Editorial: Pope’s New Encyclical Speaks Against, not for One-World Government and New World Order – LifeSiteNews.com

Editorial: A nova encíclica do Papa fala contra, e não a favor de um Governo Mundial e uma Nova Ordem Mundial

Editorial by John-Henry Westen

8 de julho de 2009 (LifeSiteNews.com) – Jornais, blogs, programas de rádio e de televisão estão repletos de discussões sobre o suposto convite do Papa Bento XVI para uma “Nova Ordem Mundial” ou um “Governo Mundial” [one-world government]. Estas idéias, no entanto, não estão baseadas nem na realidade nem numa leitura clara da última encíclica do Papa, Caritas in Veritate, cuja publicação ontem [07 de julho] acendeu a discussão inflamada.

O Papa, na verdade, fala diretamente contra um Governo Mundial e, como deveria ser esperado por aqueles que leram os seus escritos anteriores, convida a uma massiva reforma das Nações Unidas. A confusão parece ter surgido do parágrafo 67 da encíclica, que teve algumas citações [pull-quotes] escolhidas para apimentar [have spiced] as páginas dos jornais mundo afora, do New York Times àqueles bloggers de teorias da conspiração que vêem o Papa como o Anticristo.

A citação chave que leva a esta acusação diz: “Para gerenciar a economia global; para reviver as economias atingidas pela crise; para evitar qualquer deterioração na presente crise e maiores desigualdades que dela podem resultar; para proporcionar um integral e conveniente [timely] desarmamento, segurança alimentar e paz; para garantir a proteção do meio-ambiente e regular a migração; para tudo isso, há uma urgente necessidade de uma verdadeira autoridade política mundial, como o meu predecessor, o Bem-Aventurado João XXIII, indicou alguns anos atrás”.

Entretanto, no parágrafo 41, o Santo Padre diferencia especificamente o seu conceito de uma autoridade política mundial [a world political authority] daquele de um Governo Mundial [a one-world government]. “Nós devemos”, ele diz, “promover uma autoridade política dispersa”. Ele explica que “a economia integrada do presente não faz com que o papel dos Estados seja redundante; mas, ao invés disso, faz com que os governos precisem de uma maior colaboração mútua. Ambas, sabedoria e prudência, sugerem que não sejamos tão precipitados em declarar o fim do Estado. Em termos de solução da presente crise, o papel do Estado parece destinado a crescer, conforme ele recupere muitas de suas competências. Em algumas nações, no entanto, a construção ou reconstrução do Estado permanece um fator chave de seu desenvolvimento”.

Mais adiante na encíclica (57), ele fala no conceito oposto de um Governo Mundial – subsidiariedade (o princípio da Doutrina Social da Igreja que estabelece que as questões devem ser resolvidas pela menor, mas baixa e menos centralizada autoridade competente) – como sendo essencial. “A fim de não produzir um perigoso poder universal de natureza tirânica, o governo da globalização deve ser marcado pela subsidiariedade”, diz o Papa.

Outra das citações chaves que foram extraídas da encíclica por causa do seu potencial chocante é esta: “em face ao inesgotável crescimento da interdependência global, há um forte sentimento da necessidade, mesmo no meio de uma recessão global, de uma reforma da Organização das Nações Unidas, e igualmente das instituições econômicas e financeiras internacionais, de modo que o o conceito de Família das Nações possa se tornar realidade [can acquire real teeth]”.

Desde muito antes do seu papado, Joseph Ratzinger lutou vigorosamente contra a visão das Nações Unidas de uma “Nova Ordem Mundial”. Já em 1997, e repetidas vezes depois disso, Ratzinger fez de tal visão seu objetivo público [took public aim at such a vision], notando que a filosofia vinda das conferências da ONU e o Millenium Summit “propunha estratégias para reduzir o número de convidados à mesa da humanidade, a fim de que a presumida felicidade que [nós] atingimos não seja afetada”.

“Na base desta Nova Ordem Mundial”, ele falou que está a ideologia do “fortalecimento das mulheres”, que equivocadamente vê “os principais obstáculos para a plenitude [das mulheres] [como sendo] a família e a maternidade”. O então cardeal avisou que “neste estado do desenvolvimento da nova imagem do novo mundo, os cristãos – não somente eles; mas, em qualquer caso, eles mais do que os outros – têm o dever de protestar”.

Bento XVI de fato repetiu estas críticas em sua nova encíclica. Na Caritas in Veritate, o Papa condena as “práticas de controle demográfico, da parte de governos que freqüentemente promovem a contracepção e chegam até mesmo a ponto de impôr o aborto”. Ele também denuncia os corpos econômicos mundias como o FMI e o Banco Mundial (sem os nomear especificamente) por suas práticas de empréstimo que visam ao assim chamado “planejamento familiar”. “Há razões para suspeitar que a ajuda ao desenvolvimento está às vezes ligada a específicas políticas de saúde pública que de fato envolvem a imposição de fortes medidas de controle de natalidade”, diz a encíclica.

Qualquer visão de uma adequada ordenação do mundo, de economia ou cooperação política internacional, sugere o Papa, deve estar baseada em uma “ordem moral”. Isto inclui primeiro e principalmente “o direito fundamental à vida” da concepção à sua morte natural, o reconhecimento da família baseada no casamento entre um homem e uma mulher como base da sociedade e liberdade religiosa e a cooperação entre todas as pessoas com base nos princípios da Lei Natural.

Veja os artigos relacionados de LifeSiteNews [em inglês]:

Best Pro-Life Quotes from Pope Benedict XVI’s New Encyclical

LifeSiteNews.com NewsBytes – Various Reports on Papal Social Encyclical Caritas in Veritate

Curtas espinhosos sobre a Caritas in Veritate

– A nova encíclica do Santo Padre, recém-publicada, já está dando o que falar. Como ainda não tive oportunidade de ler da carta mais do que alguns trechos específicos e, mesmo assim, em “leitura diagonal”, não estou em condições de fornecer comentários completos sobre o documento. Mesmo assim, preciso fazer ao menos dois comentários sobre ela que, deixe-se avisado desde já, estarão circunscritos aos estritos limites da minha [falta de] leitura. Peço desde já correções sobre quaisquer erros que eu porventura venha a cometer neles.

– Manchete reducionista número I: Papa exige uma verdadeira autoridade política mundial. Na versão inglesa mais completa e mais nonsense: Pope Endorses “World Political Authority”. Quanto a isso, cabe lembrar que (i) isto é um único parágrafo [o de número 67] dos 79 que compõem a carta encíclica; (ii) o Papa não “exige” absolutamente nada, apenas considera que “urge a presença de uma verdadeira Autoridade política mundial” (itálico no original); (iii) obviamente, tal autoridade não é a ONU, nem a União Européia, nem a OEA, nem nenhuma das organizações existentes na atualidade, e nem mesmo semelhante a elas; (iv) o Papa diz isso expressamente, pois fala na “urgência de uma reforma quer da Organização das Nações Unidas quer da arquitectura económica e financeira internacional, para que seja possível uma real concretização do conceito de família de nações”; (v) o conceito de “Família de Nações” utilizado pelo Papa encontra eco na Cristandade Medieval, e já se concretizou historicamente nos Estados Católicos submissos à autoridade mundial do Vigário de Cristo; (vi) como a Cristandade não mais existe, é necessário – e é isso que o Papa diz – encontrar uma forma, digamos, “natural” de fazer alguma coisa análoga; e (vii) tal autoridade mundial delineada pelo Papa deve obviamente aproximar-se mais do modelo medieval do que do modelo hodierno das Nações Unidas.

– Manchete reducionista número II: Falta de ética e de Deus causaram crise econômica, diz papa, seguida pelo absurdamente pior artigo da UNA que inicia dizendo que o papa Bento 16 adora imolar ateus. Este faz citações erradas da Encíclica, tenta fazer acreditar que o documento é uma espécie de carta anti-ateísmo e, pior de tudo, comete uma distorção tão descarada da idéia expressa por Bento XVI que não entendo como pode ter passado despercebida. O Papa disse que o desenvolvimento humano [integral], sem Deus, “acaba confiado unicamente às mãos do homem, que cai na presunção da auto-salvação e acaba por fomentar um desenvolvimento desumanizado” (Caritas in Veritate, 11). O sr. Marcelo Druyan, prontamente, inventou que o Papa disse terem sido os ateus que geraram a presente crise financeira e defendeu-se da nonsense acusação por ele mesmo produzida argumentando que a crise iniciou-se nos Estados Unidos, cujo presidente era cristão! O samba do crioulo-doido é tanto mais deplorável quanto mais o articulista demonstra estar convicto do mais perfeito encadeamento lógico entre a citação (errada) do Papa, a (inventada) acusação que (supostamente) dela decorre e o (nonsense) argumento que a refuta. Faço coro ao que foi publicado dia desses na Dicta: o novo ateísmo “é de uma estreiteza assustadora”…