Vandalismo e iconoclastia na Rússia e na Ucrânia

Ativistas do grupo feminista Femen derrubaram hoje uma cruz em Kiev. Dizem que é protesto por conta da prisão das “Pussy Riot”. Não sei quem são. A mesma matéria dá um pouco de contexto: trata-se de uma banda de jovens roqueiras russas que foram presas por conta de “um protesto contra o Kremlin feito no altar de uma igreja” no início do ano. A referência ajuda; lembro-me de ter lido algo sobre o caso. Vou ao Google. Lembrei; são as três garotas que foram recentemente consideradas culpadas “por terem entoado em fevereiro, encapuzadas e acompanhadas de guitarras, uma “oração punk” contra Putin, na catedral do Cristo Salvador, em Moscou”.

Não nutro simpatia pelo ex-agente da KGB que é hoje o presidente da Rússia. Não me incomodo que as meninas russas protestem contra ele. O que me incomoda, claro, é o vilipêndio ao Cristianismo, a profanação de um lugar sagrado. A catedral de Cristo Salvador é um templo religioso destinado à oração, e não palco para reivindicações políticas (ainda que fossem justíssimas – não entro neste mérito, não conheço a política russa). Transformá-la em objeto de protesto – à revelia dos cristãos que a utilizam para o culto a Deus, vale salientar – é sim vandalismo, é sim ódio religioso; e isso não pode ser tratado como se não fosse nada demais.

Como também é vandalismo usar uma motosserra para derrubar uma cruz de praça. Vandalismo, iconoclastia e ultraje a culto. Não sei o que leva estas garotas a fazerem isso com a cara mais lavada do mundo, como se existisse alguma coisa de louvável ou heróico em derrubar símbolos que milhões de pessoas mundo afora consideram sagrados; mas o aspecto particularmente anti-religioso dessas manifestações se repete. Antes uma propriedade privada, agora um monumento público: antes uma catedral, agora uma cruz. São atos de evidente incitação ao ódio religioso, às quais as autoridades deveriam dar maior atenção. Por mais que sejam legítimas as divergências políticas, não há sentido em permitir aos insatisfeitos com o governo que descontem nos símbolos cristãos. Não deveria haver espaço para estes proto-pogrons em uma sociedade que se pretenda civilizada.

Subir ainda um pouco mais…!

Foi com espanto que eu vi, hoje pela manhã, estas fotos de adolescentes russos nas alturas. Não sei se é algum tipo de competição, se alguma maneira de experimentar sensações intensas (uma espécie de substituto psicológico para o efeito que, em outros tempos e lugares, seria buscado por meio de drogas ou álcool), se simplesmente um desgosto por uma vida que se percebe vazia… não sei. Também não sei quem inventou esta moda ou se alguém já se machucou fazendo isso; mas o que salta aos olhos é a imponência das imagens, que em alguns casos chega a dar vertigens.

As fotos me parecem, na verdade, extremamente adequadas à juventude, a esta fase da vida em que a possibilidade de se mudar o mundo parece tão concreta que, certas vezes, a gente acaba mudando-o mesmo. Expressão desordenada da juventude, por certo, uma vez que ninguém pode colocar a própria vida em risco sem razão proporcionada; mas deixemos estes pormenores técnicos de lado por ora. Ninguém imagine que eu esteja defendendo a irresponsabilidade; o meu ponto é precisamente que é possível explorar as características próprias da juventude sem necessariamente se tornar irresponsável.

A grandeza! A altura, o vento no rosto, o mundo pequeno sob os pés, o céu próximo a ponto de dar a impressão de que seria possível tocá-lo com as mãos caso se subisse só um pouquinho a mais! A imagem se presta a uma bonita metáfora sobre o itinerário espiritual, com os arroubos próprios da juventude que se reproduzem tão bem, no plano religioso, nos dos neo-conversos. Costuma-se dizer que a maturidade (natural) vem quando a gente troca o desejo de mudar o mundo pelo de pagar as contas no final do mês; no plano espiritual, no entanto, tal não pode acontecer. É preciso sempre voltar ao altar do Todo-Poderoso que é a verdadeira Fonte da Juventude – ad Deum qui laetificat juventutem meam, como rezamos nas orações ao pé do altar – para ali encontrar este entusiasmo com a a vida e com a vocação cristã, esta indizível sensação de que o mundo está na iminência de ser mudado e que, portanto, vale a pena esforçar-se ainda um pouco mais. Em suma, esta capacidade (tão tipicamente jovem) de não se deixar desanimar, de não esmorecer diante das dificuldades que, talvez, insistam em se levantar.

O céu! O corpo solto, o mundo lá embaixo, distante. Desimportante. O tênue equilíbrio – na vida da graça? – que precisa ser mantido com diligência, senão cairemos – no pecado? – e morreremos. Mais sentido que o Skywalking russo tem a vida espiritual cristã. Mais importante que aproximar-se do céu físico é se esforçar por chegar (ainda!) mais perto de Deus. Mais perigoso que o espaço vazio sob os jovens é o Inferno aberto a nossos pés. E mais bela – infinitamente mais bela! – do que a vista das alturas é a visão de Deus.

Combate à homofobia!

– Hoje é o dia internacional de combate à homofobia. Adivinhem onde a notícia tem destaque: no esquerda.net e no site oficial do PT. Aqui em Recife, “será feita uma panfletagem na praia de Boa Viagem”; será também distribuído um “panfleto explicando as várias formas de homofobia”. Quem me conseguir este panfleto ganha um doce! Quero ver se a religião está entre essas formas de homofobia explicadas…

– Estranhamente, parece que os gayzistas não têm lá muita voz na Rússia. Foi noticiado que as autoridades russas iriam reprimir uma Parada Gay que estava marcada para acontecer ontem em Moscou. A despeito do Ministério do Interior da Rússia ter negado que a proibição seja por causa do conteúdo da passeata – “[a] polícia agirá de acordo com a lei caso quaisquer ações sem autorização sejam levadas adiante, sejam elas uma parada gay ou qualquer outro tipo de evento” -, a repercussão da notícia transforma lamentavelmente os “pobres homossexuais perseguidos” em mártires…

– No Rio de Janeiro, recentemente, o TJ, em uma sentença, reconheceu que as críticas ao homossexualismo não podem ser proibidas porque são parte da liberdade de expressão:

[N]ão se pode negar aos cidadãos heterossexuais o direito de, com base em sua fé religiosa ou em outros princípios éticos e morais, entenderem que a homossexualidade é um desvio de comportamento, uma doença, ou seja, algo que cause mal à pessoa humana e à sociedade, devendo ser reprimida e tratada e não divulgada e apoiada pela sociedade. Assim, não se pode negar ao autor/apelante o direito de lutar, de forma pacífica, para conter os atos sociais que representem incentivo à prática da homossexualidade e, principalmente, com apoio de entes públicos e, muito menos, com recursos financeiros. Trata-se de direito à liberdade de pensamento, de religião e de expressão.

[TJRJ – 11a. CCiv, AC 2008.001.65.473 – Rio de Janeiro, rel. Des. Claudio de Mello Tavares, j. 01.04.2009, provimento parcial, v.u.]

Esta, sim, é uma boa notícia e uma ducha de água gelada na megalomania ditatorial do Movimento Gay!

Tratamento “pioneiro” com CT’s fetais gera tumores

Lembram-se daquele caso da garota que foi à China fazer um tratamento com células-tronco obtidas a partir de fetos abortados? Não sei se é a mesma técnica, mas G1 publicou hoje uma triste notícia de um garoto que “recebeu o tratamento pioneiro em 2001, em um hospital em Moscou”: ele desenvolveu tumores.

A manchete fala apenas em “menino tratado com células-tronco”, o que é uma meia-verdade que, no atual contexto do debate sobre o assunto, transforma-se em uma grande mentira. Não foi meramente um tratamento “com células-tronco”, e sim um tratamento com células-tronco fetais. Não sei – como disse – se é o mesmo tipo de tratamento ao qual se submeteu a brasileira na China, mas é sem dúvidas algo de muito similar. A notícia original da BBC repete o óbvio: todo mundo concorda que as células-tronco embrionárias geram tumores e, aparentemente, as células-tronco fetais têm o mesmo problema.

Quantas tragédias o homem ainda vai produzir na sua busca desenfreada por panacéias universais obtidas às custas de vidas humanas julgadas descartáveis? Que o Altíssimo se compadeça de nós, e o Espírito Santo – Spiritus Sapientiae – possa sempre iluminar os homens da ciência.

Fulton Sheen – Nossa Senhora da Esperança

Publico a seguir, e aos poucos, um livro escrito pelo Servo de Deus Fulton J. Sheen, bispo americano muito famoso, cujo programa de televisão — aliás ganhou o monsenhor inclusive um Emmy, vejam só! — “Life is worth living” e “The Fulton Sheen Program” são reprisado ainda hoje pela EWTN. Não estou certo da data de publicação do original. Há julgar pelo conteúdo do primeiro capítulo, suspeito fortemente que seja ao ano de 1950. Todavia, a publicação brasileira, da qual copio, tem a sua 3ª edição datada de 1953. O modo como o monsenhor entrelaçava os fatos correntes da vida (e também os mais extraordinários!) e as devoções cristãs — muitíssimo especialmente a devoção à Maria Santíssima — é o que eu mais gosto neste livro. Espero que aproveitem. Hoje, publico o primeiro capítulo, o restante se administrará capítulo por capítulo, numa frequencia, espero, constante e rápida. O prefácio publico-o sei lá quando! Nos próximos posts do mesmo livro, tratarei de usar uma tag “mais” a fim de que aqueles que não o queiram ler, tenham mais conforto navegando pelo blog.

NOSSA SENHORA DA ESPERANÇA

O nosso mundo moderno é caracterizado por sinais profundos.

Nós estamos impregnados de ânsias e de medo.

Em tempos passados temia-se Deus: mas era um temor bem diferente do que hoje nos agita; a preocupação de outrora era não O ofenderem, porque O amavam. Depois, as guerras mundiais infundiram no homem o terror dos seus semelhantes.

Hoje sentimo-nos aviltados e receosos diante do elemento mais pequeno do universo: o átomo!

O mal do indivíduo tornou-se o mal de toda a humanidade, a partir do dia em que foi lançada a primeira bomba atômica. A morte passou a ser, desde então, o pesadelo da sociedade e da civilização, e a religião tornou-se, até mesmo em virtude de razões políticas, o fulcro da vida humana.

Na antiguidade, os babilônios, os gregos e os romanos bateram-se em nome das próprias divindades. Mais tarde o Islamismo oprimiu o mundo cristão, reduzindo os 750 bispos de África do sétimo século aos 5 do século décimo primeiro. Mas o Islamismo não combateu Deus, lutou contra aqueles que acreditavam no Deus revelado em Jesus. A diferença das teorias consistia apenas na escolha dos meios para chegar até Deus, considerado por todos como o fim da vida.

Hoje tudo mudou.

Já não há guerras de religião. Há a luta desenfreada contra toda a força, contra toda a ideia religiosa.

O comunismo não nega Deus com a mesma apatia dum estudante de liceu; ele quer destruir Deus; não se limita a negar a sua existência, mas perverte o seu conceito. Quer substituir Deus pelo homem ditador e senhor do mundo.

Hoje somos forçados a escolher entre Deus e os seus inimigos, entre Democracia e Fé em Deus, e ateísmo e ditadura.

A preservação da civilização e da cultura está hoje intimamente ligada à defesa da religião. Se os inimigos de Deus devessem prevalecer, seria necessário refazer tudo.

Mas há uma terceira característica do mundo moderno: a tendência para se perder na natureza.

O homem, para ser feliz, deve manter dois íntimos contatos: um vertical, com Deus; o outro horizontal com o seu próximo.

Hoje o homem interrompeu as relações com Deus através da indiferença e da apatia religiosa, e destruiu as relações sociais, com a guerra.

E como não se pode viver sem felicidade, procurou compensar os contatos perdidos com uma terceira dimensão de profundidade com que espera anular-se na natureza.

Aquele que dantes se ufanava de ser feito à imagem e semelhança de Deus, começou a vangloriar-se de ser o criador de si próprio e de ter feito finalmente Deus à sua imagem e semelhança.

Deste falso humanismo começou a descida do humano para o animal.

O homem admitiu descender do animal, apressando-se a prová-lo imediatamente com uma bestialíssima guerra.

Mais recentemente ainda, o homem fez de si um todo único com a natureza, afirmando não ser mais que uma complexa composição química.

Recentemente denominou-se “O homem atômico”. E assim a Teologia converteu-se em Psicologia, a Psicologia em Biologia, e esta em Física.

Podemos agora compreender o que disse Cournot, ao afirmar que no século XX Deus deixaria os homens em poder das leis mecânicas de que Ele mesmo é autor.

Deixai que eu me explique.

A bomba atômica atua sobre a humanidade como o álcool em excesso sobre um ser humano. Se um homem abusa do álcool e bebe demais, este revolta-se e fala nestes termos ao alcoolizado: “Deus criou-me, e pretendia que fosse utilizado racionalmente para curar e dar alegria, mas tu abusaste de mim. E por isso me revoltarei contra ti. A partir de agora sofrerás dores de cabeça, tonturas, mal de estômago; perderás o uso da razão e passarás a ser meu escravo, embora eu não tenha sido feito para isso”.

O mesmo se dá com o átomo; ele diz ao homem: “Deus criou-me e pôs no universo a energia atômica. É assim que o sol ilumina o mundo. A grande força que o Omnipotente concentrou no meu coração foi criada para servir para fins pacíficos, para iluminar vossas cidades, para impulsionar os vossos motores, para tornar mais leve o fardo dos homens. E afinal vós roubastes o fogo do céu, como o Prometeu da fábula, e o utilizaste pela primeira vez para destruirdes cidades inteiras. A eletricidade não foi utilizada originariamente para matar um homem, mas a energia atômica serviu-vos para aniquilar milhares deles.

Por esta razão, revoltar-me-ei contra vós, farei que temais aquilo que devíeis amar, e milhões de corações entre vós hão de tremer aterrorizados diante dos inimigos que vos farão o que vós lhe fizestes: transformarei a humanidade num Frankenstein que se defenderá nos abrigos anti-aéreos contra os monstros que vós criastes”.

Não foi Deus que abandonou o mundo, mas o mundo que abandonou Deus, unindo a sua sorte à de uma natureza divorciada de Deus.

O significado da bomba atômica é este: o homem tornou-se escravo da natureza e da física que Deus criara para o servirem.

Isto sugere uma pergunta: “Haverá ainda uma esperança?”

Sem dúvida, há uma esperança e grande!

A última esperança é Deus, mas nós estamos tão longe dele, que não conseguimos transpor dum salto o abismo que nos separa.

Temos de começar pelo mundo tal qual está, e o nosso mundo está completamente absorvido pela natureza, cujo símbolo é a bomba atômica. O sentido da Divindade parece assim distante.

Mas não haverá em toda a natureza algo de puro e de intato com que nós possamos trilhar o caminho da reabilitação?

Há, sim: é aquela que Wodsworth definia como “a única glória da natureza corrupta”.

Essa esperança é a Mulher.

Não é uma deusa, não é de natureza divina, não tem direito a ser adorada, mas somente venerada e saiu da matéria física e cósmica tão santa e tão boa, que, quando Deus desceu à terra, foi a ela que escolheu para sua Mãe e Senhora do mundo.

É particularmente curioso notar como a Teologia dos Russos, antes de o coração desse povo ser gelado pelas teorias dos inimigos de Deus, ensinava que Jesus foi enviado para iluminar o mundo, quando os homens repeliram o Pai Celeste. Depois prosseguia dizendo que quando o mundo tiver repelido Nosso Senhor, como agora faz, sairá da escura noite do pecado a sua Mãe a iluminar a escuridão e a guiar o mundo no caminho da paz.

A bela revelação da Bem-aventurada Nossa Senhora em Fátima, em Portugal, entre os meses de abril a outubro de 1917, foi uma demonstração da tese russa: quando o mundo tiver esquecido o Salvador, Ele mandar-nos-á a sua própria Mãe para nos salvar.

De fato, a maior revelação verificou-se no mesmo mês em que deflagrou a Revolução Bolchevista.

O que nessa ocasião se disse, deixamo-lo para outra transmissão.

Agora quero falar da Dança do Sol, ocorrida em 13 de outubro de 1917.

Os que amam a Mãe de Deus, Senhor Nosso não necessitam de ulteriores demonstrações.

Uma vez que aqueles que desgraçadamente não conhecem nem a um nem à outra hão de preferir o testemunho dos que repelem tanto Deus como a Mãe do mesmo Deus, ofereço-lhes a descrição do fenômeno feita pelo então ateu articulista do jornal português “O Século”.

Ele foi um dos 60.000 espectadores que presenciaram o acontecimento. E descreve-o como “um espetáculo único e incrível… Vê-se a imensa multidão voltada para o sol que se apresenta liberto de nuvens em pleno meio-dia. O grande astro-rei lembra um disco de prata e podemos fitá-lo diretamente sem o menor incômodo ou perturbação… As pessoas, de cabeça descoberta e cheias de terror, abrem os olhos na intenção de perscrutarem o azul do céu. O sol tremeu e executou alguns movimentos bruscos sem precedentes e à margem de toda e qualquer lei cósmica. Segundo a expressão típica das pessoas do povo, ‘o sol dançava’. Girava em torno de si mesmo como uma peça de fogo de artifício e esteve quase a ponto de queimar a terra com os seus raios… Pertence às pessoas competentes pronunciarem-se sobre a dança macabra do sol que atualmente tem feito brotar, em Fátima, hosanas do peito dos fiéis, e tem até impressionado os livres-pensadores e todos aqueles que não sentem o mínimo interesse pelos problemas religiosos”.

Um outro jornal, “A Ordem”, escreveu: “O sol, tão depressa está circundado de chamas purpúreas, como aureolado de amarelo e de vários tons de vermelho. Parecia girar sobre si mesmo com um rápido movimento de rotação, afastando-se aparentemente do céu, e aproximando-se da terra, sobre a qual irradiava forte calor”.

Por que se serviu Deus Onipotente da única fonte de luz e de calor indispensável à natureza para nos revelar a mensagem de Nossa Senhora em 1917, quase no fim da primeira guerra mundial, se os homens se não arrependeram? Apenas podemos fazer conjecturas. Quereria indicar que a bomba atômica havia de obscurecer o mundo como um sol cadente?

Não creio.

Penso antes que foi um sinal de esperança, a significar que Nossa Senhora nos ajudará a evitar a perversão da natureza, operada pelo homem.

A Sagrada Escritura predisse: “Aparecerá, pois, no céu um grande prodígio, uma mulher que tinha por manto o sol” (Apoc. 12,1).

Durante séculos e séculos a Igreja tem cantado Maria, escolhida como um sol, bela como o sol que faz o giro do mundo, espargindo a sua luz por toda a parte, até onde os homens não a quisessem, aquecendo o que está frio, abrindo os botões em flor, e dando força a quem é fraco.

Fátima não é uma admoestação, é uma esperança!

Ao mesmo tempo em que o homem toma o átomo e o desintegra para aniquilar o mundo, Maria agita o sol como um brinquedo dependurado no seu pulso, para convencer o mundo de que Deus conferiu um enorme poder à natureza, não para a morte, mas para a luz, para a vida, para a esperança.

O problema do mundo moderno não é a existência da graça, mas a existência da natureza e a sua necessidade da graça.

Maria é o anel de conjunção e assegura-nos que não seremos destruídos, porque a própria sede da energia atômica, o sol, é um brinquedo nas suas mãos.

Assim como Cristo faz de medianeiro entre Deus e o homem, assim Ela faz de medianeira entre o mundo e Cristo.

A semelhança dum filho obstinado que, insurgindo-se contra o pai, tivesse abandonado a casa e que se dirigisse em primeiro lugar à mãe a pedir-lhe que intercedesse por ele, assim nós devemos proceder com Maria, a única criatura pura e sem mancha que pode interceder entre nós, filhos rebeldes, e o seu Divino Filho.

Uma terceira guerra mundial não é necessária, e jamais o será, se tivermos por nós Nossa Senhora contra o átomo.

A ciência fez todo o possível por que nos sentíssemos à nossa vontade sobre a terra. E eis que agora produz qualquer coisa que pode deixar-nos a todos sem uma casa, sem um abrigo. No meio deste temor, voltemo-nos para a Senhora que se encontrou seu um teto, pois “não havia lugar na hospedaria”.

Realmente a Rússia desejaria conquistar o mundo para Satanás. Mas nós continuamos a esperar. Entre as criaturas, há uma Mulher que pode aproximar-se do mal sem ser atingida por ele.

No princípio da história da humanidade, quando o demônio tentou o homem para que substituísse o amor de Deus pelo egoísmo, Deus prometeu que o calcanhar duma Mulher esmagaria a cabeça da serpente.

Se se trata de uma cobra vermelha, ou dum martelo que bateu, ou duma foice que corta, isso pouca importância tem para a Mulher através da qual Deus conquista na hora do mal. Começai por orar melhor do que jamais o fizestes. Recitai o terço pela manhã enquanto andais a trabalhar, em casa, no tempo que tendes livre, e enquanto trabalhais no campo ou no celeiro.

Não haverá mais guerras, se rezarmos! Isto é absolutamente certo.

O povo russo não deve conquistar-se com a guerra, já bastante ele sofreu nestes últimos trinta e três anos!

É preciso esmagar o Comunismo. E isto pode conseguir-se com uma revolução interna.

A Rússia não tem uma, mas duas bombas atômicas. A segunda bomba é o sofrimento do seu povo que geme sob o jugo da escravidão. Quando esta explodir fá-lo-á com uma força infinitamente superior à do átomo!

Também nós precisamos duma revolução como a Rússia.

A nossa revolução deve vir do íntimo dos nossos corações; temos de reconstruir as nossas vidas; assim a revolução da Rússia deve partir do interior do país, repelindo o jugo de Satanás.

A Revolução Russa caminhará a par da nossa. Mas acima de tudo tenhamos esperança. Se o mundo estivesse sem esperança, julgais vós que Jesus vos teria mandado sua Mãe com a energia atômica do sol às suas ordens?

Ó Maria, nós desterramos o teu Divino Filho das nossas vidas, das nossas reuniões, da nossa educação e das nossas famílias. Vem tu com a luz do sol, como símbolo do seu poder! Esmaga as nossas guerras, a nossa obscura inquietação. Tapa a boca dos canhões em fogo de guerra. Liberta os nossos espíritos do átomo e as nossas almas do abuso da natureza. Faz-nos renascer no teu Divino Filho, a nós, pobres filhos, já velhos, da terra!

No amor de Jesus!

Servo de Deus Fulton John Sheen (1895 – 1979)

Rússia cria [outro?] feriado para incentivar a natalidade

Déjà vu: Província russa tem feriado para casais procriarem. Mas a Rússia já havia criado um feriado para incentivar a natalidade… seria mais um feriado? Relendo as notícias anteriores e esta agora, descobri que o feriado de hoje (12 de setembro) foi instituído em 2005. O que foi noticiado em julho foi um outro feriado, criado este ano. Este de hoje é de incentivo à procriação para que nasçam crianças no dia 12 de junho (daqui a nove meses, Dia da Rússia); o de julho, segundo o New York Times lá citado,

extends Russia’s promotion of procreation, urging couples not only to have children but also to provide those children with two-parent, stable family lives.
[estende a política de promoção da procriação da Rússia, instando os casais não apenas a terem filhos mas também oferecem a estes filhos vidas familiares estáveis, com ambos os pais].

A reportagem de hoje nos traz tristes dados:

Com uma taxa de natalidade de 11,03 nascidos vivos por mil habitantes, menor que a taxa de mortalidade de 16,06 mortes por mil habitantes, a Rússia registra crescimento populacional negativo de -0.47% (estimativa para 2008 do CIA World Factbook, publicação da agência de inteligência do governo norte-americano). A taxa de fecundidade (número de bebês nascidos pelo número de mulheres em idade fértil) é de apenas 1,4 – quando o mínimo para garantir a estabilidade da população é 2,1.”O que ocorre na Rússia é o mesmo que se passou na Itália, França, Espanha, quando se modernizaram”, avalia Lohbauer.

E também:

Além da baixa taxa de fecundidade, um agravante para a perda de população é que a Rússia possui uma das mais altas taxas de suicídio do mundo, com 32,2 por cem mil habitantes, na frente de países como o Japão, com 24,2 suicídos por cem mil habitantes (dado da Organização Mundial da Saúde para o ano de 2005).

Triste realidade! Rezemos pelos russos. E que as terras do lado de cá do oceano acordem, a fim de que o seu futuro não seja o triste suicídio demográfico que nós vemos em países como a Rússia…

Rússia e o controle de natalidade

volo ergo juveniores nubere filios procreare matres familias esse [Epistula I ad Timotheum 5, 14]

Enquanto a importância do controle de natalidade é praticamente um dogma incontestável por estas bandas de cá, os países onde ele foi aplicado há mais tempo sofrem hoje as suas nefastas conseqüências.

Notícia fresquinha: Rússia cria feriado para incentivar o romance. Não se trata de “sentimentalismo” do Governo, mas de duas constatações importantes: (1) a taxa de natalidade decrescente faz mal para o país, e (2) viver em uma família estruturada é importante para o futuro cidadão. A reportagem é um oásis de bom senso, no meio das agressões ideológicas com as quais somos bombardeados pela mídia o tempo inteiro. Saiu no New York Times e saiu uma tradução no UOL (para assinantes).

O nome do feriado? Dia da Família, Amor e Fidelidade. O objetivo? “[C]ombater as taxas de crescimento populacional decrescentes do país”. A estratégia? Encorajar “os casais não apenas a terem filhos, mas também a proporcionarem às crianças vidas familiares estáveis, com pai e mãe presentes” – este grifo é meu.

Safina disse que crescer sem a figura paterna em casa faz mal para as crianças.  Uma mulher pode vir a escolher um marido como o seu pai, irresponsável ou ausente, e um garoto sem pai não tem um modelo para seguir, diz ela. “Ele não vai saber o que significa ser um homem”, diz.

Digam isso ao presidente Lula, e a todas as pessoas que defendem a adoção de crianças por “casais” homossexuais! Imprimam isso nas primeiras páginas dos jornais, nas capas das revistas! Publiquem outdoors, digam-no em programas de rádio e de televisão! Rápido, antes que esta afirmação seja considerada criminosa pela lei da mordaça gay, por contrariar – de maneira tão discriminatória! – os desejos da caricatura pervertida de família.

E, last but not least,

o feriado também tem a intenção de encorajar as pessoas a terem filhos mais cedo. Esperar até depois dos 30 anos para ter filhos pode ser ruim para a saúde da criança, disse [Alyona Safina, 21, que trabalha para o braço jovem do Partido Rússia Unida do primeiro-ministro].

O que dizer? Será que não vamos conseguir aprender com os erros alheios? Será que vamos continuar “andando na contramão” e aplicando aqui os mesmos modelos ideológicos internacionalmente fracassados? Precisamos mesmo passar pela difícil situação que hoje atravessam os países europeus?

Sugestão de leitura: Casti Connubii, de Pio IX:

Entre os benefícios do matrimônio ocupa, portanto, o primeiro lugar a prole. Em verdade, o próprio Criador do gênero humano, o qual, em sua bondade, quis servir-se do ministério dos homens para a propagação da vida, nos deu este ensino quando, no paraíso terrestre, instituindo o matrimônio, disse aos nossos primeiros pais e, neles, a todos os futuros esposos: “crescei a multiplicai-vos e enchei a terra”. (Gen 1, 28). Esta mesma verdade a deduz brilhantemente Santo Agostinho das palavras do Apóstolo S. Paulo a Timóteo (1 Tim 5, 14), dizendo: “que a procriação dos filhos seja a razão do matrimônio o Apóstolo o testemunha nestes termos: eu quero que as jovens se casem. E, como se lhe dissessem: mas por quê?, logo acrescenta: para procriarem filhos, para serem mães de família”. (S. Agost. De bono conj. cap. XXIV, n. 32). [CC 12]

Parabéns à Rússia!