpliciter a tese segundo a qual [a] homossexualidade é um fato natural -como a cor dos olhos, a pigmentação da pele. Um bebê, embora evidentemente tenha cor de olhos, não tem preferência sexual nenhuma. O que ele pode ter é uma certa configuração biológica que o predisponha a, no futuro, quando se interessar sexualmente por alguém, fazê-lo por pessoas do mesmo sexo. No mesmo artigo, Coutinho diz que outros aspectos da personalidade humana – como para a depressão, para a liderança, para a criatividade – podem ser explicados da mesma forma que a homossexualidade. E bebês não têm nada disso, embora possam desenvolver essas características depois. Da mesma maneira que é preciso considerar em todo ato humano, onde entra o livre-arbítrio de cada um – ao contrário de coisas como cor de olhos e pigmentação da pele -, uma coisa é a predisposição e, outra, o determinismo. É aceitável que haja predisposição para o homossexualismo, mas é simplesmente falso que a configuração genética determine sozinha quem é gay e quem não é, porque as pessoas sempre podem (à exceção de alguns casos mais críticos) agir em desacordo com os seus impulsos e instintos imediatos. Nós fazemos isso o tempo todo, e é isso que nos diferencia dos animais irracionais.

Concedendo que certos comportamentos – entre eles, o comportamento homossexual – possa sofrer influências neurobiológicas (como, aliás, eu concedo facilmente), é forçoso incluir neste conjunto também coisas como a depressão, a cleptomania, a ninfomania ou a pedofilia (sobre este último, aliás, recomendo esta leitura, que traz confissões interessantes). Se é assim, então, por que alguns destes comportamentos são moralmente passíveis de tratamento e outros devem permanecer protegidos da “violência de terceiros”? Por acaso dar anti-depressivos a pessoas que sofrem de depressão é condená-las a habitar vidas que não lhes pertenceriam? Por que uma ninfomaníaca pode ser tratada e um homossexual não pode? O critério colocado pelo articulista é arbitrário: a homossexualidade não é impeditiva de um funcionamento pleno do indivíduo nem põe em risco a sua sobrevivência futura. E é arbitrário por pelo menos dois motivos.

Primeiro: o que é “funcionamento pleno”? Na plenitude da realização de um indivíduo, não deveria estar – pelo menos em possibilidade de escolha – a formação de uma família? Homossexuais não podem fazê-lo de maneira natural. Por que esse aspecto naturalíssimo da vida humana foi retirado do funcionamento pleno do indivíduo que Coutinho defende como o critério que diferencia aquilo que é passível de interferência terapêutica daquilo que não o é?

Segundo: existem coisas que não se enquadram no supradito critério e que sempre foram feitas sem maiores questionamentos pela medicina. Por exemplo, cirurgias estéticas. “Ah, mas uma cirurgia estética é de responsabilidade do sujeito sobre si mesmo, pois é ele que escolhe fazer”, poderia alguém argüir. Não necessariamente. Por exemplo, os pais de uma criança que tenha lábio leporino estariam porventura fazendo alguma violência contra o seu filho se lhe fizessem uma cirurgia corretiva? É claro que não.

O homossexualismo é anti-natural, ainda que se possa observar “na natureza” atos sexuais entre animais do mesmo sexo, e ainda que ele tenha raízes n’alguma configuração neurobiológica do indivíduo. E a razão para isso é que ele vai contra a própria natureza do ato sexual, pois este nos mostra que há complementaridade entre o homem e a mulher, e que esta complementaridade é necessária à perpetuação da espécie humana. Isto não é um pressuposto do catolicismo, é um fato que está ao alcance da razão natural. É um valor objetivo, e justifica a intervenção terapêutica para se corrigir as predisposições à homossexualidade que porventura existam já num recém-nascido ou num nascituro, sem que isso seja violar-lhe a dignidade intrínseca (como no caso do aborto), porque o que detém a dignidade é o ser humano, e não a homossexualidade. A manipulação genética é condenável, se tiver como fim a criação do “super-homem”; mas a razão humana pode e deve ser utilizada para que o ser humano – parafraseando João Pereira Coutinho e dando um sentido diverso à expressão dele – possa ter uma vida plena. E uma pessoa vive tão mais plenamente quanto menos ela se desvia daquilo que ela deve ser, quanto mais ela se conforma à Lei Natural – da qual podemos, no tocante ao que se está discutindo aqui, encontrar uma eloqüente expressão lá no início da narrativa bíblica: et creavit Deus hominem ad imaginem suam ad imaginem Dei creavit illum masculum et feminam creavit eos (Gn 1, 27).

“A fogueira tá queimando em homenagem a São João”…

São João dormiu,
São Pedro acordou;
Vamos ser compadres,
Que São João mandou.

Passei o feriado de São João parte em Caruaru, parte em Campina Grande. Nesta última cidade – interior da Paraíba -, fiquei sabendo que, este ano, o Ministério Público proibiu que fogueiras fossem acesas e determinou o pagamento de uma multa para quem as acendesse. Após uma enorme confusão, esclareceu-se que a tradição junina não estava proibida; o problema eram os comerciantes que vendessem “madeira extraída de árvores nativas e que não tivessem a permissão da legislação ambiental para ser comercializada”.

Muitas pessoas, hoje em dia, não sabem o que é tradição. O povo de Campina Grande, sabe. Conversei com algumas pessoas – lá nascidas e lá criadas – e elas me disseram de uma maneira muito simples: “nossos avós faziam assim”. E algumas dessas pessoas já eram avós…

Sinceramente, eu não morro de amores por fogueiras. A fumaça irrita meus olhos, o calor me incomoda um pouco, não consigo ficar muito tempo perto delas. Mas eu já fui criança, e lembro-me de que minha avó fazia fogueiras todos os anos, e que eu adorava montar a fogueira durante o dia, lutar para acendê-la de noite (às vezes chovia e a madeira molhava) e assar milho depois que o fogo baixasse e sobrassem apenas as brasas. Lembro-me de que a simples idéia de não acender a fogueira na véspera de São João seria capaz de fazer a minha avó ter um infarto – segundo ela, se não tivesse fogueira “dava [mau] agouro”. Lembro-me de ter escutado que se acendiam fogueiras porque Santa Isabel, quando São João nasceu, acendeu uma fogueira para avisar à Virgem Maria – Ela morava distante – que o menino havia nascido.

É claro que é superstição associar a existência ou não das fogueiras à sorte ou ao azar, e eu nunca vi em lugar nenhum que Santa Isabel tivesse avisado à Virgem Maria do nascimento de São João por meio de uma fogueira (o relato bíblico, aliás, deixa entrever que a Virgem estava na casa de Zacarias quando João Batista nasceu). Mas isso é o de menos: o importante é que nossos avós faziam assim! Salvo engano, é de Isaac Newton a célebre frase “standing on the shoulder of giants” – algo como “[enxerguei mais longe] estando (i.e., “porque estava”) sobre os ombros de gigantes”. Os “gigantes” foram os que o precederam. Os nossos avós podem até não ser gigantes e, provavelmente, não o são mesmo; mas, se desprezarmos os seus ombros, ser-nos-á possível escalar outros maiores?

Enxerga-se mais longe quando se respeita o que deixaram os antigos; e aprende-se a respeitar o legado dos antigos desde pequeno. Aprendendo a fazer fogueiras com os nossos avós. Há uma sábia pedagogia nestas tradições populares: ainda que fazer fogueiras seja, em si, uma coisa de pouca ou nenhuma importância, o ensinamento que se esconde por trás disso é precioso: guarde aquilo que lhe foi transmitido pelos seus antepassados. E, quem não aprende a guardar as coisas pequenas e irrelevantes, como será capaz de guardar as coisas grandes e importantes? As fogueiras não são importantes! O que é importante é aprender a respeitar os costumes dos antigos – e, isso, as fogueiras de São João ensinam.

E há ainda os compadres de fogueira! Isso não é da minha época e eu só aprendi em Campina Grande, nestes últimos dias. Compadres são uma espécie de familiares, unidos por laços não de sangue, mas de amizade. O padrinho do seu filho é o seu compadre – e, etimologicamente, um “compadre” é um “co-padre”, ou seja, alguém que é uma espécie de pai (padre) junto com (co) outra pessoa. Estes compadres eu já conhecia. Ser compadre é, de certo modo, fazer parte da família. Um dia, creio, duas pessoas quiseram ser compadres e nenhuma das duas tinha filhos para que um pudesse ser o padrinho do filho do outro. Os compadres de fogueira devem ter surgido assim.

Na noite de São João, dois [ou mais] amigos que querem ser compadres “selam” este compromisso repetindo os versinhos em epígrafe enquanto pulam juntos a fogueira de São João. A partir daí, são compadres para sempre, passam a “fazer parte da família”, manifestam publicamente e assumem um “compromisso de amizade” que perdura a vida inteira. “É mais fácil acabar um compadre de batismo” – dizia o paraibano que me explicava essas coisas, na noite de São João – “do que acabar um compadre de fogueira”. E, se não for mais permitido acender fogueiras de São João… como é que as pessoas vão virar compadres? “Quando ele [o sujeito responsável pela proibição das fogueiras] chegar no céu” – continuava o mesmo paraibano – “São João vai dizer: aqui não entra não. Quem mandou acabar com os meus compadres?”. E ria.

Vão dizer que isso é besteira, e que ninguém precisa “pular fogueira” para ser amigo, e que não há nenhum “poder mágico” em versinhos que produza ex opere operato laços de amizades, e tantas coisas mais. É verdade. Mas o poder não está no “ritual”, e sim no respeito à “instituição” do compadrio – e isso também se aprende com os avós. Sempre é possível fazer estudos sociológicos e antropológicos profundos para explicar os laços que unem os compadres… mas, para estudá-los in loco, é mais fácil procurá-los nos amigos pulando juntos as fogueiras juninas. Amizade é outra coisa que se aprende por tradição. E temo que não sejam capazes de aprender isto os que não aprendem, com os avós, a montar fogueiras…

Sancte Ioannes Baptista,
ora pro nobis.

Mais ataques à Igreja na Europa

Na Espanha, o governo socialista de Zapatero acabou com a isenção fiscal e o financiamento estatal (ver também na BBC) que a Igreja Católica detinha.

A Conferência Episcopal Espanhola havia lançado, no início do ano, uma nota ante las elecciones generales de 2008. Vale muito a pena ler. Zapatero não gostou e, como o seu partido venceu o pleito, veio a revanche. Afinal, o financiamento à Igreja era “excessivo”. E o Estado é Laico.

A contribuição da Igreja à sociedade é evidente e justificava a colaboração dos poderes públicos.
[vice-secretário para assuntos econômicos da Conferência Episcopal Espanhola, Fernando Giménez Barriocanal, in BBC supralinkado]

O “argumento” do Estado Laico é pífio, posto que – como já se cansou de dizer – “Estado Laico” não é a mesma coisa que “Estado Anti-Católico”. E o Estado pode muito bem ajudar financeiramente a uma instituição que julgue importante para o seu povo. Reconheça explicitamente o Governo Espanhol, pois, que a questão é simplesmente a falta de interesse da Espanha em colaborar com a Igreja.

Ontem, eu assistia “Marcelino, Pão e Vinho”. Uma das primeiras cenas mostra um grupo de três frades pedindo ao prefeito da cidade a permissão para construírem um convento num terreno que estava desocupado, após a construção que lá havia ter sido destruída pela Guerra. O prefeito hesita um pouco, mas concede aos frades o terreno. Tempos depois, morre este prefeito, e o que lhe sucede não gosta dos frades; a sua primeira idéia é ordenar a sua expulsão do terreno que o seu predecessor lhes havia concedido. No filme, este prefeito não consegue as assinaturas do Conselho que gostaria para realizar a sua má ação. Infelizmente, na vida real, o Governo da Espanha levou a cabo os seus maus propósitos.

* * *

Enquanto isso, na Itália, uma missa foi profanada por um casal – ele, católico, e ela sem religião – que resolveu trocar intimidades dentro de um confessionário. Muito sábias e oportunas as palavras do bispo local, na homilia da Missa celebrada em desagravo pelo ocorrido:

O gesto foi fruto de uma mentalidade que pode se tornar cultura, que não aceita regras, onde o bem é fazer o que se quer onde se deseja, livres de imposição e respeito. Isso é progresso ou sintoma de uma cultura em decadência e declínio?

Kyrie, eleison.

É CAMPEÃO!

Chegando lá na Ilha do Retiro,
Vou abrir alas, que o Sport vai jogar!
O Rubro-Negro
É cor de guerra,
É o SUPER SPORT que estremece a Terra!

Chegando lá na Ilha do Retiro,
Vou abrir alas que o Sport vai jogar
O Rubro-Negro
É cor de guerra
É o SPORT que estremece a Terra!

Vivendo com o SPORT esta emoção,
A galera se engrandece muito mais!
Quem não fala no SPORT é mudo:
Cazá, Cazá, “PELO SPORT TUDO” !

[foto: JC]

* * *

Aos alvinegros, não fiquem tristes: “não chora, não chora, não chora”!

* * *

E, con la gracia de Dios, o jogo terminou sem ocorrências.


[Foto: Globo]

Parabéns ao Leão da Ilha!