A Argentina resiste

E o aborto não foi legalizado na Argentina. Não desta vez. É sem dúvidas uma vitória importante, é algo a se comemorar e a agradecer, de joelhos!, a Nosso Senhor e à Virgem Santíssima; mas é também um importante aviso de que devemos — precisamos! — sair da defensiva e assumir um maior protagonismo nesta encarniçada guerra que se trava, escancarada, bem diante de nossos olhos, entre a vida civilizada e a cultura da morte. O aborto não foi aprovado de ontem para hoje na Argentina; mas ele poderia ter sido aprovado, e essa só possibilidade já é uma tragédia e uma vergonha. O avanço da barbárie foi terrível; o estrago que já foi feito é desmesurado; e talvez não estejamos levando suficientemente a sério toda a dimensão do que nos incumbe fazer.

É preciso continuar alerta. O projeto que fora aprovado na Câmara dos Deputados por uma verdadeira maioria de ocasião — 128 votos favoráveis contra 124 contrários — foi derrubado esta madrugada no Senado e não poderá voltar a ser apresentado até a próxima sessão legislativa, que só se inicia em março do ano que vem. No entanto, ainda este mês o Parlamento argentino vai começar a discutir a reforma do Código Penal — que, como não poderia deixar de ser, também vai precisar se posicionar sobre o crime do aborto. A batalha foi superada, mas a guerra está ainda muito longe de acabar.

É preciso não dar tréguas ao mal, e isso tem aqui uma dupla consequência. Por um lado é preciso sem dúvidas parar com o bom-mocismo; é preciso deixar de prestar deferência, em nome da alegada troca civilizada de idéias, aos fautores do crime horrendo do aborto. É preciso chamar o mal de mal com toda a força dos pulmões; é preciso denunciar a insuperável incivilidade da posição abortista. Duas pessoas podem discordar — inclusive de maneira muito irredutível e muito visceral — a respeito de posições, não obstante opostas, em si mesmas respeitáveis, e mesmo dois ferrenhos adversários podem ser capazes de reconhecer isso. Mas um pró-vida não pode agir com a mesma condescendência para com um abortista. Não se está aqui tratando de duas visões de mundo legítimas: antes é o embate entre uma cosmovisão e uma cosmocegueira. A maldade intrínseca do abortismo precisa ser exposta sem tréguas, porque a apologia do pecado é pior do que o próprio pecado.

E esta é a segunda consequência: a prática do aborto é pecaminosa, mas a promoção do aborto é satânica. Se é preciso combater o abortismo com todo o afã, é igualmente preciso desdobrar-se para resgatar as almas que estão à beira do abismo do aborto ou nele já caíram. O abortismo precisa ser massacrado impiedosamente; a mulher que abortou ou pensa em abortar, no entanto, esta precisa ser salva. Estatísticas bem duvidosas dizem que uma a cada cinco mulheres aos quarenta anos já terá feito um aborto; ainda que isso fosse mesmo verdadeiro, não seria verdade que vinte por cento das mulheres fossem abortistas.

Não nos deve assombrar a vastidão do pecado; ao contrário, ela pode e deve ser vista como uma oportunidade para a superabundância da graça. Já escrevi aqui outra vez sobre as mulheres que confessavam abortos: elas podem engrossar as estatísticas dos crimes que já mancharam a nossa Pátria, mas de maneira alguma servem para pavimentar a estrada do assassínio institucionalizado. Em poucas palavras, não se sabe ao certo o número de abortos praticados nos países onde ele é proibido; quanto maior for esse número, no entanto, maior deve ser o empenho para lhe pôr renovados embaraços, para dificultar ainda mais a sua prática. É próprio da honra e da virtude combater com mais ardor, com mais afinco, com mais abnegação, quanto mais vigoroso for o inimigo que nos assalta. Ao contrário, recuar perante o avanço da iniquidade é o que faz uma nação de covardes, uma sociedade de escravos.

É preciso criatividade para cativar os corações e para salvar vidas do aborto. Não podemos mais nos dar ao luxo de levantar em defesa dos indefesos apenas alguns artigos do Código Penal; é preciso dar-lhes vida e efetividade, é preciso impingir com cores vigorosas nas almas o horror deste crime. Que haja abortos, repita-se, não deveria tanto nos assombrar; que haja quem defenda o aborto, este é o maior mal e o inimigo mais macabro, este é o demônio com o qual não é possível fazer acordos, e que é preciso exorcizar à força de mais jejuns e orações que até então vínhamos fazendo.

A Argentina não caiu. No entanto, o golpe sofrido precisa nos fazer acordar. É preciso reconhecer a seriedade da guerra e a importância de nos comprometermos mais com a causa: porque do lado de lá não faltam pessoas comprometidas com o derramamento de sangue inocente. Foi-nos concedida uma pequena vitória, mas não nos enganemos: estamos ainda em plena guerra, com o inimigo à espreita, e não nos é lícito abaixar a guarda por um instante sequer.

Demos graças ao Senhor, sim, sem dúvidas; mas que aos nossos agradecimentos se unam, também, as nossas súplicas mais ardentes e nossos compromissos mais sinceros. Obrigado, ó Virgem Santa, pela batalha recém vencida; e concedei-nos força e coragem para as que ainda nos virão. Valei-nos Cristo Senhor! Por meio da dedicação às Vossas lutas fazei-nos merecedores da Vossa paz.

“E para ter uma vida tranquila, mata-se um inocente.”

Nos últimos dias, a mídia anti-clerical parece ter “descoberto”, embasbacada, o catolicismo do Papa Francisco. Foi por ocasião da recente, infame e ilegítima votação da Câmara dos Deputados argentina que, por 129 votos a favor e 125 contra, aprovou um projeto de lei (que ainda precisa passar pelo Senado e pela sanção presidencial) autorizando o crime do aborto até a 14ª semana de gestação. Em meio à escalada da sanha homicida das sociedades degeneradas contemporâneas, ninguém parece ter se levantado contra o enorme absurdo que é admitir que cinco míseros votos parlamentares — verdadeira e evidente maioria de ocasião — tenham o poder de condenar à morte crianças no ventre materno. Veja-se, que o direito de vida e morte sobre outrem fosse submetido a votação, ainda que por maioria qualificada, ou mesmo por unanimidade, já seria um retrocesso, uma barbárie! Que tal “direito” possa ser admitido por uma diferença de cinco votos entre duzentos e setenta e cinco votantes, aí já é um escárnio e uma loucura. Trata-se de 1,8%. É óbvio que nenhuma coisa em favor da qual se possa decidir legitimamente com base em uma diferença tão pequena é levada a sério por quem se sujeita a essas regras. Por cinco votos dentre trezentos é possível decidir sobre a data da festa da colheita da cidade, entre duas datas igualmente boas; ou sobre o nome do próximo presidente do Parlamento, entre dois nomes igualmente legítimos. Decidir, no entanto, entre a vida e a morte por essa margem, é coisa que deveria fazer corar de vergonha até mesmo os abortistas que guardam algum apreço pelos processos democráticos.

Mas o que isso tem a ver com o catolicismo do Papa? É que, no final de semana seguinte, Sua Santidade fez um discurso improvisado — no qual, aliás, nem mencionava a Argentina — onde disse o óbvio: que é um absurdo matar crianças para que se tenha uma vida tranquila, que isso é uma regressão ao paganismo mais abjeto, que hoje fazemos o mesmo que os nazistas faziam, só que «com luvas brancas». Foi o suficiente para que a mídia, que passou os últimos anos enaltecendo com tanto afinco a figura deste Papa progressista, que estaria empenhado em modernizar a Igreja, que seria o perfeito oposto do seu antecessor alemão, foi o suficiente, eu dizia, para que essa mesma mídia transformasse o Papa em inimigo público número 1 e passasse a exigir, aos berros, a sua renúncia.

Não é figura de linguagem. A Carta Capital estampou uma manchete onde pedia “Deixe o trono, Francisco”, e onde fazia questão de reafirmar a sua «dissidência com esta Igreja que se recusa a reconhecer as mulheres como sujeitas de suas histórias». Oras, agora ser contra o assassínio frio e deliberado de crianças no ventre de suas mães passou a ser recusar-se a reconhecer as mulheres como sujeitas de suas histórias! O que tem uma coisa a ver com a outra? Estivéssemos em pleno regime escravocrata, essa revista censuraria os abolicionistas por negarem aos senhores de engenho o serem sujeitos de suas próprias histórias? É evidente que a questão escravagista não era mera implicância contra os donos de escravos, mas sim uma questão básica de humanidade para com os seres humanos escravizados; como, do mesmíssimo modo, é óbvio que a questão pró-vida não é displicência para com mulher gestante, mas sim defesa do ser humano em risco de ser abortado.

Menos inflamada, mas ainda assim bastante reveladora, foi a coluna da Cora Rónai para O Globo (excertos aqui). Sem esconder o seu descontentamento e a sua insatisfação, a autora afirma que «[o] Papa Francisco é um perigo» porque — ó novidade! — «é tão aferrado aos dogmas medievais da Igreja quanto o papa Ratzinger». E expõe assim a sua preocupação:

A palavra de um líder religioso aparentemente aberto e antenado ao seu tempo tem um peso muito maior do que a palavra de um homem que cultiva ostensivamente a tradição, e não faz a menor questão de ser popular.

O papa Francisco pode causar estragos muito maiores do que o papa Ratzinger jamais sonhou.

Ora, que os Papas sejam (necessariamente) católicos é um pressuposto que não se deveria sequer pôr em discussão. Com o Papa Francisco até essa obviedade foi posta em causa; defendeu-se, dizendo que era católico e filho da Igreja. Quanto a isso, jamais pode ser acusado de haver querido enganar ninguém. No entanto, vemos, agora, os não-católicos virem à mídia carpir as suas alegadas decepções e se insinuarem traídos por uma Papa que — coisa incrível! — se recusa a abraçar as doenças do Terceiro Milênio.

Os doentes e os pecadores sempre receberam uma atenção especial do Papa Francisco. Porque é esta a verdadeira missão revolucionária da Igreja, desde sempre, desde as mais singelas páginas do Evangelho onde Nosso Senhor afirma ter vindo não para os sãos mas sim para os doentes, não para os justos, mas para os pecadores. No entanto, ao contrário do mundo, não se verá jamais a Igreja ou o Papa abraçando a doença ou o pecado — e essa é a diferença essencial entre quem realmente se preocupa com a humanidade e quem mancomuna-se com Satanás para espalhar dor sobre o mundo.

Entre o Papa que ama os doentes e o mundo que espalha doenças, não deve ser difícil escolher quem merece ser ouvido. A Igreja acolhe os pecadores enquanto o mundo exalta o pecado: é por isso que a Igreja permanece enquanto o mundo cai de degeneração em degeneração. No fundo, a histeria dos anti-clericais, como tudo o que fazem, não tem verdadeira razão-de-ser: é somente outra tentativa vil e desonesta (igual em seus objetivos, aliás, à que procura apresentar o Papa como um Che Guevara de branco) de afastar as pessoas do Vigário de Cristo e da verdadeira Igreja de Nosso Senhor — único lugar onde o homem pode encontrar realmente a felicidade e a paz.

“O Papa Francisco é o terceiro de três campeões da liberdade” – por Hugh Hewitt

Original: HughHewitt.com
TraduçãoGarcia Rothbard
Publicação Original: Direita crítica e autocrítica

O Papa Francisco é o terceiro de três campeões da liberdade – por Hugh Hewitt

Karol Wojtyla conheceu os regimes nazista e comunista, e ajudou a provocar o desmoronamento do Império Comunista.

Joseph Ratzinger cresceu sob os nazistas, também, e passou a maior parte de sua vida ao lado de seu amigo João Paulo II na batalha mundial contra os Soviéticos e suas ramificações em várias fachadas intelectuais através do mundo.

Agora surge Jorge Mário Bergoglio, que também passou muitos anos de sua vida em duplo conflito com fascistas e comunistas. Christopher Hitchens disse-me na última entrevista que fiz com ele que o ditador argentino General Jorge Videla foi o mais perverso dos muitos homens perversos que o escritor tinha conhecido. O novo Papa teve portanto que lutar contra o pior dos piores, justamente como seus imediatos predecessores.

As batalhas do século 20 nos entregaram um novo experimentado líder para os capítulos iniciais do novo século. Francisco vem liderar uma Igreja que está realmente cansada e ferida por aquelas épicas batalhas, e essas feridas têm ficado mesmo mais dolorosas. Um corpo enfraquecido é vulnerável a tais coisas. Como qualquer Americano que pode ler sabe, a Igreja Católica Romana na América e em vários lugares do mundo foi invadida por grandes males que estão ainda sendo expurgados e expiados por novos líderes como o Cardeal Timothy Dolan, de New York, ou os arcebispos Charles Chaput de Philadelphia e José Gomez de Los Angeles.

Uma vez que J.R.R. Tolkien era um Católico, deixem-me tomar emprestado uma referência ou duas de “O Senhor dos Anéis” para ilustrar os desafios que afrontam Francisco.

O mal nunca dorme. Logo que foi desalojado na fantasia épica ele começou a procurar um novo lar, e ocupou Mordor. Eu não imaginaria representar os riscos de Tolkien com o Tom Bombadil da mídia moderna, Stephen Colbert, mas o universo do épico do inglês está sempre em nossa frente.

O Bem luta contra o Mal, e mesmo quando o Bem ganha – como em 1945 e 1989 – o Mal convoca reforços e abre uma nova frente para renovar a batalha.

Muitas e muitas pessoas estão abençoadamente vivendo em seus vários condados, atacando o aquecimento global e vários outros pretensos monstros, mas os horrores reais estão lá fora, e a Igreja Católica Romana tem, pela terceira vez em sequencia, evocado um líder que conhece exatamente a profundeza do mal.

Eu passei a maior parte da última semana entrevistando lideres intelectuais da Igreja Católica Romana na América: George Weigel, e padres como Robert Barron, Joseph Fessio, C. John McCloskey e Robert Sirico. Cada um deles estava surpreso mas também feliz com a escolha do Papa Francisco, confiantes em sua sabedoria íntima (todas essas entrevistas estão disponíveis na página de “Transcriptis” do site HughHewitt.com).

Minha última entrevista desta semana foi com o Arcebispo Chaput, que disse do novo papa que Francisco era “um homem extraordinário” e uma “extraordinária escolha”, e que ninguém deveria temer que a teologia da libertação tivesse penetrado na corte de São Pedro pela América do Sul.

“Esquerdistas argentinos da Teologia da Libertação não gostavam dele como bispo, e realmente tentaram impedir que ele fosse promovido a arcebispo de Buenos Aires”, Chaput disse-me. “Então, eles devem estar especialmente perturbados agora”.

Mas não os defensores da liberdade religiosa. Como com João Paulo II e Bento XVI, eles têm em Francisco um confiável, resistente, experiente e corajoso líder.

Hugh Hewitt é um professor de direito na Universidade Chapman e um radialista que atualiza diariamente seu blog em HughHewitt.com.

Franciscus!

13 de Março de 2013

Annuntio vobis gaudium magnum;
habemus Papam:

Eminentissimum ac Reverendissimum Dominum,
Dominum Georgium Marium
Sanctae Romanae Ecclesiae Cardinalem Bergoglio
qui sibi nomen imposuit Franciscum

 

francesco1

Papa Francisco I, ou simplesmente “Francisco”,
Bispo de Roma, Vigário de Cristo, Sucessor de São Pedro.

Para mim, foi uma surpresa. Ou melhor, foram diversas surpresas: a rapidez do conclave, o nome de Jorge Mario Bergoglio (que foi ventilado nos últimos dias, ma non troppo), a idade avançada do cardeal (tem 76 anos, somente dois a menos do que Ratzinger quando foi eleito), o nome de Francisco (nunca antes tomado por nenhum Papa!), a Argentina fornecendo um Papa à Igreja, um Jesuíta sentado no Trono de Pedro. Surpreendente!

Da biografia do John Allen Jr.:

Bergoglio é visto como um ortodoxo inflexível em matéria de moral sexual e como convicto opositor do aborto, da união homossexual e da contracepção. Em 2010 ele afirmou que a adoção de crianças por gays é uma forma de discriminação contra as crianças, o que lhe valeu uma reprimenda pública por parte da presidente argentina Cristina Kirchner. Ao mesmo tempo, ele demonstra sempre profunda compaixão pelas vítimas da aids; em 2001, por exemplo, visitou um sanatório para lavar e beijar os pés de 12 pacientes soropositivos.

Viva o Papa!

V. Oremus pro Pontifice Nostro Francisco!
RDominus conservet eum, et vivificet eum, et beatum faciat eum in terra, et non tradat eum in animam inimicorum eius.

OREMUSDeus, omnium fidelium pastor et rector, famulum tuum Franciscum, quem pastorem Ecclesiae tuae praeesse voluisti, propitius respice: da ei, quaesumus, verbo et exemplo, quibus praeest, proficere: ut ad vitam, una cum grege sibi credito, perveniat sempiternam. Per Christum, Dominum nostrum.
R. Amen.

Católicos, mais uma vez, precisam defender uma catedral de uma turba de vândalos

Está excelente a cobertura que o Edson fez sobre o vandalismo anti-católico das abortistas e dos gayzistas na Argentina. Leiam lá. Deixo aqui só um vídeo, o segundo que consta no link acima. É longo, mas é bonito.

Aos 1m50, aparece uma manifestante pichando (!) a camisa dos católicos que, fazendo um cordão humano, se interpunham entre a horda de revolucionários e a Catedral de Posadas (Argentina). Aos 3m25, uma garota histérica tenta agredir um dos defensores da Catedral e, contida por uma amiga, descamba em um frenesi de gritaria que me fez lembrar este exemplo de argumentação abortista que pus há alguns anos cá no blog. Aos 9m47, uma das revolucionárias enfia um papel (!!) na boca de um dos católicos que estavam rezando. E, ao longo de todo o vídeo, o deboche, as agressões, a provocação gratuita, o vandalismo, enfim, toda a baixeza sulfúrea desta gente que se diz defensora iluminada de direitos humanos fundamentais.

Aconteceu também recentemente em La Plata, embora este vídeo seja menos violento (mas não menos dramático, ao mostrar os bárbaros se aproximando cada vez mais das muralhas que defendem a civilização…) e, a julgar por ele, o confronto aqui talvez não tenha sido tão aberto quanto em outros lugares. Mas não se trata de nenhuma novidade e nem de nenhum fato isolado. O mesmo aconteceu no Peru no início do ano passado e, alguns anos antes, em Neuquén. Estas ondas de violência são organizadas e sistemáticas. Só não vê quem não quer.

E quem são os opressores aqui? Quem os obscurantistas? Quem, enfim, os representantes de um modelo atrasado que ameaça o futuro da civilização? São os católicos rezando e suportando toda sorte de violências, ou – ao contrário! – os baderneiros que se lançam tão agressivamente contra eles?

Feminismo agressivo e conversão de abortista

Católicos ao redor das igrejas para evitar possíveis ataques; feministas com os seios de fora, jogando garrafas e cuspindo nos cristãos. Foi assim na Argentina, no XXIV Encontro Nacional de Mulheres, que teve lugar em Tucumán entre os dias 10 e 12 de outubro p.p.

Os católicos lá estavam, como no ano passado em Neuquén: “La única voz que se oyó fue la de los católicos rezando mientras [las manifestantes] les interpelaban con blasfemias y provocaciones”. Que a Virgem os recompense.

Enquanto isso, NOTÍCIA MUITO IMPORTANTE: ex-diretora da Planned Parenthood abandona os abortos e se converte em militante pró-vida. “Com receio da repercussão da mudança de Abby, a Planned Parenthood entrou na justiça para garantir que o sigilo de clientes e profissionais da indústria do aborto não sejam prejudicados pelas manifestações das quais Abby possa participar”. Graças a Deus, engrossam as fileiras dos ex-abortistas. Graças a Deus, cada vez mais as pessoas percebem o absurdo que é a defesa do assassinato de crianças inocentes.

Três curtas

Cristãos em defesa do homossexualismo; “faça valer seu direito de liberdade de expressão e os valores de sua fé”, diz o manifesto divulgado por emails. Após preenchido, ele deve ser enviado para um dos seguintes destinatários:

ABGLT – Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais. Caixa Postal 1095, CEP: 80011-970 – Curitiba, PR, para o fax: (41) 3232-1299, ou para o e-mail aliadas@grupodignidade.org.br; ou, então, diretamente para o Senado: Senadora Fátima Cleide, Ala Sen. Filinto Müller, gabinete 15, Senado Federal, Praça dos Três Poderes, CEP: 70165-900 – Brasília, DF; fax: (61) 3311-1882.

Quanto ao primeiro destinatário, nem se fala. O segundo é um email que pertence a esta ONG – sempre as ONGs! – cuja missão é “atuar na defesa e promoção da livre orientação sexual e dos direitos humanos de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais”. O terceiro destinatário é a senadora Fátima Cleide, petista, relatora do PLC 122/2006 e que já deu voto favorável à sua aprovação sem emendas.

Esta corja parece não entender – ou não querer entender – que a liberdade de expressão tem limites (sendo portanto infundado o clamor de divulgação do manifesto) e – ainda mais gritante! – que não existe compatibilidade possível entre o Cristianismo e o gayzismo, entre Nosso Senhor e Belial.

– Ainda sobre liberdade de expressão: este sacrílego comercial de sorvetes divulgado na Europa. Mais uma vez: liberdade de expressão não é direito de ofender, e o sacrilégio não está entre os direitos humanos fundamentais. O comercial pode ser banido caso a agência reguladora de publicidade para quem foi encaminhada uma denúncia contra o anúncio a julgue procedente; mas, como comentou alguém numa lista de emails da qual participo, o autor deles provavelmente vai ficar impune. Para fazer mais peças ofensivas no futuro.

Duvido que fizessem isso com muçulmanos…

– Não sei se é verdade, mas saiu no IOLDiário [português] que uma menina argentina de 16 anos [agora 17] já tem sete filhos. Engravidou três vezes: uma gravidez normal e duas de trigêmeos. A mãe “confirmou ter assinado um documento para que Pamela [a jovem mãe] seja submetida a uma operação de laqueação de trompas”; este outro site, no entanto, diz que a jovem “ainda não adquiriu o direito de fazer uma laqueadura (ligadura de trompas), porque não atingiu a maioridade”. Sobre a garota, ele também fala:

Insatisfeita? A adolescente, que não mantém mais nenhum contato com os três pais, afirmou ao jornal Sunday Mirror que os garotos são seus “pequenos milagres”. “É cansativo, mas o mais importante é que todos eles sejam felizes e saudáveis”.

Não parece, portanto, que a menina queira se esterilizar. Contudo, parece que muitas pessoas estão dispostas a retirar da mulher o direito de ter os seus filhos. Esta pergunta no Yahoo Respostas revela um pouco disso; embora haja vozes discordantes, tem ainda muita gente que acha que a mulher deve, sim, fazer laqueadura após o segundo filho – teve até alguém com a cara-de-pau de dizer que “[s]e for pobre, deve fazer após o primeiro”! Este outro blog apresenta como “solução para a superpopulação planetária” a “laqueadura em dez minutos”. E vai na mesma linha ditatorial:

Uma das soluções para a superpopulação, para mulheres que já tenham dois filhos e de qualquer classe social – e não me venha com essa lengalenga de, e se ela se casar de novo e quiser mais filhos? Ela já teve sua cota de filhos, o planeta não suporta mais tanta gente, o planeta não tem mais recursos naturais para matar a sede e a fome de todos eles, vá arranjar outra diversão que não seja fazer filhos, o custo para o planeta é muito alto – é a laqueadura a jato.

É muito triste. Será que estamos seguindo o mesmo caminho da China? Ou para a crônica do Pondé? Após a propaganda anti-filhos, vem agora a imposição da esterilização para as sobreviventes do massacre ideológico. É este o mundo que nós queremos construir?

En Passant

O “Pacientes na Tribulação” resolveu escrever contra um artigo do Veritatis Splendor – artigo este, aliás, que foi posteriormente tirado do ar pelo próprio VS. Não tenho tempo para me meter na polêmica agora [ainda tenho, aliás, algumas pendências com os senhores Sandro Pontes e Felipe Coelho aqui, das quais não me esqueci]; gostaria somente de registrar o ocorrido e comentar uma frase feita nos comentários. O autor do blog disse o seguinte:

Quando os protestantes falam em “Roma”, eles querem atacar a Igreja Católica enquanto instituição. Quando um tradicional usa o termo “Roma modernista”, ainda que impróprio, refere-se aos modernistas infiltrados na Santa Igreja de Roma.

E isso não me parece uma diferença lá muito grande, porque também os protestantes não atacam “a Igreja em Si” com a clareza de consciência de que o estão fazendo, e sim a Igreja Católica que, para eles, não é a Igreja de Cristo. Pari passu, quando os “tradicionalistas” atacam o Papa [que, para alguns, não é o Vigário de Cristo…], a semelhança [antes que comecem os protestos, uso o termo “semelhança” de propósito, a “igualdade” preferindo-o] é evidente.

– Na Argentina [a notícia tem um mês mas eu ainda não comentei sobre o assunto aqui] segue o processo de descristianização da sociedade por meio da campanha de apostasia coletiva promovida no país. Os inimigos da Igreja que, antes, agiam de maneira sutil, envenenando a cultura, promovendo anti-valores nos meios de comunicação, debochando dos religiosos, etc., agora saem às ruas para, às claras, falar em apostasia e em repúdio formal à Igreja de Nosso Senhor.

A campanha de apostasia em andamento na Argentina foi lançada no dia 7 de março com o slogan “Não em meu nome!”. O objetivo é fazer chegar á Igreja católica argentina o maior número de pedidos de apostasia. A este propósito foi criado um site onde os interessados a pedir a apostasia podem baixar e preencher uma carta endereçadas às autoridades eclesiásticas.

Deus tenha piedade da Argentina.

Missas suspensas em Cidade do México, por causa da gripe suína; o México confirmou a oitava morte. Os colégios estão fechados, mas as igrejas não: os fiéis podem continuar a rezar nelas, caso o desejem. Não entendo, portanto, o motivo da suspensão das celebrações; da última vez que isso aconteceu no México, os motivos eram mais sérios e, os resultados, foram mais trágicos [aliás, vale muito a pena – recomendo enfaticamente – ver um velho cristero falando sobre “el gobierno cabrón” e cantando Viva Cristo Rei!]. Que Nossa Senhora de Guadalupe proteja o México: Santa Maria de Guadalupe, a ti rogamos proteção e amparo, para que em breve vençamos essa epidemia que afligiu o nosso país, pois tu nos amas com um afeto especial. Com o teu cuidado maternal velas sobre nós e com a tua intercessão maternal estás sempre disponível para nós.

Garota em São Paulo está grávida da namorada; lesbianismo, dupla de homossexuais cuidando de crianças, fecundação artificial heteróloga, barriga de aluguel: um verdadeiro compêndio de imoralidades e de ofensas à lei de Deus. Segundo a notícia dada por Jamildo, o que as duas querem “é sair da maternidade juntas, com um documento que permita registrar as crianças no cartório com o sobrenome de cada uma e o nome das duas mães na certidão de nascimento”; acaso isso é permitido no Brasil?! Ontem à noite, nasceram os gêmeos. Diante das câmeras. Sob o entusiasmo dos gayzistas de todos os naipes. Tenha Deus misericórdia de nós todos.

Retrospectiva: Israel e Santa Sé

– Uma TV israelense levou ao ar um programa “humorístico” blasfemo, no qual eram ofendidos Jesus e Maria. A Santa Sé protestou imediatamente; o Estado de Israel aquiesceu ao pedido do Vaticano e censurou o programa de televisão. As relações entre o Vaticano e Israel parecem ir bem.

– O Governo da Argentina expulsou Dom Williamson do país; em todo o mundo, líderes judaicos comemoraram. Segundo o presidente do Congresso Judaico Mundial, Ronald Lauder, a decisão é louvável “porque o governo argentino deixa muito claro que os negadores do Holocausto não são bem-vindos no país”, mas, segundo as autoridades argentinas, o motivo da expulsão foram problemas com o Ministério do Interior; o bispo teria declarado “ser um empregado administrativo da Associação Civil La Tradición, quando sua verdadeira atividade era a de sacerdote e diretor do Seminário que a Fraternidade São Pio 10° possui na cidade de Moreno”. As relações entre os judeus e Dom Williamson parecem ir mal.

– Dom Williamson retratou-se de suas declarações – que provocaram mal-estar – sobre o Holocausto; no entanto, e nada surpreendentemente, os judeus não aceitaram. Segundo eles, “Williamson não se retratou de suas teses mentirosas sobre o Holocausto. Só lamentou que o que disse tenha gerado tanta polêmica”. Óbvio. O que mais Dom Williamson poderia ter dito? A censura judaica sobre a discussão histórica está ultrapassando todos os limites do tolerável. As relações entre os judeus e Dom Williamson parecem estar indo muito mal. Espero que esta tensão não seja elevada às instâncias superiores, e não comprometa as relações entre Israel e a Santa Sé. Afinal, Israel é maior do que alguns judeus birrentos; e a Igreja evidentemente não é Dom Williamson.

Notas Ligeiras

– Ainda sobre o homossexualismo: o Parlamento Português rejeitou – graças a Deus! – o “casamento gay”. A terra na qual apareceu Nossa Senhora de Fátima está oferecendo uma bonita resistência à degradação moral que se espalha pelo resto da Europa como uma praga. Que a Virgem de Fátima continue intercedendo pelos portugueses.

– O Diário de Pernambuco, talvez num surto de bom senso após as publicações vergonhosas de ontem, publicou hoje uma relevante reportagem que chama a atenção para o perigo ao qual as crianças estão expostas na internet. Diz a matéria que a “inocência ultrajada é realidade para 53% das crianças e adolescentes que, segundo pesquisa inédita, tiveram contato com conteúdos agressivos na internet”. Aproveito o ensejo para recomendar o blog Diga Não à Erotização Infantil.

– O Canadá vai condecorar (aliás, a esta hora, já deve ter condecorado) o dr. Morgentaler, “principal responsável para que, em 1988, a Suprema Corte do Canadá revogasse a lei que permitia o aborto somente após avaliação de uma comissão médica”. Vergonha. Que esperaça podemos ainda nutrir, quando os criminosos recebem homenagens públicas?

– Lembram dos jovens argentinos que valentemente defenderam a Catedral? Pablo, um deles, concedeu uma bonita entrevista cuja leitura vale muito a pena. Recomendo.